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História Rock Bottom - Oscillations


Escrita por: loudestecho

Notas do Autor


Oiii povo! Boa leitura!
Ps: esse gif dando um leve spoiler do que vai rolar no capítulo, risos

Capítulo 15 - Oscillations


Fanfic / Fanfiction Rock Bottom - Oscillations

Eu não esperava que as coisas voltassem ao normal no dia seguinte depois do vídeo ter se tornado viral, mas também não esperava que fosse piorar. Me agarrei tanto na ideia de que eles parariam de comentar por eu ter dito algo ontem; nunca estive tão errada. Para ser honesta, não sei mais qual a definição de querer que tudo volte ao normal. Não quero voltar a me sentar na mesma mesa de sempre, nem de ouvir sobre assuntos tão fúteis, superficiais ou, como nos últimos dias, preconceituosos. Não quero ouvir o que eles pensam sobre mim ou o que qualquer outra pessoa pensa. Passar uma imagem de que não se importa quando se importa demais era a definição da minha vida. Eu queria ser a pessoa que não dava a mínima para o que tinham a dizer sobre mim porque, francamente, quem eles são para ter o direito de tentar me definir? Era mentira. Sempre foi mentira. Sei o que todos pensam sobre mim no colégio, até mesmo antes do maldito vídeo, mas Chase estava certo. Foi triste me ver se tornando aquilo que todos falavam. Talvez eu só esperasse que fizesse sentido. E, bom, não fez. Continuo sentindo o mesmo vazio. E só tive uma ideia de como a situação estava péssima quando a pessoa a minha frente na hora do intervalo não era ninguém além de Chase.

— Que foi? Não posso me sentar com você? — ele perguntou em um tom irônico, enquanto comia uma batata frita. — Ah, já sei! A mesa é sua!

— Não quero que tenha mais motivos para as pessoas comentarem. E nem que você se envolva nisso. — respondi, roubando uma batata da sua bandeja. — Não posso socar mais ninguém. Olha as minhas mãos!

— Você, com certeza, não está pior que ele. — Chase apontou com o queixo em direção a Simon Smith, que entrava no refeitório como se estivesse pelado.

— Minha nossa! Eu fiz isso?! — apontei, indignada. O olho estava extremamente roxo, um band-aid cobria uma parte da sua sobrancelha e o seu nariz estava tão inchado que parecia prestes a explodir. — Caramba, Simon! — assobiei quando ele passou ao nosso lado. — O que aconteceu com você?!

Ele nem me encara de volta. Continua andando o mais rápido possível enquanto eu caio na gargalhada. Chase começou a rir junto comigo, certamente por eu estar praticamente sem ar. Minha barriga estava doendo e, ao olhar para o lado, meu olhar se encontrou com o Dylan em outra mesa. Parei no mesmo instante.

— Parece que a Abelha Rainha está sem seus zangões, não é mesmo?

Revirei os olhos para o comentário de Chase e joguei uma batata frita nele.

— Quem você acha que gravou o vídeo? — Chase deixou de lado as piadinhas. — Duvido que você não tenha nenhuma desconfiança.

— Claro que eu tenho, mas o que eu poderia fazer? Se foi Paige, já me vinguei dela o suficiente. — falei pegando mais uma batata. E mais duas. E mais três.

— Cara, eu perguntei se você queria fritas, você disse que não e agora tá acabando com a minha. Não é super calórico de manhã? — ele me imitou na última frase. O olhei feio.

— É, mas eu adoro. Fazer o que? Você não deveria comer isso perto de mim ou você vai ficar sem nada.

— Bom saber.

Bailey e Zara entraram no refeitório e acenei para eles virem até nós. Bailey sorriu malicioso enquanto vinha em nossa direção e levantei as sobrancelhas para Chase.

— Rola? Ele tá doido pra te pegar. — perguntei, inclinando-me sobre a mesa.

Chase fez o mesmo. — Se você estiver no meio, eu topo.

O encarei indignada e dou um soco em seu braço, que o faz gargalhar.

— Sério, eu realmente acho que você deveria tentar. Aposto que vai gostar, Willy Wonka.

— Se liga, Oompa Loompa.

Estreitei os olhos para ele, achando ofensivo o apelido. Não deu tempo de eu replicar, porque Bailey e Zara sentaram com a gente.

— Parece que seu namoradinho não curtiu muito te ver sentada com outro bofe. Hétero. E não eu, claro. — Bailey disse.

— Namoradinho, Bailey? Sério? — revirei os olhos. — Vocês viram a Camille hoje? Ela não apareceu nas duas primeiras aulas que fazemos juntas.

— Não vi. Ela deve ter faltado.

— Vou ligar pra ela. Já volto. — levantei do banco e saí do refeitório barulhento para ir até o banheiro feminino.

A Camille não era muito de faltar, mas entendi quando ela me atendeu com voz de sono.

— Ufa, ainda bem! Pensei que tinha acontecido alguma coisa. — falei. — Tudo bem aí?

— Aham, só perdi a hora. Tudo bem? Como estão as coisas depois do maldito vídeo? Melhorou? Piorou?

— Acho que piorou. Só que estou ignorando os comentários, literalmente. E Simon apareceu todo machucado... você precisava ver.

— Me manda uma foto!

— Tudo bem. Vou voltar pro refeitório e tentar ser discreta ao tirar uma foto do cara.

— Muito bem! Beijos beijos.

— Beijo.

Guardei o celular no bolso e voltei para o refeitório. Franzi o cenho ao ver com quem Chase estava sentado agora: Liam, Blake, Gavin, Drew, Garret e... Dylan. Merda. Que porra é essa? Tudo bem, está claro. Agora Chase fará parte do time e parte do nosso acordo era que ele descobria que merda Dylan escondia. Agora o que? Estou preocupada com Chase no meio daquela gente só porque dei algumas aulas de biologia? Além do mais, ele sabe se cuidar. Sabe se cuidar muito mais, porque ele sabe usar o cérebro para algo além de futebol, garotas e sexo. Percebo que estou encarando demais quando todos me encaram de volta e não hesito em ir até a mesa.

— Oi, garotos. — sorrio, me sentando entre Garret e Gavin, meus preferidos daquela mesa. Faço uma careta para Blake quando ele me manda um beijo. Escroto. Odeio esse cara.

— E aí, Ali. — Gavin disse. — Tudo certo?

— Cara, tira a mão dela. — Dylan diz, tirando o braço de Gavin do meu ombro.

— Se liga, Dylan. — revirei os olhos. — Estão saudando os novos membros do time? — pergunto, olhando de relance para Drew e Chase.

Chase está me encarando com um sorrisinho que sou obrigada a ignorar.

— Claro. Fazer inimigos dentro do mesmo time não é legal, né Dylan? — Garret deu duas batidinhas no ombro de Dylan, que estava claramente ficando irritado.

— Tem algo te incomodando, Dylan? — pergunto, cínica.

— Da onde você conhece ela? — Dylan se dirige a Chase. Quase me engasgo.

— O que você tem a ver com isso? — puxo seu braço para ele me olhar e não querer comprar briga com Chase. Sério, se Dylan começasse a implicar com ele por besteira e isso o impedisse de ter a bolsa de estudos que ele precisa...

— Eu não estou perguntando pra você, Alicia. — ele empurra meu braço com mais força do pretendia, aposto. Chase ameaçou levantar da mesa, mas arregalei os olhos para ele.

— Algum problema, Hutton? — Dylan provocou. — Eu fiz uma pergunta, não fiz?

— Climão. — Drew cantarolou perto do meu ouvido.

Aposto que Chase estava se segurando para não dizer o que fez comigo naquele bar. E depois na casa dele. Diversas vezes.

— Você tá vendo coisa onde não tem, Carver. É melhor você prestar mais atenção no seu time. — Chase levantou no mesmo instante em que o sinal bateu.

Ele some no meio de todas as pessoas levantando e mostro o dedo do meio para Dylan quando ele tenta vir falar comigo.

— Ei! — chamo o Chase no corredor. — Ei!

— Esse filho da puta me tira do sério. Que porra era aquela de ficar te tocando como se você fosse a porra de uma propriedade?

— Você não pode usar porra duas vezes na mesma frase.

— Ah, eu posso.

— Acho melhor você deixar de lado a sua parte no acordo, tá? Dylan vai ficar te perseguindo, ainda mais se desconfiar que você quer estar naquela mesa porque quer descobrir algo.

— E a sua parte no acordo?

— Vou continuar fazendo. Ou você não quer mais?

— Não, eu quero. Preciso, na verdade.

— Muito bem, valentão. Te vejo depois. — pisco para ele e vou em direção à minha próxima aula. 

Esbarro com um garoto no meio do caminho e estou prestes a pedir desculpas quando ele aperta a minha bunda.

— Filho da puta. — dou um empurrão em seu peito. — Você quer ficar com a porra da cara igual a do Simon Smith? — dou um tapa em seu rosto, mas, merda, Chase me segura.

— Você vai acabar suspensa se bater em cada filho da puta que te insultar.

— Acalma essa garota, cara. Ou eu poderia acalmar.

— Ah, não! — tento avançar nele novamente.

— Sala, Alicia.

— Merda! Vai se foder. — me viro para o babaca que apertou minha bunda. — Vai se foder você também! Se você apertar a porra da minha bunda de novo eu deixo você sem a porra dos dentes! Otário!

Dou as costas, arrumando meu cabelo antes de entrar na sala, mas escuto um som estranho. Olho para trás e vejo o garoto caído no chão.

— Você não pode usar porra duas vezes na mesma frase. — ele pisca pra mim antes de seguir para o lado oposto do corredor.

— Meu Deus. — me abanei enquanto entrava na sala.

***

Minha mãe está em casa quando chego e nem preciso perguntar o motivo. Ela está com o nariz vermelho, os olhinhos pequenos e um cachecol enrolado em volta do pescoço. Ela sempre volta um pouco doente das viagens, principalmente das mais longas.

— Como estava a escola hoje? — ela pergunta quando me sento ao seu lado no sofá.

— Comentários continuam, mas eu estou mais tranquila. Quer dizer, mais ou menos.

— E tem alguma ideia de quem gravou a porcaria do vídeo?

— Eu penso em algumas pessoas, mas não quero acreditar que seja verdade. — respondi, deitando a cabeça em seu colo. — Tipo... Callie, Ariel ou Cheryl. Paige nunca foi minha amiga, mas elas eram.

— Posso ser sincera?

— Deve.

— Você deveria tomar cuidado com a Callie. Ariel e Cheryl eram suas amigas, mas nunca tão próximas quanto Callie. — disse. — Já tive algumas amigas que me apunhalaram pelas costas, você sabe. Na época eu não soube reconhecer, mas os sinais sempre estiveram ali.

— Você sabe de alguma coisa que eu não sei em relação a Callie, mãe? — pergunto em um tom de brincadeira enquanto levanto. — Preciso tirar esse uniforme, tomar banho.

— Aonde você vai?

— Esqueceu que sou tutora de biologia agora?

— Está rolando alguma coisa a mais entre vocês, Alicia?

— Não. Ele é maneiro... na maioria das vezes. Não somos amigos, nem nada. Só temos uma troca de favores.

— Se você está fazendo o favor de ajudá-lo em biologia, o que ele está fazendo por você? — ela pergunta, desconfiada.

— Você não vai querer saber... — digo em um proposital tom de malícia e minha mãe me encara horrorizada. — É brincadeira. Não tem nada a ver com sexo.

— Não mesmo, Alicia?

— Não, mãe.

— Vai dizer que vocês nunca transaram?

— Tá bom, já. De pé na parede de um bar. Satisfeita?

— Pelo amor de Deus, eu não pedi detalhes! — ela tampou o rosto com as mãos. — Céus, você não pode ser tão direta assim! Um dia vai me matar ou matar o seu pai do coração.

— Melhores, mãe! — mando um beijo enquanto subo as escadas.

Tiro o uniforme das animadoras, desamarro o cabelo e entro debaixo do chuveiro. Não sei quanto tempo demoro, mas desperto com a voz da minha irmã no meu quarto.

— Oi, linda. — dou um beijo em sua testa. — Que cara é essa?

— Que vídeo é esse que as pessoas da minha escola estavam falando?

— Oi?!

— As pessoas estavam falando sobre você, Alicia. Até mesmo caçoaram de mim por ser sua irmã! Que vídeo é esse?

— Puta merda. — murmurei. — Sophie, você não pode dar ouvido para essas pessoas, tá legal? E se alguém ter a brilhante ideia de te mostrar, diga que não quer ver.

— Bom, tarde demais. Eu soquei o nariz de um garoto pateta.

— Por isso você saiu mais cedo? Porque socou o nariz de um garoto da sua sala?

— É. O papai tá furioso. — ela sussurrou.

— Sophie, você não pode sair dando socos em todo garoto pateta que falar sobre mim. — falei. — Isso não é sobre você, tá? Não quero que se meta em problemas por causa disso.

— Eu sei, mas eu fiquei tão brava! Quando vi ele já tinha começado a chorar. Pateta.

Eu estava me segurando para não rir e isso era péssimo. Por mais eu faça isso, ela não pode sair batendo em todo mundo que me insulta.

— Só prometa que não fará mais isso. — pedi. — A mamãe e o papai vão enfartar se você começar a fazer isso também. Já não basta o Matt e eu.

— Tudo bem. Eu prometo.

— A esperança da família. — meu pai diz irônico ao entrar no quarto.

— Ei, eu tô de toalha! Fora!

— Já limpei sua bunda, princesinha. Se liga. — meu pai bagunça meu cabelo. — Vem, Sophie. Precisamos conversar. — ele pega minha irmã no colo e fecha a porta ao sair do quarto.

Termino de me arrumar rapidamente e consigo sair de casa sem chamar atenção dos meus pais, que conversavam com a Sophie no quarto dela. Ela provavelmente deve estar com os braços cruzados, um bico enorme enquanto escuta tudo que eles dizem. Não acho que ela fará de novo, pelo menos.

O porteiro do prédio do Chase me deixou subir sem precisar interfonar e entro no elevador. Estou alguns minutos atrasada, mas não acho que ele irá ligar. Estou prestes a dizer um oi animado ao entrar, mas ele está no telefone. E apenas pela sua postura dá para perceber o quão bravo está.

— Você nem ao menos a visita! E não diga que ela não é nada sua. — diz, furioso. — Não, não voltei a falar sobre isso. Você não pode ficar negando isso. Quer que eu arrume um emprego? Ah, maneiro. — ele ainda não tinha me notado e eu estava pensando seriamente em ir embora. — Vou arrumar um emprego sim. Quando eu voltar desse lugar e conseguir o que eu quero, você nunca mais vai me ver. E nem... — ele para de falar ao notar minha presença. — Preciso desligar.

— O que aconteceu? — pergunto, sem conter minha curiosidade.

— Não somos amigos, Alicia. — o seu mal-humor não me surpreendeu.

— Foi mal pelo atraso. — digo e vou acender a luz, mas ele balança a cabeça.

— Cortaram a energia.

— Como assim?! Era com seu pai que você estava falando?

— Deveria ser, mas não é.

— O que aconteceu com você, Chase?

— Não quero falar sobre isso, Alicia. Só muda de assunto, tá legal? — ele bufa enquanto senta no sofá.

— Por que sinto que você está escondendo algo terrível?

— Porque eu estou. Não quero que você saiba nada sobre mim antes de vir para cá.

— Por que?!

— Eu não quero falar sobre isso, caralho! Porra, guarda suas perguntas pra você.

— Não fala comigo desse jeito! Quem você pensa que é? 

— Não está acostumada a ser tratada mal, patricinha? Deveria se acostumar. As pessoas podem ser cruéis com garotas iguais a você.

— O que isso quer dizer?

— Você ainda não conhece o mundão lá fora, Alicia. Vive apenas dentro da sua bolha, conhece apenas o seu mundo. Você vai quebrar tanto a cara quando sair.

Ninguém nunca tinha aumentado a voz para falar comigo além dos meus pais e odiei aquilo. Não apenas o fato de ele ter aumentado a voz, mas sim pela forma áspera que as palavras escaparam. Um nó se formou em garganta e eu sabia o motivo. Estava imaginando quantas vezes Chase foi tratado mal e como ele deve ter passado por muita merda. Ele está longe de casa, claramente está sentindo falta da sua namorada e não gosta de estar aqui. Está tendo essas aulas e se esforçando para ganhar bolsa apenas para voltar para Nova York. Por que ele não queria me contar a sua vida? Eu não sabia nada além de seu nome e sua idade. E eu não sei se realmente quero saber.

— Por que você simplesmente não desabafa?

— Você é minha tutora de biologia e não minha psicóloga. Vamos começar essa merda logo.

— Posso ser o que você quiser agora. — sorrio e ele respira fundo, me olhando com a cabeça inclinada para o lado.

— Te interessa tanto assim a minha vida pessoal?

— Sim.

— Que pena. Pega o caderno.

Fiquei quieta. Realmente só estudamos biologia, mas eu estava ficando impaciente com o seu péssimo humor e todas as cortadas que me dava a cada dois minutos. Quando terminamos, guardei minhas coisas em total silêncio e notei que ele me observava deitado no sofá.

— O que foi? Quer que eu acelere? Não sou o Flash não. Além do mais, eu não gostei do jeito que você falou comigo. Você tem razão. Sou só sua tutora e não seu saco de pancadas. Se descontar sua raiva em mim mais uma vez, pode esquecer minhas aulas.

— Não é mesmo acostumada com isso, não é?

— Não. As pessoas me tratam com respeito, assim como eu também. Todo mundo ama respeito.

— Eu não te desrespeitei. Só me irritei com você querendo se meter na minha vida.

— Não. Você se irritou com o seu pai e quis descontar em quem estava por perto. — abro a porta do seu apartamento, mas ele me impede de sair.

— Foi mal se você se ofendeu. Só não pergunte mais sobre mim. Tudo bem? — olho para ele ao sentir sua mão em minha cintura.

— Ah, eu preciso de mais para te desculpar.

— Ah, é? — ele sorriu com as sobrancelhas levantadas.

— Eca, não isso que você está pensando.

— Não se pode cuspir no prato que comeu, gata.

— Pelo amor de Deus, para de me chamar de gata! — reviro os olhos. — E você é bipolar ou algo do tipo? Agora quer me jogar na sua cama?

— Porra, e como... — encarei com os olhos estreitados e senti seu braço puxando-me para perto bruscamente. Me pegou de surpresa e seu sorrisinho mostrou que ele percebeu isso. — Não quis te deixar mal, tá? — ele tenta me dar um beijo, mas desvio o rosto.

— Virou festa, é? — arqueio uma das sobrancelhas

Ele balançou a cabeça e após dar um beijinho em meu pescoço que fez todos meus pelos se arrepiarem, se afastou. Fiz beicinho e ele riu enquanto ia até a cozinha.

— Vou tomar um banho. Você já vai mesmo? Podemos pedir uma pizza.

— Pizza terça-feira? Meu bem, como você acha que tenho esse corpinho?

— Blá blá blá.

— Mas eu vou aceitar a pizza hoje. Eu pago.

— Beleza, tô sem grana mesmo. Preciso arrumar um emprego.

— Como você vive assim?

— Consequências e sacrifícios, patricinha.

— Mas você está sem luz!

— Já teve algum jantar a luz de velas? — sorriu maroto enquanto levantava as sobrancelhas. Soltei uma risada.

— Não. E muito menos com pizza.

— Ótimo. — ele piscou. — Vou tomar um banho rapidão. Pelo menos não cortaram a água também ou eu teria que ir na vizinha de novo.

— Vizinha? Mulher? Aí, safado.

— Ela preferiria que você fosse tomar banho lá.

— Cruzes!

— Vai pedindo aí do sabor que você quiser. — ele digitou o número da pizzaria e me entregou o celular.

Ele foi em direção ao banheiro e eu fiquei pedindo uma pizza. Metade mussarela, metade pepperoni. Deixo o celular em cima da mesa de centro após terminar de pedir, mas ele começa a tocar. O nome "Sea" aparece no visor e fico em duvida entre atender ou atender.

— Alô?

— Quem é? — a voz da garota soa desconfiada.

— Você quer falar com o Chase?

— Sim. Quem é você? Cadê ele? — e seu tom se tornou ríspido. Deve ser a tal ex-namorada complicada. Imaginava sua voz diferente. Não que eu já tenha imaginado como seria a voz dela.

— Ele está no banho, mas eu aviso que você ligou. É a ex-namorada, né?

— Ex-namorada?! Dá o celular pra ele!

— Ele está no banho, Sea. Você quer mesmo que eu entre lá e veja seu ex pelado?

— Quem caralhos é você, garota?! Saí do apartamento do meu namorado, merda! — nossa, ela precisa de um calmante.

— Como sabe que estamos no apartamento dele? Colocou câmeras aqui?

— Você está tirando minha paciência.

— Estamos quites, então. Tchau, Sea. Ele te liga quando sair do banho.

Finalizo a ligação e não consigo me conter; preciso ver uma foto dela. Cabelos pretos, branca, lindos e grandes olhos azuis.

Chase saiu do quarto apenas com uma bermuda e quase me faltou ar quando reparei em sua tatuagem. A única vez que o vi sem camisa foi naquela noite e eu não estava em muitas condições de reparar, mas agora... puta merda. Uma tatuagem tribal no braço direito vai do começo do ombro direito até um pouco antes do começo do antebraço. Fazia seus bíceps ficarem maiores. Uma outra tatuagem grande cobria seu antebraço esquerdo, mas não conseguia compreender o desenho de longe. Era difícil desviar o olhar.

— Perdeu alguma coisa aqui, patricinha?

— Aham. O ar. — digo sugestiva e Chase dá risada da forma que me expressei. — Me chama de lagartixa e me joga na parede, gato.

— Porra, que merda. — disse, mas estava rindo. — Quer uma cantada de padeiro?

— Padeiro? É pedreiro, jegue.

— Gata, seu pai é padeiro? Porque você é um sonho.

— Vamos parar de baixar o nível, por favor.

— Gata, seu pai é policial?

Solto uma risada. — Não, por que?

— Porque você vai precisar da ajuda dele quando for presa por roubar meu coração.

— Nossa, Chase, vai dormir! — falei rindo.

— Pediu a pizza?

— Aham. E uma garota chamada Sea te ligou. Eu atendi.

— Você fez o que?! — ele pegou o celular.

— Fica tranquilo. Eu avisei que você estava tomando banho e que ligaria quando saísse. — sorri.

Chase estreitou os olhos para mim como se eu estivesse sendo cínica. Tudo bem, talvez só um pouquinho.

— Você me ligou, Sea? — ele levantou do sofá.

Ela estava gritando do outro lado da linha e Chase bufava a cada dez segundos.

— Chelsea, você lembra quem começou com isso, né? — ele parecia impaciente. — Além da "vadia filha da puta que atendeu meu telefone" estar me ajudando em biologia, não temos nada. — o encarei indignada pela forma que a garota me chamou.

— Ei! Quem você chamou de vadia? — não consigo me controlar e Chase passa o braço pelo meu pescoço, tampando minha boca.

Tento me soltar, mas ele obviamente é mais forte que eu apenas com um dos braços. Tudo bem, ele pediu. Aperto as suas bolas e ele praticamente joga o celular da mão. Caio no sofá de tanto que estou rindo e Chase acaba rindo junto comigo, mesmo que não queira. Minha risada é um pouco contagiosa.

— Ok. Não vamos falar sobre isso agora, Chelsea. Tchau. — ele desligou e me encarou sério. — Não atenda mais meu celular. Essas coisas não são da sua conta, você não pode ficar se intrometendo.

— Trouxe problemas pra você? — fiz beicinho e depois ri. — Nem sei da sua história com ela, mas preciso dizer: você deveria abrir seu olho. Relacionamentos a distância não funcionam. Principalmente quando se tem tentações por perto... — deixo no ar.

Seu olhar atravessou o meu e sorri travessa enquanto desviava o olhar. Fiquei mexendo no meu celular até ouvir a campainha tocando.

— Eu vou pegar. Enquanto isso pega os pratos e...

— Você come pizza com garfo e faca? — ele me interrompe.

— Eu não gosto de sujar as mãos.

— Você vai comer com a mão hoje.

— Não vou, não.

— Vai, sim.

— Muito obrigada por tentar arruinar as inúmeras aulas de etiqueta. — reviro os olhos enquanto vou atender a porta. Dou de cara com um entregador de pizza muito bonito. — Nossa, oi! — sorrio.

— Oi. — ele soltou uma risadinha, certamente acostumado com isso. Me escorei no batente da porta para admirar sua beleza.

— Obrigada. — entrego o dinheiro depois que ele me entrega as pizzas. — E pode ficar com o troco. — pisco com um sorrio antes de fechar a porta.

Chase está rindo da minha cara e só consigo notar pela lanterna do meu celular ligada. Já passava das oito, ou seja, estava escuro. Estava me sentindo mal pela situação dele, mas não sou nem louca de dizer algo.

— Por favor, me deixa usar garfo e faca. — pedi enquanto sentávamos no sofá.

— Não.

— Eu tenho medo de escuto, vou deixar a lanterna ligada e colocar The Script.

— Boa, patricinha.

Intercalamos entre comer, rir e cantar. Eu até diria que era divertido ficar com ele se seu humor não oscilasse tanto. Não sei lidar com essas oscilações.

— Espera aí. — a música é interrompida pelo toque do meu celular. — Oi, mãe.

— Onde você está?

— Na casa do Chase comendo pizza. Estou indo daqui a pouco.

— Vai pegar um táxi ou quer que o pai vá te buscar? Me manda o endereço.

— Não precisa, eu chamo um táxi. Vou gastar toda minha mesada nisso, mas tudo bem. — digo.

— Não demora. Não sei por onde você anda e é perigoso ficar esperando a noite sozinha.

— Vou ficar bem, mãe.

— Te amo, filha.

— Também te amo. Beijo.

Coloco a música e ligo a lanterna novamente.

— Me conta aí como é não ser a ovelha negra da família.

— Você é a ovelha negra da sua?

— Pior.

Decido não perguntar mais nada e levanto para pegar mais refrigerante, mas acabo fazendo bagunça. Ainda tinha um pouco no meu corpo e agora minha blusa e um pouco do chão estavam molhados.

— Merda! Desculpa. Tem algum pano na cozinha?

— Sim, relaxa.

Deixei a lanterna ligada em cima do sofá e vou até a cozinha pegar um pano. A blusa molhada me incomoda, então nem me importo em tirá-la. Volto para a sala e agacho para secar o chão, mas no instante em que levanto, sinto duas mãos firmes e quentes em minha cintura. — Fala sério, você estava me provocando. — sussurra, fazendo meus pelos se ouriçarem.

— Juro que não estava.

A ponta de seus dedos deslizam pelo meu braço até chegar em minha mão e ele me vira bruscamente em sua direção. Sei que devo impedi-lo, mas não conseguiria. Seguro a respiração ao sentir suas mãos em minha cintura sem pano algum e fecho os olhos com seus lábios roçarem os meus. Sua língua contorna meu lábio superior e entreabro a boca, cedendo totalmente. Sinto minha bunda ser amassada por debaixo do jeans, diferente do ritmo lento da sua língua na minha. Ah, beijos lentos...

Seus beijos descem da minha boca até o meu pescoço e minhas costas se encontram com o sofá. Chase aperta minhas coxas e após posicionar as mãos sob a curva da minha bunda, sou erguida o suficiente para minhas pernas ficarem em volta de seu quadril. Entrelaço as pernas em suas costas, mesmo estando apoiada no sofá e pressiono minha pélvis na sua, fazendo-o praguejar baixinho. Espalmo o sofá atrás de mim e encontro meu celular. Lhe lanço um olhar inocente enquanto desligo a lanterna e o jogo no tapete da sala, puxando-o com as pernas. Estaria mentindo se dissesse que não repeti aquela noite diversas vezes em minha cabeça ou a cada momento que Chase estava por perto. Não consigo me conter e, para ser honesta, nem quero. Encontro o cós de sua calça de moletom e Chase a tira em um solavanco. Toco sua ereção por cima da cueca, mas ele tira minhas mãos, a levando para cima da minha cabeça. Tento encontrar qualquer feixe de luz que me deixe vez sua expressão, mas não encontro nada. Ele segura meus pulsos com uma das mãos e sinto um espasmo quando seus lábios quentes e úmidos encontram a minha clavícula. Descem pelos meus seios, até a minha barriga e tento colocar a mão quando ele me beija por cima da calcinha. 

— Não estrague a diversão, patricinha. — sussurra com a voz mais grossa que o normal e fecho os olhos pela lentidão torturante em que ele tira minha calcinha. 

— Puta merda, tira logo! 

— Como a princesa quiser. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado desse capítulo e não esqueçam de comentar o que acharam!! beijosss <3


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