História Roles Reversed - You still love me?

Três dias depois

Acordei com um grito feminino vindo da casa ao lado. Levantei num pulo e corri para a janela. No momento em que abri as cortinas eu paralisei. Eu vi a mim mesma na janela. Só então percebi que eu não estava na minha casa ou sequer no meu quarto. Era isso. Tudo estava acontecendo novamente, pois por mais uma vez os papéis foram invertidos.

Dois dias antes

Shawn já havia ido trabalhar e eu estava fazendo o café da manhã de América. Ela brincava com suas bonecas em cima da mesa e possuía seus materiais escolares completamente arrumados em sua mochilinha do Toy Story.

— Mamãe, você irá visitar o tio Matthew hoje? — América perguntou.

— Porque eu faria isso? — Perguntei.

— Porque ele perdeu a mamãe dele. — América respondeu e eu dei a ela seu café da manhã.

— Eu e Matthew já não nos vemos a muito tempo, América. Coma seu café da manhã logo, ainda tenho que te levar na escola.

(...)

Estava voltando do colégio de América. Enquanto o portão abria pude ver Matthew cortando a grama do lado de fora da casa. Ele estava sem camisa, o que me fez morder meus lábios, nervosa. Matthew me pegou o encarando e sorriu. Tratei de acelerar o carro e adentrar minha casa.

Meia hora depois do meu " encontro" com Matthew, a campainha tocou. Andei rapidamente e atendi a porta.

— Oi. — Matthew disse sorrindo.

— Oi. — Disse envergonhada, ele ainda estava sem camisa.

— Você tem um cortador de grama? — Ele perguntou.

— Sim, está lá nos fundos. — Respondi e apontei para trás.

— Você poderia me emprestar? — Ele perguntou e fez uma careta de culpa. — Eu meio que acabei de quebrar o meu.

— Claro, eu vou pegar pra você. — Respondi. — Você gostaria de entrar?

— Claro. — Ele disse sorrindo e adentrou a casa, ficando perigosamente próximo a mim.

— Você aceita água, refrigerante, suco ou alguma bebida? — Perguntei me distanciando.

— Já que você insiste tanto, eu aceito um refrigerante. — Ele respondeu sorrindo.

— Ok, eu irei buscar pra você. — Respondi e caminhei rapidamente até a cozinha, minhas mãos tremiam. Peguei a latinha de refrigerante na geladeira, um copo e voltei para a sala, logo entregando para Matthew.

— Obrigada. — Ele agradeceu sorrindo.

— Eu vou lá.... Vou lá trás. — Gesticulei rapidamente com as mãos, tentando me lembrar do que Matthew queria. — Buscar a coisa... O treco que você pediu.

— O cortador de grama. — Ele respondeu e dei um gole em seu refrigerante. — Quer ajuda?

— Não. — Respondi rápida. — Eu consigo. — Respondi e Matthew assentiu em concordância.

Vê -lo ali era como ver uma assombração. Não aquelas assombrações que te amedrontam e te tiram do sério, logo em seguida fazendo com que você enlouquecesse. Ele estava mais para aquelas assombrações que vem para te mostrar que o passado não pode ser esquecido, que algo deve ser concertado e deve ser agora. Eu não sabia como agir, pensar ou falar perto dele. Ele parecia um estranho, mas ao mesmo tempo era o garoto por quem eu era apaixonada desde criança.

Caminhei até a casinha que ficava atrás da casa. Pude ver a casa da árvore em perfeito estado. Shawn a havia reformado a algum tempo atrás, menos por dentro, eu não deixei que ele mudasse simplesmente nada, apenas retocar. 

Adentrei a casinha para pegar o cortador de grama e tropecei em meus próprios pés, praguejei alto, mas consegui manter o equilíbrio. Avistei a máquina em cima de uma estante de ferro e revirei meus olhos. Estava muito alto. Pulei alto para tentar conseguir alcançar o objeto, mas apenas havia triscado nele. Pulei mais uma vez e consegui alcançar, o puxei para pega-lo e a estante desabou sobre mim. Um barulho alto se fez, os objetos começaram a cair e só não fui achatada, pois a caixa da máquina impediu que a estante me amassasse. Pude ouvir alguém correr rápido, logo pude avistar Matthew na porta. Meu corpo inteiro doía. Era um milagre eu não ter apagado, Matthew levantou a estante como se ela fosse de papel e me colocou em seus braços, logo me levando para dentro de casa, novamente.

— Meu Deus, você está bem? — Ele perguntou com os olhos arregalados. — Caralho, é claro que você não está bem, você quer que eu te leve no hospital? Quer que eu chame uma ambulância? Eu posso...

— Eu estou bem, Matthew. — Disse tentando me levantar, mas fiquei tonta e recuei.

— Sua cabeça está sangrando. — Matthew disse analisando meu rosto. — Você também tem alguns arranhões, espere um pouco, vou pegar um pano para limpar isso. — Matthew disse e caminhou até a cozinha. Pude ouvir ele batendo os armários, abrindo a torneira e logo ele já estava de volta.

— Matthew, não precisa, eu sei me cuidar sozinha. — Respondi.

— Onde tem uma pomadinha? — Ele me perguntou.

— Eu já falei que não precisa, Matthew. — Falei.

— Amanda, pelo amor de Deus, cala a boca e me deixa cuidar de você. — Matthew disse.  O encarei por alguns segundos e decidi aceitar a ajuda dele. Me deitei sobre o sofá e Matthew logo se aproximou com um banquinho.

Ele encostou o pano em minha testa e eu gemi de dor, ele afastou o pano. Ele me analisou por um instante e mordeu os lábios, pensativo. Matthew entrelaçou sua mão livre a minha e com a outra começou a passar o pano novamente. Minhas bochechas coraram, minha mão agarrava com força a sua, devido a minha cabeça ainda estar doendo e Matthew estar limpando ela. Ele parecia ter todo o cuidado do mundo. Seus olhos preocupados me faziam me sentir estranha.

— Obrigada. — Disse assim que ele terminou.

— Você faria a o mesmo por mim. — Ele respondeu e sorriu. Me sentei com dificuldade e encarei Matthew. O silêncio era perturbador. Afastei minha mão da sua e Matthew olhou triste para o chão.

— Acho que você deveria ir. — Falei culpada e Matthew assentiu.

— Posso pegar o cortador de grama antes? — Ele perguntou e eu assenti.

Matthew foi para trás da casa e pegou o cortador. A caminho da porta da frente, ele me encarou uma última vez, sorri em agradecimento pela sua ajuda e então ele se foi.

(...)

Shawn dormia sereno ao meu lado. Alisei seu cabelo com delicadeza e um sorriso se formou em seus lábios.

— Não acorde, volte a dormir. — Falei rindo baixo. Shawn sorriu mais uma vez e logo voltou a dormir.

Quando eu estava prestes a cair no sono, um barulho atrás da casa me incomodou. Fui até a sacada e pude ver as luzes da casa da árvore acesas. Caminhei rapidamente até o local e subi as escadas logo em seguida.

Quando eu estava prestes a cair no sono, um barulho atrás da casa me incomodou. Fui até a sacada e pude ver as luzes da casa da árvore acesas. Caminhei rapidamente até o local e subi as escadas logo em seguida.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei brava assim que encarei Matthew.

— Eu não sei. — Ele disse olhando para um ponto fixo.

— Sério? Você não sabe? — Perguntei me aproximando dele.

— Você preservou nossa casa. — Ele disse sorrindo na minha direção.

— Acho que está meio óbvio. — Respondi.

— Não a estrutura, sua anta, nossa casa. — Ele respondeu. — Nossos desenhos, nossa cabana de colchões e travesseiros. Tudo. — Disse sorrindo

— São a minha infância, Matthew. Eu não poderia simplesmente jogar tudo pela janela. — Respondi. Matthew se aproximou rapidamente de mim e me abraçou.

— Obrigada. — Ele respondeu.

— Obrigada? Porque você está me agradecendo? — Perguntei confusa.

— Obrigada por ter preservado nosso cantinho, obrigada por ter continuado a ser a garota por quem sou apaixonado. — Matthew disse e eu me afastei dele.

— Não faça isso. — Respondi.

— Não fazer o quê? — Ele perguntou se aproximando de mim.

— Não volte agora e finja que nada aconteceu. — Respondi.

— E o que aconteceu? — Matthew perguntou.

— Você foi embora. — Respondi. - Você me deixou sozinha, você partiu meu coração.

— E você acha que eu queria isso? — Ele me perguntou.

— Ninguém te obrigou a ir embora. — Respondi.

— Eu fui embora para que você tivesse uma chance de ser feliz. — Matthew respondeu e eu me calei. — Eu só queria a sua felicidade. — Ele disse alisando meu rosto com a palma da mão. — Mesmo que isso custasse a minha.

— Matthew, eu...

Matthew colocou seu dedo indicador sobre minha boca, pedindo para que eu me calasse. Rapidamente ele afastou seu dedo de meus lábios e me beijou. Tentei afasta-lo, mas meu corpo desejava aquilo tanto quanto eu desejava. Nosso beijo era lento, como se aproveitássemos cada segundo perdido. As mãos de Matthew estavam em meus cabelos, fazendo um carinho gostoso. Matthew tentou aprofundar o beijo e me puxar para seu colo, mas eu o afastei.

Meus olhos encontraram os de Matthew e a culpa me atingiu. Eu estava estragando tudo . Mais uma vez. Eu estava com Shawn e possuía uma linda filha, mas como sempre, eu tinha que estragar tudo. Shawn não merecia isso.
— Você não deveria ter feito isso. — Falei culpada.

— Eu amo você. — Matthew disse com os olhos brilhando devido a luz que refletia em seus olhos.  Aquelas palavras me atingiram  de uma forma inexplicável, senti meu coração pular alegre e ao mesmo tempo se reprimir, com dor.

— Não devíamos ter feito isso. — Respondi culpada. — Por favor, vá embora.

— Amanda...

— Vá embora, Matthew. — Falei alto. Matthew se assustou. Ele me encarou por alguns instantes e então se dirigiu até a escada, cabisbaixo.

— Você ainda me ama? — Ele perguntou na metade do caminho.

— Vá embora, por favor. — Respondi chorando. Eu só queria ele fosse embora, que ele sumisse e me deixasse sozinha, mas ao meu tempo eu queria me jogar em seus braços, e beija-lo até eu não conseguir mais sentir meus lábios e essa confusão de desejos estava me fazendo ficar louca.

Assim que Matthew desceu, me certifiquei que ele já havia ido embora e então fui para o meu quarto. O que eu não esperava, era que na manhã seguinte, eu teria minha vida virada de cabeça para baixo, mais uma vez.