Minhas mãos tremiam. Eu não acredito que aquilo estava acontecendo novamente. Droga, minha vida com Shawn estava maravilhosa. Tínhamos nossa própria casa, eu tinha uma filha linda e uma boa condição financeira. Mas eu também tinha uma pedra no passado que havia esquecido de chutar. E essa pedra tinha nome e sobrenome. Matthew Espinosa.
Minha cabeça estava a ponto de explodir. Céus, o que Matthew estaria fazendo com Shawn? Abri a janela e tentei escutar algo, mas a casa estava em pleno silêncio. Ouvi um barulho de carro ligando e corri para a frente da casa. Quase arrebentei minha cabeça na janela ao tentar frear meu corpo de tentar se arrebentar contra a mesma. Cheguei a tempo de ver Matthew de roupão, se despedindo de Shawn, que ia para o trabalho. Céus, os pensamentos confusos voltariam. Assim que Shawn saiu, eu corri até a Matthew.
— O que você fez? — Perguntei brava.
— Bom dia, pra você também, Amanda. — Matthew respondeu. — E porque diabos você está me perguntando isso?
— Talvez porque a minha vida estava ótima, até você aparecer e estragar tudo. — Respondi.
— Eu não tenho nada haver com isso. — Matthew respondeu. — Pare de me acusar e....
— Mamãe. — América disse aparecendo na porta. Encarei Matthew e ele se virou para América.
— Late. — Matthew disse e eu quase me engasguei com a minha própria saliva.
— Modos, pelo amor de Deus. — Implorei para Matthew. Ele revirou os olhos.
— O que foi, minha filha querida, que eu amo com toda minha alma e com todo o meu coração? — Matthew disse se agachando até ficar na altura de América. Bati a minha cabeça na parede de tanta raiva.
— Você tem que arrumar meu café da manhã e meus materiais. — Ela pediu sorrindo.
— E você não sabe fazer isso não, garota? Você já tem cinco anos, tem que aprender. Tem que ser uma mulher independente, sem depender dos outros e....
— Vá se vestir querida, sua mãe não está se sentindo muito bem. Eu irei te ajudar. — Falei interrompendo Matthew e encarando América.
— Ok, tio Matthew. — América disse sorridente e adentrou a casa.
— Eu vou te matar. — Falei encarando Matthew e adentrei a casa para preparar o café da manhã de América e seus materiais.
Fui até a cozinha, peguei seu cereal e leite e coloquei em uma vasilha.
— Desculpa, estou estressado. —Matthew disse. — O que você faz com o Shawn? Ele queria que queria transar hoje de manhã. Meu Deus, foi uma luta pra mandar aquele garoto pro trabalho.
— Isso se chama ser casado. — Respondi. — É normal casais transarem, sabe?
— Nossa, verdade, me desculpa. Eu quem sou o inexperiente aqui. — Matthew disse irônico.
— Estou pronta. — América disse aparecendo sorridente.
— Que bom, venha comer seu café da manhã. — Respondi e fui até a sala para arrumar os materiais de América.
— Você não é minha mamãe. — América disse encarando Matthew.
— Te carreguei nove meses pra você dizer isso? Você ficou louca? — Matthew disse indignado.
— Você está se divertindo com a situação. — Falei.
— Um pouco. — Matthew disse sorrindo.
— Matthew, pelo amor de Deus. — Sussurrei o puxando para longe. — Nós não somos mais adolescentes. Eu tenho muito mais responsabilidade agora. Por favor, vire o adulto que a sociedade pensa que você é, e trate essa situação com mais respeito. — Você me entendeu? — Perguntei.
— Ok. — Matthew respondeu.
— Eu não quero apenas um ok, Matthew. — Respondi.
— Eu me comprometo a tratar a situação com mais respeito.... Ou responsabilidade, sei lá. — Matthew disse.
— Ótimo. — Falei. — Você vai levar América para a escola.
— O quê? Mas eu nem sei onde fica a escola. — Matthew respondeu.
— Por isso existe um dispositivo muito eficiente. Se chama GPS. — Respondi.
— Engraçadinha. — Matthew disse revirando os olhos.
— Apenas aja como se fosse a mãe dela. — Disse apontando para a América. — E temos que arranjar um jeito de voltarmos para os nossos corpos.
— Irei ligar para os meus contatos. — Matthew respondeu.
— Que contatos? — Perguntei.
— Das pessoas que já passaram por isso. — Matthew respondeu. — Talvez elas possam no ajudar.
— Ok. — Respondi. — Na primeira troca de corpos, nós não éramos feitos um para o outro e por isso precisávamos nos separar. — Falei. — Qual o motivo dessa?
— Eu não sei. — Matthew respondeu. — Mas eu irei descobrir, ok?
— Ok. — Concordei. — Vá levar América pra escola, eu vou trocar de roupa e então pensamos em algo.
— Tudo bem. — Matthew respondeu. — América, filha, está na hora da escola. Vamos. — Matthew disse saindo de casa e levando América consigo.
Voltei até a casa de Matthew e fui até o seu quarto. Troquei de roupa e coloquei uma mais apresentável. Arrumei a cama e desci as escadas. A campainha tocou, me assustando. Fui atender a porta.
— Oi. — Falei ao abrir a porta e dar de cara com um homem.
— Porra, Matthew! — O homem gritou a o me ver. — Você se esqueceu de colocar o despertador de novo?
—Ahm, eu.... Sim, desculpe. — Respondi assustada.
— Caralho, se mexe, vamos. — Ele respondeu me puxando pelo braço.
— Espera, eu preciso...
— Você precisa de mais comprometimento com o seu trabalho, isso sim. — O homem disse me empurrando até o carro.
— Ei, olha...
— Olha o caralho, eu estou estressado para cacete, Matthew. Você me tirou do sério quando não apareceu hoje. — O homem respondeu. — Entre. — Ele disse me empurrando para sentar no banco do passageiro.
Eu estava tão assustada que fiquei sem reação. O homem entrou no carro e deu partida no mesmo. Eu estava tão desesperada que estava a ponto de chorar. A medida que o carro avançava, com mais medo eu ficava. Será que Matthew havia começado a traficar? Será que ele havia feito algo ruim e agora tinha que negociar pela sua vida? Atentei-me em observar o carro e encontrei uma arma nos pés do homem. Ele pareceu ter me visto encarando o objeto e o pegou, logo tacando na minha direção. Fiz um malabarismo com a arma na intenção de tentar pega-la, mas não consegui a segurar e ela caiu no meu colo. O carro parou.
— Você está esquisito pra caralho. — O homem disse me analisando. — Seu cinto e colete estão no porta-malas. — Ele disse e então encarei o edifício a minha frente.
Céus, Matthew era um policial.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.