Encarei Matthew e logo depois pensei em Shawn em América. Eu havia construído uma vida toda, tinha uma família, uma casa, um emprego. Eu era feliz. Valeria a pena eu jogar tudo pelos ares e me entregar a Matthew, novamente?
— Entregue! — Matthew disse sorrindo quando o carro parou na frente da minha casa.
— Matthew, o que acontece se nós nos separarmos?
— Não sei, em que sentido, por exemplo? — Matthew perguntou.
— Tipo, se você for pra Antártida. — Falei.
— Nossa, você quer se livrar de mim mesmo. — Matthew disse e riu.
— Eu só quero a vida que eu tinha de volta. — Respondi. — Minha família de volta.
— E eu como sempre estragando tudo. — Matthew disse triste.
— Não foi isso o que eu quis dizer, Matt. — Falei.
— E nem precisa, eu sei. — Matthew disse. — Você percebeu que só você vai perder alguma coisa se você escolher a mim? — Matthew perguntou. — Você irá perder o Shawn, sua família.
— Verdade. — Respondi. — Então talvez eu não deva escolher você.
— Talvez não. — Ele disse triste. — Mas se você não me escolher, você nunca irá voltar para o seu corpo.
— É você.... Ou você. — Respondi e sorri triste.
— Eu sou uma maldição na sua vida. — Matthew respondeu com lágrimas nos olhos. — Uma pessoa criada apenas para te tirar de perto das pessoas que você ama e virar sua vida de cabeça para baixo.
— Matthew, não fale assim de você. — Falei. — Você sabe que isso não é verdade.
— Mas é a verdade. — Ele respondeu. — Pense consigo mesma, Amanda, eu só trouxe desgraça pra sua vida.
— Bem, isso é verdade. — Respondi. — Mas você também trouxe alegria, aventura, coisas que eu jamais esquecerei, Matthew. — Respondi sorrindo.
— Foi mais coisas ruins do que boa. — Matthew disse. — Puta que pariu, eu havia me esquecido de como era estranho estar no seu corpo e falando com você. Eu estou me sentindo muito emotivo, você não está menstruada, está?
— Ficarei amanhã! — Respondi sorrindo.
— O quê? — Matthew gritou e eu pulei no banco, assustada. — Amanda, você só pode estar brincando, né?
— Estou sendo sincera, Matthew. — Respondi e ri.
— Caralho, a minha vida acabou! — Matthew respondeu puxando os cabelos pra cima. — Puta que pariu!
— Eu vou ajudar você, seu idiota! — Respondi tentando o acalmar.
— Você? Agora que eu estou fudido mesmo. — Matthew respondeu e eu fechei a cara.
— Você vai querer a minha ajuda ou vai ficar fazendo cú doce? — Perguntei.
— Vou. — Matthew respondeu. — Melhor do que nada. — Resmungou e eu lhe dei um tapa.
— Dá pra você sair do meu carro e ir pra casa? Eu quero dormir! — Matthew resmungou.
— Tá, tá. — Respondi saindo do carro.
— É melhor você estar na minha casa, amanhã, bem cedo. — Matthew disse eu revirei meus olhos.
— Depende do tempo, se estiver frio eu vou ficar debaixo das cobertas. Amanhã é sábado! — Respondi.
— Eu te arranco daquela cama. — Matthew respondeu e eu fechei a porta do carro, deixando-o falando sozinho.
Adentrei a casa e Matthew seguiu para casa ao lado, subi as escadas e entrei para o banheiro. Tomei um longo banho e me dirigi até a cama, eu estava exausta.
(...)
Acordei com meu celular tocando. O agarrei e logo em seguida, o atendi.
— Alô? — Falei com a voz fraca devido ao sono.
— Amanda, puta que pariu, vem aqui, agora. —Matthew disse desesperado.
— O que aconteceu? — Perguntei me levantando.
— Tem sangue por todo lado, puta que pariu acho que eu vou morrer. — Matthew disse desesperado e eu ri. — Que que você está rindo, desgraça? Anda logo e vem pra cá! — Matthew disse bravo.
— Ok, estou indo, seu chato! — Respondi e desliguei o telefone na cara dele.
Vi pela janela que o carro de Shawn não estava na garagem. Eu não ouvia os gritos matinais de América ao ver seus desenhos, então presumi que Shawn deveria ter ido para a casa da mãe dele, junto a América. Me arrumei correndo e tomei café da manhã, Matthew não parava de me ligar, o que estava me deixando irritada. Terminei o meu café da manhã e fui até a minha casa, já que eu havia dormido na de Matthew, por conta de eu estar no corpo dele. Toquei a campainha e logo ouvi o grito de Matthew para que eu entrasse.
— Anda logo! — Ouvi o grito dele do andar de cima. Revirei meus olhos e subi as escadas. Cheguei até o quarto e vi uma mancha de sangue não muito grande sobre o lençol, encontrei Matthew no banheiro.
— Como que coloca esse caralho? — Matthew me perguntou sentado no vaso.
— Tira os adesivinhos e cola na calcinha, Matthew! Não é nenhum bicho de sete cabeças. — Respondi.
— Imagina, deve ter umas cinquenta! — Ele disse colocando o absorvente e levantando. — Você viu o sangue no lençol? Eu perdi muito sangue, Amanda, tenho que ir pro hospital. — Matthew disse preocupado.
— Para de drama, aquilo não foi nada! — Respondi apontando para a manchinha no lençol. — Tem muito mais de onde aquele sangue veio.
— Eu vou morrer! — Matthew disse fazendo drama. — É sério, Amanda, eu não vou conseguir. Devolve meu corpo!
— Cala essa boca e me ajuda a tirar esse lençol sujo da cama e colocar outro. — Ditei. — Agora!
— Ok. — Ele disse e caminhamos até a cama, tiramos o lençol e eu coloquei para lavar. — Pelo menos não manchou o colchão.
— Se manchasse, eu ia fazer você lamber. — Respondi.
— Eca! — Matthew disse fazendo careta. — Coloca outro lençol logo que está frio, eu estou com dor e quero deitar.
— Não abusa da minha boa vontade! — Respondi colocando o outro lençol e arrumando a cama.
— Caralho, parece que tem uma ninhada de dinossauros dançando dentro de mim. — Matthew respondeu se deitando. — As mulheres deviam ficar de cama e de atestados quando ficam menstruadas, que dor do caralho!
— Para de falar tanto palavrão no meu corpo, que droga! — Respondi o cobrindo.
— Que droga o caramba! — Matthew respondeu. — É minha primeira menstruação, eu estou assustado pra caralho, ainda tem essa dor dos inferno e você pede pra eu não falar palavrão? — Matthew exclamou irritado.
— Se acalma, menino, você está me fazendo ficar irritada. — Respondi e o meu telefone começou a tocar, pedi para que Matthew atendesse, já que agora ele era eu. De início ele revirou os olhos, mas logo em seguida seu rosto ficou pálido e a chamada se encerrou, o telefone voou na cama.
— Puta que pariu, eu não vou! — Matthew exclamou me olhando assustado.
— Não vai? Pra onde? — Perguntei.
— Rebeca acabou de me ligar dizendo que uns caras querem expandir a loja de vocês e querem as propostas que vocês têm para oferecer. Ela disse para eu ir social, isso inclui sutiã e salto, eu não vou! — Matthew disse e se cobriu com os cobertores.
— Oh, meu querido! — Disse puxando as cobertas. — Você vai sim, essa proposta é muito importante para mim e para Rebeca. — Falei.
— Eu nem sei andar de salto, ou como me portar de salto. — Matthew respondeu. — E maquiagem então? E arrumar o cabelo? Nem pensar!
— Eu vou te ajudar! — Respondi.
— O que você especificamente vai fazer comigo? — Matthew me perguntou.
— Te ensina a ser uma verdadeira garota! — Respondi sorrindo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.