O plano de ser felizes na cama, não funcionou! Quando estávamos na euforia do momento, o meu celular tocou, tentei não me importar, mas Matthew se levantou e só faltou tacar o celular na minha cara para que eu atendesse.
— Alô? — Falei.
— Matthew, você esqueceu de seu plantão, de novo? — Meu parceiro perguntou.
— Não, não, eu estou a caminho! — Falei e Matthew fez sinal de positivo com os dedos.
— Sério? Então as duas sombras vindo da janela da sua casa, não são você e sua vizinha, né? — Ele perguntou e eu fechei a cara. Suspirei, derrotada.
— Estou descendo! — Falei e desliguei.
— Onde você vai? — Matthew perguntou.
— Você tem plantão! — Respondi terminado de abotoar minha blusa.
— E você não está com medo? — Matthew perguntou.
— Porque teria? — Perguntei. — Não é quem nem nos filmes que a gente fica sentando e comendo rosquinha, não? — Perguntei.
— Não! — Matthew respondeu. — Amanda, você vai enfrentar pessoas más! Você vai ter que lutar com elas, você vai ter que defender a cidade.
— Você está de brincadeira, né? — Perguntei rindo enquanto colocava o colete a prova de balas.
— Não. — Matthew respondeu e meu coração disparou.
— O quê? — Gritei. — O que eu vou fazer, Matthew?
— Reze para que sua dupla não pegue nada demais! — Matthew disse.
— Falar é fácil, bonitão! — Respondi.
— Sou mesmo, muito obrigada! — Matthew disse e sorriu. Lhe lancei um olhar cortante e seu sorriso murchou. — Ok, ok, desculpa!
— Não. — Respondi.
— Amanda, você se lembra da sua primeira vez? — Matthew perguntou.
— Sim, na verdade foi com você, porque a pergunta? — Respondi.
— Não essa, sua tapada! — Matthew respondeu e eu lhe mostrei o dedo do meio.
— E por acaso tem outra? — Perguntei.
— A primeira fez que você foi numa missão! — Matthew disse e eu balancei minha cabeça em concordância. — É so fazer a mesma coisa! — Matthew disse como se não fosse nada demais.
— Eu quase morri! — Respondi.
— Bem colocado, você quase morreu! — Matthew disse dando ênfase no quase.
— Sabe, você não está ajudando muito! — Respondi. — E na primeira vez que eu corri atrás de um bandido, você apareceu para me salvar.
— O que eu posso fazer? Está no meu sangue! — Matthew disse sorrindo.
— O que está no seu sangue? Ser babaca? Por que isso realmente está! — Respondi.
— Meu Deus do céu, porque você está tão brava? — Matthew perguntou.
— Talvez porque eu estou caminhando para a morte certa, e você fica tratando a situação como se eu tivesse indo para o chá das cinco! — Respondi entredentes.
— Desculpa! — Matthew disse. — E que essa rotina é normal pra mim.
— Era. — Falei. — De passado, não presente! — Complementei. — Pois quem está nesse corpinho...
— Lindo e maravilhoso! — Matthew acrescentou, sorrindo. Revirei meus olhos, antes de continuar a falar.
— Sou eu! — Falei. — Amanda Dolabella, e não Matthew Espinosa.
— Você está fazendo drama, talvez não aconteça nada demais! — Matthew disse e jogou as mãos para o alto. — Se algo acontecer, você me liga e nos iremos resolver isso do nosso jeito.
— E que jeito seria esse? — Perguntei.
— Juntos! — Matthew disse e meu deu um selinho. — Agora vai logo, antes que meu parceiro entre aqui e te leve arrastado até o carro, e te prenda lá!
— É só fingir que o bandido é o Shawn! — murmurei para mim mesma.
— Vai lá, garota! — Matthew gritou quando eu comecei a descer as escadas.
O ignorei e fui para o carro do meu parceiro. Que a sorte esteja ao meu favor!
Matthew Espinosa POVS
Amanda ainda não havia ligado, então creio que estava rolando tudo bem até o momento. Já havia amanhecido e já se passava das dez horas da manhã. Decidi ir para a casa de Amanda, já que eu estava na minha. Já na casa, eu estava entediado, decidi pegar alguma fotos de Shawn e tacar dardos nelas!
— E ele acerta de novo! — Gritei quando o dardo atingiu pela centésima vez a cara de Shawn. — Eu sou demais! — Gritei, novamente.
A campainha tocou e eu fui atende-la.
— Pois não? — Falei ao abrir a porta.
— Mamãe! — América gritou e me abraçou.
— A- América? — Gaguejei.
— Estou de volta! — Ela disse e abraçou minha perna. — Senti sua falta! — Ela disse me pedindo colo.
Eu olhava paralisado para ela. Reparei no seu cabelo, no seu jeitinho alegre. O seu sorriso era igual o meu. Ela era uma cópia de mim, porém do sexo feminino. Como eu não havia reparado nisso antes?
— Você vai ficar aí parada ou vai pegar a menina? — Ouvi a voz de Shawn e eu cerrei meus punhos.
— Como você se atreve a vim aqui? — Rosnei para Shawn.
— Amanda, eu sei que você está com raiva, mas não vamos brigar na frente de América, ela não tem nada haver com isso! — Shawn disse calmamente. — E você está bem? Ela é a sua filha e você só se comporta como se fosse apenas uma pessoa qualquer.
— Não, eu não estou bem! Eu fui traída! — Respondi entredentes. Shawn me encarou, culpado. Fiquei incomodado de estar tendo aquela conversa, Amanda é quem deveria estar tendo ela.
— Olha, eu não queria que as coisas fugissem do controle assim. — Shawn respondeu e parecia arrependido. — Eu só queria uma chance de te explicar, eu sei que o que fiz foi errado, sim, eu extrapolei. — Shawn disse e suspirou. — E como extrapolei. — Ele disse disse encarando as suas fotos na parede cheias de dardos. — Será que podemos conversar?
— Não! — Respondi. América nos encarava confusa.
— Por favor, por América! — Shawn disse. — Ela é nossa filha e não merece passar por isso.
— Você sabe muito bem que ela não é sua filha! — Sussurrei.
— Sim, eu sei, não precisa jogar isso na minha cara! — Shawn disse com tanta dor na voz que América se aproximou dele para abraça-lo.
— Está tudo bem, papai, não chore, eu amo você! — América disse e Shawn a pegou em seu colo. A garota o abraçou com força e pude ver uma lágrima descer dos olhos de Shawn.
— Eu também te amo, minha pequena! — Shawn disse. — Te amo mais que tudo nesse mundo. — Ele disse e a apertou forte.
Ouvir América chamando Shawn de papai, do uma apunhalada no peito. Mas eu esperava por ela. Afinal, Shawn é o pai de América, ele quem a criou e a amou todo esse tempo que eu estive fora. América nem me conhece ou sequer pensa imaginar que eu era o verdadeiro pai dela. Antes eu queria pegar América e Amanda, e enfia-las no carro mais próximo, para que pudéssemos sair daquele lugar e fôssemos construir nossa vida em outro lugar. Mas Shawn ama América, e América ama Shawn. Eu não sou um monstro, e não posso separa-los. Eu tinha que lidar com as consequências das minhas escolhas, mesmo que elas tivessem sido boas, com intenções boas, elas tiveram consequências e eu tinha que enfrenta-las.
— Podemos conversar amanhã! — Falei e Shawn sorriu, ainda abraçado a América.
— Obrigada, Amanda! — Shawn disse. — E mais uma vez, me desculpe por tudo o que ocorreu, eu nunca havia planejado isso, que tudo isso acontecesse e...
— Conversamos sobre isso, amanhã, Shawn! — Falei e ele assentiu.
— Ei, princesa, você sentiu falta da sua mamãe? — Shawn perguntou sorrindo para América e ela assentiu sorrindo. Peguei América do colo de Shawn e a abracei com força.
— Mamãe, você está me machucando! — América disse com dificuldade.
— Desculpa, filha, desculpa! — Falei sorrindo e Shawn riu. Filha, filha filha. Que palavra estranha e boa de se dizer.
— Eu já vou indo! — Shawn disse e beijou a bochecha de América, e logo foi caminhando para o seu carro.
— Vamos, mamãe, vamos! — América disse me empurrando para o quarto.
— Fazer o quê? — Perguntei.
— Hoje é o dia da senhora levar eu e as meninas para o parquinho! — América disse e eu arregalei meus olhos.
— Quê? Parquinho? — Perguntei. — Amiguinhas? Tipo mais de uma? — Perguntei.
— Claro, mamãe! — América disse como se soasse óbvio. Fui tentar falar alguma coisa, mas a campainha tocou.
— Elas chegaram! — América gritou alegre. Ela correu até a porta e abriu a mesma, um tanto de garotas explodiu para dentro da casa. Uma van do lado de fora buzinou e as meninas começaram a gritar. Notei que todas elas vestiam a mesma cor de blusa. Vermelha. América já parecia estar pronta. — Estaremos te esperando na van, mamãe! — América gritou e as meninas começaram a correr para fora.
Fui correndo até o meu quarto e coloquei uma blusa vermelha. Sinceramente? Eu preferia estar enfrentando bandidos, assassinos e psicopatas, do que levar uma cambada de pirralhas para o parquinho! Amanda estava enfrentando bandidos e eu estava enfrentando crianças! Sinceramente, o que poderia dar errado?
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