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História Roleta Russa - II


Escrita por: KStefne

Notas do Autor


Hey! Como prometido o segundo capítulo sendo postado em 08/11
Aproveitando pra dedicá-lo à minha bestie que revisa os capítulos e ama dar palpites, Nath❤

Curta, comente, divulgue e boa leitura!

Capítulo 3 - II


 

-Como soube que eu estava em Chicago?-mudo novamente de assunto, minhas engrenhagens mentais estavam a todo o vapor, localizo a arma no carpete e abaixo lentamente o abajur. 

 -Uma coisinha linda e ruiva me contou.

Claire 

 A minha relação com aquela vaca sempre foi recheada de muito ódio, desde que fui trabalhar na Margot's Nacho's. 

Na verdade, tudo começou quando ela me viu com o Theodore, na época eles estavam noivos e eu havia acabado de o conhecer em uma das minhas entregas, não sabia do envolvimento dos dois. 

Ele era simpático e não me olhava como os outros caras olhavam. Nos viamos diáriamente, cada dia que passava as minhas perçepções pessoais mudavam, alguns homens poderiam ser diferentes e o Theo estava provando ser um deles. O dia em que o ele rompeu com Claire foi como se estourase a 3° Guerra Mundial.

 Me lembro perfeitamente dos insultos e do escândalo que ela fez, quase perdi o meu emprego, aquilo tinha sido o estopim da nossa briga, se não bastasse ela colocou toda culpa em mim, como se fosse uma vadia destruídora de noivados. O Theo merecia coisa muito melhor mas eu não o estava ajudando a se livrar daquela garota e talvez seja esta uma das razões pela qual a Sra. Sukuma me odiasse, eu supostamente destruí o casamento do século.  

-Então a Claire deve ter contado ao Theo.-Murmuro, perçebo que os olhos do Charlie me analisam em curiosidade. Tento não desviar o olhar para a tatuagem em seu pescoço que consistia numa serpente, eu sabia que ela encobria uma marca deixada pela a minha navalha à alguns anos atrás.

 Sorrio internamente com as lembranças que haviam inundado minha mente.  

-Quem é Theo?-pergunta e sinto sua voz ficar estranha.

 -Ninguém.

 -Seu namoradinho? 

 -Não é da sua conta.-Murmuro entredente.

 -Tanto faz, eu vou descobrir.

 -Sem me ameaçar?

 -Sem ameaças, Roza. Eu mudei, estou mais paciente e posso esperar até quando voçê estiver pronta para me contar. Isso não te soa bem? 

 -Voçê é um doente de merda.-Jogo o abajur em sua direção e corro até a arma e a pego em um movimento assustadoramente rápido, miro a arma em sua direção e aperto o gatilho, o tiro não sai. 

O barulho do abajur se chocando no chão foi o único a fazer algum efeito. 

Droga

 -Continua a mesma garotinha patética.-Ouço-o gargalhar. 

 Me sinto um lixo, aperto o metal frio contra a palma da minha mão.

 -Voçê é exatamente igual àquela vadia que te abandonou por erva. 

 Cerro o maxilar.

 -Não ouse, ela não teve culpa de nada, se voçê não tivesse aparecido nada daquilo teria acontecido.

 -Por incrível que possa pareçer eu não fiz nada, Roza. A sua mãe já era uma drogada fudida, ela apenas deu uma pausa quando teve voçê. 

 Me lembro que de início, aparentemente, que minha mãe só estava enfrentando um momento difícil, e que logo que iria passar. No entanto, os avisos de despejo e as inúmeras cobranças do banco pela hipoteca da nossa casa foram essas questões que me fizeram duvidar seriamente da real gravidade da situação. 

 Susan Balwik era a mulher em que eu me espelhava, a minha ancora no meio de tudo que acontecia, dentro de casa e na escola, sem contar com conflitos internos e constantes que me faziam dúvidar da minha sanidada, na época tudo era amenizado graças à sua figura. Mas com o tempo ela foi se distanciando, o salão havia fechado e a casa era sempre um zona. Charlie foi se dispersando gradativamente também, vinha somente aos fins de semana e eram os piores dias. Sua presença era como uma maldita praga, deixava rastos e a minha mãe estava padecendo aos poucos.

 Foram meses de trocas tímidas de aceno, ela chegava de madrugada, algumas vezes bébada, outras simplesmente drogada, eu permanecia calada enquanto a ajudava a ir para a cama. Charlie detestava aquilo tudo também, as brigas eram mais frequentes e as marcas no rosto da minha mãe denotavam o quão longe a situação estava indo.

 Até hoje não sei ao certo o motivo concreto da minha mãe ter fugido sem ao menos uma explicação. Segundo Charlie, ela havia voltado a  cheirar, conhecera um mexicano chamado Marcos, na qual o narcotraficante a ameaçava frequentemente, e mesmo depois hipotecar a nossa casa para pagar as dívidas, ela permanecia afundada nas drogas.

 Mesmo depois meses sem qualquer sinal dela eu ainda alimentava esperanças. Charlie fazia inúmeras promessas de que iria traze-la de volta mas eram apenas palavras vazias, eu sabia disso. 

Após perder o meu pilar de sustentação e me ver sozinha, eu me encontrei no mundo do crime, passei a fazer pequenos favores, em troca de comida ou roupa, ir à escola se tornava sempre um desafio. Foram um dos momentos mais difíceis da minha vida. 

 Em Howe, a minha cidade natal, me conheciam como a vadia do Charlie ou apenas vadia. As pessoas na época sabiam que eu precisava trabalhar e faziam questão de bater a porta na minha cara. A alternativa que me restara na época foram bicos de caráter inlícito, o sentimento de sobrevivênvia foi o vetor que me levou a me submeter àquilo. 

 Antes atingir a maioridade legal, eu já tinha contato com armas e pessoas ligadas a facções. A primeira pessoa que matei foi um bébado, me lembro perfeitamente do olhar embriagado e a risada maliciosa, ele vinha na mesma direção do beco em que eu me encontrava, não era o Charlie mas era um homem mau e sabia o que ele tinha em mente, precisava matá-lo, precisava disparar o gatilho e aliviar a minha dor. E foi apartir daquele dia que passei a matar. Hoje, tenho plena noção do quão estúpida eu fui, aquilo era tão errado e ao mesmo tempo tão certo. 

 Eu achava que todos os homens, sem exeção, não passavam de uma pernosificação de um abutre esfomeado à procura de mais carne podre. Esse estigma se apoderava do meu subconsciente, um sentimento de vingança por todas as mulheres que além mim, que já foram tocadas sem consentimento, a deturpação da alma por garras selvagem e sujas. Era a minha válvula de escape apertar o gatilho. 

 Após um ano, a sensação se intesificava, uma espécie de droga na qual eu estava viciada. Já não fazia aquilo pelo dólares, fazia por hobbie. As pessoas da cidade já desconfiavam de mim, o xerife também, mas apenas Charlie sabia.

 Ele fazia questão de me presentar com mais pistolas, fuzis e navalhas. Era divertido para ele, a imagem da garotinha indefesa havia sido transfigurada em uma mulher cujo o coração e alma não revelavam um pingo de piedade. Mas o monstro que havia me tranformado naquilo ainda estava vivo, cada célula do meu corpo implorava pelo o último suspiro dele.

 Eu tentava, de todas as formas, mas Charlie se esquivava como uma cobra. Eu fazia tudo que ele pedia, desde pequenos roubos à atos sexuais, para matá-lo eu precisaria me igualar a ele, me tornar um monstro. A cicatriz que o ele encobriu com a serpente é a única coisa que fiz no passado a qual tenho orgulho. 

 Hoje eu sei que para acabar com essa dor, eu preciso matar apenas ele. 

 -Ela não era.-Digo convicta. 

Charlie ignora o meu protesto, vejo-o se levantar e por a mão no bolso, na qual retira algo de lá e me estende.

 -O que é isso? 

Perçebo que é um pequeno envelope pardo, mesmo amassado consigo destiguir as letras que formulam o meu nome.

 -Algumas coisas que de que voçê vai precisar. 

 -Eu não disse que iria aceitar. 

 Ainda com a mão estendida ele bufa. 

 -Anda logo. 

 Relutante, pego o envelope com o máximo cuidado para não tocar nele.

 -Já pode ir.-Sinalizo com a mão para a porta.

 -Abra. 

 Bufo e rasgo a porcaria do envelope, percebo que havia maços de dinheiro, um papel dobrado e um broche. 

 -O que isso?-Seguro o broche em formato de rosa.

 -Isso é um presente, o resto é uma parte do pagamento e o papel é o endereço da festa.

 -Que festa? 

 -Eu dei um jeito de te pôr em uma das festas do Aleksander Korolov. 

-Que merda de nome é esse?  

-Ele é russo.-Explica e perçebo seu semblante se modificar.-Esse desgraçado têm que morrer, mas antes quero se infiltre na casa dele, o investigue e ache um chip, e só depois o mate. Entendeu? 

 -Sim.-Analiso o broche minusciosamente. -Isso tem algum localizador, câmera ou algo do tipo?

 -Não, mas voçê vai ter que o usar na festa. A festa será nesse fim de semana, quero que análise o local, as pessoas, tudo, me informe se algo estranho acontecer, qualquer coisa. 

 -Só isso? 

-Por enquanto. 

 Me controlo para não jogar aquele broche da janela, eu sabia que para ganhar a confiança do Charlie teria que obedeçe-lo sem hesitar. Só então iria terminar o que havia começado, e aceitando aquele acordo seria mais fácil obter sucesso. Esse russo, afinal, seria o penúltimo a morrer.

 -Eu não tenho um vestido.-Constato.

 -Arranje, dê um jeito, esse dinheiro é mais que o suficiente para comprar um. 

 -Preciso de uma foto ou alguma característica desse cara. 

 -Eu garanto que não precisará.-Ele diz. 

 -Como?

 Vejo o Charlie ir até a porta e suspiro alíviada. No entanto, ele para no meio do caminho e se volta todo sorridente. 

Prendo a respiração.

 -Roza, apenas tente não chamar tanta atenção, sim? 

 ▪▪▪ 

 O broche que o maldito havia deixado no meu apartamento se encontrava agora na minha bolsa, enquanto estava indo trabalhar a minha mente já havia começado o expediente. 

 Meus pensamentos estavam tão dispersos que, em algumas vezes, quase bati a moto.

 -Claire, posso falar com voçê? 

 Foi a primeira coisa que disse após chegar ao trabalho cinco minutos adiantada, seus olhos se arregalaram levemente. A última vez que a havia dirigido uma palavra foi no dia em haviamos brigado, na qual foram apenas xingamentos chulos. Desde lá, as alfinetadas e provocações vinham apenas dela. 

 Vejo Claire se recompondo rapidamente.  

-Tenho escolha?-Pergunta e revira os olhos, cerro os punhos. 

Olho para alguns funcionários que pareciam surpresos com a nossa estranha interação, todos ali sabiam o quanto era difícil manter uma conversa civilizada com Claire. 

 -Voçê disse, exatamente, o quê ao Theo?

 -A verdade? Que voçê dava para o seu pai e que matava pessoas por dinheiro, sabe o quão nojenta voçê é, Haile?

 -Como encontrou o Charlie?-Mudo de assunto. 

 -Na verdade, foi bem simples. Eu liguei para algumas pessoas aléatorias que moram em Howe e disse que era uma detetive do Condato de Forest.-Ela dá uma risadinha irritante.-Aquela gente me deu tudo o que eu precisava para entrar em contato com o Charlie. 

 -Voçê é louca. 

 -Não, voçê que é, eu estou apenas cuidando do que é meu. Voçê que acabou com o meu noivado, fazendo a cabeça do homem da minha vida contra mim.

 -Olha, você está enganada.-Explico.-Não sei ao certo o motivo para o Theo ter rompido com voçê, mas posso te afirmar que não tenho nada a ver com isso, ele é como um irmão pra mim. Sabe disso mais que qualquer um que eu não me envolvo em teor amoroso com ninguém.

 -Claro, regra das putas. 

 -Não ouse.

 -Senão o quê? Vai me matar? 

 Perçebo uma pequena movimentação de clientes entrando e respiro profundamente para manter o controle. 

 -Não.-Olho para o chão.-Eu matava apenas homens porque eles me lembravam o Charlie.

 -Haile, voçê é uma psicopata.-Me interrompe fazendo uma cara de nojo.

 -Não, eu não sou.-Me defendo, mas o subconsciente teme que seja essa uma das razões pela qual fiz tanta merda no passado. 

Ela revira os olhos.

 -Enfim, vamos fazer um trato?

 -Que trato?-Pergunto desconfiada.

 -Eu mantenho sigilo sobre isso e não te denúncio para a polícia desde que voçê fique bem longe do meu Theo. 

 A encaro e arqueio a minha sonbracelha. Wow

 Vou admitir que estava surpresa pelo nível em que aquela garota poderia ir para conseguir o noivo de volta. Chegar ao ponto de me investigar e coletar informações do meu passado para manipular o Theodore era algo realmente impressionante. E ainda mais com aquela ameaça de quinta retirada de algum filme Hollywoodiano dos anos 80. -Então?-Pressiona.

 -Tudo bem.-Engulo em seco, eu não poderia me arriscar, sabia que ela não estava blefando. 

Além do mais, apartir de hoje eu teria que me afastar definitivamente da única pessoa que era realmente importante para mim. O fato do Charlie estar à espreita, sendo que qualquer passo em falso ou contato com o Theo seria uma catástrofe.

 -Ótimo.-Sorri.- Agora se me der licença, Rozita. 

 Permaneço imóvel, a sensação e desejo de estrangular aquela garota era insuportável. Graças ao cara lá de cima consigo me controlar e dou inico ao meu trabalho. 

 As horas foram passando rapidamente, e a o frio na barriga aumentava ao passo que marcava o fim do expediente. Após a última mesa atendida, decido comprar um maldito vestido. 

 Tinham sido raras as vezes em que pisei em um shopping, e naquele dia em especial o mesmo estava bem lotado.

 Alguns casais andavam de mãos dadas, crianças corriam pelos corredores, e uma bando de adolescentes se divertiam em um momento de descontração, no meio daquilo tudo lá estava eu, caminhado sem rumo com uma pontinha de inveja daquelas pessoas. 

 Reparo em uma senhora sentada em um dos bancos, sua face estava séria e o olhar perdido denúciava o quanto ela também estava deslocada. Não sei ao certo de onde crio a corajem de ir até a mesma e ainda me sentar ao seu lado. 

 -Olá.-Digo com uma voz simpática me surprendendo, mais uma vez, com as minhas habilidades de atriz.

 Seus olhos se voltam para mim e em um milésimo de segundo as pupilas dela se dilatam.

 -Está falando comigo? 

 Assinto, e perçebo os olhos da senhora se desviarem para uma loja ali perto. 

 -Estou.

 Ela tenta da um sorriso, mas sai mais como uma careta. Algo me dizia que além estar desconfortável em estar ali, eu a estava incomodando de alguma forma. 

 -Ah. -Estou a incomodando, não é? 

 Ela franze a testa e nega, suas mãos alcançam as minhas. E essa atitude me surpreende e transpareçer que não, é bem difícil.

 -Querida, posso ler a sua mão?

 O quê?

 Dou uma risada nervosa. 

-Não acredito nessas coisas, me desculpe. 

 -Ah.-Diz e vejo que está decepcionada, suas mãos soltam as minhas e voltam a descansar no seu colo, me remecho.

 -Mas tem algo em que preciso pedir à senhora, no entanto.

 -Algo?-Questiona e perçebo que a mesma não consegue controlar a ansiedade, seus olhos azuis me encaravam em expectativa. 

 -Vim comprar um vestido e preciso de uma opnião sincera. Poderia me ajudar com isso?-Pergunto, ela assente imediatamente e se levanta de súbito me levando consigo. 

 -Será uma honra, querida.-A senhora me puxa para uma loja aleatória. 

 Sorrio e perçebo que nem ao menos sabia o nome dela.


Notas Finais


Anh? Que senhorinha sinistra não é mesmo?

Já avisando que o próximo capítulo está imperdívelmente maravilhoso, graças ao lindo do Alek.

Ah, e prometo que o postarei ainda essa semana.♥

Até lá!   


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