História Rollercoaster - And we went back to square one

POV JASON/JUSTIN

O corpo de Collins se afastou da bancada, provavelmente um pouco surpresa em me ver ali em sua casa. Columbia caminhou em minha direção enquanto me entregava o ultimo pedaço da maça.

— Vamos, Jason! Já vou colocar o filme pra começar — ela disse, caminhando até o próximo cômodo.

Estiquei meu braço na direção de Collins. — Toma, Anjo.

— Eu não quero, — respondei rápida — o que você ta fazendo aqui?

— Columbia me convidou pra ver filme.

— Você sabe que não pode entrar aqui, se meu pai te ver é capaz dele arrancar a sua pele e fazer dela o novo acento do carro dele!

— Eu corro esse risco — dei os ombros.

— Por que? — cuspiu irritada, como se a resposta não fosse óbvia.

— Por você! Céus você é muito lerda, Collins!

— E qual é essa sua ideia estúpida? Usar minha irmã como pretexto pra me ver? Você sabe como Columbia é, ela não vai querer simplesmente uma noite de filme com você.

— Você acha que eu vou transar com ela? — cruzei os braços, erguendo uma das sobrancelhas.

— Como se você fosse negar se ela insistisse, não é? 

— Collins, eu am— esperei um segundo antes de continuar e olhei para o cara que nos encarava do outro lado da cozinha — Por que esse cara ta aqui? E ele desceu do quarto com você, não desceu? O que vocês estavam fazendo lá?

Collins gargalhou. — Você acha que nós transamos? — ela riu novamente — Você é um idiota, eu mal conheço ele, acha que eu vou me entregar à alguém que eu mal conheço?

— Bom, você costumava fazer isso no primeiro ano do ensino médio, não lembra? 

— Não fale desse jeito com ela, por acaso ela joga na sua cara que você é um assassino? — o garoto disse, aproximando-se dela.

— Não é da sua conta — bufei.

— Eu acho que você esta merecendo levar um socos na sua cara, Mccann.

— Vamos, estou esperando por isso, Donzela.

Antes que ele pudesse partir para cima de mim, Collins segurou sua mão sem muita alteração em seu comportamento ela balançou a cabeça e o olhou nos olhos por alguns segundos, como quem estivesse o acalmando ou pedindo que ele não fizesse o que iria fazer. Eu me senti tão estúpido, estava fazendo exatamente o que eu não deveria fazer, estava fazendo com que Collins tivesse razões para se afastar de mim.

☼

Estávamos nós na aula de Física novamente, enquanto o Sr. Clovitz explicava algo que não me importava de sua matéria eu voltava em minhas memórias a nossa primeira vez juntos nesta aula, fora uma discussão bem interessante, pelo menos a mais interessante que tivemos desde que nos conhecemos. Desde que Collins sabia quem eu era nós passávamos mais tempo brigando do que qualquer outra coisa.

— E então, nosso casal principal fez as anotações do trabalho que eu passei? — ele disse, apoiando suas duas mãos em nossa mesa, nos olhando por cima de seus óculos.

Assenti, sem perceber que Collins tinha feito o mesmo.

Agora eu estava curioso. — Então vamos começar com as damas primeiro, tudo bem Sr. Mccann?

— Justo. 

— Dirija-se a frente então, Srta. Fox.

Sem dizer nenhuma palavra ela caminhou até a mesa do Sr. Clovitz e sentou-se em cima dela, enquanto ajeitava seu caderno em sua frente. 

— O lado que mais se destacou em meu parceiro esta semana foi: O lado ruim. — oh que surpresa! — Jason Mccann é a pessoa mais insuportável que eu já conheci, ele é um típico encrenqueiro de pavio curto que não suporta ser contrariado e não aceita perder. 

Todos na sala riram.

— Muito bom, Srta. Fox, isto foi bem... sincero. Sua vez — disse ele em minha direção.

Esperei que Collins voltasse ao seu lugar para que eu pudesse tomar sua posição em frente aos 15 alunos que estavam presentes na sala.

— O lado que se destacou em minha parceira esta semana foi: O lado bom. — pude ver sua expressão se transformar em uma careta, eu ri — Ela é uma pessoa engraçada apesar de sua mudança de humor constante, ela sabe como fazer um bom drama e também é ótima no sexo, espetacular.

Um estouro de risadas ecoou por toda a sala, a expressão de Collins passou de "você é insuportável" para "eu vou matar você" em segundos e isso fez com que eu soltasse uma alta gargalhada. 

O Sr. Clovitz caminhou até mim e então eu voltei para o meu lugar.

— Interessante, Sr. Mccann, mas da próxima vez tente não ser tão aberto com a classe.

Collins nem se quer ousou olhar para mim pelo resto das aulas, ela nem ao menos se moveu da cadeira para alguma coisa. Nenhuma risada, nenhum sorriso, nenhuma revirada de olhos, absolutamente nada.

O sinal para o intervalo tocou esperei que todos os alunos saíssem para que eu pudesse conversar com Collins e esperei que ela arrumasse seu material. Quando ouvi Collins caminhando até a porta e me virei para vê-la, um soco acertou meu rosto em cheio, minha cabeça voou com o impacto.

— Isso é pelo que você disse pra mim ontem, babaca. 

POV COLLINS

Jason já estava passando do limite do aceitável. 

O que ele tinha me dito ontem tinha ficado grudado em minha cabeça, como se fosse um bilhete grudado na geladeira ou um despertador insistente, ele disse aquilo como se eu fosse uma vagabunda qualquer que esta disposta a transar com qualquer um. Era inaceitável principalmente ele estando onde estava, na minha casa. Depois daquele incidente, pedi para que Ethan ficasse na sala junto a Jason e Columbia e subi para o quarto, cansada demais para ouvir qualquer outro tipo de ofensa.

Meus punhos arderam após entrarem em contato com seu rosto, mas eu estava satisfeita. Sai da sala em direção a porta de entrada do Santen's, Ethan me esperava com os braços cruzados e logo abriu um pequeno sorriso assim que me viu.

— Esta tudo bem?!

— Sim, por que esta aqui?

— Eu descobri algumas coisas e acho que devo compartilhar isso com você, mas precisa ser em um lugar mais calmo. — disse ele, olhando cuidadosamente para os lados — Vamos no Delphic, eu te explico melhor.

O tom que Ethan usava e seu olhar cauteloso não me transmitia uma boa sensação e eu já tinha certeza que más notícias viriam, então, tentava me prepara psicologicamente para isso.

Ethan parou o carro junto ao meio-fio e girou a chave. Entramos em silêncio na Delphic e sentamos em uma mesa mais afastada, assim que a garçonete saiu com nossos pedidos, ele lambeu os lábios antes de começar a falar.

— Eu não sei se deveria, mas por via das duvidas eu pesquisei mais sobre o seu passado com o de Jason, que na verdade descobri ser Justin. Eu consegui entender realmente tudo o que aconteceu entre vocês e o por quê de seu Pai querer que eu te proteja, mas há algo, Collins algo a mais por trás desse acidente com Justin. — disse, mantendo o tom de voz baixo.

Meu coração começou a bater mais depressa.

— O que você quer dizer?

— Quero dizer que o grupo que levou Justin a aquela cabana aquele dia e o espancou com o intuito de mata-lo, não quis matar ele por que ele era um nerd irritante ou por que Travis estava cansado de vê-lo com você. Eles tiverem uma ordem para isso.

Arregalei meus olhos com a inesperada notícia, apertando todos os meus dedos como se fosse esmaga-los.

— Uma ordem? Ordem de quem?

— Eu não sei, — ele disse.— eu queria te perguntar, talvez você soubesse, Justin tinha alguma inimizade naqueles tempos?

— Não, — respondi de imediato — Justin mal tinha amigos, algumas pessoas não gostavam dele por que ele era inteligente demais e atraia um pouco de atenção dos diretores das renomadas faculdades, mas era algo estupido. 

— Algo que poderia ocasionar a isso?

Balancei a cabeça.

— Acho pouco provável. 

— De qualquer modo temos que investigar, seria bom se você mantesse um pouco de contato com ele, fizesse algumas perguntas talvez...

Soltei uma gargalhada leve.

— Vai ser meio difícil, eu dei um soco nele hoje, então...

— Você o que? — ele riu — Por que fez isso?

— Viu o jeito que ele falou comigo ontem? Eu não ia deixar barato.

A garçonete apareceu carismática, colocando os dois cafés em nossa frente e deixando ao lado um pequeno frasco de açúcar e adoçante, como tinhamos pedido.

— Você é uma garota de atitude, Collins, eu gosto disso. — disse ele, antes de dar um gole no café.

Stratford, Ontário.
          Um ano atrás

Um vento furioso lançou-se sobre toda a cidade, os galhos das arvores batiam insistentemente sobre as janelas do escritório de Richard, que se irritava a cada batida dos galhos. Ele tentava manter-se em silêncio esperando que a criatividade o ilumina-se, ele realmente precisava disso. Richard estava prestes a fechar um grande negócio com um grande artista e este tinha lhe pedido uma melodia para sua nova musica de sucesso, era sua chance de se relançar na industria musical, a chance que ele estava esperando finalmente tinha batido a sua porta, mas nada vinha tão fácil, o dia estava lhe castigando.

— O que faz acordada a esta hora, Aurora? — sua voz atravessou por todo o cômodo.

— Não consigo dormir, estou com aquele assunto na cabeça...

— Esqueça disso, não é problema seu.

— É sim, — respondeu um pouco alterada — nós somos um casal, seus problemas são meus também.

Ele ficou em silêncio, parte agradecido pela generosidade da mulher e outra parte irritado por sua insistência. — O que você esta pensando em fazer? — disse se aproximando de sua cadeira, alisando seus cabelos pouco grisalhos.

Suspirou determinado.

— Farei o que for preciso, Aurora. — ouviu ela — e me prometa que Collins nunca saberá disso, você não poderá contar a ela nunca.

Afagando seus cabelos com um sorriso no rosto, a mulher sussurrou a seu marido.

— Eu prometo.

Stratford, Ontário.
           Dias atuais.

Corri para dentro do Santen's temendo ter perdido muitos horários, eu tinha me perdido no tempo enquanto estava com Ethan, uma aula e a metade de outra já tinha se passado. Droga.

— Collins! — as mãos de Allie prenderam em meus ombros, sua expressão exalava surpresa. — Aonde você pensa que estava?

— Eu perdi o horário, estava tomando um café com o Ethan.

— Ethan? Quem? — ela se interrompeu — Esqueça não importa agora, mas depois você vai precisar me contar isso.

— O que houve, Alls?

— Jason! Jason enlouqueceu hoje.

Ela soltou suas mãos do meu ombro e respirou fundo.

— O que ele fez, Alls?

— Ele revirou o refeitório inteiro procurando por você que nem um louco, não só o refeitório provavelmente o Santen's inteiro. — ela dizia como uma criança contando a mãe sua mais nova aventura — Ele e o Travis se enfrentaram de novo, o Jason saiu com um olho roxo e uns machucados adicionais. Empate para os dois.

Eu só conseguia pensar que Jason agora provavelmente me mataria, é claro, ele não deixaria barato uma garota ter socado seu rosto na escola, não mesmo.

Deixei Allie em uma das salas para que ela cumprisse o horário do dia enquanto eu caminhava sozinha até o quadra para tentar entrar na metade da aula. Graças aos Anjos, o Sr. Walkers deixou que eu entrasse na lista da segunda chamada e prometeu não contar nada a minha mãe, eu o agradeci imensamente a ele por isso e corri até o vestiário da quadra para trocar de roupa, eu voltaria ao meu posto de cheerleader no jogo de hoje.

— Collins, — Jason me surpreendeu, fechando o armário em minha frente e ali apoiando seus braços.

Seu rosto estava pálido e sua respiração um pouco ofegante, em seu lábio inferior era perceptível um corte médio e seu olho esquerdo tinha um tom mesclado entre o roxo claro e o escuro.

— Jason...— disse surpresa. 

— Que foi? Parece que viu um assassino — cuspi irônico.

— Engraçado, bom ver que seu bom humor voltou — me esquivei de seu corpo, vestindo a blusa, ele voltou a minha frente. — se for em bater, bata logo.

Ele gargalhou alto. 

— O que? Por que eu te bateria?

— Por que eu te bati e você não vai deixar isso a limpo?

Outra gargalhada, ótimo.

— Eu nunca machucaria você, Anjo. — disse ele, capturando meu rosto com uma de suas mãos.

Seus olhos se prenderam ao meu parecendo ter uma conexão estranha novamente, seu corpo tão próximo ao meu me causava pequenas lembranças de nossas noite juntos. Um calafrio me atingiu, fazendo com que eu voltasse a realidade.

— Você mereceu aquele soco.

Ele revirou os olhos.

— E voltamos a estaca zero. — ele riu, enquanto eu corria em direção a quadra, balançando os pom poms escutando os gritos das garotas. 

Jason parou ao lado dos jogadores enquanto eu me ajeitava para começar a coreografia com o restante das garotas, ele sorriu dando uma leve piscadela antes de começar o treino, mas a piscadela não era para mim, na terceira fileira entre as garotas la estava ela, Cordélia.