História Rollercoaster - Survivor

POV COLLINS

Saber que Hunter estava lá não era tão encorajador assim e isso me fazia pensar no que poderia ter causado sua vinda ao jogo e principalmente seu acento bem ao lado de meus pais. Olhei para Ethan e assim que ele percebeu o pequeno fiapo de medo em mim o garoto logo tentou me tranquilizar o máximo que pôde enquanto me ajudava em alguns exercícios de aquecimento, de fato eu não me sentia desprotegida sabendo que tinha Ethan e Jason ao meu lado, mas medo sempre é necessário e presente em mim.

Quando o jogo finalmente começou todos estavam extremamente animados, nós torcíamos e encorajávamos arduamente todo o time, nossa alegria contagiava ainda mais a torcida, as pequenas coreografias provocantes faziam os velhos e os mais novos babarem nas arquibancadas. Jason jogava bem e era como uma ameaça para o time adversário, o jogo estava quase para acabar e ainda precisávamos de cinco pontos para conseguir vencer, depois da ultima pausa exigida pelo técnico nossa única coisa para fazer era esperar por um milagre.

Senti o olhar de Jason sobre mim enquanto eles preparavam suas posições e faziam as trocas e assim que lhes foi permitido a ultima partida foi iniciada. Inicialmente a bola ficou com Cole, mas ele conseguiu joga-la para Jason antes de ser derrubado por dois do time adversário, Jason desviou rapidamente de todos os ataques e quando Tyler tentou lhe acertar uma rasteira pela lateral, ele pulou e em seguida atravessou a linha marcando um perfeito Touchdown e acrescentando seis vitoriosos pontos. Yay!

A multidão gritou em um coro contagiante enquanto o time adversário saia derrotado do campo. Os garotos do time correram até Jason e o colocaram em seus ombros, comemorando alegres, o sorriso de Jason era grande e contagioso. Era claro que ele estava realmente feliz e sentia-se acolhido por todos, ele não era mais odiado ou rejeitado, ele era amado e agora era também um campeão.

Seu corpo suado corria até mim enquanto eu desviava de diversos corpos das garotas comemorado em minha frente.

— Você viu aquilo?

— Eu vi você arrasou Jason! Parabéns!

— Eu fiz pra você, Anjo, o ponto da vitória.

Eu corei, balançando minha cabeça envergonhada demais para olha-lo.

— Ei, — segurou meu rosto, tentando contar a respiração ofegante — eu já me decidi, quero você Anjo, quero você ao meu lado pra sempre e ninguém nunca poderá tomar o seu lugar. Eu sou apaixonado por você e às vezes acho que paixão é pouco pelo que eu sinto, eu sou obcecado por você e desde o momento que você entrou na minha vida eu não consigo imagina-la sem você, por favor, não me obrigue mais a ficar longe de você.

Suas palavras eram tão sinceras que eu sentia que nos machucavam, seus olhos brilhavam implorando por uma resposta positiva vindo de mim. — Eu to apostando na sorte — disse com nó na garganta, prestes a chorar. — eu aposto em nós.

— Por que você esta quase chorando?

Ele balançou a cabeça.

— Eu sinto que alguma coisa vai dar errado, eu estou com medo de perder você.

— Para o Ethan?

— Não, — ele levantou a cabeça — para ele.

Virei-me tentando enxergar a quem ele se referia.

Um estrondo estourou acima de nós e uma leve e fina chuva começou a cair, a luz do trovão vez com que o corpo de Jeremy ficasse mais visível por debaixo da arquibancada, sua aparência era macabra.

Jason chamou minha atenção.

— Me prometa que você será minha, que você não vai deixar de me amar se eu fizer algo errado.

— Defina “errado”.

Ele me olhou um pouco sério e eu logo entendi. — Tudo bem, mas o que ele quer?

— Me promete?

— Eu prometo — disse.

— Ele veio buscar você.

— É por isso que Hunter está aqui?

— Ele não está aqui sozinho — Ethan apareceu atrás de nós — ele trouxe os capangas dele e seus pais sabem de tudo.  

— O que? — quase me engasguei com as palavras.

— Eles esperavam a ligação de Hunter para ver se ele tinha conseguido fazer algo para reverter a situação, mas ele não conseguiu veio acompanhar Jeremy para ver se a entrega seria feita.

— Eles vão me deixar ser levada por aquele psicopata? — cuspi irritada.

Ethan não me respondeu, ao invés disso perguntou a Jason:

— Por que ele quer tanto ela?

Jason me olhou antes de responder.

— Eu não sei — respondeu cabisbaixo — não era pelo que eu pensei que fosse. Ele esta vindo.

As pessoas caminhavam saindo do campo contentes mesmo que a chuva as banhasse enquanto Jeremy caminhava lentamente até nossa direção, senti o corpo de Jason gelar ao meu lado.

— Você tem que fazer o que eu mandar, — disse rápido, com as duas mãos segurando meu rosto — tem um espaço no final do campo, eu o cortei para que só você pudesse passar por lá, mas você tem que ser rápida.

— O que? Do que você esta falando?

— Eu te amo Collins.

Jason soltou minha mão e se posicionou ao lado de Ethan em minha frente.

— Corra Collins — sussurrou.

— O quê? Por quê?

— Corra! — Jason gritou.

Eu não entendia absolutamente nada do que estava acontecendo, mas assim que Jason gritou comigo eu percebi que era algo mais sério do que eu esperava. Meus músculos se esticavam de todas as formas possíveis para que eu conseguisse me mover com mais facilidade, não estávamos tão longe do outro lado do campo, mas mesmo assim foi um caminho longo até lá, me virei para ver o que estava acontecendo do outro lado e vi todos lutando uns com os outros, os braços de Ethan e Jason prendiam o corpo de Jeremy que se debatia contra ele e acertando um soco em Ethan, Jeremy assim se desfez de um dos braços que o prendiam ele correu em minha direção ainda com Jason grudado nele.

Assim que avistei a pequena fresta cortada no final do campo a que Jason se referiu, corri até ela e atravessei o mais rápido que pude. O final do campo dava com a rua, tentava vasculhar meus sentidos e pensar em que lado ir, estava longe demais de casa e lá não era o lugar mais seguro do mundo agora.

Avistei Allie um pouco mais a frente e pensei alguns segundos se deveria ou não meta-la no meio disso, não queria que Allie se ferisse ou se encrencasse por minha culpa, mas eu não conseguiria correr por muito tempo e ela estava ali parada em frente ao seu carro. Resolvi correr até ela que assim que me viu não perdeu tempo em despejar ódio em mim.

— Onde você estava? Eu fiquei que nem uma babaca te procurando? — gritou.

— Allie, — disse ofegante — me deixe dirigir.

— O que? Mas—

— Me deixe dirigir! — gritei.

Seus olhos se contraíram, mas mesmo assim ela assentiu e depois de me jogar a chave entrou do lado do passageiro.

Girei a chave e pisei fundo no motor, fazendo-o roncar alto.

— Agora me explique o que esta acontecendo.

— Eu estava namorando Jason que na verdade é Justin meu melhor amigo que pensava estar morto e terminei com ele por que o pai dele me quer morta achando que eu tive culpa do que aconteceu com o filho dele, mas aparentemente não é bem isso e minha mãe é uma ex-vagabunda que deve algo para Jeremy e esse algo que ele quer agora sou eu e ele e os capangas de Hunter estão atrás de mim e eu estou sentindo que estou prestes a morrer — disse tão rápido.

Allie precisou de alguns minutos para digerir tudo aquilo, ela falava consigo mesma e buscava achar um sentido em toda aquela bagunça que eu havia lhe contado.

— E você me escondeu tudo isso — cruzou os braços me olhando feio.

— Entenda meu lado, eu não queria te ver encrencada ou morta por minha causa, já tem gente demais correndo risco.

— Isso tudo é tão estranho, Justin vivo e agora com nome de Jason e sua mãe... Uma vagabunda! Sabia, filha de puta putinha é.

Revirei os olhos, ela riu. — Desculpe não me contive em segurar a piada.

Ouvi um impacto estourar pelo meu ouvido e vi o corpo de Jeremy estendido por cima do capô do carro, acompanhando Allie gritei logo em seguida tentando registrar o que tinha acabado de acontecer.

Fazendo zigue-zague com carro no meio da rua eu gritava para Allie ligar para Jason enquanto ela gritava vários xingamentos no pé do meu ouvindo, me impedindo de raciocinar direito. Jeremy estava lá como um maldito inseto preso no para-brisa do carro.

Seu punho cerrado atravessou o vidro, jogando os estilhaços para todos os lados, Jeremy girou o volante enquanto eu gritava para Allie sair do carro, ela assim fez e meus olhos se fecharam.

POV JASON/JUSTIN

Ouvi do outro lado da linha uma aguda derrapada seguida de um estrondo enorme, meu coração gelou no mesmo momento, mas longo me contive quando ouvi a voz fraca de Allie ainda do outro lado da minha. Eu a chamei diversas vezes até que ela respondesse.

— O carro bateu. — ela murmurou fraca.

Foi a ultima coisa que ela disse e em seguida ela pareceu ter desmaiado.

Mordi o lábio e segurei forte o volante em minha frente tentando conter minha raiva para joga-la no único que merecia ser surrado até a morte. Ethan se contorcia no banco do passageiro percebendo minha aflição ele não dizia nada, mas eu sabia que ele pensava o mesmo que eu naquele momento.

Assim que viramos a esquina meu coração e todo meu corpo entraram em choque.

O carro de Allie estava amassado na frente da árvore um pouco torta, Allie estava jogada perto da calçada da frente com o celular jogado a centímetros de seu rosto. Corri para fora do carro e segui para o carro batido tentando manter minha fé inabalável acreditando que apesar de machucados Collins estaria bem e viva.

Ela estava lá.

Seu corpo jogado em frente ao volante, quando afastei sua cabeça tudo ficou bem mais claro, os machucados de seu rosto eram tão nítidos que quase saltavam para fora, o sangue escorria por todo seu rosto e havia cortes por todo o lugar. Ela estava terrivelmente machucada, em sua cabeça tinha um enorme corte que sangrava sem parar e seus perfeitos lábios estavam cortados.

Uma mão pousou em meu ombro.

— Entregue-a a mim.

— Você é um monstro, viu o que você fez a ela?

— Você a mandou correr então a culpa foi sua. — disse em voz baixa.

Um pequeno incômodo atingiu minha costela, senti então meu corpo enfraquecer e lentamente ir caindo ao lado de Collins.

— Não se preocupe filho, ela vai sobreviver mas a partir de agora só com a verdade.

▼

Caminhei calmo ao lado de Ethan até chegar ao quarto dez, não éramos amigos muito menos colegas, apenas estávamos nos suportando devido à situação.

Depois do “incômodo” que percebi ontem — que na verdade era uma facada — tive que dar entrada no hospital, mas como os danos não foram sérios os curativos foram os únicos eu puderam me ajudar. Todos já comentavam a situação, mas pensavam que o motivo de tudo isso fora apenas um assalto e tentativa de homicídio e como as pessoas cismam em acreditar na polícia, tudo não passava disso.

Eu não via Collins desde ontem quando a vi toda machucada dentro do carro, quando acordei temi que Jeremy tivesse feito algo a ela, mas isso logo sumiu quando recebi a ligação do hospital.

O quarto estava repleto de flores, ursinhos, chocolates e um grande perfume de rosas — provavelmente o preferido de Collins —. Todos os tipos de gestos de amor e carinho estavam lá a rodeando para que quando ela acordasse, ela se sentisse amada e acolhida por seus diversos amigos e admiradores que colecionava.

Seu frágil corpo conectado a vários aparelhos me fez prender um nó na garganta, ela não estava nada bem. Os machucados em seu rosto estavam um pouco melhores, mas ela não tinha uma aparência boa.

Ethan e eu caminhamos até ela e eu me sentei perto dela.

Vê-la daquele jeito tão frágil e machucada me fazia ter vontade de gritar e eliminar toda a raiva que eu sentia, se eu pudesse dar a ela toda a saúde que eu tinha se eu pudesse eu daria tudo a ela, tudo para que ela ficasse bem e para que nós pudéssemos ficar juntos sem todo o drama. Eu queria tanto dizer que a amava, queria que ela me perdoasse pelos erros que eu cometi, se eu tivesse outra chance eu seria um homem melhor para ela.

Seus grandes olhos se abriram com dificuldade e por alguns segundos ela voltou a fecha-los pela claridade, logo em seguida que conseguiu abri-los ela me fitou quieta.

— Anjo, você esta bem? — foi a pergunta mais estúpida que eu já fiz.

Ela olhou para Ethan e em seguida me olhou novamente.

— Quem é você? — ela murmurou.