— Trancar a faculdade? Você está maluco? — Minhyuk me perguntou, tossindo de leve e me olhando com uma cara de decepção.
— Como que eu vou continuar aqui Min? Estou sem dinheiro, o dono do meu prédio quer aumentar o aluguel, eu não acho apartamento mais barato, meus pais estão me mandando pouco dinheiro porque as vendas caíram e você sabe da situação em casa. — Respondi.
— Eu já disse, vem morar comigo e com o Hyunwoo, você não atrapalha, e nós adoraríamos você por lá. — Minhyuk disse dando de ombros.
— Minhyuk, vocês precisam da privacidade de vocês. — Comentei, eu não queria atrapalha-los de maneira alguma. — É melhor eu voltar pra casa mesmo e desistir desse sonho idiota. Bem que minha mãe disse que fotografia não leva a nada.
— Pare com isso agora. Eu e o Hyunwoo não nos importaríamos. — Minhyuk comeu mais um pedaço de sua torta. — Se quiser eu te empresto dinheiro Chang, não quero que você vá embora.
— Minhyuk, não quero depender de você. — Falei olhando para a rua.
— Não é depender e eu só quero te ajudar. — Minhyuk voltou sua atenção a porta da loja, sorrindo logo em seguida.
Hyunwoo pairou os olhos pelo café e sorriu assim que nos viu. Caminhou com um jornal na mão até a mesa e se sentou ao lado de Minhyuk, jogando o papel acinzentado na minha frente e dando um beijo rápido no namorado.
— Acho que trancar a faculdade não será preciso. — Hyunwoo sorriu, limpando os cantos da boca de Minhyuk. — Tenho uma ótima notícia para você.
— Hm, desembucha. — Disse impaciente, soando um pouco sem educação
— Lembra do Jooheon? — Ele começou. — Aquele garoto do colégio que uma vez acertou a bola de basquete na sua cara?
Como esquecer? Pior dia da minha vida. Nunca fui bom em esportes, nunca foi o meu forte. Naquela aula de educação física eu fui obrigado a preencher o time porque um dos meninos havia faltado. Enquanto eu estava parado sem saber o que fazer, ouvi um grito e depois, só me lembro de ter abraçado o chão da quadra de esportes. Jooheon havia acertado meu rosto com a bola de basquete, o que fez meu nariz sangrar horrores, eu ter que ser levado ao hospital e ainda ter aguentado horas de pedidos de desculpas vindo do de cabelos vermelhos. Ele ainda fez questão de me acompanhar no hospital, foi horrível.
— Sim. — Falei, terminando meu café.
— Ele está procurando um colega de apartamento, porque ele também está quase trancando a faculdade. — Hyunwoo disse com um sorriso nos lábios.
— E a sua ideia é eu dividir apartamento com ele? Eu nem o conheço, Hyunwoo.
— Mas eu e o Minhyuk conhecemos. Ele é uma pessoa maravilhosa Chang, tenho certeza que vocês irão se dar super bem. — Continuou.
— Aproveite, oportunidades assim não caem do céu. — Minhyuk piscou pra mim.
Haviam se passado dois dias desde que Hyunwoo e Minhyuk haviam conversado comigo, e eu — depois de muita pressão do casal — aceitei rever o Jooheon. Faz anos que eu não o vejo, desde o incidente na educação física, eu passei a ignorá-lo. Marcaram de jantarmos juntos, e aqui estou eu, perto do restaurante esperando algum sinal de vida. A noite estava maravilhosa, uma leve brisa soprava e o luar estava lindo. Uma linda noite para fotografar. Senti meu celular vibrar e na tela a chamada de Minhyuk.
— Cadê vocês, estão atrasados dez minutos. — Disse assim que atendi.
— Chang? Me perdoe, a mãe do Hyunwoo acabou de chegar aqui em casa. — Minhyuk disse com uma voz debochada.
— Minhyuk não brinque comigo. — Falei em tom mais alto, xingando mentalmente toda a família do Hyunwoo.
— Vá lá e jante com o Joo. Ele está te esperando em frente ao restaurante. — Minhyuk disse com a maior calma do mundo. — Boa noite e divirta-se.
— Minhyuk! — Gritei ouvindo o barulho de encerramento da chamada.
Olhei para a frente do restaurante e lá estava a figura. Usava uma blusa social preta lisa, mas a mesma não tinha mangas. A calça jeans azul escura quase brilhava a luz, e o cabelo, não era mais vermelho, agora é um castanho com loiro.
Ok. Nada vai dar errado.
Caminhei em passos lentos até o restaurante como se não quisesse nada e o vi sorrindo ao me ver. Sorri forçado e parei perto de si. Meu senhor, ele toma banho de perfume, não é possível, que cheiro maravilhoso. Sai de meus devaneios quando o vi sorrir para mim.
— Mas você não mudou nada! — Ele comentou. — Boa noite, Changkyun.
— Boa noite. — Fui simpático, mas ignorei o comentário.
— Minhyuk e Hyunwoo não poderão vir. — Ele disse, escondendo as mãos no bolso da calça. — Bem, vamos entrar?
— Claro.
O ambiente do restaurante era maravilhoso, as cores combinavam, os quadros harmonizavam o local, e o cheiro da comida vindo da cozinha me fez lembrar-me de minha casa. Como nunca vim aqui antes? Sentamos em uma mesa perto da parede, e logo fomos atendidos pelo garçom, e assim, começamos a folhear o amplo cardápio.
— Minhyuk disse que a macarronada daqui é maravilhosa. — Jooheon comentou.
— Sou mais fã de pizza, mas aqui parece não ter nada que me agrade. — Respondi.
— Bom, eu recomendo a de frango. Dizem que é especialidade da casa. — Piscou para mim.
— Já veio aqui? — Perguntei.
— Quem você acha que escolheu o restaurante? — Ele sorriu mostrando suas malditas e fofas covinhas.
Assim que fizemos nossos pedidos, o garçom pediu para que aguardássemos alguns minutos. E assim, o silêncio constrangedor se instalou no ar, fazendo com que eu me distraísse com um fiapo solta da minha calça, pelo menos até Jooheon começar a conversar.
— Então, o que está fazendo de faculdade? — Ele perguntou, parecendo interessado.
— Fotografia. — Respondi, voltando minha atenção até ele.
— Parece ser a melhor área para trabalhar, admiro muito quem faça isso. Já fui interessado nisso por causa do Wonho. — Comentou.
— Wonho? Há quanto tempo não o vejo. — Acabei por me entregar a conversa.
— Pois é, ele está em viagem, se tornou modelo. Quando ele tinha ensaios para fazer eu sempre ia junto. Amava ver como o fotógrafo criava fotos maravilhosas. — Jooheon sorriu.
— Dessa eu não sabia, ele não queria ser ator? — Perguntei.
— Bem, ele ainda quer, mas ele trabalha com Chae Hyungwon, namorado dele, que também é modelo. — Ele me respondeu.
— Que loucura, Shin Hoseok se deu bem na vida. — Ri me lembrando como ele era rebelde no colégio. — E você? O que está fazendo?
— Estou no segundo ano de Artes Visuais. — Disse sorrindo de canto.
— E eu achando que você fez direito, advocacia, fui enganado. — Comentei, me soltando mais.
— Nossa, eu tenho tanta cara de culto? — Perguntou como se estivesse ofendido. — Eu sabia que não devia ter vindo com essa roupa.
— Eu sempre te achei certinho. — Falei.
— Então você está vendo meu lado errado, sou o total contrário disso. — Ele disse, observando o garçom trazer nossas refeições.
— Mas, então... — Belisquei meu prato, fechando os olhos ao mastigar. — Está mesmo procurando alguém para dividir apartamento?
— Yeah. É difícil encontrar alguém. — Ele suspirou.
— Bom, eu estou quase trancando minha faculdade. A falta de dinheiro tá foda. — Não fui nem um pouco formal.
— Trancar tudo com menos de um ano de curso? Você se esforçou tanto pra entrar na faculdade e agora está desistindo de tudo? — Jooheon me repreendeu, limpando a boca com o papel toalha.
— Não tem mais como, onde me instalei é horrível, e o pior, é caro. — Expliquei-me. — Meus pais não estão dando conta nem com a minha ajuda.
— Eu espero que você aceite minha ideia de dividirmos apartamento. — Jooheon sorriu. — Você sempre foi especial pra mim, desde aquele dia do hospital. — Escondeu os dentes e riu soprado, enquanto eu corava. — Mas ai tudo mudou, eu sai do colégio, foi uma loucura.
— Bem... Dependendo de tudo, eu aceito. — Tentei mudar o assunto.
— Sério? — Ele levantou o olhar até mim.
— Sim, nós dois estamos com problemas financeiros, juntamos o útil ao agradável e nenhum de nós sai prejudicado. — Dei de ombros.
— Vou adorar fazer negócios com você, Changkyun.
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