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História Rosa de Sangue - O Começo do Fim


Escrita por: secret_angel57

Notas do Autor


História de minha total autoria, postada também no meu perfil do Nyah.

Capítulo 1 - O Começo do Fim


Fanfic / Fanfiction Rosa de Sangue - O Começo do Fim

A música alta ajudava Juliete a se distrair e entrar no clima de festa enquanto se arrumava. A garota não comemorava seu aniversário desde os sete anos, mas hoje, no seu aniversário de dezoito anos, ela resolveu ouvir suas amigas e sair para comemorar, pela primeira vez em anos estava fazendo algo para si mesma, o longo cabelo loiro balançava de um lado para o outro enquanto ela se abaixava para pegar suas botas de salto.

 A noite provavelmente estaria fria, mas ela sabia que o local cheio de gente logo a aqueceria, então colocou seu vestido preto que havia ganhado de sua amiga especialmente para aquela ocasião, uma jaqueta de couro vermelha e colocou em seu pescoço o colar que havia ganhado de seu pai no aniversário de sete anos. Ela tocou no pequeno coração que estava ali e suspirou reprimindo a dolorosa lembrança, olhou para baixo colocando sua pulseira, seus brincos e seus anéis enquanto a antiga tristeza começava a apontar. Juliete aumentou a música e voltou a se arrumar.

 A garota olhou para o espelho e sorriu fazendo com que seus dentes brancos contrastassem com o vermelho de seu batom, os olhos cor de mel estavam contornados com a maquiagem escura a deixando bem mais bonita do que estava acostumada a parecer. Quando percebeu que estava pronta desligou a música e foi até seu quarto pegando a pequena bolsa preta e colocando o apenas o necessário seu celular, carregador, fones, um pouco dinheiro, chaves de casa e seu cartão.

Desceu as escadas enquanto vestia a jaqueta tampando a pequena tatuagem de flor de lótus que ela havia feito no ano passado. Maggie, sua mãe, estava sentada no sofá com sua inseparável garrafa de vodka. A menina passou por ela em silêncio, com a esperança de não brigar mais com a mãe, mas aquilo parecia algo impossível de acontecer. Maggie segurou o pulso da garota e a analisou por um minuto.

-Você está linda. –disse a mulher com a voz cansada.

-Obrigada.

-Não vou mesmo te convencer de ficar em casa essa noite?

-Não. Não vai. Estou saindo e não sei que horas volto. Quando terminar de beber, limpe a bagunça que você fez. Não quero meu apartamento fedendo a álcool. –disse a menina revirando os olhos e saindo do local.

Muitos poderiam julgar uma forma cruel e impertinente de Juliete falar com a mãe, esses não tinha conhecimento de tudo o que a garota passou por causa da mãe. Maggie nunca foi exatamente à mãe que todos sonhavam. A mulher que um dia havia sido tão bonita quanto à filha, engravidara cedo, nunca tivera juízo o suficiente para cuidar de uma criança. Quem dirá de duas.

 Juliete havia tido uma irmã mais velha. Sophie a pequena princesinha de cabelos escuros e olhos claros tinha sido dada como morta quando completou quatro anos, por culpa de Maggie, que não estava lá quando a menina precisou. Em um belo dia a mulher resolveu levar a filha mais velha para o parque e então se distraiu falando com um homem qualquer e quando deu por si, a menina não estava mais ali, nunca mais foi vista de novo, os cartazes de “desaparecida” podiam ser vistos até hoje por baixo de outros grudados nos postes das ruas.

O pai de Juliete, Marcos, era um homem exemplar, sempre trabalhou muito para dar de tudo para as filhas, na época o homem ficou devastado, não sabia como agir ou o que fazer, apenas chorou e pediu a Deus todos os dias para que trouxesse sua filha de volta. Suas preces não foram atendidas, porém alguns anos depois Juliete veio ao mundo. Maggie não segurou sua segunda chance como deveria, Juliete se lembrava de ser cuidada pelo pai, que passou a trabalhar em casa para cuidar da menina. Essa havia puxado a aparecia dele, os olhos cor de mel e os cabelos tão loiros quanto os raios de sol de uma manhã de verão.

Marcos foi um pai devotado até o final de sua vida, que infelizmente veio mais rápido do que todos desejavam, no dia seguinte do aniversário de sete anos de Juliete, Marcos saiu de casa e nunca mais voltou. Seu carro havia batido em uma arvore e ele não resistiu com o impacto. Desde este dia, Juliete deixou de ser criança. A menina trabalhou em casa, enquanto via sua mãe beber cada vez mais, ela nem sabia quantas vezes sua mãe foi internada e ela teve de ficar com uma tia que ela não gostava.

Graças a Maggie o resto da infância de Juliete tinha sido regado de tristeza, trabalho, abusos e violências de todos os tipos. Quando completou dezesseis anos conseguiu sua emancipação. Com a pensão que ganhava pela morte de seu pai e um pouco da herança, a menina comprou um apartamento e foi morar sozinha. Arrumou um emprego e desde então vem se cuidando. No dia do aniversário do acidente de seu pai, Maggie apareceu na sua porta pedindo abrigo, a menina deixou, porém se arrepende até hoje.

A buzina estridente do táxi na sua frente a tirou de suas lembranças e a garota sorriu para as amigas. Entrou no carro e o motorista seguiu o rumo que Elizabeth havia lhe dado.

-Juliete, você está tão linda! –disse Marie sorrindo

-Está mesmo, fico feliz que tenha vido conosco. –disse Elizabeth

-Também fico feliz por ter vindo. Aonde vamos?

-Vamos para a boate Strahlen, de lá vamos para a minha casa, vocês vão dormir lá hoje, Beth e eu fizemos um bolo pra você! –disse Marie batendo palmas

-Muito obrigada meninas. –disse a garota abraçando as amigas.

Demoraram uns dez minutos para que chegassem à boate, a fila podia ser vista do carro. Marie ignorou a todos que esperavam e sussurrou algo para o segurança, que deixou que as três entrassem. Juliete não quis perguntar o que era a amiga sempre conseguia o que queria sem fazer nenhum esforço para isso. Elas sorriram para a linda decoração nas cores prata e preto e andaram até o final da boate, onde tinham uma pequena mesa redonda com três bancos e se sentaram ali. Logo as bebidas começaram a serem oferecidas. Juliete ria de Marie que já tinha virado três tequilas seguidas e já não parecia muito bem. Beth revirou os olhos e começou a beber também. A festa se passou tranquilamente, por volta das três às meninas resolveram ir embora.

-Fiquem aqui, eu vou lá fora ligar para o táxi buscar a gente. –disse Juliete se levantando.

As amigas assentiram e ela saiu da boate indo até a parte de fora. O segurança sorriu para ela e a menina pegou o telefone discando o número. O vento frio batia no rosto de Juliete a fazendo se arrepiar. O telefone tocou até desligar e então a menina olhou para trás vendo as amigas saírem com dois homens. Elas faziam isso constantemente, Juliete ainda não sabia por que ficava surpresa. A menina tentou ligar novamente sem sucesso, sua casa não ficava longe dali, então começou a andar. Cortar caminho pela praça lhe parecia uma boa ideia, lhe renderia metade do tempo que ela usava normalmente. O cheiro de flores a acalmava, tudo parecia calmo até que as vozes ficaram altas. Juliete se escondeu e observou os homens que estavam ali gritando um com os outros.

Ela podia ver um homem ajoelhado no chão, ele parecia ferido e chorava implorando por algo. O mais alto riu e então tirou de seu paletó uma arma e ainda rindo atirou na cabeça do homem. O grito de Juliete foi abafado por um par de mãos que tamparam sua boca. A pessoa que a segurava a arrastou para perto dos outros que sorriram analisando a menina.

-Olha só! Temos uma observadora. E muito bonita por sinal. –disse o homem ruivo segurando o rosto de Juliete.

-Sabe docinho, se você ficar em silêncio, talvez você não tenha o mesmo destino que esse verme. –disse o loiro apontando para o corpo

As lagrimas de Juliete escorriam por seu rosto. O homem que a segurava tomou sua bolsa e a soltou, porém os outros ainda a observavam. Juliete chutou o mais alto e correu em direção a floresta. Tirou sua jaqueta acertando um dos homens e continuou correndo, os galhos arranhavam suas pernas e as lágrimas embaçavam sua visão, ela podia ouvir os passos apressados dos homens a seguindo, suas vozes ficaram mais altas e ela se desesperou caindo ao chão e batendo sua cabeça.

-Te achei. –disse a voz antes de Juliete desmaiar.

Ela abriu seus olhos observando que estava em uma sala quase vazia, onde havia apenas com uma mesa de aço e duas cadeiras. E pela primeira vez em cinco anos Juliete se perguntava o motivo de não ter dado ouvidos a sua mãe alcoólatra e ter ficado em casa naquela noite. As fortes luzes incomodavam seus olhos, porém não mais do que as lágrimas que ela segurava com tanta força para que não caíssem. Ela olhou para suas mãos que estavam algemadas na mesa e sentiu raiva de si mesma por ter resolvido mudar seu caminho repentinamente, se tivesse feito o que sempre fez talvez nada daquilo estivesse acontecendo.

O ar condicionado da sala parecia ficar cada vez mais frio e o lugar cada vez mais sombrio, então ela listou mais um arrependimento em sua lista daquela noite, que agora parecia maior do que todos os arrependimentos de sua vida inteira, a roupa que ela usava não ajudava a se esquentar. O vestido preto que nem sequer batia na metade de suas coxas estava com alguns rasgados na lateral direita de sua cintura, resultado de ter tentado fugir pela floresta. Seu tornozelo doía por estar torcido, correr de salto não tinha sido uma boa ideia. Sua maquiagem já deveria estar borrada há horas de tanto chorar e o cabelo loiro desarrumado. Sua jaqueta vermelha tinha sido jogada no chão durante a fuga, portanto seu braço estava gelado, não só de medo, mas também de frio.

A porta de aço se abriu e Juliete voltou seu olhar para o chão, tentando evitar contato visual com a pessoa que havia entrado. A cadeira do outro lado da mesa foi arrastada fazendo um barulho irritante no chão, vencida pela curiosidade Juliete olhou para o homem de cabelos pretos e olhos verdes e reprimiu novamente as lágrimas, desejando que não tivesse olhado para ele.

Ele colocou em cima da mesa uma xícara cheia de café, uma arma e então sorriu de lado para a menina. Aquele belo sorriso era mais assustador do que a arma que estava apontada em sua direção. A lágrima que ela tanto reprimiu escorregou teimosamente por seu rosto.

-Juliete Elisabeth Monrroe. Dezenove anos, aluna de enfermagem na faculdade de Moscou. Nascida no dia 24 de Setembro de 1997, na cidade de Londres, veio morar em Seattle quando completou um ano. Sua mãe era de lá e seu pai era daqui, ele morreu há seis anos em um acidente de transito, deixando você e sua mãe sozinhas. Minhas informações estão certas? –perguntou o homem encarando a garota tentando analisa-la.

-Por que eu estou aqui? –ela perguntou com a voz baixa, sua garganta parecia seca e as lágrimas acumuladas ardiam em seus olhos enquanto o homem retirava suas algemas e voltava a se sentar.

-Porque você estava no lugar errado. –ele respondeu pegando sua arma na mesa e apontando para a garota.

O barulho abafado da arma ecoou pela sala enquanto o corpo inerte de Juliete caia ao chão. Uma pequena lágrima ainda escorria por seus olhos enquanto seu sangue se esparramava pelo chão. Seus olhos sem vida encaravam a porta por onde o homem saia como se não tivesse acabado de tirar a vida de uma jovem há segundos atrás. 



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