Primeiramente, está não será uma história de amor, mas o gênero fica por sua conta, caro leitor.
A história se passa em tempos atuais, 2017, numa cidade brasileira cujo nome não posso citar, em um bairro classe média baixa, e duas amigas de infância. Uma tem a família muita fiel a doutrina católica, vão para a igreja todo domingo sem falta, oram sempre antes das refeições e antes de dormir. A outra menina, por outro lado, tinha uma família mais liberal; o irmão mais velho é umbandista, a mãe católica, a filha do meio, espírita, e a caçula, a amiga da primeira menina citada, é atéia, e a mãe respeita.
Mundos completamente diferentes, não? Mas elas são amigas de infância, melhores amigas. Ambas têm 17 anos, a católica é de sagitário e a outra é leonina. A sagitariana e católica é Michele, Michele Lacerda. E a leonina, Ângela Andrade.
Além de família e signos diferentes, elas também divergem na aparência: Michele é elegante, de postura impecável, assim como suas notas. Estuda em escola privada de alto nível, tem talento para instrumentos clássicos como violino e piano, não cozinha, sua mãe está sempre em casa ao seu dispor, a famosa "mãe bela, recatada e do lar". Seu corpo tem belas curvas, quadris não muito largos, cintura pilão, ombros finos e delicados, um maxilar bem marcado por sua magreza exagerada, que chega até a ser um problema de anemia por vezes. Seus olhos são castanhos escuros, cabelos loiros claros, sua pele também é clara.
Ângela, por outro lado, não costuma manter a postura na coluna, senta "que nem menino", usa roupas largas e um boné para trás, odeia maquiagem sem ocasião especial, tem algumas espinhas espalhadas pela cara, uma cicatriz no lábio de baixo que é fruto de uma agressão por homofobia. Estava andando na rua de mãos dadas com uma ex namorada e 3 rapazes com seus 24 anos a agrediram. Enfim, ela estuda em uma escola pública pois sua família não tem grandes condições financeiras. Ângela é alta, um pouco gordinha, cabelos escorridos e negros, olhos verdes claros, pele café au lait.
Seus mundos são completamente divergentes, mas a amizade delas é mais forte que o preconceito.
A história se trata sobre suas vidas amorosas, ou melhor, o caso amoroso delas.
A família de Michele sempre desconfiou que elas tinham um caso, uma vez que Ângela é muito carinhosa com todos... Mas sempre negam, é claro, sabe-se lá o que a família de Michele faria se descobrissem que ela tem um caso com outra garota, céus!
Todas as manhãs vão para a escola juntas, as escolas são próximas. Saem mais cedo com a desculpa de não quererem se atrasar para a aula, mas na verdade, todos os amigos da Ângela sabem que elas ficam trocando beijos sob a árvore atrás da escola...
Vamos para a verdadeira historia: Ângela começou a ter problemas de autoestima desde que foi agredida, ela ficou com cicatrizes nas costelas e na barriga, e por isso não gostava de usar biquíni no verão, não gostava que lhe fizessem cócegas, nem que a abraçassem pela cintura. A única que tinha essa permissão era Michele.
Certo dia, os pais de Michele foram na escola antes de começar a aula para falar com os professores, quando chegaram, lhes foi dito que Michele ainda não havia chegado à escola, então se preocuparam, e foram até a escola da Ângela. Ao chegar, procuraram por todos os lugares e não a viram. Os amigos de Ângela contaram que os pais da Michele estavam lá, então, pularam o muro e fingiram que estavam chegando naquele mesmo momento.
-Onde estava, Michele?
-Paramos na padaria para comprar algumas balas...
-Ora, você sabe que não deve comer muitos doces, a nossa família tem tendência a diabetes...
-Sim, obrigada pela preocupação, pai. Eu preciso ir para aula agora, Ângela, até mais.
Ao dar um beijo no rosto de Ângela, fingiu se desequilibrar e desviou-se para um beijo no canto da boca seguido de um "ops, foi sem querer, me desculpe... *Risos*"
Ao entrar no carro, os pais de Michele a repreendem por quase chegar atrasada, ela apenas escura calada e ao fim se desculpa.
-Michele, você já tem 17 anos. Tem algum pretendente?
Sua pele branca vira transparente, sua pressão baixa, ela não consegue falar perfeitamente, mas respira fundo e diz
-Tem um rapaz na minha sala que parece bom rapaz, educado, boas notas, e as vezes vejo ele na igreja. No meio da aula ele sorri para mim às vezes.
-Ótimo! No próximo conselho de classe me apresente, ou melhor, por que não o convida para um jantar na nossa casa? Se vocês já forem próximos, é claro...
Um silêncio percorre o carro por meio minuto
-Sim, papai...
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