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História Rotinas de Inverno - Sétimo


Escrita por: hobseok

Capítulo 7 - Sétimo


Fanfic / Fanfiction Rotinas de Inverno - Sétimo

Acordei cedo, como sempre. Minhyuk ainda dormia como um anjo. Perdi um pouco de meu tempo o observando dormir. Fui até a cozinha, peguei minha tão preciosa garrafa de chá e minha caneca, logo voltei ao quarto. Fiquei ali, na janela, até que Minhyuk acordasse.

O tempo estava fechado. Algumas nuvens escuras impossibilitavam-me de enxergar os fracos raios de sol daquela manhã. Estava mais escuro do que normalmente. Mesmo nublado, o dia não deixava de estar lindo. Tudo parecia estar em câmera lenta. A calma pairava por toda a cidade e reinava exclusivamente naquela tranquila rua em que eu residia. Nem mesmos as crianças se atreveram sair de suas casas para brincar do lado de fora pois sabiam que certamente choveria a qualquer instante.

Mais uma vez, conferi aquelas nuvens, estas me anunciavam que uma tempestade estava por vir. Me senti um daqueles caras da 'previsão do tempo' da televisão. Mais uma das ótimas coisas que dezembro me proporcionava... Dias chuvosos! Eu os adorava tanto quanto os dias de neve. Ambos eram frios e tinham um grau de intensidade que não se podia medir.

Minha alegria foi cortada ao me lembrar de que logo teria que sair para trabalhar. Minhas férias não teriam dia melhor para terminar? Dias de chuva foram definitivamente criados para que, pessoas como eu, pudéssemos ficar dentro de nossas casas, enrolados em um montão de cobertas, agarrados a uma enorme garrafa de chá quente, ao som de qualquer uma daquelas boas, porém esquecidas, canções dos velhos tempos.

Eu odiava a ideia de ter que colocar os pés para fora de casa em das de chua. Nunca me dei bem com sombrinhas ou guarda-chuvas, sempre me atralhava ao abri-los ou ao fecha-los. Acabava me molhando ainda mais.

Lamentei comigo mesmo pois passaria a tarde inteira atrás de um balcão, olhando para os rostos das pessoas e me esforçando para ser o mais simpático possível quando, na verdade, eu queria mesmo era estar sentado, como sempre, naquele meu esfarrapado sofá. Lamentei ainda mais ao lembrar que Minhyuk não estaria mais comigo durante todas as seguintes tardes.

Virei-me para conferir se Minhyuk continuava vivo já que não havia dado nenhum sinal de vida. Me assustei ao dar de cara com aqueles olhinhos negros, ainda inchados, me observando atentamente. - Me pergunto a quanto tempo ele estava ali me observando em silêncio. - Ele sorriu sem desviar os olhos de mim. Senti minha cabeça girar, como num daqueles desenhos animados. Desviei meu olhar rapidamente antes que desmaiasse ali mesmo. Manter contato visual com Minhyuk era definitivamente impossível. Fiquei um bocado nervoso com aquilo. Talvez mais um efeito do viciante Minhyuk.

Voltei novamente a olhar para a janela ainda sentindo aqueles olhinhos ainda me olharem fixamente. Sorri constrangido.

- Eu não queria te acordar. - disse ainda com total atenção a rua lá fora. Buscava qualquer coisa idiota que me fizesse acalmar.

Minhas manhãs eram completamente silenciosas e calmas, eu não costumava dizer uma palavra durante toda aquela parte do dia. Obviamente, isso antes de Minhyuk aparecer e mudar minha importante e detalhada rotina. Tentei me comunicar o mínimo possível, o que na verdade era impossível com Minhyuk ali.

- Esse é um bom ângulo para te ver pelas manhãs.

- Do que você está falando?

- Sempre o vejo ai, nessa janela.

- Hm, você anda me observando? - Me senti uma obra de arte a ser apreciada. Ainda concentrado na janela, joguei o cabelo para trás com o máximo de estilo possível contendo o sorriso que já se formava em meu rosto.

- Ash, não seja convencido. - exclamou bravo jogando um dos travesseiros em minha direção. Agarrei aquele travesseiro já pronto para joga-lo de volta.

Acabei por desistir ao ver aquele rostinho angelical sorrindo para mim. Joguei o travesseiro no chão resmungando um "idiota", alto o suficiente para que Minhyuk pudesse escutar. De canto de olho, o vi fechar a cara se esforçando para deixar sua expressão clara.

- Hey... pare de me olhar, é estranho. - voltei minha atenção novamente ao lado de fora da casa.

- O que há de tão interessante nessa janela?

- Tudo! - ouvi rápidos passos vindos até mim, logo senti inesperados braços rodearem meus ombros. Posicionou seu rosto ao lado do meu, a milímetros de distância, na tentativa de ver exatamente o que eu sempre via daquela janela.

- Hm, eu deveria ver algo em especial?

- O que você vê?

- Apenas a rua.

- Ash... você não sabe apreciar os detalhes de um belo dia como esse, Minhyuk.

- E o que você vê?

Segurei uma de suas mãos que ainda estavam sobre meus ombros. Puxei-o para mim deixando-o de frente para a janela. Ele, sem pensar, sentou-se de lado em uma de minhas pernas. Fechei os olhos tentando manter minha concentração. Levei minhas mãos até seus olhos tampando totalmente sua visão.

- Respire fundo, esqueça de tudo. – disse em voz alta, tanto para ele quanto para mim. Senti Minhyuk puxar todo o ar que lhe era possível. – Viu isso? A calma de uma manhã em Gwangju... É como se tivéssemos em outro mundo, totalmente longe de capitais, guerras, mercenários e intolerância de uma sociedade que está ocupada demais para que possa apreciar uma simples manhã nublada. - era um bom pensamento, como os daqueles pensadores filósofos que sempre tinham várias idéias e ótimos conceitos.

Enfim, tirei minhas mãos dos olhos de Minhyuk. Ele permanecera em silêncio por algum tempo - o que era raro de acontecer. Cheguei a pensar que ele havia voltado a dormir ali mesmo. Respirava calmo como se apreciasse cada partícula de ar que chegava até seus pulmões.

- Acho que agora entendo. - abriu os olhos virando-se para mim com um singelo sorriso no rosto.

Eu deveria me sentir um tanto incomodado com aquela situação. Minhyuk ainda se encontrava em meu colo me olhando e sorrindo daquele mesmo jeito encantador de sempre. Parecia não se incomodar, assim como eu já não me incomodava de tê-lo por perto.

Involuntariamente, uma de minhas mãos se ergueu até aqueles seus fios de cabelo que não estavam lá tão arrumados quanto antes. Arrumei-os de mal jeito ainda sendo observado por Minhyuk, dessa vez mais perto que antes. Era incrível como era possível alguém acordar belo e radiante. Minhyuk, digo com toda certeza, era esse alguém. Ainda com o rostinho inchado e o cabelo nada arrumado, sua beleza ainda continuava intacta.

Decidi pegar algo decente para que Minhyuk pudesse se alimentar pois, certamente, estaria com fome. Ele não demorou muito para voltar a sua casa, me deixando ali sozinho. Me senti um tanto vazio ao lembrar que não o teria mais como companhia pelo resto do dia. Cogitei coloca-lo na garupa de minha bicicleta e leva-lo a força para o trabalho para que ele pudesse ficar junto a mim. Um tanto egoísta e imaturo da minha parte, devo admitir.

O tempo passara rápido e, enfim, já era hora de eu seguir para o trabalho. Mais uma vez, estava eu de volta a aqueles tediosos dias de serviço. Vesti algo que fosse mais apresentável já que eu estava voltando de longas férias. Peguei minhas coisas, catei minha velha bicicleta e sai logo em seguida. Conferi o céu e as escuras nuvens permaneciam ali apenas esperando o tempo certo para poder desarregar-se em litros e litros de água. Pedi aos céus para que segurasse aquela chuva até que eu chegasse ao meu local de trabalho.

Para minha sorte, cheguei antes que aquele temporal caísse. Ouvi cumprimentos como "bem vindo de volta" de alguns funcionários que ali estavam, os retribui com um falso sorriso nada satisfeito por estar ali de volta. Segui para o caixa na esperança de ficar ali pelo resto da tarde, sem que ninguém me incomodasse com nenhum tipo de trabalho extra a ser feito. Passei boa parte do tempo perdido em meus próprios pensamentos. Vez ou outra sendo interrompido por algum cliente infeliz que insistia em ocupar o meu caixa, com tantos caixas livres por ai. Sorria forçado disfarçando minha total insatisfação por estar ali.

Meu olho corria no relógio de cinco em cinco minutos, este que parecia ter esquecido de andar. Logo voltava a perder-me em pensamentos que se ocupavam com ninguém mais ninguém menos que Minhyuk. Te-lo longe de meus olhos parecia torturante. Lembrei-me da noite passada em que estávamos tão perto. Senti rápido arrepio correr pelo meu corpo, certamente causado pelo bombardeio de imagens de Minhyuk deitado ao meu lado.

"Hyuk, o que você está fazendo?"

Pensei comigo mesmo sentindo como se o vazio aumentasse dentro de mim. Claramente um dependente de Minhyuk. Tentei fugir de meus pensamentos e de minha, então, total dependência. Impossível. Praguejei-me por isso.

Minhyuk parecia ter algum tipo de magnetismo com meus pensamentos. Não importava o que eu fizesse, ele sempre estaria me assombrando. Cada milímetro do mundo era algo que fazia-me lembrar de Minhyuk, este que logo tomava minha mente para si.

Ele era incrível, de todas as formas possíveis, errôneas ou nao. De todos os modos que eu penssasse e de todos os pontos de vista e de todos os conceitos, era incrível.



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