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História Rotinas de Inverno - Nono


Escrita por: hobseok

Notas do Autor


PRIMEIRAMENTE agradeço pelos comentarios e favoritos aqui ♥ fiquei feliz por cada um mesmo
— boa leitura

Capítulo 9 - Nono


Fanfic / Fanfiction Rotinas de Inverno - Nono

Enquanto o frio reinava do lado de fora, eu me matinha aquecido com o calor de Minhyuk. Tão rápido e imprevisível, ele havia me dominado sem que eu pudesse recuar. Ou talvez eu pudesse, mas alguma coisa naquele sorriso acabou fazendo com que eu me aproximasse cada vez mais. Quem sabe fosse aquela magia cativante e única que só ele tinha. Passei a acreditar que aqueles fortes ventos daquele rigoroso inverno, certamente, o trouxeram até mim, como um presente perfeitamente estudado. Eu o havia ganhado, e ele consequentemente me ganhara no mesmo instante.

Como qualquer pessoa faria ao ganhar um presente enorme e precioso, abracei Minhyuk como se ele fosse um desses incríveis presentes - e ele acabou se tornando mesmo. Sem dúvidas, eu havia amado aquele presente inesperado, e eu o amava de todos os modos, e se não houvessem mais jeitos para continuar o amando, eu mesmo os inventaria.

[...]

A chuva já havia cessado, a superfície estava úmida e um grande lago, formado pela água empoçada da chuva, se estendia por boa parte daquela rua. As árvores que ali se encontravam, carregavam consigo inúmeras gotas de água que esperavam apenas mais um daqueles fortes ventos para que enfim pudessem se juntar a aquele lago, ou cair sobre a cabeça de algum idiota que persistia em passar por debaixo das mesmas. O ar parecia mais leve e meus pulmões pareciam agradecer a cada vez que se enchiam daquele ar puro.

Avistei, da janela como de costume, duas, três crianças chegarem na rua para poder se divertir andando sobre aquelas poças de água. Me admirava a ótima saúde que elas tinham pois nunca as vi dar um espirro sequer em meio aquelas baixas temperaturas. Eu só esperava que Minhyuk fosse tão forte quanto elas. Logo tratei de conferi, com canto de olho, se Minhyuk estava bem. Ele dormia como um anjo - meu anjo -, dos mais calmos e perfeitos. Cogitei em voltar para a cama e ficar ali, ao seu lado, até que, enfim, ele acordasse. Recuei meus pensamentos, Minhyuk parecia estar bem sozinho, me sentiria o pior dos demônios se acabasse o acordando. Me perdi no tempo ali o observando de longe. Claramente algumas coisas se inverteram de um dia para o outro. Depois de milhares de vezes esvaziando e enchendo novamente aquela minha caneca de chá, imaginei que Minhyuk não iria acordar tão cedo. O relógio caminhava em passos lentos, o que na verdade era bom.

Lembrei-me que deveria ir para a loja um tanto mais cedo, devido ao feriado de natal. Geralmente, eu passava os natais com minha família em Seul. Era a época mais esperada do ano e que todos se reuniam para uma "confraternização", o que era uma grande mentira já que metade, dos ali presentes, se odiavam. Mas apesar dos apesares, confesso que adorava ver aqueles minhas tias chegarem com aqueles mesmos assuntos de todos os anos, conversando na maior altura e gargalhando das mais idiotas piadas que um daqueles parentes distantes resolvia contar. Pra minha sorte, ou não, isso não tem acontecido nós últimos anos, estes em que eu passei sentado na mesma janela de sempre, olhando para céu, sempre estrelado, ou naquele mesmo sofá, enrolado nas mesmas cobertas, assistindo aqueles mesmos filmes de natal que se repetiam todos os anos.

Praguejei a mim mesmo pela vez em que disse que cobriria os turnos daquele natal. Eu mal podia imaginar que algo mais importante (Minhyuk) apareceria em pleno este mesmo natal. Sem muita demora, me arrumei de qualquer jeito, pois já estava um bocado atrasado. Eu ao menos pude avisar Minhyuk que sairia mais cedo, então deixei um breve recado ao lado da cama.

"Infelizmente, tive que sair cedo por conta do trabalho. Você não me disse o que faria nesse natal, então deixei a chave. Caso você queira me esperar, pelo menos vai estar seguro.
ps.: você dorme como um anjo."

Deixar a chave para que Minhyuk, me pareceu uma tremenda idiotice levando em consideração que ele morava exatamente em frente à minha casa, mas me pareceu uma boa ideia.

[...]

Depois de passar horas e horas desperdiçando meu natal atrás daquele balcão (por onde passavam inúmeras pessoas que me forçavam colocar, mais uma vez em meu rosto, aquele meu falso sorriso cansado de sempre, tais essas que eu nunca havia visto antes), eu por fim, já estava farto daquele entra e sai de gente naquele local. Eu até diria que perdi a conta de quantas vezes escutei "tenha um feliz natal" ao longo do dia. Mas, pra ser sincero, eu realmente sabia quantas vezes eu havia escutado aquilo pois, no meio daquele tédio todo, passei a contar as vezes que me diziam aquele clichê. Me pergunto que diabos passa-se na cabeça dessas pessoas para resolver desejar um feliz natal para um cara que está com uma expressão nem um pouco receptiva, atrás de um balcão, trabalhando em pleno feriado. Quando na verdade, ele queria mesmo é estar em casa ao lado da pessoa mais importante de todo o mundo. Que tipo de pessoa passa o natal atrás de um balcão e ainda consegue ter um feliz natal? Talvez eu estivesse pessimista o suficiente para que isso fosse impossível.

A noite, por fim, caira e o movimento no local já não era tão grande. Vez ou outra um daqueles "atrasadinhos" entravam no estabelecimento para comprar o que necessitava. Eu, já cansado de estar ali, não dava a mínima para o que acontecia lá dentro. Era bem capaz de me assaltarem e eu não perceber. Isso até uma senhora entrar, junto a uma caravana de crianças barulhentas que tomaram conta de todo o local. Elas pareciam eufóricas por conta do natal, cheguei até mesmo achar que jogariam toda a loja no chão.

Algumas daquelas pestes rumaram-se até uma grande pilha de enfeites de natal que se encontrava no início de um dos corredores. Elas gritavam e imploravam para que aquela senhora comprasse alguns daqueles brilhantes enfeites. No meio daquela bagunça toda, uma das crianças juntou suas mãos rente ao seu rosto, se esforçando ao máximo para gerar algum tipo de comoção naquela senhora, o que me fazia lembrar Minhyuk quando me implorava para irmos até aquela pracinha para ver as luzes de natal. Aquilo, por fim, acabou por me dar uma daquelas minhas ideias idiotas porem um tanto boas. Levar alguns daqueles enfeites para casa me pareceu uma boa surpresa para Minhyuk, e um ótimo jeito para me desculpar pela noite passada. Esperei um tempo até que aquela senhora saísse do estabelecimento para escolher alguns daqueles enfeites. Tudo era tão perfeito que acabei por pegar uma quantia um tanto exagerada de luzes e demais enfeites. Minhyuk, certamente, iria adorar tudo aquilo e isso era o que importava.

Meu turno, enfim, acabara e eu mal via a hora de chegar em casa e ver Minhyuk novamente. Fechei todo o local, peguei minhas coisas junto aquela caixa de enfeites e sai apressado. Voltei para casa segurando um bocado de caixas e sacolas lotadas. Devo dizer que andava com uma certa dificuldade devido ao volume de coisas mas aquilo valeria a pena.

Com alguma demora, cheguei em minha casa já exausto. A luz da sala estava acesa e podia-se ouvir o som da televisão, mesmo do lado de fora - o que fez com que um mar de alegria se espalhasse por meus lábios, me fazendo abrir um enorme sorriso -. Nem ao menos pensei na possibilidade de estar sendo assaltado ou que Minhyuk apenas tenha esquecido a luz acesa.
Minhas mãos estavam impossibilitadas de tocar a campainha devido ao monte de coisas que eu segurava, resolvi gritar para que Minhyuk pudesse vir abrir a porta.

- MINHYUK...- esperei até que pude ouvir rápidos passos se aproximarem, logo então a porta se abriu, e lá estava ele - Pode me ajudar?

- Hoseok... - me olhou confuso sem entender o porquê de tanta caixa e sacola junta. - O que você está fazendo com isso? Virou algum tipo de papai noel em horas vagas? - disse enquanto me ajudava a carregar algumas sacolas.

- Hm, quase isso. - coloquei o resto das coisas no chão. - Achei que deveríamos ter nossas próprias luzes, já que não vamos ter mais tempo para ir ver as da praça.

Minhyuk parou por alguns segundos, me olhando curioso sem entender o que eu dizia.

- Dê uma olhada. - continuei. - ele ainda me olhava, dessa vez um pouco mais desconfiado. Abaixou-se rapidamente perto das caixas que eu havia colocado no chão, abrindo-as como uma criança curiosa.

Vi seus olhos brilharem ao ver toda aquela tralha colorida dentro daquelas caixas. Aquele sorriso encantado, este que eu já esperava ver, se abriu por completo, logo sendo escondido por aquelas mãozinhas que cobriam sua reação maravilhada.

- Hoseok... - sua voz soou abafada por causa das mãos que ainda cobriam seu rosto. Em um piscar de olhos, Minhyuk pulou em mim, abraçando-me apertado. Logo retribui aquele abraço. - Hyung, você é incrível.

- Sinto muito pela noite passada, Hyuk.

- Então não sinta, você estava comigo, está tudo bem. - disse recostando a cabeça em meu ombro.

- Fiquei feliz ao ver que você estava aqui. Pelo visto, você não tem tantos planos para o natal, como eu havia pensado.

- Agora eu tenho. - Se afastou, alguns poucos centímetros, suficientes para que eu pudesse ver seu rosto. - Quero dizer... - franziu a testa semicerrando os olhos - Se você quiser que eu fique.

- Hm... Acho que vou precisar de ajuda para montar tudo isso.

Vi um sorriso formar em seu rosto, um tanto encantador. Deixei um leve beijo em seu rosto, logo tratei de arrumar aquela bagunça que eu acabara de fazer. A cada uma daquelas tralhas tiradas de dentro das sacolas e caixas, os olhinhos de Minhyuk brilhavam encantados. Eu costumava fazer grandes burradas, coisas idiotas e sem noção, porém, levar toda aquela parafernália de natal para casa, sem dúvidas, não estava nessa lista. Talvez fosse um tanto exagerado, insignificante e bobo, mas de todas as minhas bobagens, eu nunca me arrependeria dessa.

Passamos boa parte da noite enfeitando toda a casa. Deixei que Minhyuk colocasse tudo como ele bem queria, - ele até mesmo enfeitou ridiculamente minha velha bicicleta, passando um punhado de festão de natal e pendurando guizos por toda parte. - enquanto eu me dava o trabalho de pendurar aqueles quilômetros de luzinhas coloridas pela casa. Certamente, éramos os mais atrasados do natal. Enquanto todos da cidade já estavam debaixo de suas árvores de natal, enfeitadas e cheia de presentes, eu e Minhyuk lutávamos para conseguir deixar as coisas organizadas por ali.

Depois de, uma, duas horas pendurando coisas e montando aquela árvore nem um pouco singela, enfim, terminamos a nossa decoração de natal. De longe aquilo havia ficado um tanto melhor que a decoração da nossa pequena e querida pracinha. Havia luzes penduradas em todos os cantos da sala, alguns enfeites pela cozinha, e um bocado de luzes que se estendiam até aquela pequena varanda desarrumada que havia atrás da casa. Achei que, apesar de minha varanda ser um tanto desajeitada, aquelas luzes acabaram por dar um charme naquele lugar que, até então, era quase abandonada.

Já era quase meia-noite, ainda estávamos deitados naquele tapete do meio da sala, olhando para aquelas luzinhas penduradas arduamente no teto. As lâmpadas, apagadas para que todo o brilho daquelas luzes pudesse se destacar ainda mais. Minhyuk, ao meu lado, se encantava com cada pequeno detalhe que ali se encontrava.

- Fizemos um trabalho!

- Ah, é tão bonito quanto as da praça.

- Você está insultando essa obra de arte, Minhyuk. Isso está melhor, tenho certeza.

- Tem razão... - pensou um pouco antes de confirmar. - Está perfeito.

-  Eu não costumo me preocupar muito com natal e seus "rituais", mas este, por algum motivo, parece estar sendo um pouco mais especial.

Eu tinha absoluta certeza de que Minhyuk era o total motivo de eu ter virado aquele meu natal de ponta-cabeça - e ter enfeitado minha casa com aquelas luzes ofuscantes que evidenciavam minha residência a ponto de que fosse possível enxerga-la a olho nu do espaço -. Já não era novidade alguma eu mudar algo mais em meus dias já que eles já estavam sendo modificados a semanas por conta de Minhyuk.

Ouvimos alguns estouros, estes que defini serem fogos de artifícios, provavelmente vindos de alguns farreiros que comemoravam a presente data. De canto de olho, vi Minhyuk fechar os olhos apertando-os forte devido ao estrondo. Enfim aquela sessão de tortura aos nossos ouvidos acabou fazendo Minhyuk rir baixo.

- Hyung... - disse virando seu corpo para meu lado, levantando-o um pouco e escorando a cabeça em uma das mãos que seria de suporte.

- Hm... - tirei meus olhos das luzes do teto, virando somente minha cabeça para que pudesse ver Minhyuk. Ele me encarava com um pequeno sorriso em seu rosto.

- Feliz Natal! - levou a mão até meu rosto descendo-a devagar até meu queixo. Virei meu corpo assim como Minhyuk havia feito.

Levei uma de minhas mãos até sua cintura o puxando para mais perto. Tão perto que era quase possível ver meu reflexo no fundo de seus olhos. Senti sua respiração um tanto quente em meu rosto me fazendo sorrir sem motivo aparente. Encostei nossos lábios em um piscar de olhos logo me afastando.

- Feliz natal!

Levantei em outro piscar de olhos, deixando-o sozinho. Acendi as luzes e segui até a cozinha, já que era natal, decidi fazer minha especialidade dos invernos: Chocolate quente. Pra minha sorte, eu havia tudo o que precisava dentro do armário - o que não era muito comum de acontecer -. Demorei alguns minutos para terminar aquilo enquanto Minhyuk me esperava deitado no chão da sala, ainda olhando para as luzes do teto. Ele cantarolava, como sempre, alguma música que eu mal conseguia ouvir por causa da distância e por ele estar cantando incrivelmente baixo.

Sem dar muita atenção, peguei duas canecas, coloquei sobre o balcão e as enchi com o chocolate quente - que agora já estava pronto -. Catei-as pelas alças e voltei rapidamente para a sala. Ao me aproximar de Minhyuk, pude enfim escutar o que ele tanto cantarolava.

- Little star, tonight... - cantou suave e rouco, foram suas únicas palavras ditas em toda a música.

- ... Durante toda a noite eu vou cuidar de você. - completei a canção que ele cantava parando em pé ao seu lado.

Seus olhos se voltaram para mim no mesmo instante, surpreendendo-se ao ver que eu conhecia aquela música. Levantei um pouco as canecas para que ele as visse ali.

- É chocolate quente, levante.

Seguimos para a, então, varanda abandonada - que já não era tão abandonada mais -. Sentamos naquela grama mal aparada que dava para o céu aberto. O silêncio era agradável e raramente era interrompido por alguns resmungos por conta da bebida que ainda se encontrava quente. Perguntei-me em um momento, "que diabos Minhyuk estava fazendo em minha casa e não com sua família?", mas outro momento, eu não me importava, e eu amava Minhyuk não estar com sua família, mas sim comigo - um tanto egoísta, talvez -. Eu deveria pergunta-lo, mas não perguntei.

Por fim, canecas vazias jogadas para os cantos, observávamos aquele imenso céu estrelado sobre nossas cabeças. Minhyuk com cabeça sobre um de meus braços, este que já estava a ponto de gangrenar. Minhyuk parecia perdido em seus pensamentos pois mal piscava os olhos. Devo dizer que eu já estava ficando um bocado nervoso com aquilo.

- Hey... - mexi com o braço para tentar "acorda-lo”. - No que está pensando?

- Hyung... Qual será o gosto das estrelas? - disse ainda olhando para o alto, voltando seus olhos para mim, talvez esperando que eu lhe desse alguma reposta concretas.

Me esforcei ao máximo para alcança-lo, conseguindo deixar um selar no canto de seus lábios, fazendo fechar os olhos por conta da proximidade inesperada. Seus olhos se abriram novamente, dessa vez ainda mais curioso. Sorri procurando alguma resposta naqueles olhos que me encaravam.

- Elas tem o gosto de seu beijo, querido.

Senti como se seus olhos me invadissem procurando algum sinal de verdade naquilo que eu havia dito, ele logo pareceu encontrar quando sorriu e voltou a admirar o céu, como fazia antes. Minha resposta parecia convincente, e apesar de parecer uma grande tolice, era uma completa verdade.


Notas Finais


little star - standing egg


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