– Que favor? – Olhei Roxanne e ele fez o mesmo. Ela sorriu gentil e acenou.
– Podemos conversar primeiro? – Voltei minha atenção a ele.
– Sim, claro. Entrem.
Passamos pela porta e após Louis fechar, o seguimos para a sala. No sofá estava uma mulher loira de roupas vermelhas junto com capa e capuz – ela tinha um ar muito medonho – e senti um desconforto por estar atrapalhando um possível encontro amoroso de Louis.
– Acho melhor voltarmos outra hora. – Falei.
– Não Liam, está tudo bem. – Louis me tranquilizou.
– Madalena. – Ela estendeu a mão ao retirar a luva. – Rosa Madalena. – A apertei e um forte arrepio me pegou.
– Liam, e essa é Roxanne. – Apontei para a pessoa ao meu lado e as duas se olharam. Não era um olhar de simpatia, estava mais para um afrontamento.
Elas deram as mãos e o aperto causou uma certa tensão no ambiente. O ar estava extremamente carregado de algo que não sei o que é, mas Roxanne terá que explicar.
– Eu e Liam vamos conversar. – Louis avisou enquanto ambas sentavam ao sofá. Roxanne a esquerda e Madalena a direita. – Não demoraremos.
Segui com Louis para os fundos da casa e ficamos o mais longe possível da porta, foi uma escolha minha, até porque eu queria falar das coisas sem que Roxanne soubesse.
– Bom, o que gostaria de dizer? – Nos encostamos na cerca e Louis apoiou o queixo na mão.
– Preciso que abrigue Roxanne aqui. – Fui direto.
– Por que? O que aconteceu? – Ele já entrou no estado policial alerta.
– É uma longa história, mas eu posso te contar, se prometer não avisar ninguém da polícia.
– Tudo bem, sabe que seu segredo será o meu segredo.
Pensei por onde começar e acabei soltando tudo para ele, desde a primeira vez que encontrei com ela. Eu precisava que Louis ficasse atento a tudo para me ajudar no futuro, pois sei que iremos enfrentar muitas coisas e o pen-drive de Fheder é só a ponta desse iceberg.
– Então, eles existem mesmo? – Louis estava pasmo.
– Existem e uma vai ficar na sua casa até eu achar seguro. – Sorri de lado.
– Ela vai me machucar? – Ele ficou preocupado.
– Roxanne é tipo o Hulk. Você irrita e ela ataca. – Brinquei.
– O que não fazer perto dela?
– Tudo. Deixe ela bem à vontade e se olhos dela brilharem, foge.
– Fugir? – Deu pra sentir que eu estava botando medo nele.
– O mais longe que puder. – Sussurrei. – Ah, e tome cuidado com o que pensa.
– Tudo bem. Correr, fugir, não irritar, olhos brilhantes, pensamento fechado. – Gargalhei. – Vou cuidar bem dela, eu quase nem fico em casa.
– Por isso, eu a trouxe pra cá. Até porque em Niall seria um perigo e a casa de Harry é muito longe para eu chegar em uma emergência.
– É, obrigado por confiar em mim. – Ele sorriu. – Eu sei que não sou o melhor protetor desse mundo e estou a um fio de ser demitido por me meter aonde não sou chamado, mas agradeço por esse voto.
– Eu confio em você porque antes de tudo isso é meu amigo e sei que não me deixaria na mão, ainda mais se tratando de uma possível Terceira Guerra Mundial. – O abracei de lado. – Preciso me despedir de Roxanne e voltar para casa, ainda terei um longo dia de trabalho amanhã.
– Boa sorte. – Zombou e rimos ao caminho da casa.
Entramos e Roxanne e Madalena estavam do mesmo jeito que havíamos deixado e eu só pensava no que diabos estava acontecendo. Chamei por Roxanne e ela levantou com pressa, vindo até mim. A mesma segurou minha mão com força e vi que seu olhar estava começando a brilhar nos cantos enquanto ela encarava o nada.
– Aqui não. – Falei autoritário e ela pôs seu foco para mim. – Por favor.
– Não gosto dela. – Sussurrou. – Não sinto algo bom vindo dela.
– Você vai sentir isso em muitas pessoas, mas eu preciso que fique aqui. – A arrastei para a cozinha e ficamos em pé, perto da pia.
– Por que está me tirando da sua casa?
– Eu não quero por você em risco novamente e aqui estará tudo bem.
– Me pôr em risco? – Ela ergueu as sobrancelhas e riu. – Acho que você está movendo o risco para outra pessoa.
– Sei que não vai machucá-lo e nem a mim, mas eu estou falando sério quanto a sua segurança. Você sabe no que eu sou obrigado a fazer naquela empresa e em qualquer momento, eles podem muito bem baixar em minha casa e te levarem. – Ela me abraçou com força. – Eu não vou deixar que façam isso e é por isso que está aqui. Preciso que se comporte e não arrume confusões.
– Tudo bem, farei isso. – Nos separamos e Roxanne olhou em meus olhos. – Se cuide.
– Eu digo o mesmo. – Sorrimos e beijei sua testa.
(...)
Cheguei a empresa e vi que o clima estava um pouco diferente do normal. As pessoas pareciam mais concentradas e nervosas, como se algo de muita importância fosse acontecer. Pelo que estava em minha agenda, a única diferença seria um enorme nada que é o que anda acontecendo por aqui.
Antes mesmo de entrar em na sala, minha secretária pediu que eu fosse para a reunião marcada de última hora. Mesmo muito puto, segui para lá e ao entrar, pensei que estava no lugar errado. A sala se encontrava ocupada por homens armados e outros a mesa trajando roupas pretas e mais alguns de jalecos brancos. Nesse meio, identifiquei Niall que assim que tomou ciência de minha presença ali, balançou a cabeça de forma negativa.
– O que caralhos está acontecendo aqui? – Berrei irritado e todos me encararam, até os caras armados apontaram suas peças para mim.
– Liam Payne! – Um cara loiro e alto que usava óculos de grau sorriu ao me ver. – Como é bom finalmente te conhecer. – Ele apertou minha mão. – Sou Erick.
– E eu com isso? – Dei um passo para trás e vi que Fheder tinha um olhar de reprovação. – Quem é você e por que tem a porra de um circo na merda dessa sala?
– Somos do governo. – Erick mostrou uma carteirinha e vi que era mesmo do governo. Entrei pelo cano. – E estamos aqui para mais detalhes do que sua empresa está a fim de fazer para nos livrar dos monstros.
– Monstros? – Franzi o cenho e gargalhei alto. – Monstros são vocês! Como podem crer tanto numa coisa tão patética igual a essa?
– Fheder disse que devemos ter paciência com você e ainda bem que ele avisou. – Suspirou nervoso.
– Não é paciência, é a realidade. – Fiquei mais próximo a ele e fitei aqueles olhos azuis escuros. – Como o governo desse país pode ser tão baixo a ponto de acreditar numa merda dessas tendo tantos problemas por aí?
– Somos de um departamento especial que cuida apenas dessa área. – Explicou.
– Foda-se. – Fui o mais rude que pude.
– Liam não teme a nada. – Ouvi a voz de Drake e viramos para o mesmo. – Ele não sente medo de nada, vive cada momento como se fosse o último, fala o que vem à mente e não se esconde a sombra de ninguém. – Riu enquanto caminhava em minha direção. – Por que é assim, Payne?
– E do que isso te importa, idiota? – Ergui uma sobrancelha.
– Será que você seria o mesmo com sua vida em risco? – Em segundos, ele tirou a arma de um cara e apontou para minha testa.
– Ora, ora... Drake Wolvectron se mostrando para todos mais uma vez. – Sorri. – O que vai fazer? Atirar em mim na frente de 30 pessoas? Vamos, aperte o gatilho.
– Ah, Liam gosta de desafios tanto quanto eu.
– Não é um desafio, seu bosta. Eu quero saber do que você é capaz por ser tão ambicioso.
– Drake! – Fheder o chamou. – Se afaste de Liam e devolva a arma.
– Vai obedecer seu chefinho? – Provoquei e ouvi a arma ser destravada.
– Sua hora ainda vai chegar. – Avisou.
– Acredita que não sinto medo de suas ameaças? Elas são iguais a um você, um lixo.
– Drake! – O mesmo se afastou e abaixou a arma. – Sentem-se.
Dei a volta na mesa e me acomodei ao lado de Niall que tinha uma expressão assustada. Ele estava passando mal, já era de se imaginar. Curvei na cadeira e fiquei olhando o tal Erick falar dos projetos que a Lampshade está desenvolvendo, porém, eu tinha toda cabeça em Drake. Ele não vai deixar nada disso barato e com certeza, já tem um próximo ataque pronto em sua mente. E eu vou aguardar com paciência.
Terminada a reunião, Piérre pediu que seguíssemos para o laboratório e lá fomos nós junto com aquele batalhão. Niall andava ao meu lado, ele parecia mais tenso que o normal e isso não soava bem para mim.
– O que está acontecendo? – Sussurrei, olhando ao redor.
– Não deveria ter vindo trabalhar hoje. – Respondeu rápido.
– Por que?
– Porque não é um bom dia para ser você. – Nos olhamos.
– Ser eu?
– Você entendeu, Liam. – Revirou os olhos. – Você é maluco! Erick poderia ter te prendido.
– Eu não me importaria em ir para prisão defendendo minhas ideias. – Tombei a cabeça para o seu lado.
– Não pode mais ser tão valente por aqui. Digo isso porque quero o seu bem nessa empresa e também porque não vai gostar do que vai ver. – Suspirou.
– Não vou? – Negou com a cabeça. – Eu não gosto de nada aqui.
– Então, por que ainda trabalha?
– Porque eu gosto desse lugar, tirando essa merda toda.
– Bom, peço que se segure e não faça besteiras.
– Não prometo nada.
Niall seguiu para o lado esquerdo e adentrei com o resto em uma sala. Ela tinha vista para outro ambiente parecido com um consultório. Aos poucos, os caras de jalecos brancos foram tomando o loca.
– Todos já estão cientes dos nossos projetos e por agora, mostraremos alguns dos testes que estamos fazendo. – Drake falou.
Uma maca entrou na sala e foi posicionada para que todos pudessem ver. Havia um garoto deitado e pelo que pude observar, suas mãos e pernas estavam amarradas aos ferros do leito. Dois cabos foram postos na parte de cima e a maca ficou de pé, expondo ainda mais o menino.
– Esse garoto veio aqui por meio do programa do governo e está disposto a ter sua mutação eliminada de seu corpo. – Drake explicou. – Pelo que consta em sua ficha, ele pode fazer coisas absurdas e perigosas, mas após uma única injeção, ele será o que deveria ser. – Ele sorriu e sentou em uma cadeira vaga.
Olhei todo o processo do preparo da tal “cura” até chegarem perto do menino com a mais alta atenção que eu tinha. Tudo parecia tão perfeito que eu cheguei a pensar se daria certo mesmo. Porém, na hora em que a agulha estava para espetar o braço do garoto, ele desapareceu e um alarme disparou, nos deixando surdos.
Um pequeno tumulto teve início, eles correram para fora dali, mas eu permaneci e comecei a procurar o garoto. Ele não deve ter ido para muito longe. Andei para a porta que daria ao outro lado e algo esbarrou em mim. Passei as mãos pelo ar e agarrei algo que aos poucos tomou de um braço e o menino da maca apareceu. Ele tem uma pele bronzeada, cabelos vermelhos e olhos castanhos escuros. Seu corpo tremeu e percebi que iria sumir novamente.
– Eu vou te ajudar a sair daqui em segurança. – Falei antes que sumisse de minhas vistas.
– Você é como eles! – Rebateu rude.
– Não sou e posso te provar.
O puxei para o lado direito do subsolo e seguimos com pressa até a saída de emergência que dá em uma rua “segura contra qualquer ameaça de dentro”. Assim que soltei a mão do garoto, algo bateu em minha cabeça com força e eu cai ao chão tonto. Meus olhos lutavam para continuar abertos e pude avistar Drake e alguns caras segurando o menino, depois perdi a consciência.
(...)
Despertei e senti que estava molhado, talvez eu tivesse suado bastante, ou apenas choveu no tempo em que eu estava jogado sobre a rua. Respirei fundo e parei por segundos, ao ver que não havia luz, nem ninguém próximo. Tentei me movimentar, mas o que me surpreendeu foi que minhas mãos e pés estavam presos em algo que eu não soube identificar de primeira, no entanto, percebi ser uma cadeira de madeira, na qual eu permanecia sentado.
Um certo tempo passou e uma luz surgiu acima de mim, iluminando apenas o espaço que eu estava ocupando, em seguida, ouvi um barulho de tranca e passos se aproximaram, logo, Drake apareceu em minha frente e meu sangue ferveu.
– Como dormiu, Bela Adormecida?
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