História Roxanne - Tenho coisas para te dizer.

Em todo o caminho de volta para a nossa cidade, eu conversei com Madalena para conhecer melhor os seus poderes. Ela disse que é como uma vidente, mas o seu modo de agir é diferente. Desde pequena, quando Rosa pensava em seu pai ou mãe, ela acabava dentro de uma “realidade” que, na verdade, era o ambiente aonde eles se encontravam. Algumas vezes os lugares estavam cheios, outras não, mas ninguém nunca percebeu sua presença. Madalena era invisível para os demais e seu único bloqueio na localização de alguém, era a consciência dos próprios. Caso, estivessem apagados, como eu fiquei muitas vezes, ela não conseguia se “teletransportar” até o local, isso só foi percebido por Rosa quando sua mãe morreu em um acidente de trabalho.

Ela tem uma história de vida um pouco sofrida, tanto que nem contou tudo, já que as lágrimas a sufocaram e eu pedi que ficasse em paz. Mas perto de finalizar, contou como conheceu Louis. Rosa tomou uma multa por estacionar em um lugar proibido e arrumou confusão com o guarda de trânsito, ele a levou na delegacia e lá, Louis deu em cima dela, até pararem em sua casa naquela noite.

Como antes, havíamos passado rapidamente em minha casa, eu pude pegar algumas roupas e eletrônicos e já em Louis, me estirei sobre o sofá enquanto pegava o celular – o mesmo havia sido esquecido em casa por mim, antes de Drake arquitetar toda aquela merda. Assim que tive o aparelho em mãos, ele tocou e era Niall.

– Alô? – Falei ao atender e ouvi sua respiração ficar aliviada.

– Meu Deus, você está vivo! – Vibrou. – Mal dá pra acreditar, achei que tinha morrido.

– Mas eu estou bem, graças a Roxanne e companhia mutável. – Ri baixo.

– Que bom que a citou, tenho coisas para te dizer e não são nada boas.

– Venha para Louis, estamos todos aqui.

– Sabe que aí não é muito seguro, né?

– Niall, só venha logo, está me matando com esse assunto.

– Tudo bem. Estou indo.

Desliguei e quando olhei para frente, vi Roxanne sentada no braço do sofá. Ela tinha o queixo nos joelhos e uma expressão de curiosidade, igual a uma criança. Ficamos nos encarando e eu sabia o que ela estava fazendo.

– Não tenho nada em minha mente. – Avisei.

– Não queria ler a sua mente, Li. – Deu de ombros.

– Então, o que queria? – Franzi o cenho.

– Nada. – Ela ficou ereta. – Você está estranho.

– Eu? – Roxanne se jogou para trás e deu uma cambalhota, ficando em pé.

– Sim. Parece estar escondendo algo. – Cruzou os braços e sentei.

– Tipo? – Arqueei as sobrancelhas.

– Não sei, mas parece que está e espero que não seja verdade. – Ela veio até mim e se abaixou, ficando a minha altura.

– Por que eu te esconderia algo? – Segurei seus ombros.

– Não sei. – Fez uma careta e se ergueu. – Quer comer alguma coisa?

– Não, estou bem.

Roxanne deu as costas e foi para a cozinha. Não sei ao certo o que ela quis dizer com isso, mas eu não fiz nada de errado. Niall está vindo aqui para contar algo que nem eu sei, então, não escondo nada. Ela deve estar é com ciúme porque eu fiquei de papo com Madalena, mas a culpa é da minha alta curiosidade para cima da loira. Nada relacionado ao seu super decote. Nada mesmo.

Quase uma hora depois, Niall chegou. Ele estava apressado e super preocupado, coisa boa não estava para vir. Ele entrou e sentamos na sala, junto com Louis e Madalena, depois de apresentarmos ambos. Roxanne optou por continuar na cozinha.

– E aí, o que queria dizer? – Fui o primeiro a falar.

– Não vão acreditar no que eu descobri. – Niall respondeu atordoado. – É muito pior. É muito mais que uma cura.

– Como assim? – Madalena indagou e pelo jeito, ela já estava a par do assunto.

– Eles não estão atrás de uma cura, isso é tudo fachada.

– Então, o que é de verdade?

– Drake quer todo o poder para ele. – Revelou. – Ele não está coletando os genes para uma possível cura, Drake quer se tornar um ser mutável. Eu não faço a mínima ideia de qual seja o seu objetivo, mas ele quer muito isso.

Enquanto uma discussão frenética começava entre eles, eu pensei muito em Drake. Ele já deve ter começado isso há muito tempo e me surpreendo por Fheder nunca ter se tocado isso, ou ter e ainda sim, acobertado o maldito. Mas qual seria a finalidade de Drake tentar ter “todos” os poderes mutáveis? O que ele tanto quer? Comandar o mundo? Clichê e idiota demais.

E o pior nem era esse, por um longo momento, minha mente chegou a hora em que Drake e Roxanne lutavam. Ele a derrubou. Drake a pôs no chão de forma violenta sem ter que se esforçar. Seu poder já está grande e se ficar maior, sei que ela não poderá pará-lo.

– Não diga isso! – Olhei pra cima e Roxanne estava a minha frente. – Não duvide de mim.

– Não estou duvidando de você. – Levantei. – Só acho...

– Não ache nada! – O canto dos olhos começaram a brilhar. – Você não pode pensar dessa força, não me faz bem. – Sua cabeça foi sacudida diversas vezes e com rapidez, até ela parar e me encarar profundamente. – Não me importo com o que pensa, eu vou até o fim com isso e se Drake acha que vai conseguir cumprir seu plano, ele está muito enganado. – Ela andou para o segundo andar e olhei para os demais.

– Dê um jeito de parar Roxanne. – Niall suspirou.

– Por que? – Uma certa amargura me tomou.

– Ela é a próxima da lista dele.

– Da lista? – Louis tinha uma expressão horrorizada.

– Sim, Drake segue uma lista. Dos mais fracos até os mais fortes, claro, os que estão registrados e ainda vivos. – Ele explicou.

– Então, os que nunca foram registrados nessa coisa aí estão protegidos da loucura desse cara? – Rosa questionou.

– Por enquanto sim, como eu disse, não sei o que ele pretende fazer. Eu nem sei como descobri isso de verdade. Fheder apenas pediu para eu organizar algumas pastas sobre os experimentos e achei a ficha de Drake. Tinha todos os dados dele e todas ás vezes em que se submeteu aos processos de mistura de material genético.

– Eu ainda não consegui entender o porquê de ele querer isso tudo. O que vai fazer com o poder? Dar uma de idiota e tentar conquistar o mundo? – Ela debochou.

– Talvez, mas existe muitas outras coisas por trás disso e eu preciso que façam algo. – Niall implorava. – Eu nem deveria estar aqui. Piérre ordenou que todos ficassem apenas focados em retirar os genes dos mutantes.

– Espera, vocês estão com pessoas trancadas na empresa? – Perguntei com fúria.

– Eles não ficam na empresa, é um lugar que apenas eles e o pessoal do transporte sabem. Eu tenho tanta pena deles. Chegam maltratados e alguns até sem ter feito alguma refeição. Isso é horrível, eu não estudei e ainda estudo para ver isso. – Ele abaixou a cabeça.

– Nós vamos dar um jeito nisso. – O confortamos. Sei que para ele está sendo muito mais difícil do que para nós, mas Niall precisa ser forte. – Vamos soltá-los e acabar com Drake, apenas confie em nós.