Senti um carinho em meu cabelo e despertei com a preguiça que foi embora num susto assim que avistei Hulk deitada ao meu lado.
– O que você está fazendo aqui? – Sentei na cama com pressa e puxei o lençol.
– Vim te trazer o café. – Ela sorriu e apontou para a bandeja atrás de si. – Eu fiz coisas gostosas pra te deixar forte. – Hulk sentou e forçou os braços, fingindo ter músculos. Gargalhei.
– Obrigado, mas não precisava deitar comigo. – Falei em um tom sério.
– Eu só queria te observar. – Sua voz é tão inocente que não dá pra ter raiva dessa coisa. – Eu vou me arrumar e iremos trabalhar. – Ela levantou e segurei sua mão.
– Me desculpe se fui rude, mas você me assustou. – A mesma me olhou.
– Rápido, o café vai esfriar. – Nossas mãos foram afastadas, ela saiu saltitando do quarto e foi aí que eu me toquei de que a mesma vestia minha blusa de frio favorita.
Paciência, Liam.
Puxei a bandeja e vi o que havia ali. Era uma pequena porção de frutas, xícara com café, finas fatias de pães doces e um potinho com sorvete de chocolate. Comi tudo que estava com um gosto maravilhoso e eu adoraria saber onde ela aprendeu fazer tais coisas. Deixei a bandeja na cama e fui para um rápido banho. O terminei e vesti meu "uniforme", logo, desci com a sujeira que sobrou do café e larguei na pia enquanto esperava Hulk.
Em menos de 10 minutos, ela apareceu com os óculos, rabo de cavalo e aquele terninho feminino, mas esse era branco e tinha um enorme decote e mostrava o que parecia ser uma tatuagem abaixo de seu seio direito. Fiquei a encarando por uns segundos e percebi a vergonha tomando conta de sua face. Fiz um sinal para a porta e saímos. Peguei o carro, entramos e dei a partida após nos assegurarmos.
Chegamos a empresa e dessa vez, mais pessoas olhavam para Hulk. Não sei o que é de verdade, mas aposto no decote. É a única resposta. Entrei na sala e eu queria dar meia volta ao avistar Drake sentado em minha cadeira.
– Bom dia, Payne. – Sorriu da forma mais falsa que conseguia.
– O que faz aqui, Drake? Achei que estaria brincando com as bolas de Fheder está manhã. – Coloquei minha maleta na mesa e ouvi a porta sendo fechada. Era Hulk.
– Como você é engraçado. – Ele riu debochado. – Quem é a garota? – Olhei Hulk que estava encostada na porta. – Uma nova prostituta? – O encarei e ele tinha a expressão perversa.
– Não vai me incomodar com essa história novamente. Nós sabemos que ela não era pra mim e você, por ser um invejoso, tomou proveito da situação. – Apoiei as mãos na tábua e ele girou na cadeira.
– Nós também sabemos que ela combina mais comigo do que com você. – Drake ergueu-se um pouco e tomou a mesma postura que eu. – Você nunca poderia sustentá-la da forma que eu faço. Liam, ambos têm ciência de que você não passa de um mero idiota. – O segurei pela gola do terno e aquele desgraçado não deixava de sorrir. – Até ela sabe disso, não é à toa que preferiu a mim.
– Escute aqui, você não irá me afetar com isso novamente. Você pode tentar cutucar a ferida, mas ela já foi cicatrizada e desapareceu.
– Se isso, realmente aconteceu, por que tem tanto ódio de mim? – Ele me olhou nos olhos e o soltei, fazendo seu corpo cair no assento. Drake riu alto e meu sangue ferveu. – Liam, você é tão patético. – O mesmo levantou e caminhou para a saída. – Tome cuidado, boneca, Liam não é o que pensa.
– Sai daqui. – A voz dela engrossou e virei, vendo Hulk com as mãos em volta do pescoço de Drake. – E nunca mais ouse voltar aonde não é bem-vindo. – Ela o levou até a porta e após abri-la com o pé, o jogou para fora e bateu a madeira.
Fiquei a encarando assustado enquanto Hulk respirava de forma pesada e alisava a porta, como se aquilo fosse acalmá-la. Andei devagar e passei a mão em seu braço esquerdo, fazendo sua cabeça virar para mim. Fiz um sinal para alertar que estava tudo calmo e bem e ela se esparramou em meus braços de forma carente. A enrolei neles e fiquei acariciado sua nuca que tinha poucos fios de cabelo solto. Em segundos, ela se livrou de mim e foi para o sofázinho, onde sentou e pegou o caderno que a dei, voltando a rabiscá-lo. Suspirei com indecisão, mas logo, fui de encontro aos papéis que clamavam por minha atenção.
(...)
Terminei de revisar todos os contratos e os levei para Fheder. Havia tantos erros e coisas que não faziam sentido para mim. Ele precisava consertar aquilo, ou a empresa se afundaria mais ainda. Cheguei a sala do mesmo e bati algumas vezes, até que minha entrada foi liberada. Adentrei ao local e sentei de frente para Piérre.
– Ora, ora... Vejo que tenho uma grande visita. – Piérre sorriu. – O que o trouxe aqui?
– Isso. – Joguei os papéis na mesa dele. – Você ficou maluco? – O olhei incrédulo.
– O que foi, Liam? – O mesmo revirou os olhos. – Novamente vai pisar em meus calos?
– Eu só quero saber se enlouqueceu!
– Eu não. Por que?
– Piérre, você está acabando com esta empresa!
– Oh, meu Deus, Liam... – Ele puxou a gaveta e tirou de lá uma garrafa e dois copos. – Você é tão preocupado. – O mesmo suspirou e abriu a garrafa, serviu os copos e estendeu um para mim. – Pegue, garoto.
– Tenho que ser já que o Senhor pirou. – Segurei o copo e cheirei o líquido.
– É uísque suíço, um dos melhores que já tomei. Beba, homem. – Fiquei olhando Fheder por curtos segundos e engoli uma pequena quantidade do tal uísque suíço.
– Piérre, pare de beber essa coisa e se importe com algo mais grave. Não vê que seu dinheiro está indo por água abaixo?
– Liam... – Ele balançou a cabeça sorrindo. – Você é tão descrente de tudo, mas peço que aguarde até encontrarmos o que tanto queremos.
– O que tanto sua imaginação maluca quer. – Deixei o copo na mesa. – Como pode confiar e acreditar tanto nessa farsa que está sendo apresentada a você por meio de Drake?
– Nós já conversamos sobre isso, Liam. Drake está fazendo o que você deveria, mas parece que sua atenção está focada na senhora que habita sua sala desde que chegou. – Fheder olhou para mim com malícia.
– Eu não o entendo.
– Ah, Liam, sejamos francos. Estou falando da morena que veio trabalhar com você ontem e hoje.
– Eu não tenho nada com ela. – Fui sincero.
– E por que a trouxe?
– Porque ela iria botar fogo em minha casa. Eu mal sei o nome dela.
– Sério? – Pareceu surpreso.
– É a mais pura verdade. Ela surgiu faminta numa noite e eu resolvi abriga-la. – Suspirei. – Não quer falar da situação da sua empresa? – O olhei e ele negou com a cabeça. – Okay, vou indo.
Levantei e sai antes de ouvi-lo dizer algo, eu estava cansado demais para cuspir palavras que não fariam a mínima diferença para ele. Retornei à minha sala e vi Hulk deitada no chão enquanto encarava o teto. Ela estava bem pensativa e eu resolvi não tirar sua concentração, seja lá o que estiver em sua mente. Sentei a cadeira e fiquei vendo meus e-mails, até meu celular vibrar. O peguei e vi que era uma mensagem de Harry, então, não demorei muito para abri.
"Hey sumido, como está? Espero que não tenha esquecido que hoje a noite é sua casa que nos receberá."
Estava surpreso olhando para a tela. Eu havia esquecido completamente dessa droga e precisava abastecer a minha casa. Chamei por Hulk e ela se levantou em um pulo que me surpreendeu por completo. Parecia uma ginasta. A mesma ficou me olhando e falei que iriamos no mercado, já estava na hora de sair do trabalho mesmo. Ela assentiu e desliguei o computador enquanto a via pegando minhas coisas.
Saímos da sala e fomos para o estacionamento atrás do meu carro. Adentramos a ele e seguimos nosso caminho até o mercado. Eu já tinha em mente o que comprar, mas pedi para Hulk anotar, sempre esqueço algo. Chegamos ao mesmo e pegamos as coisas sem muita pressa com a ajuda de um carrinho. Ela sempre lia tudo nos rótulos e brincava com alguns objetos. Após colocarmos tudo no interior do carrinho, pagamos, transferimos para o porta-malas e tomamos o rumo para casa.
(...)
Terminei o banho e me troquei, vestindo uma boxer preta e conjunto de moletom cinza. A noite está um pouco fria. Desci para a cozinha e vi Hulk ao fogão, ela estava fritando algumas batatas e fazendo coisas que eu não sei, mas o cheiro era bom. Até demais. Arrumei a mesa e ouvi a campainha tocando. Caminhei para a porta e a abri, avistando meus amigos. Normalmente, essa reunião que fazemos é para beber, jogar cartas e conversa fora, enfim, esvaziar a cabeça das vidas corridas que temos.
Seguimos para a cozinha e chamei Hulk, pois a mesma estava de costas. Ela virou-se toda sorridente e acenou feliz. Os apresentei e pelas expressões vinda do lado masculino da casa, eu quis escondê-la em algum lugar. Ela não merece tais pensamentos. A mesma contou que já havia terminado de preparar tudo enquanto levava certos recipientes até a mesa, a servindo com as coisas que fez para comer e cervejas. Assim que terminou, a mesma fez uma certa reverência e correu para o andar superior.
– Quem é a garota? – Louis indagou ao sentarmos.
– Nem eu sei. – Gargalhamos enquanto abrimos as garrafas de cerveja.
– Como coloca uma estranha em sua casa?
– Colocando, oras. – Revirei os olhos. – Sei lá, algo me disse para fazer isso.
– Tá chapado? – Harry fez um sinal para representar que meus neurônios não funcionavam bem.
– Não, idiota. – Tomei um gole da bebida. – Eu senti como se precisasse abrigá-la. Hulk necessita de uma ajuda, um carinho... Sem contar que ela é extremamente fofa e cozinha bem.
– Sobre isso, não nego. – Olhamos Niall que comia um bolinho salgado. – Isso está muito gostoso. Acertou em cheio, Liam.
– Não repita essa frase novamente. – Fiz uma cara de tédio.
– Já estava mais do que na hora de você superar. Liam, você é jovem e aquilo não foi o fim do mundo.
– Okay, eu sei. – Peguei o baralho que estava ao canto da mesa. – Vamos logo jogar, antes que eu desista.
Separei as cartas e começamos a jogar truco. A noite foi agravando-se junto a garrafas e berros de animação. Estávamos um pouco alterados e com isso, digo que é o suficiente para passar uma noite na prisão, então, decidimos deixar as cartas de lado e agora, conversávamos sobre assuntos aleatórios e escutávamos música.
Fazia tanto tempo que não me divertia com os meus amigos e com certeza, a culpa é do meu trabalho super estressante. Não sei mais o que é viver por conta dele, mas não posso abandona-lo agora que Fheder abriu essa porcaria dessa competição, mesmo tendo 99% de chances de Drake conseguir o cargo.
Senti minhas pálpebras pesando e olhei para os três caras jogados pela sala já no décimo sono. Levantei devagar contendo o riso que se misturou a um bocejo estranho e com passos lerdos junto ao auxílio da parede, caminhei sentido o quarto de Hulk. Por que? Não sei. Parei de frente para a porta e a abri com cautela, vendo a mesma toda encolhida na cama. Me aproximei sentindo a curiosidade de vê-la dominando minha mente e puxei uma cadeira de rodinhas, deixando bem pertinho dela e a observei por longos minutos.
Hulk mexeu-se um pouco e percebi que ela estava tendo um sonho ruim, pela forma como dizia palavras desconexas e debatia-se.
– Hey garota, tudo bem. – Alisei seu rosto e ela estava febril.
– Não! Não! Não! – Hulk berrava. – Me deixa em paz!
– Hulk, relaxa. Sou eu, Liam. – Ela sentou a cama e segurou meus braços com força. Era muito maior do que a primeira vez em que nos vimos. – Hulk!
– Me deixa em paz! – Sua voz ficou tão grossa que eu fiz de tudo para não perder o controle.
– Eu só... – Ela abriu os olhos e eles tinham um brilho intenso e cegante. Hulk empurrou-me e voei em direção a parede com uma força que senti como se tivesse quebrado todos os ossos. Seus olhos fecharam-se e ela ficou um tempo me olhando, até que seu corpo pesou e a mesma foi ao chão.
Eu permaneci acordado por um tempo e de tanta dor que sentia, desmaiei.
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