História Royal - "Meu ômega."

"Ele está bem?" 

"Eu já havia avisado que ômegas como ele são totalmente sensíveis, Jungkook." 

O médico do reino examinava o ômega deitado na cama de Jungkook, enquanto que o alfa estava sentado em uma cadeira nos pés da cama com um olho roxo e o lábio cortado. 

"Não liberte mais sua aura perto dele, pelo menos não enquanto ele estiver ainda nesse estado." 

Jungkook assentiu e olhou mais uma vez para o ômega, Taehyung estava com o lado esquerdo do rosto completamente roxo, o hematoma descia até o pescoço desaparecendo dentro da roupa.  

"Obrigado, Jimin." O alfa se levantou cumprimentando o médico, que o olhou irritado e acenou com a cabeça. 

"Jeon, se você não pode cuidar dele, deixe-o onde ele estava." 

Jungkook suspirou e apenas acenou com a cabeça derrotado, apesar de Jimin ser o médico do reino, ele também ocupava o posto de melhor amigo do príncipe e isso dava a liberdade para o outro alfa falar o que pensasse para o futuro herdeiro do reino Oeste. 

"Você pode voltar mais tarde?"  

"Sim, estarei aqui depois do jantar, qualquer coisa você sabe onde me encontrar." E com isso Jimin pegou suas coisas e se retirou. 

A porta não teve tempo de se fechar para que seu pai entrasse, com uma expressão neutra no rosto. 

"O que Jimin disse?" 

"Taehyung está sedado, e provavelmente não irá acordar hoje. Seu corpo irá manter as marcas por algum tempo e as dores irão voltar assim que o efeito da medicação passar, e por esse motivo ele irá acordar." 

"Tome mais cuidado Jeon, iremos acabar matando o ômega." A expressão que seu pai demonstrava agora era de preocupação, e ele o entendia. 

"Ele não vai morrer." Jungkook afirmou, mesmo sem ter certeza. 

"Se as cosias continuarem desse jeito eu não posso garantir, espero que de agora em diante você tome mais cuidado para que isso pare de acontecer." O rei olhou para o corpo desacordado de Taehyung na cama e se retirou. 

Jungkook olhou para o ômega e suspirou, ele estava se sentindo culpado pelo mau estar do ômega, mas também sabia que não era sua culpa, Taehyung não estaria passando por aquilo se não fosse o ômega certo para os planos de seu pai. 

O ômega também não tinha culpa. 

Antes de descer para o jantar, Jungkook conversou com todos os guardas alfas sobre a aura, especificando que estava fora de cogitação deixá-la transparecer nas proximidades do castelo. 

Se estar ali não era agradável ao ômega, pelo menos Jungkook o manteria sem dores, isso era o mínimo que poderia fazer. 

** 

Após dois dias e meio, Taehyung acordou gritando e gemendo na cama, sem conseguir se mexer e Jungkook estava ali o olhando com uma expressão neutra. 

"Não tente se mexer, só irá piorar as coisas." 

"Vai pro inferno!" Kim Taehyung gritou e apertou os olhos tentando fazer com que a dor parasse, mas não adiantando em nada. Olhar para o alfa na sala só iria o irritar ainda mais, então o ômega decidiu ficar com os olhos fechados, aguentando a dor que circulava em suas circulações. 

"Eu vou chamar um médico." Jungkook comunicou e se retirou. 

Taehyung abriu os olhos quando a porta se fechou e se conteve para não gritar quando suas pálpebras doeram também, seu corpo parecia imóvel, mas ele sabia que só estava assim por não ter se movimentado em um bom tempo e pela dor que o incomodava a cada momento que tentava se mexer. 

Jungkook retornou para o quarto acompanhado de um homem igualmente jovem, que usava uma camisa branca qualquer, uma calça preta e uma maleta velha na mão direita. 

"Como está se sentindo, Kim taehyung?" Jimin questionou ao larga sua maleta no chão e pegar no pulso do ômega. 

Taehyung abriu um dos olhos e puxou o pulso do toque gelado, se arrependendo quando o movimento brusco causou mais dor. 

"Seus batimentos estão me dizendo que você está bem, fora a dor pelo corpo." O médico sorriu ao notar o quão arisco o ômega era, e isso o divertia. "A dor é suportável?" Jimin pegou novamente o pulso do ômega, apenas para ter a mesma reação de momentos atrás. 

"Não me toque!" Resmungou Taehyung, agora o encarando com os dois olhos abertos. 

"Por que?" 

"Dói." Veio a voz triste e uma pequena mudança nos olhos, e Jungkook parecia entender aquele olhar acusador. 

"Irei dar a você mais uma dose dos comprimidos para amenizar a dor." 

O quarto se tornou silencioso enquanto Jimin continuava com seu trabalho, dando tempo para que o ômega pudesse perceber não estar mais no quarto onde sempre esteve, esse era diferente, maior e a cama parecia mais macia. A bela armadura estava bem ao seu lado e mais uma vez ele estava encantado com a lata reluzente. 

"Dê a ele quando reclamar de dor, irá agir dentro de dez minutos. Certifique-se que ele está bem acomodado e que tome os remédios. Isso é tudo." Jimin alcançou os remédios para o príncipe e olhou para o ômega por cima do ombro antes de se retirar. 

Jungkook colocou os comprimidos no bolso da calça social preta e pegou o copo de água em cima de sua mesa de cabeceira antes de se aproximar de Taehyung. 

"Está com dor?" 

Taehyung o encarou fixamente antes de fechar os olhos teimosamente. 

"Onde estou?" Perguntou, ignorando a pergunta do alfa, apesar da dor ele queria mostrar que ainda tinha poder em suas escolhas, e ele não queria que o príncipe estivesse ali. 

"No meu quarto." Jungkook soltou o copo novamente e enfiou as mãos no bolso, sem saber o que fazer.  

"Eu quero que você saia." 

Jungkook demorou para entender o que Taehyung dizia, mas ao entender ficou confuso. 

"Você não tem condições de ficar sozinho." 

"Minkiun pode me fazer companhia se esse é o problema." 

"Não será possível." Jungkook engrossou a voz, e se Taehyung não estivesse machucado, esse seria o momento certo para liberar sua aura e o mostrar quem mandava, um ômega não poderia mandar em um alfa, segundo seu pai. 

"Por que não?" 

"Você será meu ômega, meu irmão não tem nada a ver com você." 

O ômega respirou fundo, sentindo seus pulmões arderem com a força que sugava o ar, ele queria poder se levantar, mas ele não podia, ele não sentiu nada além de amargura nas palavras do alfa, e ele não esperava menos. 

Ele só queria voltar para casa.