Passei a mão por meu vestido, o alisando. Meu reflexo estava impecável no espelho e meu corpo ficava maravilhoso naquela peça. Ele era azul, realçando meus olhos. A renda do mesmo cobria toda parte das costas e ele ia até meus pés, com uma fenda, deixando minha perna torneada a mostra. O decote convidativo lhe dava um ar mais sexy.
Meus cabelos estavam volumosos e soltos, com leves cachos. Em meu pescoço, havia uma jóia prateada e reluzente. Quando minhas unhas vermelhas tocaram na máscara a minha frente, as meninas entravam no quarto, também impecáveis.
— Você está linda! — Megan elogiou-me.
— Chris e Khalil terão um treco quando verem vocês. — Eu disse, as analisando.
— Eu espero que ele tenha um treco é na cama. — Disse Hesther, nos fazendo rir.
Suas máscaras eram amarradas. A de Megan era azul, com detalhes em prata. Hesther estava com uma preta, e eu optei por uma prateada.
— Vamos, pelo menos uma vez na vida não chegaremos atrasadas. — As apressei.
Entramos cada uma em seu devido carro. No caminho fiquei refletindo sobre tudo; minha vida atual, meus filhos, Justin, Katherine, e todo o resto do pacote.
Nesses anos longe, eu aprendi muita coisa. Aprendi como segurar armas, lutar, ser fria nas horas que necessitam. A máfia nunca foi um sonho, mas acabou entrando na minha vida de uma forma avassaladora. Eu gosto da minha atual situação, tirando a parte de meu relacionamento — que não é mais um relacionamento — mal resolvido.
O baralho do meu celular me fez despertar. "Mãe" apareceu na tela, e eu atendi, sem tirar a atenção da direção.
— Melissa, não saia de casa, por favor. — Sua voz era desesperada, o que me fez estranhar.
— Estou a caminho do baile do Justin, qual o problema? — Perguntei.
— Só, pelo amor de Deus, dê meia volta!
— Não sem uma justificativa. O que está acontecendo? Estou começando a ficar preocupada.
— Eu estou chegando hoje de viagem, gostaria de passar um tempo com as minhas filhas. — Ela tentou acalmar sua voz, com a intenção de transmitir naturalidade, o que não deu certo.
— Mãe, por favor, me diga o que está rolando! Eu sei que não é só isso. — Implorei.
— Melissa Carter, eu estou ordenando que você volte para casa! — Ela esbravejou. Bufei.
— Tudo bem. — De dou por vencida, afinal, depois quem apanha sou eu.
Quando estava contornando para voltar para casa, meu celular tocou novamente, fazendo-me revirar os olhos.
— Mãe, eu já estou indo...
— Aqui não é sua mãe, querida. — Uma voz masculina preencheu o carro. Franzi o cenho, vendo que o número era restrito.
— Quem é? — Perguntei.
— Fico extremamente magoado por saber que você se recorda da minha voz.
— Fala logo, caralho. — Digo impaciente.
— Perro. — Apertei o volante com força, vendo que não iria saber coisa boa desta ligação. — Estou com suas amiguinhas. Sair sem seguranças é uma tremenda burrice!
— Que porra você quer? — Gritei, já irritada.
— Só que retorne para o baile. Elas estarão lá. Caso não apareça por aqui me 10 minutos, já sabe.
— Filho de uma cadela mexicana! — Xinguei, voltando ao meu destino anterior.
Ótimo! Eu estava sendo vigiada, Megan e Hesther foram pegas, eu não fazia a mínima ideia do que minha mãe queria e nem do por quê o maldito do Perro fazia tanta questão da minha presença neste baile.
Estacionei próximo a mansão de Bieber, saindo com pressa. Chequei se minha arma estava comigo e, vendo que sim, entreguei meu convite aos seguranças, entrando na residência e começando a olhar para todos os lados, procurando alguma pista ou algo suspeito. Esta noite será mais misteriosa do que eu imaginava.
P.O.V Justin Bieber.
O baile já havia começado faz um tempo. Perro tinha chegado, mas foi embora, o que me deixou apreensivo sobre as drogas que serão transferidas.
— Chris acabou de ligar, ele disse que quase toda droga já foi para o novo galpão. — Avisou Chaz. Ryan e Chris ficaram encarregados disto, pois se eu fosse, ficaria muito suspeito. Assenti, agradecendo mentalmente.
Melissa entrou, ela estava maravilhosa, como sempre. Mas parecia estar procurando por algo e bastante nervosa. Fiquei preocupado, então me aproximei.
— Está tudo bem? — Ela se assustou com minha presença inesperada.
— Onde está Perro? Ele já chegou? — Perguntou, afobada.
— Sim, mas saiu faz um tempo. Por que? — Franzi o cenho.
— Ele está com Megan e Hesther. Eu estava voltando para casa, por causa da minha mãe, e ele me ligou, ordenando que eu voltasse. — Bufou.
— Vou pedir para os meus seguranças revistarem tudo. Calma, ele não deve ter feito nada com elas. — Ela assentiu, ainda desnorteada.
Fui até o jardim, vendo Kevin dando ordens aos demais seguranças.
— Quero que revistem tudo. Cada canto desde residência e nos arredores. Se acharem Perro, o tragam a mim, e aumentem a segurança da festa também.
— Ok, Sr. Justin.
Minha cabeça começou a martelar em diversas teorias do que ele possivelmente planejava. Eu não deixaria tocar em um fio de cabelo de Melissa, e isso era uma promessa.
P.O.V Victoria Cárter.
Horas Antes.
Quando pousei em Los Angeles, o calor me atingiu, fazendo-me lembrar do porquê Melissa amava tanto esta cidade. Diferente de Katherine, que detestava.
Melissa tem muitas coincidências com ela, e isso me assusta profundamente. Mesmo que minha filha nunca perceba, era algo que me incomodava.
Meu celular tocou e eu peguei o peguei, saindo do aeroporto.
— Victoria Carter, há quanto tempo.
Aquela voz me fez congelar e parar no lugar onde eu estava estava. Faziam anos que eu não a escutava, e eu preferia que continuasse assim.
— O que você quer? — Perguntei entredentes.
— Não é nada educado atender velhos amigos desta forma. — Ele disse, transbordando ironia.
— Vai direto ao ponto, antes que eu desligue na sua cara.
— Tudo bem. — Suspirou falsamente. — Digamos que suas filhinhas saberão da verdade mais rápido do que você imagina.
— Eu juro por Deus que se elas souberem eu vou te caço até no inferno e te mato da pior maneira possível, Perro. Você sabe que eu estou falando sério. Seu sangue vai jorrar em minhas mãos. — Falo com ódio transbordando por minhas palavras.
— Não seja tão agressiva, Vic. — Ironizou. — Isto era só um aviso, não liguei para estender papo. Aproveite enquanto elas te idealizam como uma ótima mãe, porque isso logo passará.
Ele desligou. Comecei a me desesperar, correndo até o carro. O ódio e a raiva pulsava dentro de mim. Ele iria me pagar. Muito coisa estava em jogo com isso.
Sai em alta velocidade, querendo chegar o mais rápido possível em casa.
Melissa ainda não havia chegado em casa e minhas chamadas eram ignoradas. Comecei a ficar mais nervosa do que já estava. E, quando se passaram mais de 10 minutos, fui até o maldito baile, sem me importar se estava vestida apropriadamente.
P.O.V Melissa.
— Você nem imagina o que ele quer? — Perguntou Katherine.
— Não. — Digo, observando todos com roupas de gala e sentando em suas mesas, conversando animadamente. Essa era a noite na qual eu idealizava, mas era óbvio que não iria se concretizar, afinal, eu não tenho um segundo de paz. — Não sei se quero descobrir ou não.
— Parece que aquela bosta mexicana não está para brincadeira. — Disse Caitlin, nos fazendo rir e concordar.
— Eu só espero que Hesther e Megan estejam bem, porque se não eu acabo com a raça dele. — Eu disse, apertando os punhos.
— Olha quem está vindo. — Katherine apontou e eu segui seu olhar, vendo Lola se aproximando de nós. Ótimo! Era isso que me faltava.
— Eu juro que se essa mulher me encher o saco, eu faço ela engolir aquela máscara. — Elas riram, não tirando o olhar da mesma.
— Melissa, que ótimo te ver por aqui! — Quase vomitei em cima dela, com tanta falsidade. A surra que eu dei nela não era tão perceptível mais, e isso me deixava levemente triste. — Sabe onde está Justin?
— Por que eu saberia? Deve estar fodendo com alguma em algum quarto. — Digo com naturalidade. Seus olhos pegam fogo. Eu sabia que ele não estava fazendo isso, mas alfinetar era ótimo.
— Obrigada. — Disse entredentes e saiu batendo pé.
— Você não presta! — Disse Caitlin, gargalhando.
— Não sei porque elas ainda confiam no Bieber. — Disse Katherine, balançando a cabeça em descrença.
— Não sei nem o porquê de eu ter confiado. — Dei de ombros.
Ficamos conversando e rindo dos vestidos feios dos outros. Fiquei esperando uma ligação, ou alguma cosia de Perro, mas ele não apareceu, o que só aumentou minha preocupação.
— Com licença, será que esta bela senhorita pode me conceder uma dança? — Virei-me, vendo um rosto familiar. Ele sorria, o que me faz sorrir também.
— Jordan? Meu Deus! Que coincidência. — O abracei. Eu lembro perfeitamente do dia que sai chorando da festa do Bieber e ele praticamente me atropelou, aí depois fomos comer no McDonald's e logo Justin apareceu lá, batendo no mesmo.
— Ainda correndo pelas ruas? — Perguntou com divertimento. Ri, negando.
— Já passei desta fase. — Rimos. Ele me deu a mão e eu a peguei, indo até a pista.
A música era lenta e logo vários casais preencheram a pista. Nossos corpos estavam colados e balançávamos no ritmo.
— Como passou a vida nesses anos? — Perguntou.
— Ah, normal. — Dei de ombros. — Tive dois filhos, fui embora, voltei mafiosa, essas coisas. — Ele olhou-me chocado.
— Querida, odeio ser portador de más notícias, mas isso não tem nada de normal. — Eu ri, concordando.
— E a sua?
— Não chegou nesse nível de loucura, mas... — Sua fala foi cortada por eu sendo puxada.
— Melissa, vamos embora agora. — Ela começou correr comigo.
— Espera, por que? Você está parecendo uma maluca!
Do nada, as luzes se apagaram e as portas se fecharam com um baque. Os murmúrios começaram rapidamente. Mamãe me olhou assustada e seu desespero era visível, me fazendo ficar desesperada também.
Quando as luzes se acenderam, Perro estava no centro, com Hesther e Megan amarradas e com mordaças. Corri até lá, mas fui segurada. Os meninos já haviam chegado e todos se aglomeravam ao meu lado.
— Bela dança. — Disse Justin, sarcástico.
— Obrigada. Jordan é uma graça. — Devolvi sem o tom irônico, o que o fez ficar com mais raiva.
— O que esse doido quer agora? — Perguntou Ryan, focado no mesmo.
— Bem, para começarmos o show e divertir vocês, tem algo que eu adoraria contar para Melissa. — Senti o braço de Katherine esbarrando no meu. Ela estava tão confusa quanto eu. — Victoria, você conta ou eu conto? — Pela primeira vez, vi minha mãe com uma expressão vulnerável.
— Desculpa. Desculpa. Desculpa. — Victoria começou a sussurrar em uma voz trêmula.
— O que está acontecendo? — Perguntei a ela, que não respondeu.
— Tudo bem, eu conto. — Disse Perro, em um tom animado. — Melissinha, o que faria se eu te falasse que foi enganada a vida toda? — Riu. — Bem, vamos logo ao ponto, odeio rodeios. Digamos que sua mamãe, querida e amada, contou diversas mentiras para você a vida toda, e estou aqui para revelar a mais chocante. Aí como eu amo esses momentos. — Suspirou de um modo forçado. — Você não é filha da Victoria. Você é filha de Valerie Campbell e, bem, seu pai foi morto por Victoria também. O que achou, querida?
O ar sumiu de meus pulmões, como se eles tivessem sido comprimidos. Minhas pernas vacilaram e eu senti uma dor oscilante. Meu mundo desmoronou, e eu não podia fazer nada a respeito.
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