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História Royals - Yoonmin - Elogio da Traição


Escrita por: parkcyr

Notas do Autor


Antes de tudo, desculpas pelo atraso. Tipo, sei que é além de cara de pau pedir desculpas depois de tantos meses sem postar. Sinto muitíssimo por todo mundo que lê Royals e fica na expectativa, aguardando a inspiração bater na minha porta.
Infelizmente, acho que todas as notas iniciais vão começar desse jeito. Acho que disse antes, mas só pra reforçar, eu to no 3o ano e não faço A MENOR IDEIA do que vou fazer da minha vida.
Pois é.
Quem chutou que eu estou tendo "uma puta crise existencial" acertou em cheio.
Infelizmente não rola premio. Sorry again, guys.
Peço paciência comigo e com a história. Quem quiser saber de um Spoiler ou sei lá, pode me mandar mensagem que eu respondo de boa.
Ah! Também queria agradecer ao Chico Buarque por ter escrito junto com o Rui Guerra a peça incrível que conta a história de Calabar, que foi um pernambucano que ajudou os holandeses na invasão do Nordeste açucareiro e também me inspirou pra escrever esse capítulo, por mais nada a ver que isso possa parecer.
Calabar me lembrou muito o Kyungsoo e a peça é belíssima, incluindo o LP em que Chico canta todas as músicas – de 1973 e chamado “Chico Canta: Calabar – O elogio da Traição”. Eu poderia passar horas e mais horas falando a respeito de Chico Buarque de Holanda, mas não farei isso. Porém sugiro que se possível, vocês deem uma chance a esse disco lindo, repleto de poesia de um dos maiores compositores vivos do Brasil atualmente.
Vejo vocês nas notas finais <3

Capítulo 19 - Elogio da Traição


Fanfic / Fanfiction Royals - Yoonmin - Elogio da Traição

Meu coração tem um sereno jeito

E as minhas mãos o golpe duro e presto

De tal maneira que, depois de feito,

Desencontrado eu mesmo me contesto.

 

Se trago as mãos distantes do meu peito

É que há distância entre intenção e gesto

E se o meu coração nas mãos estreito

Me assombra a súbita impressão de incesto.

 

Quando me encontro no calor da luta

Ostento aguda empunhadora proa,

Mas o meu peito se desabotoa

E se a sentença se anuncia bruta

Mais que depressa a mão, cega, executa,

Pois que senão o coração perdoa.

 – “Fado Tropical”, Chico Buarque.  

 

 

Jongin sentiu a palma de sua mão formigar com a tensão que percorria toda a sala – quase como um véu de eletricidade visível e pulsante sob suas cabeças, enviando ondas de choque por todos os presentes e causando uma áurea de espanto e profundo aborrecimento.

Dois dias atrás, enquanto ele estava caminhando pacificamente pelo Palácio, subitamente, Chanyeol o convoca ao salão real para informar que Yoongi estava solicitando a presença urgente dos dois no Leste, deixando Kyungsoo no comando do governo na ausência dos dois outros conselheiros “de elite” do jovem rei.

Milhares de perguntas se formaram na cabeça de Jongin no segundo em que fora arrastado para o Leste com Chanyeol – e ao ver a expressão no rosto do mais velho, ele não ousou proferir nenhuma palavra enquanto não chegassem ao encontro de Yoongi.

O Leste estava quase igual ao que Jongin se lembrava – apesar de ter feito uma visita diplomática alguns anos atrás, quando Yifan era um jovem rei como Yoongi, acompanhado de seu fiel irmão, Yixing.

Honestamente, Jongin não saberia responder o porquê de Yoongi ter passado tantos dias no Leste – e pior, ter deixado Kyungsoo no comando do reino, mesmo com sua loucura e inconsequências claramente visíveis para qualquer um que desejasse ver. Mas algo que o jovem moreno havia aprendido com seu pai é que nunca se deve questionar a decisão de um Rei, por mais absurda que esta pudesse parecer.

- Chanyeol, Jongin, sei que vocês não estão compreendendo a situação. – Yoongi falou com a voz altiva, um pouco mais elevada que o normal. Jongin podia notar que até mesmo o semblante do rei estava diferente – e ele podia apostar que tudo aquilo se findaria em Park Jimin, que sentava ao lado de Yoongi com seu cabelo preto precisando de um corte e as roupas claras como de costume.

- Não compreender a situação é um elogio, sua majestade. – Chanyeol respondeu ácido enquanto dirigia olhares não tão agradáveis a Yixing e ao seu grupo de jovens conselheiros. Jongin observou a forma despojada com que os jovens príncipes se vestiam – camisas simples de um tecido fino e claro, com o símbolo da monarquia do Leste estampado de forma singela do lado esquerdo de seus peitos, calças pretas e justas e um par de botas escuras, como se estivessem prestes a sair para uma cavalgada de fim de tarde.

Aquilo chamou a atenção de Jongin, pois o mesmo se recordava perfeitamente da forma límpida e polida que os príncipes se vestiam no castelo de Yoongi – roupas escuras e pesadas, ostentando poder como uma forma de tentar ser respeitados. Isso não parecia existir na corte do rei de pele amendoada e olhos doces e condescendentes – Yixing emanava uma aura de tranquilidade e boas vindas que quase faziam Jongin se sentir em casa, como se o Leste fosse o lugar que ele procurava durante toda sua vida.

- Eu os convoquei aqui por duas razões simples. – Yoongi começou, enquanto indicava para Jaehyun e Taeyong buscarem algo que não se encontrava nos aposentos, aparentemente.  – Como bem sabem, vim ao Leste assinar um acordo de paz com Yixing, para evitar o derramamento de sangue de nações inocentes. – Sim, Jongin desejou responder. Yoongi realmente viera em busca de um acordo de paz, embora não existisse nenhuma parte dele que desejasse reconhecer Yixing como o herdeiro legítimo do Leste. Então por que diabos estava ali, sentando-se à mesa dele? – Mas, ao chegar aqui, me deparei com uma série de surpresas, variáveis que até então nunca tinham sido postas a mesa. – Chanyeol ameaçou protestar, mas Yoongi levantou o dedo, indicando que continuaria falando. – Não estou pondo em cheque sua credibilidade como consultor, Chanyeol. Sabes muito bem que confio cegamente em você. Em vocês. – O jovem rei fez questão de enfatizar a última palavra. – E é exatamente por isso que aqui estão hoje. Porque eu descobri que existe um traidor entre nós.

- Um traidor? – Chanyeol deixou escapar com espanto. – No nosso conselho? – Jongin desviou os olhos de Yoongi para observar o semblante de todos aqueles que um dia julgara conhecer: seus rostos estavam desconfortáveis e inquietos; eles com toda certeza sabiam de quem se tratava. Se sabiam, provavelmente o traidor não saíra da corte de Yixing, pois este teria tomado todas as providencias cabíveis e Yoongi não teria precisado convocar seus conselheiros para um lugar tão distante.

Não, Jongin pensou amargamente. O traidor é sulista.

- Sim, Chanyeol. – Jongin respondeu, usando sua voz pela primeira vez. – Só pode ser. Yoongi não nos chamaria aqui para decidir o destino de um forasteiro. Levando em consideração que a morte de Yifan coincidiu tragicamente com o período da entrega de coroas em nossa monarquia, provavelmente o traidor cujo vossa majestade se refere é um de seus conselheiros principais, herdeiro dos conselheiros de seu pai. – O moreno sentiu um gosto amargo na boca, quase como se uma espécie de ácido estivesse dissolvendo suas cordas vocais a cada palavra que ele dizia. – Park Chanyeol, Do Kyungsoo e Kim Jongin. Esses são seus conselheiros principais, Yoongi. E se eu e Chanyeol estamos aqui, isso significa que...

- Kyungsoo é quem está por trás disso, seja isso o que for. – Chanyeol completou com a expressão séria. – Mas... Não vou jogá-lo aos leões sem provas. Você pode ser o Rei, Yoongi, mas eu ainda sou o filho do principal representante do conselho. Eles não matariam um sulista por meras especulações. Vossa majestade deveria saber disso melhor do que ninguém.

- E ele sabe Chanyeol. – Yixing falou uma voz austera. – Min Yoongi aqui os convocou para que pudesse explicar a situação, e escutar suas opiniões a respeito. Apesar de ser um monarca, ele não governa sozinho, como você bem exemplificou. Yoongi precisa da ajuda de vocês mais do que nunca.

- Nós compreendemos perfeitamente isso, alteza. – Jongin respondeu Yixing, com seu tom calmo e respeitoso. – Mas... Entendo Chanyeol. Kyungsoo cresceu junto a nós, no nosso entorno. É mais que difícil acreditar que ele seria capaz de trair o sul. Principalmente ele... Que conhece as leis melhor do que qualquer um de nós e que perdeu um parente próximo devido a isso. Kyungsoo almeja ser uma pessoa correta, Yoongi. Eu tenho plena certeza disso. Talvez... Ele tenha cometido algumas bifurcações no caminho, mas é uma pessoa boa. Tenho certeza de que é.

Chanyeol observou os olhos castanhos de Jongin e quase poderia ver o que o mesmo via: os três correndo animados pelo pátio do Palácio, esperando animados a hora de voltar para casa. Apesar de ter conhecido os dois desde criança, Chanyeol deveria admitir que sempre invejara a forma que Jongin e Kyungsoo se gostavam – algo puro, caracteristicamente infantil. Com o passar dos anos, Chanyeol acabou se aproximando mais de Soo – os dois estavam se desenvolvendo para se tornarem grandes conselheiros de Guerra, estudando táticas e mais táticas de manipulação e controle de massas, enquanto Jongin se retraia com seus livros e sua música, permanecendo alheio as mudanças do mundo ao seu redor.

Mas ele ainda continuava extremamente inteligente. E era por isso que era um membro valioso do conselho, apesar de ser deixado de lado na maioria das decisões importantes, simplesmente por não concordar com nenhuma delas. Jongin era uma espécie de rebelde sensível – ele queria mudar o mundo com suas palavras e ações, mas no fundo sabia que nunca conseguiria fazê-lo. Assim como Park Jimin, Chanyeol pensou olhando para o garoto cujos cabelos negros caiam bagunçados sobre seus olhos. Eles poderiam ser bons amigos, se não estivéssemos nessa situação.

- Ninguém está pedindo para que acusem Kyungsoo; ou que já o tomem por um traidor. – Jimin falou a voz um pouco mais alta e séria do que de costume. – Sabemos a relação existente entre vocês e, francamente, até quase duas semanas atrás nós fugimos do palácio de Min Yoongi e éramos nós os traidores que acusamos Kyungsoo de ser. Mas, ao chegarmos ao Leste, pudemos ver tudo com mais clareza. Deixamos nossas mentes abertas e livres de todas as ideologias que nos foram ensinadas e tudo que vimos aqui foi Yixing, devastado pela perca do irmão que tanto amou, enquanto Yoongi, no Sul, ameaçava jogar seu exército aqui, por julgar Yixing um traidor, de sua corte e da família que o acolheu. Todas as traições que foram feitas e que serão, são apenas um ponto de vista.

Chanyeol olhou confuso para Jongin e Yoongi, que sorriam disfarçadamente, como se ambos soubessem de algo que ele próprio desconhecia.

Todas as palavras têm consequências. Todos os silêncios também. A frase que lera alguns anos atrás surgiu em sua mente, um pensamento inquieto, borbulhante, a faísca de algo que ele sabia que nunca viria a se completar. Chanyeol sabia no âmago de seu ser, que Jimin havia mudado no ralo período que passara sozinho – e que o garoto de cabelos escuros fora capaz de mudar também o cético Yoongi em seus dias de estadia no Leste. Ele sabia que qualquer que fosse a batalha que travariam ali – sobre a inocência de Kyungsoo, uma eventual traição, uma pena digna a um traidor – Jimin provavelmente encontraria- se no centro, agindo como o conciliador que ele nunca pensou que poderia ser.

- Você tem razão, Park Jimin. – Chanyeol falou, encarando o mais novo confusamente. – Nunca pensei que pudesse dizer isso, mas, você tem razão. Obviamente, Jongin e eu iremos ouvir tudo que vocês têm a dizer. E, algo dentro de mim grita que apesar de tudo que eu possa protestar, a decisão já foi aqui tomada.

- Agradeço pela parte que me toca. – Jimin respondeu risonho. – Mas, novamente, você se encontra errado, Chanyeol. Nenhuma decisão foi tomada. Nenhum de nós pode tomar decisão alguma, já que não fazemos parte do Conselho de Yoongi. A decisão, ao contrário do que você julga ser, reside em suas mãos e nas mãos de Jongin. A verdadeira questão que existe aqui é: vocês seriam capazes de condenar um amigo a morte em nome da justiça?

O estômago de Chanyeol revirou-se ao ouvir tal frase.  Ele não pode deixar de imaginar Kyungsoo, com sua pouca altura e olhos escuros e grandes como os de uma criança preso nos calabouços escuros e úmidos do castelo. A justiça do Sul é dura e severa, ele quase podia ouvir seu pai dizer com a voz grave em uma das muitas lições que tivera enquanto criança. Por isso que o símbolo da deusa da justiça é uma mulher cega, surda e muda. Porque suas opiniões nunca são levadas em conta na hora de uma decisão.

- De que justiça você fala, Jimin? – Jongin perguntou amargurado, sua voz saindo fraca, quase como se lutasse para sair de dentro de suas cordas vocais. – Honeste vivere, neminem laedere, suum cuique tribuere. – O moreno citou, com seu latim perfeito. Chanyeol sorriu de lado, recordando-se dos anos que Jongin dedicara ao estudo do Direito e sua aplicação na vida social. – Viver honestamente, não prejudicar ninguém e atribuir a cada um o que lhe pertence. A justiça nada mais é do que a vingança do homem em sociedade, Jimin. Criamos as leis e seus códigos para tentarmos abrandar nossa sede animalesca por sangue e ódio.

- Sim. – Jimin respondeu surpreso. – Mas, terminando sua citação de Epicuro, a vingança é a justiça do homem em seu estado selvagem. Dela precisamos e continuaremos a precisar até que possamos conseguir um estado maior de consciência coletiva. – O mais novo riu enquanto cruzava as mãos em cima da mesa. – Claro que eu concordo com tudo que você disse. Mas, infelizmente, nós dois não passamos da exceção dessa regra absurda.

- Lindas palavras, Jimin e Jongin. – Chanyeol falou risonho. – Mas, a questão a ser debatida aqui não é Epicuro, ou a forma como ainda somos extremamente primitivos, mas sim a vida de uma pessoa, de carne osso e sangue. Estamos debatendo a vida de um sulista, de alguém que vi crescer e se tornar a pessoa que é hoje. Nós também temos parte na traição de Kyungsoo.

- Justo o suficiente. – Jimin respondeu, levantando-se da cadeira onde estivera sentado durante todo aquele período. – Por isso peço a autorização de Yixing para me retirar desta deliberação. Não nasci no Sul e de lá pouco conheço. Não caberia a mim a decisão a respeito da vida de um desconhecido, nativo de uma nação que nunca foi o meu lar. – Jongin pode observar a tristeza que se instaurou no semblante de Yoongi quando este ouviu Jimin proclamar a última frase.

- Claro que você pode ir, Jimin. – Yixing disse com a voz doce. – Você e quem mais desejar ir. Não é de meu desejo força-los a ficarem onde não desejam. Na verdade, pensando bem, depois de ouvir suas palavras, acabo por perceber que nenhum de nós tem lugar nessa sala. – O moreno alto se levantou, indicando a porta com seus dedos longos, enquanto Jimin e os outros caminhavam cuidadosamente para longe de seus assentos. – Yoongi, Jongin, Chanyeol, isso cabe nas mãos de vocês três. Espero que sejam justos e que vejam esse caso não com a legislação que rege o Sul, mas com a justiça que emana de cada um de vocês. Podem me chamar se precisarem de algo.

X

- Os dias que passei no Leste foram destinados a investigar um complexo sistema de compartilhamento de informações que vinha ocorrendo entre Kyungsoo, seu pai e seu tio, desde que o mesmo fora exilado daqui pelos pais de Yifan. – Yoongi começou, jogando em cima da longa mesa alguns documentos importantes que Taeyong e Jaehyun conseguiram recuperar em meio à bagunça que estava o castelo de Yixing depois que o mesmo havia se mudado.

- Tráfico de informações? – Chanyeol perguntou perplexo. – Entre altos escalões das cortes? Isso é bem mais que traição, Yoongi.

- Sim, eu sei. – O loiro passou as mãos em seus cabelos, soltando um suspiro que deixava transparecer toda a apreensão e nervosismo que vinha sentindo nos últimos dias. – Por que acham que relutei tanto em convoca-los aqui? Deuses, se isso for verdade, irá alterar todo o sistema como o conhecemos. Kyungsoo não pode ter feito tudo isso sozinho, o que significaria que...

- Mais pessoas estariam envolvidas nisso tudo. – Jongin completou sério enquanto passava os olhos pelos papéis amarelados que tratavam a respeito da extradição do pai de Kyungsoo, logo após o mesmo ter tentado um levante contra o rei do Leste que, sem apoio popular, acabou caindo por terra junto com ele.

- Mas... Por que o pai de Kyungsoo foi expulso daqui? Isso não faz o menor sentido. – Chanyeol disse, soando perdido.

- Bem... – Jongin disse, fechando uma das pastas que Yoongi havia colocado na mesa e a repassando para o amigo que se sentava ao seu lado. – De acordo com o que está escrito aí, o pai de Kyungsoo é um parente distante do falecido rei, significando que ele era um potencial herdeiro ao trono. Como o rei já possuía filhos, ele só poderia governar como regente, durante um curto período, onde Yifan atingisse sua maioridade. A outra opção seria...

- A morte do rei. – Yoongi falou, os traços delicados de seu rosto marcados pela seriedade. – Para tentar sair ileso, o pai de Kyungsoo organizou um complô com alguns outros membros do conselho, com a intenção de incitar uma revolta contra o rei e assim destrona-lo. O que ele não sabia era que existia um infiltrado por entre eles – o pai de Yifan acabou descobrindo tudo e exilando todos os participantes. Claro que isso mal chegou aos ouvidos da população, caso contrário, creio que o rei teria que ter condenado os insurretos a uma pena de morte.

- Não sei como funciona a legislação do Leste. – Chanyeol disse, sem tirar os olhos do papel. – Mas no Sul tratamos traição com morte. De que vale um homem se não se pode confiar em suas próprias palavras? – O tom julgador da voz do melhor amigo fez Jongin lembrar-se do tempo em que estava sendo treinado para ser conselheiro do jovem rei – onde seu pai o levava para inúmeras reuniões exaltadas do conselho, onde homens decidiam a vida de outros homens com o soar de meras palavras.

- Sim. – Jongin obrigou-se a concordar, encarando diretamente Yoongi nos olhos. – Mas antes de toda sentença, o conselho vota. Apesar de Yoongi ser o rei, ele não tem força pra decidir isso sozinho. Se ele resolver matar Kyungsoo sem uma boa razão, o próximo levante que teremos que abafar será o dele. Por favor, não vamos deixar nossos romantismos decidirem isso por nós. Muito menos nossas ilusões a respeito do que seja justiça.

- Eu os darei um tempo para pensar. – Yoongi falou, levantando-se da mesa com agilidade. – Devo admitir que isso tudo foi no mínimo inesperado. Fora que somos extremamente inexperientes, essa é a primeira grande decisão que nós devemos tomar por nossa conta, visto que o conselho do Sul não pode ser alardeado com essa questão sem que tenhamos provas completas da inocência ou culpa de Kyungsoo. Fiquem aqui por enquanto... Descansem, vejam as flores que rodeiam o palácio. Isso lhes dará uma boa margem para observarem as coisas com outros olhos. Espero que os ares do Leste sejam tão benéficos para vocês como foram para mim. Amanhã nos reuniremos aqui, no cair da tarde. E só sairemos com a tomada dessa decisão. Leiam os documentos nos aposentos de vocês. Mandarei um criado os guiar até eles. – O loiro disse, pegando na maçaneta da porta enquanto a girava com cuidado e saia da sala de reuniões.

- O que diabos aconteceu com ele nesses dias que esteve aqui? – Chanyeol perguntou confuso com a súbita atitude de sabedoria de Yoongi.

- Não sei. – Jongin respondeu encarando a porta. – Talvez os ares do Leste realmente tenham feito algum bem a ele.

X

Jongin observou o céu escuro que se abria pelo pátio do castelo de Yixing – o belo cenário noturno emoldurado por flores de diversas cores que pareciam desabrochar tímidas em direção da lua nova que iluminava o local.

O moreno suspirou profundamente, tentando acomodar em sua cabeça todos os pensamentos que andava tendo desde o fim da reunião com Yoongi.

Tomar decisões sempre é uma tarefa árdua e dolorida, não importa o quanto você as pense e discuta as suas opções. A vida humana é uma estrada sem retornos e só nos é dada uma chance de encontrar o caminho certo sem passarmos por muitas bifurcações.

Desvios na estrada são geralmente bons e fascinantes – muitas vezes eles nos levam a lugares que nunca sonhamos em ir. Mas a saída do ambiente familiar é capaz de quebrar até o mais forte entre nós, mesmo que por um curto período de tempo.

Porém nós humanos temos o luxo de se machucar sem saber como curaremos.

Talvez seja por isso que sofremos do jeito que sofremos – porque nós carregamos todos esses pedaços e não conseguimos entender porque eles doem do jeito que doem.

O som de passos leves se fez ouvir atrás de Jongin, fazendo o mesmo se virar na direção de onde o barulho vinha.

Caminhando até onde ele estava, vinha Jimin, com um sorriso fraco no rosto e os cabelos negros desalinhados pela brisa que corria no pequeno pátio externo.

- Dia difícil? – Jimin perguntou docemente, enquanto se aproximava de Jongin e indicava um banco de pedra para que pudessem sentar.

- Você não imaginaria. – O mais velho respondeu, sentando-se ao lado de Jimin com cuidado. – Yoongi mandou você aqui? – Jongin perguntou curioso.

- Não. – Jimin falou com sinceridade. – Eu vago por essas bandas desde que cheguei ao Leste. – Jongin observou o mesmo cruzar as pernas enquanto encarava a lua alta no céu. – Imaginei que você pudesse estar aqui.

- Imaginou que eu pudesse estar aqui? – Jongin indagou confuso.

- Sim. Não somos tão diferentes, eu e você. E se eu estivesse na sua situação, viria aqui para clarear meus pensamentos. Por mais que eu saiba que pensar demais também não também não ajuda em nada – muito pelo contrário.

- O que poderei fazer além de pensar, Jimin? – O moreno perguntou soando exausto. – Não sou estrategista como Chanyeol; nem tenho qualidades de liderança como Yoongi. Tudo que me resta são meus pensamentos e a cada dia que passa, sinto que eles serão minha morte. Deuses, hoje descobri que uma das pessoas que mais gosto no mundo traiu meu rei, meu país.  Nunca concordei com esse ufanismo idiota que circunda a maior parte dos sulistas, mas isso é demais até pra mim. Talvez eu realmente deva ficar sozinho.

- Ah, Jongin. – Jimin começou, encarando o rapaz de olhos doces ao seu lado. – O mundo é recheado de pessoas tortas como nós, Jongin. Pessoas tortas, com vidas tortas, procurando por um amor igualmente torto – a espera de um milagre que nunca chega de verdade. E acho que é por isso que estar sozinho nunca me fez tão bem. Eu não consigo me ver junto com eles.

- Admiro a sua força Jimin. Mas eu não consigo mais encarar isso, esse conselho, toda essa injustiça. Não existem palavras para descrever o quão triste estou de verdade com toda essa situação – como vinha me sentindo antes mesmo da notícia da traição de Soo. Ás vezes sinto como se fosse a própria personificação da tristeza – uma onda de dor que lhe acomete no fim de uma tarde fria e escura, uma alma antiga e cansada, um triste desastre... Dói mais do que essas palavras. Eu não consigo explicar o quão quebrado eu estou de verdade. Eu não conseguiria condenar Kyungsoo.

- Jongin... – Jimin o chamou tristemente. – Eu gostaria de poder poupá-lo dessa decisão, mas isso não cabe a mim. Yoongi confia em você. E em Chanyeol. Muito mais do que todos aqueles velhos conservadores que ocupam as cadeiras do Conselho. Confiança esta que foi adquirida depois de muito esforço e tragédia – assim como eu, você sabe que Yoongi não tem sido o melhor rei do mundo nos últimos tempos porque ele se deixou cegar pelo o que estava em sua frente. Então... Não sei se fui de grande ajuda, mas queria deixar você com isso. Siga seu coração, Jongin. Não importa o que ele diga. 


Notas Finais


Cara... Também sinto muitíssimo se existir algum erro no capítulo. Não tive paciência pra deixar minha amiga revisar (mas você aindaé show, Luiza. Não me mata se tiver pronome errado.)
Eu acho que sou semi analfabeta por que aparecem uns erros que eu fico??? q
Enfim, a música do capítulo não é nenhuma do LP do chico, eu sei, foi mal.
MAS BIXO EU TENHO QUE POR UMA DAS MÚSICAS NOVAS DO HARRY PQ????? eu amo aquele bosta desde os meus doze anos
Então, a música de hoje é a versão acústica de Two Ghosts do Harry Styles. Quem ainda não ouviu o album dele, deem uma chance a ele (mas não esqueçam do LP do chico!!!!!)
Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=dLGsNnt3r9E
Espero ver vocês antes de três meses (KKK pqp alguém me mata)
Obrigada por tudo <3


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