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História Royals - The Past


Escrita por: divideshawnx

Notas do Autor


EU ATRASEI DEMAIS HOJE, ME DESCULPEM. NAO VOU NEM FALAR MAIS NADA! VAO LER, TCHAU

Capítulo 18 - The Past


A claridade fazia com que minha cabeça latejasse. Olhando para minha cara de cansaço no espelho do banheiro, me arrependia de ter bebido no deck com Cameron na noite anterior. Eu não tinha costume nenhum com o álcool, três garrafas tinham sido muito para mim.

Ao mesmo tempo que a dor de cabeça e o enjoo repentino me incomodavam, as lembranças me faziam sorrir. Fechar os olhos e lembrar do sorriso dele, e das risadas que havíamos dado juntos, tudo aquilo tinha sido bom demais. Ter a companhia dele tinha sido bom demais. Eu havia desistido de me prender a um medo e culpa de estar o vendo o tempo todo, eu não podia controlar o que me fazia bem ou não, e com toda a certeza, Cameron vinha me dando os meus melhores momentos.

Ele havia me avisado diversas vezes sobre ele, e sobre como ele era extremamente egoísta e ruim, mas eu nem ligava mais. Era a primeira vez na minha vida que eu fazia algo de ‘errado’ e era maravilhoso.

Peguei um copo no canto na pia e enchi de água. Abri uma gaveta e peguei uma aspirina. Minha dor de cabeça estava mesmo me matando. Talvez beber cerveja não fosse a minha praia. Engoli o comprimido e lavei o rosto, em uma tentativa falha de parecer mais acordada e bem para finalmente descer.

Desisti de melhorar a minha aparência e saí do quarto, descendo rapidamente escada abaixo.

- Kat! – me virei, ao ouvir meu apelido – Quero falar uma coisa com você.

Era Matt, descendo a escadaria, correndo para perto de mim. Meu Deus, até o barulho dos passos dele eram muito altos. Vê-lo ali, correndo e forte me acalmava, significava que o remédio não devia ter feito nada de ruim para ele. Provavelmente o corpo dele havia se adaptado bem à droga. Forcei um sorriso, tentando varrer para fora da minha mente tudo o que tinha passado com ele na noite anterior.

- Dormiu bem? – perguntou, beijando minha testa assim que chegou perto de mim.

- Não era eu que devia estar te perguntando isso? – retruquei, comprimindo os lábios e franzindo a sobrancelha.

Matthew sorriu, segurando meu rosto com as duas mãos.

- Você é o ser humano mais incrível que já existiu na face da Terra! – exclamou.

- Então quer dizer que o remédio funcionou? – questionei, sem saber exatamente como reagir a aquilo tudo.

- Sim! – me soltou, passando para o meu lado e começando a andar comigo em direção a sala – Funcionou demais, Kat! Dormi que nem um bebê! Acho que nunca tive um sono tão tranquilo na vida.

- Que bom, Matty – encostei minha cabeça em seu ombro, enquanto ele me puxava pela cintura, sem saber como devia me sentir. Por um lado, ficava feliz por vê-lo bem e sem pesadelos. Por outro, me sentia mal por ter arriscado tanta coisa dando aquela pílula a ele – Você podia conversar com um médico. Ver se consegue uma receita ou algo do tipo – sugeri – Você sabe que não posso ficar te dando comprimidos para sempre, não sabe?

- Claro que sei – riu, nos afastando um pouco quando chegamos à mesa do café da manhã – Não precisa me dar mais nada. Já conversei com o meu pai, ele vai arranjar um jeito de me conseguir uma receita. Pode ficar tranquila. 

Assenti com a cabeça. Olhei para a sala. Na mesa estavam sentados meus pais, a mãe de Matthew, uma mulher que beirava os quarenta e dois menininhos – os quais deviam ser filhos da mulher -, definitivamente mais gente do que eu desejava. Ver toda aquela comida me fazia querer vomitar. Meu enjoo ficava mais forte só com o cheiro de panquecas com mel.

- Bom dia, querida – sorriu papai ao me ver.

- Bom dia – forcei outro sorriso, olhando para todos na mesa, que me responderam quase em uníssono.

Sentei-me em uma cadeira ao lado de Matthew. Ele logo se apressou e colocou ovos e bacon no prato. Como ele conseguia? Só de olhar tudo aquilo, sentia meu estômago se revirar dentro de mim. Estava decido. Nunca mais ia beber na vida.

Quando lembrava dos detalhes da madrugada anterior, tinha certeza que passar mal daquele jeito estava valendo a pena. Eu estava tão leve e solta, tão tranquila. Cameron conseguia me dar momentos incríveis sem nem se esforçar, e era isso que eu amava nele.

- Não vai comer nada, Katherine? – perguntou minha mãe, reparando que eu estava encarando todos aqueles alimentos por mais tempo do que o normal.

- Estou um pouco enjoada – revelei.

- Enjoada? – repetiu – Aconteceu alguma coisa?

- Não – menti. Nunca iria contar para meus pais, nem para Matthew que havia ficado meio bêbada na noite anterior – Só um mal-estar, está tudo bem.

Não demorou para que Matt repousasse a mão em minha perna, se aproximando para dizer algo. Infelizmente, seu ato não me causava reação alguma, ao contrário de quando Cameron fazia o mesmo.

- Está tudo bem mesmo? – sussurrou. Ele me conhecia demais.

- Sim – sussurrei de volta – Pode ficar tranquilo.

- Você sabe que pode me contar qualquer coisa, né?

- Sei, Matty – suspirei – Não é nada demais, relaxe.

- Te amo. Obrigado por tudo.

Durante o resto da refeição, fui obrigada a comer algumas frutas por minha mãe. E a cada vez que olhava nos olhos de Matthew, me sentia culpada por estar escondendo Cameron dele.

 

***

 

Soltei meu celular na cama, assustada com o barulho. Olhei para o lado, e vi Cameron, parado atrás da porta de vidro da sacada. Ele havia batido ali para chamar minha atenção. Apontou para a maçaneta, me dizendo que estava trancado e pedindo para que eu o deixasse entrar.

Sem nem pensar duas vezes, me levantei e destranquei a porta, sentindo um vento frio em meu rosto. Em compensação, o sorriso de Cameron me aqueceu quase que imediatamente.

- Oi – sorriu de canto.

- Oi – sorri de volta – Acha que esse é um horário seguro para vir aqui? Ainda não passou da meia noite e alguém pode...

- Morena – sussurrou, colocando o dedo indicador em frente aos seus lábios – Preciso que me deixe entrar antes que alguém vá para a sacada do lado.

- Oh, claro – me movi para o lado, deixando Cameron passar.

Ele entrou e observou o ambiente inteiro, como sempre fazia. Virou-se para mim e se aproximou enquanto eu fechava a porta da sacada.

- O que eu estava dizendo era que ainda são onze horas, e eu sei que o pessoal aqui dorme meio cedo, mas vai que alguém resolve vir aqui e...

- Katherine! – exclamou, me interrompendo de novo – Para de se preocupar tanto. Relaxa um pouco.

Estendeu as mãos para me puxar, mas juntei todo o pouco autocontrole que eu ainda tinha e desviei.

- Não é exagero – insisti, mesmo que bem fundo soubesse que estava sendo um pouco neurótica – Você sabe que se alguém souber da gente coisas ruins vão acontecer. Eu não quero que ninguém entre aqui enquanto estivermos juntos. Não é neurose, é só, preocupação – respirei fundo, tentando falar mais devagar – Eu me preocupo com você, sabe? Vai que nos descobrem? Você ia perder o emprego e, eu não quero que isso aconteça...

- Meu Deus, você fala demais – riu, segurando minha mão – Eu sou bem grandinho, morena, sei exatamente todos os riscos de me envolver com você – Cameron me puxou para perto de si e beijou meu rosto – Estou disposto a continuar com isso, mesmo que seja errado.

- Mesmo que você possa perder o emprego? – perguntei, suspirando. Eu parecia me preocupar mais com Cameron do que ele próprio.

- Mesmo que eu possa perder o emprego – reafirmou, me dando um beijo rápido – Agora que esclarecemos isso, você pode me beijar direito por favor?

- E se alguém entrar?

Cam revirou os olhos, me soltando e caminhando até o outro lado do quarto.

- É só a gente trancar a porta – piscou para mim, girando a chave e voltando para perto de mim – Posso receber meu beijo agora? Não é como se não fosse a razão de eu estar aqui.

- E a minha personalidade não conta? – levantei as sobrancelhas, passando meu braço por suas costas.

- Já te falaram que você é muito irritante? – cerrou os olhos.

- Você me disse isso algumas vezes – ri.

O beijei, sentindo cada pedaço do meu corpo se acender com o nosso contato. Meu Deus. Eu sentia tanta saudade daquilo, saudade dele. Amava sentir aquelas coisas todas e amava mais ainda a adrenalina de saber que não devíamos estar fazendo aquilo.

Nos afastei um pouco, pondo as mãos em seu peito. Cameron não parava de encara a minha boca, enquanto me pressionava contra si mesmo.

- Agora, falando bem sério acho que a gente devia...

- É sério que você vai continuar com isso? – sorriu, me interrompendo mais uma vez – Você precisa relaxar, morena.

- Não consigo – confessei, comprimindo os lábios – Juro que queria não ter medo do que poderia acontecer se alguém nos visse.

- Ninguém vai nos ver, Katherine – suspirou, se afastando um pouco de mim e sentando em cima da cama – Senta aqui.

Franzi a sobrancelha, estranhando aquele pedido.

- Confia em mim – pediu – Senta do meu lado.

Cameron deu uns tapinhas no seu lado e eu cedi, quase desabando no colchão.

- Vira para lá – instruiu, apontando para o outro lado. Virei e fiquei de costas para ele. Cam pegou meus cabelos e os colocou para o lado, deixando meus ombros descobertos. Pousou uma mão em cada um de meus trapézios e começou a massageá-los – Melhor?

- Você não tem nem ideia – sussurrei, sentindo meus músculos se relaxaram à medida que suas mãos os apertavam.

Minha cabeça pendida para o lado, meus olhos fechados e minha respiração lenta mostravam como eu estava relaxando. A cada movimento que Cameron fazia, eu me sentia melhor. Ele tinha esse pequeno poder sobre mim, de controlar o meu humor, de me deixar bem em questão de segundos. Ao mesmo tempo, também tinha o poder de estragar todo o meu dia com apenas algumas poucas palavras. Era isso que me fascinava sobre ele, como ele sabia exatamente como afetar os outros.

- Você está tensa para caralho, morena – falou, tentando dissolver alguns nódulos em minhas costas – Precisa melhorar isso aí.

- Se ‘melhorar isso aí’ for receber uma massagem dessas, – falei, sentindo meu corpo inteiro ficar mais leve com o toque dele – estou mais do que disposta.

Para finalizar a massagem, Cameron beijou levemente meu pescoço, arrepiando cada centímetro de meu corpo. Sorri, sentindo suas mãos apoiarem minhas costas e me virarem de frente para ele.

- Cam – falei, baixinho. O que eu queria dizer para ele ia, bem provavelmente, causar uma briga entre nós dois, mas eu não ligava. Precisava daquilo – Quero te conhecer melhor – ele imediatamente travou o punho e se virou para se levantar dali, mas eu fui mais rápida e parei em sua frente, segurando seus braços – Eu sei que você não é muito aberto e não gosta de falar sobre si mesmo, mas... Eu preciso saber mais sobre você. Não tenho ideia de quem você é direito, e eu sei que isso não é um relacionamento nem nada do tipo, mas como sua única amiga aqui, eu preciso disto.

As palavras saíam secas, o meu medo de o ver explodir de novo era gigante.

- Amiga? – franziu as sobrancelhas. Ele ia começar a gritar, eu tinha certeza – Está mais para amiga colorida, não acha?

Senti o alívio invadir meu corpo como um tsunami. A sensação de vê-lo se controlar ao invés sair gritando comigo por qualquer coisa era como um peso fora de minhas costas. Cameron me puxou para perto de si e me beijou, me calando antes mesmo de eu começar a falar. Embora seus lábios, suas mãos em meus quadris e nossa conexão imediata fossem coisas extremamente tentadoras, eu precisava daquilo. Precisava ouvir mais sobre aquele homem que a cada dia, me deixava mais louca.

- Eu te garanto que queria muito passar o resto da minha vida fazendo isso, mas realmente quero conversar – pedi, o empurrando um pouco.

- Não gosto muito de falar sobre mim, você sabe disso. Quase ninguém sabe muito sobre a minha vida e não costumo falar do meu passado – disse, se sentando na cama novamente – Mas, se você fizer tanta questão assim, posso abrir uma exceção.

- Obrigada – sorri, o agradecendo e sentando em frente a ele – Isso significa muito para mim.

- O que quer saber? – questionou.

- Qualquer coisa – falei.

- Tudo bem – assentiu, engolindo em seco – Vou começar pelo básico, pode ser?

Assenti com a cabeça, sem nem acreditar que ele estava fazendo aquilo. Claro que havia a possibilidade dele falar algo mais sarcástico, ou de surtar e sair correndo dali, mas eu preferia não pensar nas estatísticas.

- Eu nasci em Nova York, mas cresci na Califórnia, e só me mudei de volta para cá dois anos atrás, mas isso é uma longa história...

- A gente tem bastante tempo – sorri, lembrando da madrugada anterior.

- Eu sei, só é meio... Difícil – suspirou. Enquanto olhava para baixo, tentando evitar contato visual comigo, eu percebia que aquilo não estava sendo uma ideia tão boa assim. Ele parecia não se sentir tão bem falando sobre si – Eu tenho uma irmã mais velha. Quatro anos mais velha, para ser específico. Ela está fazendo faculdade de moda agora. Minha mãe é a mulher mais incrível que eu já vi nesse mundo. Ela trabalhava o dia inteiro para sustentar nós três – continuou – Meu pai era o contrário. Ele só fazia beber o dia todo, não ligava para ninguém fora si mesmo. Um filho da puta. Ia para uma empresa e fingia ser um bom funcionário, quando na verdade só fazia ficar bêbado e gritar com todo mundo. Ele era rude e grosso. Minha mãe aguentava toda a merda que ele fazia ela passar. Eu suspeito que ele batia nela, mas ela nunca ia me contar, eu era muito novo – engoliu em seco e piscou várias vezes, tentando se manter focado – Às vezes, antes de dormir, eu ouvia os dois brigando, podia jurar que ouvia tapas e minha mãe chorar de dor ou algo do tipo. Tinham dias que eu levantava para ir no banheiro ou beber água no meio da noite e via o chão cheio de cacos de vidro, ou um móvel no lugar errado, um vaso quebrado. Eram sempre coisas assim. Ela o suportava por que precisava dele, por mim e por Sierra.

Imediatamente, meus olhos se encheram de lágrimas. Podia sentir toda a sua dor, ouvir suas palavras e ver seus olhos focados bem longe do meu me doíam. Não conseguia nem imaginar o que mais estava por vir. Cameron parecia estar se esforçando muito para me dizer tudo aquilo.

- Cam – sussurrei – Não precisa continuar se não...

- Eu posso ser um babaca que sai gritando com todo mundo, que não se importa com ninguém. Eu posso machucar as pessoas emocionalmente, mas eu te garanto uma coisa, Katherine – olhou para mim, segurando minhas mãos com uma força além do normal – Eu nunca bateria em nenhuma mulher. Nunca! Eu já te falei sobre como eu sou ruim, mas eu posso te prometer que eu jamais vou levantar uma mão para você – podia sentir minha vontade de chorar aumentar, eu precisava me segurar – Ninguém merece tudo o que a minha mãe teve que aguentar. Ninguém mesmo.

Ouvi-lo falando sobre aquilo me cortava por inteiro. O homem era fechado e tinha aquele jeito de mau, porém depois de tudo que tinha passado, não podia se esperar outra coisa.

- Quando eu tinha sete anos, minha mãe expulsou o meu pai de casa. Ela conseguiu um divórcio e uma ordem de restrição. Ele sumiu e nunca mais apareceu. A última vez que o vi foi na noite que ele foi embora. Se duvidar nem reconheceria o homem se o colocassem em minha frente – engoliu em seco. Já era tarde para tentar me controlar, as lágrimas caíam, uma após a outra – Ao mesmo tempo que nos livrar dele foi muito bom para nós, foi muito difícil. Perdemos todo o dinheiro que ele trazia, e foi aí que minha mãe passou a trabalhar ainda mais. A gente nunca teve muita grana. Sempre fomos apertados, morávamos em uma casa pequena, mas nunca faltou comida para ninguém. Enquanto minha mãe se matava trabalhando, eu e a minha irmã nos virávamos sozinhos o dia todo.

Ver o tanto de coisa que ele tinha passado me chocava. Não imaginava que Cameron tivesse toda essa história para contar. Entendia porque ele odiava a elite. Ele odiava a ideia de um bando de milionários que só ligavam para seu próprio umbigo e que não olhavam para quem precisava. 

- Enfim, quando minha irmã chegou a idade certa, ela começou a trabalhar para ajudar a família. Eu lembro que ela era garçonete e eu ia encontra-la depois das aulas todos os dias – passou as mãos pelos cabelos, pegando fôlego para continuar – Meu primeiro emprego foi ilegal, quando eu tinha treze anos. Foi entregando jornal todos os dias. Depois disso trabalhei em mais lojas do que posso contar. Eu nunca fui muito simpático e as empresas não gostavam muito do meu perfil – riu, ainda assim carregando toda aquela bagagem - Quando eu fiquei um pouquinho mais velho, minha rotina ficava louca. Eu ia de manhã para a escola, depois ia para o trabalho e quando ficava livre, não tinha coragem de ir para casa. Eu saía. Ia beber, fumar, pegar umas garotas. Fazia tudo de errado que eu tinha direito, e quando finalmente ia para casa, deixava tudo da porta para fora. Não podia estressar as duas mais do que já estavam.

Eu chorava durante tudo aquilo, segurando suas duas mãos. Naquele momento, queria abraçá-lo e protege-lo de tudo que já havia sido parte de sua rotina no passado.

- Minha mãe nem tinha ideia das coisas que eu fazia, e minha irmã fingia não saber. Eu sei que não existe desculpa para ser o cara escroto que eu era, mas dentro de casa eu precisava ser um adulto cem por cento do tempo. Eu precisava cuidar de tudo e quando estava sozinho, queria extravasar a minha raiva, sabe?

- Raiva de quê? – perguntei, enxugando algumas lágrimas.

- Raiva do meu pai que era tão fodido da cabeça e tão imprestável. Ele tinha uma família, ele precisava ter cuidado da gente e... – tentou se concentrar novamente, respirando fundo – Resumindo, as duas estão na Califórnia e eu vim para cá na sorte, tentar fazer faculdade de cinema, que era o que eu sempre quis. Mas no meio do caminho achei um emprego com a família Espinosa e eles pagam muito bem. Muito melhor do que qualquer estágio que eu arranjasse na faculdade – suspirou – Tranquei o curso no meio do primeiro semestre e comecei a trabalhar com eles. Eu sou o cara faz-tudo e fico aqui no verão, que é quando eles trazem a família toda – contou – Minha mãe continua trabalhando e minha irmã continua na faculdade, com um estágio meio merda. Por incrível que pareça, sou eu quem mais ganha na família. Mando uma parte do dinheiro para elas todos os meses.

- É isso? – perguntei, tentando não desabar.

Cameron apenas assentiu, comprimindo os lábios. Eu engoli em seco, dando o meu máximo para me recompor. Falhei. Meus olhos se encheram de lágrimas e tudo o que eu mais queria era fazer com que ele se sentisse bem. Rapidamente, o puxei para um abraço, me ajoelhando no colchão e apoiando sua cabeça em meu colo. Passava as minhas mãos por seus cabelos e por suas costas, dando para ele o melhor suporte que eu podia. Cam passou seus braços por minha cintura e me pressionou contra ele, apertando ainda mais o nosso abraço.

Ele podia ser um cara ruim, que fazia coisas erradas o tempo inteiro, mas bem no fundo, só era um garoto que precisou crescer cedo demais. Um garoto que tinha o coração cheio de cicatrizes, e que não sabia como se curar. Um garoto que não se abria para ninguém, pois colocava um escudo para não se machucar de novo. Um garoto que a cada dia, me mostrava ser a pessoa mais forte que eu já havia conhecido.

- Meu pai tentou falar comigo esse mês. Naquele dia que eu dormi aqui, foi ele quem me ligou – confessou, nos afastando um pouco e olhando em meus olhos – Na hora que atendi e ouvi aquele ‘Cam’, soube quem era. Não precisei nem prestar atenção na voz. Ele era praticamente o único que me chamava desse jeito. Ele, minha mãe e minha irmã. Até você chegar – falou, me causando um nó ainda maior na garganta – Por isso que me controlo completamente quando você me chama assim. Não me traz as melhores lembranças.

- Desculpe – falei. Minha voz saía baixinha e fraca enquanto eu tentava segurar meu choro – Eu não fazia ideia. Posso parar se quiser.

- Não, não quero que pare – pediu – É até bom. Vou parar de associar o apelido a coisas ruins e que me deixam mal. Vou ter você.

Àquele ponto, eu me sentia mal por todas as coisas ruins que já tinha pensado em relação a Cameron. Nunca tinha o visto de uma forma tão vulnerável. Segurando suas mãos, eu tentava o acalmar e mostrar como eu me sentia, como queria o bem para ele. Ele não havia me contado nem metade da história, eu sabia. Tinha certeza que tinha muito mais coisa do que aquilo, mas o respeitei. Só o fato dele ter se aberto tanto em uma noite, era maravilhoso.

- Não vai parar de chorar? – perguntou, balançando a cabeça para se focar novamente.

Sorri e enxuguei algumas lágrimas com o dorso da mão. Se ouvir aquilo tudo doía tanto em mim, não queria nem imaginar como era para ele contar.

- Desculpe. É só que, eu não fazia ideia, sabe? Eu te julgava puramente pelo homem que eu via na minha frente. Odiava sua atitude e nem me dava ao trabalho de pensar o que já aconteceu com você – confessei – Eu fui egoísta e hipócrita. Obrigada por me contar todas essas coisas. Você foi forte demais a sua vida inteira, Cam! E eu tenho muito orgulho disso, mesmo.

Cameron deu um sorriso leve, sem mostrar os dentes e me puxou para um abraço, encostando minha cabeça em seu ombro. Enxugou minhas lágrimas, beijando minha testa. E pela primeira vez, eu senti que o que tínhamos ali era muito maior do que uma atração física absurda. Era uma conexão emocional. Só não sabíamos disso ainda.

- Não conte para ninguém, Katherine. É sério – insistiu, se jogando para trás e deitando na cama. Me puxou junto, fazendo com que eu deitasse em seu peito – Só quem sabe dessas coisas são a minha família e um amigo que eu tive há muito tempo, Chris. Ninguém mais. Não quero que me olhem com pena. Odeio isso.

- Pode deixar – ri, feliz por ver seu lado marrento e bravo ainda ali. No fim do dia, ele era único e isso nunca mudaria.

Saber de tudo que ele havia passado só me fez admirá-lo e ficar feliz por saber que ele confiava em mim o suficiente para me contar sua história. Fechei os olhos, sentindo sua mão passar levemente pelas minhas costas. Instantaneamente, me lembrei do dia em que ele dormiu no meio quarto, e quando o ouvi dizer como eu era especial para ele.

- Aquilo era verdade? – perguntei, esquecendo que ele não podia ler meus pensamentos.

- Aquilo o quê? – questionou, confuso.

- Quando você dormiu do meu lado e me disse que eu era muito especial para você – expliquei – Era de verdade?

- Você ouviu aquilo? – exclamou, se levantando. Eu apenas assenti com a cabeça, o seguindo – Você não estava dormindo? Não era para você ter ouvido!

- Só me diz se era de verdade, Cameron, por favor – pedi, passando a mão por seus cabelos e sabendo que aquilo iria terminar em uma briga – Não precisa esconder mais nada de mim. Você sabe disso.

- Era – sussurrou, contradizendo meus pensamentos mais uma vez – Era de verdade.

Eu sorri, olhando seu rosto emburrado bem de pertinho. O menino que nunca admitia seus sentimentos, e que criava uma barreira entre nós dois havia quebrado seus próprios muros. Por isso eu me orgulhava dele. Nos conhecíamos há tão pouco tempo, mas sentíamos tanta coisa um pelo outro. Coisas inexplicáveis. Não era amor. Não sabia o que era, mas não era amor. Não podia ser.

- Você também significa muito para mim, Cam. 


Notas Finais


OIIIIIII!
Gente, me desculpem mesmo! Passei o dia todo fora, só cheguei em casa agora! Tava resolvendo umas coisas do meu material e tal (minhas aulas voltam segunda).
Enfim, o que acharaaaam?
O Matt claramente ficou bem depois do remédio, o que foi um alívio para Kat. E ainda tivemos revelações sobre o passado do Cam. O que acharam da história dele? É importante que vocês saibam e entendam o que ele viveu para relacionar com várias coisas sobre ele. A negação para amar vem do pai dele, a possessividade e a superproteção vem de cuidar da mãe e da irmã. Enfim, ao longo da história vocês vão entendendo mais!
Beijoooos,
Nina <3

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