História Rua 23 - 5. Um dia incrível

Emma Swan passou uma semana seguida sem ir a livraria. Depois que viu uma certa dona lendo certo livro no parque, decidiu que não iria a loja tão cedo, pensou que essa fixação pela morena era passageira. Que bobagem. 
 

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Regina Mills esperou a loira, recém descoberta como Emma Swan, segunda a tarde, pensou que poderia estar ocupada com os afazeres escolares. Lembrou-se de como eles eram chatos. Terça ela abriu mais cedo e fechou mais tarde, várias pessoas entraram e três delas eram loiras, nenhuma era a que esperava. Quarta ela desistiu de vez "que se dane essa garota" segundos depois de proferir esses pensamentos entrou uma loira na loja o que a deixou empolgada, mas seus olhos nem azuis eram. Que azar.

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Emma Swan tirou zero no teste de matemática que fora aplicado na quinta, não era boa em matemática mas nunca tirou um zero assim em uma prova. Tudo isso por pensar demais na fachada com o letreiro de letras elegantes. Mills. Que maldição!
Sexta depois da aula passou em frente a livraria e viu Regina organizar a vitrine da loja. Estava tão bonita de calça jeans e blusa de banda de rock, achou tão lindo aquele batom vermelho chamativo em sua boca, os cabelos soltos e meio ondulados. Suspirou. Deu meia volta e foi embora.

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Regina Mills passou o sábado trancada no seu quarto, se permitiu sair apenas para comer. Nem mais insana se considerava, estava se achando uma derrotada. Nem a atenção de uma simples garota do colegial conseguiu chamar para si. No domingo foi ao parque novamente, esperou que Emma estivesse lá, a espionando. Se decepcionou. E os seus malditos brinquedos nunca iriam ser achados, que idéia mais idiota! 
 

Na segunda, encostada na parede rosa da cafeteria, com a mochila no chão ao seu lado, olhou o relógio para conferir as horas pela milésima vez naquele minuto, tirou seus fios loiros dos olhos e olhou o relógio novamente, um ciclo vicioso.

Ao andar pela Rua 23 às 8:40 da manhã para abrir a loja, deu um pequeno aceno a vendedora que estava colocando um vestido no manequim, na loja de roupas. Prosseguiu com os passos firmes ao chão e cabelos castanhos balançando junto ao vento.

Olhou para frente e viu um rapaz conduzir uma moça ao banco do carona de seu carro, sorriu quando ele abriu a porta e segurou na mão da garota para se sentar. Ainda encostada na parede verificou o relógio mais uma vez. Havia se passado um minuto.

Com os passos firmes sobre o chão, logo viu o velho dono da sapataria, nem era falta de educação sua. Todos o chamavam de velho. Ele a olhou com cara de poucos amigos e deu as costas mostrando hostilidade. Sorriu, não se importava. Pegou as chaves da loja que estavam em sua bolsa.

Verificou o relógio mais uma vez irritada consigo mesma por fazer isso, olhou para a parede que transformava a rua 23 em uma rua sem saída, lá tinha vários grafites; admirou por um instante. Logo assim que olhou para o lado contrário, a viu andando em sua direção, mas sem olhar diretamente para frente, ela estava brincando com chaves por entre os dedos. O mundo agora estava em câmera lenta. 

Se distraio enquanto brincava com as chaves, mas assim que olhou para frente e viu aqueles cabelos loiros balançarem com o vento, sentiu que seu passo desacelerou, as pessoas estavam mais devagar e agora eram coadjuvantes. Viu os olhos azuis esverdeados a olhando fixamente e nem ficou sem graça. Enquanto fazia o caminho lentamente até seu destino não retirou os olhos dos dela. E ela também sequer desviou.

Sentiu os olhos castanhos nos seus, viu ela se aproximar, e o vento trouxe seu cheiro. Pareceria que estava em uma cena de um filme romântico. Tudo agora parecia mais intenso, até o vento passando por seu corpo, até o olhar fascinado castanho, até aquele expressão. Seu rosto... Ele dizia tudo.
Quando Regina chegou perto de si ela ficou ereta, sem se encosta na parede. 

- Oi, Regina Mills.

- Oi.
  E não paravam de se olhar. Regina agora que sabia seu nome tinha medo de falar sem querer.  Emma estava nervosa por algum motivo que não entendia, se sentia culpada por passar uma semana longe, jogou a mochila sobre as costas e olhou a garota a sua frente atentamente.

- Vim ler o livro... " O Caminho Sobre Os Campos" .

- Você não deveria estar na aula ? 

- Deveria.

Regina sorriu. "Passou uma semana sem pisar o pé aqui e agora matando aula para ler o livro... Que garota interessante!" Então continuou seu caminho até a porta da livraria, primeiro abriu as grades e depois as portas.

- Você se importa ? 

- De você matar aula para ler um livro? acho meio redundante, mas não me importo.

- Aah.  Tem algum banheiro? Estou de uniforme não queria ficar com essa coisa.
 
O olhar de desgosto que Emma fez para o uniforme fez a morena sorrir novamente, o que chamou a atenção da outra garota que agora a olhou com um sorriso tímido. Ficaram sorrindo uma para a outro por alguns segundos. Emma suspirou.

- Aquela porta leva aos fundos da loja, chegando lá é fácil de achar o banheiro.- Logo assim que Emma desapareceu, incontrolável como era, Regina pegou o batom vermelho em tom claro da sua bolsa e passou tão rápido que ficou com medo de borrar. Sorte sua ter uma ótima coordenação motora.
      Quando estava guardando o batom a garota agora já sem uniforme apareceu a vista com uma calça skinny meio rasgada, regata branca com blusa xadrez por cima. Lindíssima.

- A onde eu posso ficar lendo? Não quero atrapalhar. 

- Mas não atrapalha. -  o olhar sincero que a morena lançou foi de bom tamanho para a loira, se sentia toda confusa, amava aqueles olhos castanhos sobre si, mas as vezes eles a deixavam desconcertada. - Pode sentar ali, atrás do balcão.-  Com um aceno de confirmação foi para o lado de dentro do balcão, sentou no banco e esperou. Esperou e esperou. Mas Regina só a olhava e nada do livro, chegou a um ponto que a vergonha tomou conta de seu rosto e sentiu as bochechas quentes, se a morena continuasse a olhando daquele jeito iria derreter como um sorvete em dias quentes.

    Tossiu para chamar a atenção da outra, mas ela não moveu nenhum músculo sequer, pareceu ter entrado em um transe. Partindo do pressuposto que ficariam o dia todo assim, finalmente tomou a iniciativa.

- Bom... o livro, eu... 

- Qual seu nome ? 

- O que? 
 
   Uma iniciativa tomada pela morena depois de seus pensamentos quase a deixarem surda, gostou da sensação de apenas falar o que pensa. Que bom que conseguiu fazer isso sem fazer papel de idiota, sem perguntar com tanto interesse. Seu plano de ser sutil indo por água abaixo, mas não conseguiu se segurar, as palavras voaram de sua boca. E um frio pousou em seu estômago.

- Seu nome. 

- Emma... Emma Swan.

- Emma Swan, quantos anos você tem?  

- Você precisa dos meus dados pessoais para eu poder ler seu livro?  Regina gargalhou.
   E Emma suspirou, percebendo esse ato, admitiu que estava suspirando pelos cantos a alguns dias, mas o que poderia fazer? ficou admirada pelo sorriso da outra,  encantada pelo som de sua gargalhada, fascinada por seus olhos.

- Vai que você tem antecedentes criminais. - dando de ombros, a de cabelos curtos andou até o balcão e se encostou ali, ficando de frente para Emma, com as duas mãos apoiadas no queixo. - Você poderia ser muito bem uma serial killer.  
   Dessa vez a gargalhada foi de uma menina meio inquieta no banco. O olhar de Regina parecia penetrar sua alma. Afinal que tipo de olhos são esses? Tão invasivos.

- Tenho dezessete, estudo no colégio perto da praça central, sou filha única. Moro perto do parque. Mais alguma coisa ?

- Emma Swan... jura que não é uma assassina?.
       A gargalhadas das duas encheram o lugar. 

Depois de entregar o livro a sua cliente, a dona de loja se pôs a organizar a sua pequena livraria e atender os fregueses que chegavam por lá, mas sempre que encontrava um tempo parava para observar a loira. Como ela fazia caretas ao ler o livro, como estava concentrada, como aquela calça jeans era tão apertada. 
    Se pegou a observando de um modo diferente, pois ela era diferente de todas as loiras que já vira. Muito interessante e bonita. Toda altiva pra uma colegial, tão Emma Swan que não tinha outra palavra para descreve-lá melhor. Faria de seu nome um elogio. 
     No instante seguinte ela a olhou e sorriu por saber que estava sendo observada, agora já tinha se acostumado com os intensos olhos castanhos. Já tinha lido quase que cinquenta páginas do livro e se sentiu satisfeita por aquele momento, queria mesmo era conversar com a morena a sua frente. 

- Então Regina, quantos anos você tem?

- Não estou com nenhum livro seu em minhas mãos!
    A incrível capacidade que a dona da livraria tinha de fazer a loira rir era incrível, e as piadas nem eram boas.

-Tenho sua idade.

- E não estuda? 

- Não, terminei mais cedo. 

- Então você é uma daquelas garotas prodígio? 

- Talvez. 

- Talvez ? 

-Sim. 

- Você é interessante.

Regina Mills sorriu. Emma Swan sorriu. E a conversa se prolongou.
       Conversaram sobre muitas coisas. Entre atender clientes e organizar livros, a loira passou o dia todo na livraria. As vezes ajudando a morena, as vezes a observando com olhos atentos. Um dia basicamente incrível!