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História Rua 23 - 6. Descobertas


Escrita por: I-aint-sorry

Capítulo 6 - 6. Descobertas


Aquela segunda feira que passaram juntas só abriu as portas para que se aproximassem mais. A semana que se seguiu depois daquele dia tão sublime, andou lentamente. 
    Agora Emma Swan não poderia mais matar aula, então ia a livraria toda tarde assim que se via livre do colégio.      
  Odiava o ambiente escolar, não pelo motivo dos outros; adorava aprender e saber coisas novas, claro longe da terrivel matemática. Odiava pois era obrigada a fazer  coisas e isso era o cúmulo para a loira, odiava os meninos que brincavam com tudo, odiava as meninas que só pensam em ficarem bonitas, odiava até mesmo os nerds obcecados por nota. Gostava mais de conversar com os professores, saber da vida deles, saber suas experiências; ficava fascinada quando conseguia se tonar colega de alguns deles. São pessoas incríveis.
   Comentou isso com Regina em determinado dia da semana e com um sorriso iluminado ela concordou.
   Como um paradoxo, a cada dia se achavam mais parecidas e mais diferentes. Fogo e gelo. Dois elementos naturais diferentes que colocados na mesma intensidade tem efeitos opostos, mas se juntos tem apenas dois caminhos: frieza absoluta ou ardência profunda, dependendo da quantidade de cada um, um apaga o outro ou nenhum se apaga. Era como Regina se sentia sobre Emma, nunca foi uma dúvida. Estava em tons de frieza e quando uma menina de uniforme entrou em sua loja... Ardência profunda.
   Sobre tudo o que pensam, nada era explícito. Toda aquela neblina de mistério sobre seus olhares e intenções que sabiam que existiam, mas não comentavam em voz alta. As mãos que suavam ao tocarem a pele da outra por acaso, a respiração irregular quando uma passava tão perto da outra que deixava o perfume no ar. Em algum momento daquela semana, Regina estava arrumando uma estante perto da porta, Emma estava lendo o livro, ela estava até o terminando, por sorte tinha a continuação. Sorrio com esses pensamentos e olhou para a loira para observa-lá tão linda e concentrada em seu livro mas sem saber que a mesma já observava a muito tempo, seus olhares se encontraram. Ela estava a olhando de um jeito tão intenso que todo seu corpo ficou quente, derrepente suas pernas perderam a firmeza. A garota com o livro na mão a olhou de baixo a cima. A boca da morena secou, sua respiração perdeu o ritmo e então teve que desviar o olhar imediatamente pois temia desmaiar. 
   Em outro dia qualquer daquela mesma semana Emma chegou a loja vestida com sua capa de chuva preta com bolinhas brancas. A dona da livraria se quer escondeu seu riso solto.

- Foi minha mãe que me deu... Não tinha como recusar. - quando a loira virou de costas para tirar a capa a morena deu uma gargalhada alta. Tinha um desenho de uma galinha lá.  Emma então se virou pra ela com cara fechada. - Foi minha mãe que meu deu! - a morena que agora estava parando de rir soltou um forte suspiro pela boca e olhando seriamente para a garota que agora deixava sua mochila na cadeira perto da porta, disse: 

- Tenho um livro sobre esse galinha aqui, deveria dar uma olhada... Sessão infantil. 
      O que recebeu em troca de suas palavras foi um bico da loira, e logo depois uma cara de nojo excepcional.
       
E as tardes se passavam entre olhares, suspiros e suor. As vezes quando estavam conversando sobre algum assunto, um magnetismo as puxava e quando percebiam, estavam muito próximas. Nos primeiros dias isso as deixaram com vergonha, mas logo deixaram de lado e quando percebiam que a proximidade era tamanha, só sorriam. 
    Quando estava perto de Regina fechar o estabelecimento, Emma pegava suas coisas e a esperava do lado fora, quando a loja estava devidamente fechada, andavam juntas até o início da rua 23 passando pelas lojas e conversando como se o mundo fosse delas, como se nada mais existisse e quando chegavam na esquina se despediam. Uma ia para o lado direito, outra para o lado esquerdo. Emma não teve problemas em explicar para os pais o que tanto fazia na livraria. Ela amava livros afinal.
Na segunda feira da semana seguinte Emma Swan apareceu na loja totalmente irritada. Regina percebeu isso pelas poucas palavras que trocaram. Então a deixou ler sem incômoda-lá. Sabia que tinha momentos na vida que tinha que deixar os outros seres terrestres em paz, para ser como qualquer outro humano em dias de agonia; angustiado,chato e calado. Mas nem quinze minutos depois que a garota de uniforme se sentou para ler,  outra garota muito ofegante entrou na loja, pelo seu rosto meio suado e sua impaciência deveria ter corrido muito. Então a morena de mexas ruivas olhou ao redor caçando algo e logo assim que Regina iria perguntar se queria ajuda, ela correu até Emma. 

- Você me fez correr da escola até sua casa e de sua casa até aqui! Sorte seu pai estar em casa e me falar que agora você quase não sai daqui. Como pode sair daquele jeito? - Mas Emma nem a olhou, ficou só ignorando sua existência com calma e serenidade. Então a morena com roupas de uniforme personalizadas pois eram curtas demais para serem as que as escolas entregam, as de Emma era o dobro do tamanho. Falou com tanta sinceridade que deixou Regina com pena.

- Eu juro que não tive culpa.- com impaciência a loira se levantou e caminhou ate a estante mais próxima e lá ficou observando alguns livros e lendo sinopses, enquanto a outra garota estava tão nervosa e agitada que faltava arrancar os cabelos.- não foi culpa minha! Emms... por favor... eu juro de dedinho!
    Ergueu seu menor dedo e mostrou para a outra que olhava os livros, que só depois da última palavra resolveu a olhar.  De longe Regina observava tudo enquanto fingia contar o dinheiro do caixa. Inquieta como era queria saber do que tanto falavam.

- Então quem contou aquela mentira para a escola toda? Sei muito bem que você queria da o troco no Jason e pode ser muito bem uma idéia sua! Caramba... a escola toda estava gritando aquela merda pra mim! - se virou irritada e saiu da loja com uma morena muito agoniada atrás de si, a puxou pelo braço e falou muitas coisas até que a loira baixou a guarda e tirou a cara de emburrada. Regina desejou ser um mosquito para ouvir do que falavam e quando a morena de mexas vermelhas a abraçou, a dona da livraria se mexeu inquieta, não gostou do que viu. Quando ia desviar o olhar para não ver a cena que a deixava angustiada viu uns garotos de bicicleta passarem e gritarem muitas coisas para Emma e a outra garota. Mas como falavam todos ao mesmo tempo e ela estava dentro da loja não conseguia entender nada. Até que o último menino gritou: - suas lésbicas! Emma é o machão da relação? 
E saiu na maior velocidade gritando lésbicas para quem quisesse ouvir. E a morena de mexas ruivas gritou:

-  Não estou vendo sua mãe aqui! Babaca!

    Então a morena entendeu tudo. Na escola, como quase todos são maldosos, deve ter surgido algum comentário muito forte sobre as duas. Isso a deixou com uma pequena tristeza aparente. As vezes esses comentários são verdade. 
    Depois de um tempo que as duas garotas conversavam do lado de fora da loja, depois da morena de mexas ruivas ir embora, uma Emma meio tensa e com a cabeça baixa entrou na livraria, recolheu suas coisas, pegou o livro que estava lendo e levou até a morena.

-  Acho que vou pra casa. 
Seu tom de voz baixo, partiu o coração da de olhos castanhos.

- Fique. Não precisa ir, juro que não puxo assunto nenhum.- percebendo que Emma estava ponderando a idéia, deu um sorriso aberto e pegou em sua mão que estava sobre a bancada do caixa. - Fique.

Emma sentiu o toque, sentiu uma onda de emoções. Borboletas em seu estômago, um ar pesado demais para ser respirado com suavidade, uma tensão sobre os ombros. Um toque e a morena de olhos castanhos fascinantes a fez esquecer o horror do dia que passou, um toque e fez seu coração acelerar. Então meio tímida uniu suas mãos em dedos cruzados. Um seu e um dela, um seu, um dela. Apertou e sorriu.

- Se você ficar juro que a deixo em paz. Emma respirou fundo e soltou o ar por entre os lábios, procurou coragem pra falar e achou.

- Eu quero que fale. 

- Mas pensei que estava indo embora por que queria ficar sozinha e...

- Gosto do som da sua voz. - o sorriso que Regina lhe deu fez seus ombros antes tensos, agora relaxarem. 

- Quero conversar sobre tudo com você.
   E conversaram. Sobre tudo e mais um pouco. A loira contou que alguém espalhou um boato de que a amiga chamada Ruby e um tal de Jason tinham terminado por culpa dela, Jason convocou todo o último ano para tirar sarro de Emma, a xingando e jogando coisas nela na hora do almoço, disse também que ruby explicou que só ficou sabendo quando todos gritavam e foi atrás da loira assim que ela saiu da escola perdendo as últimas aulas do dia.
    A vontade que a morena sentiu foi de abraça-lá, ensino médio e suas respectivas funções: construir um ser humano ou acabar totalmente com a sua auto estima. Nunca entendeu porque são tão cruéis. Olhou para os olhos azuis tão brilhantes e vividos. Uma pessoa com olhos assim não deveria sequer sofrer na vida. 

- Emma... sinto tanto. Ofegou a morena. A loira deu se ombros.

- Eu já nem me importo, fiquei irritada só no momento. 

- Você achou que sua amiga estava envolvida? 
     Emma agora sentada ao lado de Regina em sofá que ficava atrás de algumas estantes, quase no final da loja. Ficou olhando em seus olhos por alguns segundos. Talvez, só talvez, alguns minutos. A proximidade que estavam, os ombros se tocando suavemente, as mãos sobre os respectivos colos, os traços latinos em seu rosto, os sapatos de saltos batendo contra o assoalho. Um claro sinal de ansiedade. O vestido sobre coxas morenas, o cabelo curto cujo alguns fios desfiados lhe caiam sobre o rosto, uma vontade incontrolável de retira-los de lá. Fez a ação com uma lentidão quase torturante. Regina se mexeu inquieta no sofá. Estava muito inquieta ultimamente.
   Percebendo sua ação, a garota de olhos azuis, retirou as mãos que estavam perto da morena. A olhou e por fim olhou para os seus sapatos. All star,cano médio, vermelho. Sorriu. " Regina toda de salto e eu aqui toda jogada" 

- Eu esqueci sua pergunta, desculpa. 
A de olhos castanhos lhe deu um sorriso breve e sussurrou que estava tudo bem.

- Você sempre usa saltos?  
A pergunta pegou- a de surpresa. Emma Swan, uma garota imprevisível.

- Não sempre, só quando a roupa pede. 

- Das vezes que te vi, uma só você estava sem salto. 
  Será que eram assim tão estranhas. Regina pensou. Sempre se perguntavam coisas que estão fora do contexto de suas conversas, coisas como nomes e idades, coisas como saltos. Queria lhe perguntar se tinha namorado ou namorada, mas a coragem lhe escorria sobre os dedos e ia embora.

- Das vezes que te vi, só duas você estava sem uniforme. 
A loira sorriu e olhou agora para o rosto de Regina. Aquele momento... ela queria guardar aquele sorriso para sempre. Mas logo assim Emma franziu as sobrancelhas, percebeu então sua garfe. Uma vez no dia que matou aula e outra no parque. A do parque sendo então segredo.

- Mas eu só me lembro de uma, o dia que matei aula.

- Emma Swan, eu lhe persigo pelas ruas. -  Falou em um tom sério e com os olhos semicerrados. Sorriu quando viu os olhos azuis arregalados. - acha mesmo que eu poderia fazer isso ? 
A loira deu de ombros.

 

- Você é uma garota muito misteriosa com seus vários tons de batons vermelhos, suas roupas elegantes e saltos. Acho que você poderia fazer qualquer coisa.
   Quando a morena iria lhe responder o sino avisando que a porta fora aberta tocou. Ela então pediu um minuto e foi atender seu cliente.

No final do dia, as duas garotas andavam pela rua 23 em passos lentos. O vento forte anunciando chuva se fazia presente, os cabelos descontrolados, as roupas balançando. E as duas garotas conversavam. Nada poderia as incomodar. Os olhos azuis esverdeados estavam sobre os castanhos claros, isso bastava.

Quando se aproximaram da esquina Emma teve uma idéia brilhante e antes da outra garota ter tempo de se despedir, a loira pegou em sua mão e a puxou com toda velocidade para o lado oposto que Regina deveria seguir. 

- onde está me levando?  

- É surpresa, vem!
 Correndo de mãos dadas. Os cabelos loiros estavam balançando a toda velocidade, e contemplando esse momento a morena se deixou levar. 
   E foi literalmente levada a uma área do parque que ela jamais pisará, entre as árvores do parque e já quase no limite de entrada da floresta, tinha um castelo de madeira antigo, estava bem escondido e pelo que viu, não muito preservado, mas dava para subir nele.
   Emma Swan viu os olhos brilhantes de Regina olhar todos os detalhes daquela construção antiga. Abriu um sorriso enorme e perguntou: 

- Então... gostou do meu castelo? 

- É seu? . A garota de cabelos curtos estava boquiaberta, enquanto tocava na madeira, olhou para a outra menina com um sorriso tímido. - É todinho seu?

 

- basicamente sim. Eu achei quando criança, sempre vinha com meu pai aqui, até que um dia eu o achei. Meu pai reformou.
 Olhando agora encantada para a loira que falava das histórias engraçadas que passou com seu pai nesse mesmo lugar, Regina não conseguia parar de sorrir um segundo sequer. Esta acontecendo. Estão se conhecendo, não poderia estar mais feliz.

Depois de um longo período conversaram sentadas, não no castelo, mas em uma espécie de tronco no chão, alguns pingos de chuva começaram a cair a morena se levantou e a outra a acompanhou. Em pé, frente a outra. Sorriram. 

- Vai começar a chover. Tenho que ir... 

- Não... o castelo tem telhado, veja bem, protege da chuva!

- Tem certeza que vai aguentar nos duas?

- Tenho! 
Regina até ponderou ir embora, mas iria fazer o que? Ficar em casa pensando em Emma Swan, se poderia ficar ao lado dela nesse exato momento. Claro que iria ficar. 

- Então vamos! - Antes de subirem, como um cavalheiro, Emma tomou a mão de Regina, beijou e sorriu. 

- Vamos, venha ser a rainha de meu castelo! - O sorriso majestoso da morena, fazia jus ao título que a de olhos azuis lhe atribuiu. Enquanto subiam a pequena rampa para entrar no local, com os braços enlaçados, a de cabelos curtos sussurrou bem perto do ouvido da loira

- E você, será quem? - Os pelos dos braços de Swan se arrepiaram. Respirou fundo e soltou sobre um risinho solto:

- Ora, serei sua princesa, é claro! -  Sua princesa. Isso ficou registrado na cabeça de Regina Milss. Sua princesa. Não poderia estar mais feliz.


Notas Finais


Gostaram?
Até o próximo...


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