História Rubber Soul - A McLennon History - One, two, what?

Paul estava do lado de fora do quarto esperando que Jane se acalmasse para que pudesse entrar e tentar conversar com ela. Ele realmente gostava de Jane e não queria terminar com ela dessa forma, ou melhor, não queria terminar. Ela era a única pessoa que ele verdadeiramente havia gostado além de John. Jane foi um tipo de refúgio que ele achou para esquecer John por alguns momentos, a única pessoa á quem sabia que poderia recorrer quando quisesse escapar de todo o furacão Beatlemaníaco.

Mas agora estava acabado. Mais uma vez por causa de John.

- Jane, por favor, deixe eu tentar explicar.

- Não precisa. Eu não sou cega.

Jane tremia enquanto arrastava as malas para o andar de baixo.  Paul a ouvia resmungar baixinho. Cansado, encostou suas costas na parede e desceu, sentando no chão. Estava exausto. Estava preocupado com John, aonde John poderia ter ido naquela chuva, e estava preocupado com seu noivado. Ele costumava se preocupar demais, e isso o estava deixando nervoso e perdendo os cabelos. Fechou os olhos e voltou para o dia da morte de Julia Lennon. Mal ele sabia, mas depois desse dia sua vida não seria igual nunca mais.

John havia se trancado no quarto da casa de Mimi após voltarem da casa de Julia e Bob. Todos seus amigos haviam ido para casa e Mimi ainda estava na casa de Bob para ajudar com Julia e Jacqui, as irmãs mais novas de John. Paul teria ido para casa se não houvesse se preocupado com o estado do amigo, mas seguiu John.

Tocou a campainha várias vezes mas não foi atendido. Olhou para cima e viu a luz do quarto acesa. Jogou algumas pedras na janela até que John a abriu.

- Desculpe, estava no banho. De qualquer forma não quero falar com ninguém agora, Paul. Vá para casa.

- Abra a porta. Quero falar com você.

- Paul...

- Por favor, John.

John abriu a porta e Paul o abraçou. John não retribuiu o abraço, ficou estático perante a reação do amigo e disse:

- Bom, entre.

Eles subiram até o quarto do menino e sentaram na cama.

- Eu sei como é. – Disse Paul

- O que?

- Perder a mãe. Fica um buraco tão grande no peito por algum tempo, parece que quanto mais escurece o dia mais medo dá. Enjoo. Insônia.

- É só o primeiro dia, Paul. Você não está me encorajando muito.

- Desculpe. Estou tentando te dar forças.

- Não está conseguindo.

Os dois ficaram em silêncio até que lágrimas começaram á escorrer do rosto de John.

- Não consigo imaginar um infinito sem ela. É tão viva. É como se o mundo não girasse sem ela.

Paul deu um sorriso amarelado para o inconsolável John. Tomou a liberdade de fazer carinho em sua cabeça. John não fez nada. Apenas fechou os olhos e se aninhou na mão de Paul.

Ali, tão vulnerável, John não parecia o líder dos Quarryman ou John Lennon o futuro rockstar. Apenas um garoto assustado em viver em um mundo sem uma mãe alegre e graciosa e dependendo de uma tia grosseira e fria que não dava carinho, apenas o necessário.

Paul abriu os olhos e Jane passava rapidamente á sua frente, pegando coisas do quarto e descendo para a sala. Ele parou para prestar atenção ao que Jane murmurava.

- Eu vou abrir a boca para a imprensa! Todos saberão que Paul McCartney é um VIADO INFIEL NOJENTO!

Num súbito de raiva Paul pôs-se se pé, agarrou Jane pelos braços e a chacoalhou.

-POIS CONTE! CONTE E JOHN TE MATA! OUVIU O QUE ELE DISSE, JANE?

- NÃO INTERESSA! VOCÊ ACHA QUE TENHO MEDO DE DOIS VIADOS?

- CONTE! CONTE Á IMPRENSA QUE EU TE TROQUEI POR UM HOMEM! QUE EU TE COMIA AO MESMO TEMPO QUE DAVA PARA UM HOMEM! QUERO VER SE VAI AGUENTAR A PRESSÃO DOS TABLOIDES EM CIMA DE VOCÊ DIZENDO QUE NÃO FOI COMPETENTE PARA SEGURAR UM HOMEM EM CASA!

Ela deu um tapa no rosto de Paul.

Depois de uns minutos em silêncio ele disse:

- Fique aqui. Eu vou embora. Amanhã peça para que arrumem minhas malas e me entreguem no endereço que vou passar para a empregada.

Paul arrumou uma mala de mão e saiu porta á fora. Pegou o carro e dirigiu devagar para lugar nenhum em meio ao temporal.