Assim que terminamos de jogar, Yang Yang retornou para nos fazer perguntas e acrescentou que faria melhorias no jogo para que não se prolongasse nem ficasse chato até alguém ganhar. Anotou tudo em sua caderneta e me chamou antes de sair.
- Katherine. – Ele olhou para mim por cima das folhas. – Vou subir para falar com seu pai, quer me acompanhar?
- Claro. – Disse sem pensar, olhei para os garotos para dizer que logo voltaria, mas quando vi seus rostos de surpresa, me calei.
- NÃO! – JinYoung protestou com tanta veemência que todos passaram a encará-lo.
- Por quê? – Falei. Aquilo foi muito estranho.
- Ahn... – Ele olhou para JaeBum buscando apoio, mas o outro estava tão confuso quanto eu. – é... – Ele abria e fechava a boca atônito buscando as palavras. – o... JOGO! – Exclamou animado e aliviado. – Será número ímpar! JB vai com você, ele nem gosta muito de jogos.
- Mas... – Ele tentou protestar, mas JinYoung o interrompeu.
- Sim, pode ir. – Disse insistente. – Agora! – Aquilo realmente estava estranho.
- O.K... – Falei. – Vamos então.
Fomos os três até o elevador e Yang Yang apertou o botão nº 07. No escritório JB decidiu ficar no sofá próximo à mesa de Olivia, nós seguimos até a sala do meu pai. Era um espaço grande, com sofás, estantes entulhadas de livros, uma TV, e uma escrivaninha onde meu pai se encontrava enterrado por entre papéis e mais papéis. “Eu realmente gostaria de trabalhar em um lugar desses”, pensei. Esperei o garoto terminar o relatório e sair, então corri até meu pai e o abracei, havia semanas que não o via devido o lançamento do jogo.
- Tudo bem, meu anjo? – Falou quando o soltei.
- Tudo. – Respondi. – E você? Está comendo bem? E dormindo?
- Estou sobrevivendo sem você, não se preocupe, Olívia toma conta de mim. – Falou rindo. – Não vou nem pedir como você está pois sei que sabe se virar sozinha. – Sorri. – Mas, cá entre nós, o Yang Yang seria um bom partido para você, não é? – O olhei com repreensão, mas não neguei. – Pena que está namorando, uma menina chamada Zheng Shuang.... – Disse pensativo, decidi mudar de assunto.
- Só queria me ver, ou me chamou porque precisa de alguma coisa? – Pedi desconfiada enquanto ele baixava os olhos antes de me encarar como o gato de botas.
- Os dois. – Respondeu. – Poderia fazer um favor para mim? – Faço uma cara de desaprovação.
- Diga.
- Deixei uma pasta sobre a bancada que esqueci quando saía de casa, poderia buscá-la e levar para uma pessoa? Estará te esperando naquele café próximo de casa. – Suspirei.
- Tudo bem... vou ir então. Até mais.
Me despedi, saí do escritório e vi JB rindo de algo que Olívia havia lhe falado, mas parou no instante em que me viu. “Pelo visto se tornaram amigos”, pensava.
- Kat! Estávamos falando de você. – O rapaz passou a encarar o chão com desconforto. – Contei a ele daquela vez que quebrou o dente quando caiu. – E voltou a rir. “O quê??”, sorri sem graça.
- Hum... Meu pai me pediu para passar em casa buscar uma pasta e levar para alguém. – Vi a irritação no rosto dela.
- E você vai? – A secretária pediu com esperança, mas suspirou quando assenti. “Por que ela está assim?”, pensei, mas seu rosto de repente se iluminou. – Por que você não leva JB? Não é seguro para uma garota andar por aí sozinha. – “Por que é que todos decidiram que ele deveria me acompanhar a todo lugar?”
- Melhor não. – Respondi. – Ele deve querer se divertir com seus amigos, não precisa se preocup...
- Você não se importa, não é querido? – Ela me interrompeu dirigindo-se a ele surpreendendo-o. Sei que o rapaz não teve como negar.
- Não. – Murmurou cabisbaixo. “Ótimo”, pensei amargurada.
Enquanto esperávamos o elevador, ouvi Olívia falar ao telefone, pelo tom ríspido, parecia falar com meu pai.
- Você realmente vai fazer isso com a sua filha? – Ela falava baixo, mas não o suficiente. – Esse é um plano muito egoísta da sua parte. – Disse antes de bater o telefone na mesa. Percebi que JaeBum também havia escutado.
O elevador finalmente chegou e entramos, assim que as portas se fecharam me virei para ele.
- Você não precisa ir comigo. – Ele suspirou apertando o botão do 4º andar.
- Tudo bem, não me importo, aliás, Olívia está certa, você sabe como essa cidade pode ser perigosa. – Ele olhou diretamente nos meus olhos e me lembrei de quando aquele homem invadiu minha casa. – Vamos apenas avisar os outros. – Disse assim que as portas se abriram e saiu.
Os garotos mal nos ouviram entretidos com os jogos. Durante o caminho até minha casa, o silêncio entre nós era extremamente desconfortável. Sabia que deveria pedir desculpas e se reconciliar, mas não tinha ideia de como o fazer.
Rapidamente passei pela casa, a pasta estava no balcão ao lado da porta, e logo chegamos no café que ficava a apenas três quadras dali. Ao entrar me dei conta de que não sabia por quem deveria procurar.
- O que foi? – Ele perguntou notando minha hesitação.
- Ahn... Como faço para descobrir quem é a pessoa para quem eu deveria entregar isso? – Ele me olhou com indignação, respirou fundo e foi até a recepção.
- Olá, talvez tenha alguém nos esperando. – Disse à recepcionista. – Somos os representantes do Sr. Price.
- Ah, claro. – A moça respondeu sem nem mesmo verificar a tela de seu computador. – É aquela mesa da janela. – Apontou para onde havia um homem sentado de costas. Pelo colarinho da camisa pude ver o indício de uma tatuagem vagamente familiar. Me aproximei dele, JaeBum permaneceu afastado apenas observando.
- Hm... – Pigarreei para chamar a atenção dele. – Com licença, estou representando o Sr. Price, ele pediu que... – O homem virou-se e fiquei sem palavras.
- Katherine? – Surpreso, ele se levantou para me cumprimentar.
- Kim-Dragon! Quanto tempo. – Sorri, achava que nunca o veria novamente.
- Sente-se. – Falou animado. Dei dois passos antes de lembrar de JB, me virei e o vi apoiado no balcão enquanto nos observava com desconfiança. Fiz sinal para que se aproximasse. Apesar de hesitar, foi sentar-se ao meu lado.
Conversamos sem perceber o tempo passar, falei sobre minha vida como trainee, ele comentou um pouco a respeito de seu irmãozinho que ainda usava gesso e me convidou para assistir uma luta dele de MMA (Daebak... ele é um lutador!). JaeBum permaneceu quieto o tempo todo, claramente não queria estar ali.
Sem notar, já havia ficado tarde e precisávamos ir, então nos despedimos de Kim-Dragon. Durante a volta, ninguém pronunciou uma palavra, o único som que se ouvia era o da cidade misturado com trovões não tão distantes.
Eu buscava uma maneira de consertar o estrago que eu havia feito no momento em brigamos, quando repentinamente uma chuva torrencial começou a cair. Senti a mão dele enlaçar a minha, e em seguida estávamos correndo, até que entramos em uma pequena cabine telefônica.
Ambos molhados e ofegantes, não percebi o quão próximos estávamos, sua coxa esquerda se encontrava entre as minhas pernas, nossas roupas grudavam-se em nossos corpos e água escorria por nossos rostos.
O observei, seus olhos estavam presos em minha boca, sua mão envolveu minha cintura puxando-me para ainda mais perto aproximando seu rosto do meu. Paralisei antes de me afastar por impulso surpresa.
Pude ver a dor nos seus olhos antes que saísse com passos rápidos da cabine sob a chuva forte. “Tinha realmente que se afastar, Kat?” Repreendi a mim mesma antes de segui-lo correndo. Quando finalmente o alcancei, segurei seu braço para pará-lo, mas ele continuou de costas e me dei conta de que não fazia ideia do que dizer.
- JB... – Minha cabeça estava muito confusa e em choque para conseguir encontrar algo coerente para falar, até que depois de alguns instantes de um silêncio molhado, foi ele quem finalmente se manifestou.
- Por que você não me vê como o Mark ou o Kim-Dragon? Por que eles e não eu?
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