História Run - Only Chapter

Corra
Esta era a única palavra que agora passava por minha cabeça.
Minhas pernas já dormentes devido ao tempo que havia corrido não iriam me aguentar por mais muito tempo.
Mas eu tinha que correr. Eu tenho que correr.
E foi isso o que fiz. Ignorando a dor gritante que instalava-se em meus membros inferiores, corri com todas as minhas forças perante aquela escura e sombria floresta.
Vez ou outra, batia-me acidentalmente em alguns galhos retorcidos daquelas velhas árvores podres.
Minha roupa já estava repleta de furos e rasgos. Meu cabelo deveria encontrar-se repleto de nós e molhado devido ao suor que meu corpo emanava. Meu rosto e membros desprovidos de vestes estavam em um estado deplorável de cortes e arranhões.
Poderia pensar em parar e esperar até finalmente ser acolhida pelos braços da morte.
Porém não, não me daria esse luxo. A adrenalina já tomava conta de meu ser; eu iria conseguir escapar.
E foi correndo desesperadamente de algo que poderia simplesmente materializar-se em minha frente; que deparei-me com um riacho consideravelmente fundo.
Não conseguiria atravessá-lo em tempo. O tempo no momento era meu inimigo.
Porém mesmo assim pulei.
A água estava gelada. Congelando, para ser sincera. O tempo também estava gélido. O vento cortava meu rosto e soprava meus cabelos e isso apenas me deixava com mais frio.
Enquanto me movia lentamente perante a água, torcendo para não ganhar uma hipotermia depois, ouvi um farfalhar mas folhas secas do chão da floresta.
Automaticamente meus olhos arregalaram e paralisei dentro do riacho.
A água batia na minha cintura, portanto minha movimentação tinha lá seus prós e contras.
O pró é que consegui fazer um giro de 360° e ver se havia algo ali.
O contra era que a água deixava minhas pernas já exaustas, pesadas. E quando ouvi sua "fala" abafada, não consegui me mover com rapidez.
O escutei rindo de meu desespero e parei de andar novamente, permitindo que lágrimas escorressem por meu rosto.
Era o fim, eu estava ciente disto.
Escutava sua "voz" em minha cabeça e isso estava me matando.
O som era um ruído agudo lento e contínuo, que fazia-me querer arrancar minhas orelhas, mesmo tendo ciência de que o som estava apenas em minha cabaça.
E a potência desses ruídos fora ficando cada vez mais forte, e doía cada vez mais, e eu tinha cada vez mais vontade de acabar com aquilo.
Até que simplesmente não aguentei.
Tudo começou a ficar embaçado. Senti um líquido escorrendo por minhas orelhas e não escutava nada além de um forte zumbido.
A última coisa que passou por minha cabeça foi sua face; e então tudo ficou escuro.