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História Runaway - Mas é segredo, não conte para ninguém.


Escrita por: maybelikeastar

Notas do Autor


FELIZ ANO NOVO, VEM COMECAR COMEÇAR DE NOVO!

Gente mas eu não posto capítulo desde o ano passado? Terceira vez com essa piada, tô em decadência. Enfim, que esse ano seja uma belezinha para vocês e que seja tão bom para Runaway como 2016 foi. Espero que esse ano seja muito melhor do que o que passou. Página 1 de 365 — terceira vez também findidndkd.

Chega né. Boa leitura!

Capítulo 26 - Mas é segredo, não conte para ninguém.


Rafael segurava minha mão com força, como se tivesse medo que eu escapasse e corresse para longe dele.

Fazia, mais ou menos, meia hora que havíamos saído do meu apartamento. Sem me dizer nada, Lange segurou minha mão e puxou-me para fora. E lá estávamos nós.

Entramos em um táxi e ele deu um papel para o motorista, supostamente com o endereço para o qual estávamos indo.

— Para onde está me levando, Rafael?

Ele me ignorou. Continuou olhando para frente com uma expressão séria.

Peguei meu celular do bolso.

Pedrinho <3:

Onde está?

Cheguei faz pouco tempo e o pessoal só me disse que saiu com o Rafael sem dizer nada.

Tink:

desculpa pedro, de verdade

rafael praticamente me obrigou

Pedrinho <3:

Tinha planejado uma coisa legal para fazermos juntos :(

Promete estar de volta antes das oito?

Tink:

prometo

Pedrinho <3:

Obrigado <3

— Tenho que estar de volta antes das oito.

— Por quê? — murmurou.

— Agora você me responde, né? — ele continuou quieto — Pedro e eu vamos sair.

— Só tem olhos para o namorado agora?

— Primeiro: ele não é meu namorado. Segundo: eu gosto dele de verdade, Rafael. Tem que entender isso.

— Eu entendo. Quer dizer, mais ou menos. — ele suspirou — Foi tudo tão rápido, sabe? Vocês se conhecem faz pouco tempo e eu tenho medo que ele te machuque.

— Pedro não vai me fazer mal, ele é um amor. E outra, Felipe e Gabriela já o conheciam e disseram que ele é de confiança. Relaxa.

— Talvez você esteja misturando as coisas, não pensou nisso? Ele foi seu doador de sangue e meio que salvou sua vida, legal. Talvez você esteja colocando a imagem de herói na sua cabeça e confundindo tudo.

— Será que você não é capaz de me aceitar feliz? Por que só a porra da sua felicidade que importa? Eu nunca posso estar bem com alguém que você já fica inseguro e com ciúmes. Que droga Rafael.

— Eu quero que seja feliz. — sussurrou.

— Então aceite logo que o Pedro me faz feliz.

[...]

O táxi nos deixou em frente a um prédio antigo. Rafael o pagou e nós dois descemos.

Eu não estava entendendo absolutamente nada. Rafael segurou minha mão como se a briga no carro não tivesse sido nada; e eu mesma me questionei se havia sido algo, depois do gesto do garoto.

Entramos no prédio que parecia que iria cair aos pedaços a qualquer instante. Rafael carregava apenas uma mochila em suas costas e me puxava escada acima.

Senti como se o ambiente fosse familiar, pois se parecia muito com os lugares que eu ficava quando fugi — pelo menos antes de fugir com a Sarah.

A poeira fazia meu nariz coçar e eu me perguntei por que diabos Lange escolhera aquele lugar para me levar sem mais nem menos.

Chegamos ao topo, revelando um enorme terraço. O lugar estava mais limpo do que todo o resto do prédio. Um pano quadriculado estava no chão e algumas almofadas estavam sobre ele.

— Ok. O que é isso? — perguntei.

— Descobri esse lugar faz algum tempo. Estava eu, o pequeno Rafael de um ano atrás, dentro de um Uber, quando esse prédio passou. Ele parecia só um edifício velho entre outros muito modernos para os outros cidadãos paulistas, mas eu vi potencial nele. Você já tinha fugido há alguns meses e eu estava devastado, tanto quanto esse prédio. Então eu me identifiquei com ele e pensei: por que não entrar? Por dentro ele era igual por fora, mas quando eu venci meu lado sedentário e subi todas essas escadas, eu encontrei o potencial que procurava. Esse lugar é lindo de dia ou de noite. Todas às vezes que eu voltava para São Paulo para algum evento, eu vinha aqui. E ele se parecia tanto comigo, Tink. Tão destruído. Ele parecia me entender como ninguém. Porque eu sou humano e é óbvio que sua partida acabou comigo. Esse lugar é especial para mim. E você também é. Então acho que as duas coisas especiais da minha vida deviam se conhecer. Por isso te trouxe aqui.

Olhei em volta, maravilhada. O lugar tinha uma vista incrível. São Paulo era apenas milhares de pontinhos brilhantes unidos formando quase uma constelação. O céu estava abaixo de mim e acima ao mesmo tempo. Era lindo.

— E tem esse livro. — virei para Rafael de novo — Bem, o seu livro, ou da Cecília Meireles, se preferir. Eu li cada poema dessa coletânea e me apaixonei por cada um, por cada Tink presente em cada um deles. Menos o último, o que deu o nome para o livro. Porque ele foi o último destacado e eu senti que ele era especial por algum motivo. Eu guardei ele para você, Elena. Quero que você o leia para mim. — ele esticou o braço me entregando o livro. Segurei e me sentei em cima do pano com as almofadas vendo ele fazer o mesmo.

— Ou Isto Ou Aquilo é especial para mim porque... Bem, foi ele que me fez fugir. — ele curvou a cabeça com um sorriso fraco nos lábios — Você me trouxe aqui para me fazer chorar, não foi Rafael? — sequei algumas lágrimas teimosas e ele riu.

— Não. Mas deve ser uma dessas situações inevitáveis.

— Eu vou ler logo.

Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda qual é o melhor: se é isto ou aquilo.

— Esse poema fala sobre decisões e as consequências delas. Eu estava passando por aquele dilema de fugir ou não. Porque eu queria ir embora, mas queria ficar do seu lado. Queria sua atenção, mas não queria interfirir no seu relacionamento. Eu queria isto e aquilo, mas não podia ter os dois ao mesmo tempo. Se eu contestasse sobre não estar recebendo toda atenção, você talvez parasse de dá-la para a Sasa e eu não queria que fizesse o mesmo com ela. Então eu tive que fazer a minha escolha e ela foi fugir. "É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares", eu não queria te deixar, em nenhum momento eu havia visto aquilo como opção. Mas eu queria sair de Carazinho, me libertar daquilo, daquele sentimento de estar presa a algum lugar por mera obrigação. Então eu tive que decidir o que era melhor para mim e acabou que fugir parecia a melhor opção. — passei os polegares por debaixo dos olhos secando-os, e fiz o mesmo em Rafael — Depois que eu fugi, fiquei em lugares como esse prédio. Só para me sentir destemida e irreverente, ou algo assim. Mas eles eram tristes e solitários. Apenas depois de um tempo eu percebi que eu era igual a eles. Depois de muitos meses, fugir não se tornou uma escolha, virou consequência. Não importava o lugar ou as pessoas, eu sempre fugia. Foi quando a Sarah chegou. Eu enfim percebi que fugir era uma idiotice, porque eu me sentia tão bem perto da Sarah, ela era quase um abrigo. Eu não queria sair do lado dela. Em instantes a frase "eu quero ser livre", se transformou em algo como "eu quero ser livre de liberdade", porque eu não queria mais fugir. Eu estava me apegando demais a Sarah e decidi que era hora de romper aquele laço, mas ela não deixou e acabamos juntas em SP. Eu fico feliz de ter aceitado que ela fugisse comigo, caso contrário, sabe-se lá onde eu estaria agora. A única certeza é que não seria do seu lado, que é o lugar onde eu mais quero estar.

— Posso contar a minha versão também? — assenti — A Sasa apareceu em um momento confuso para os meus sentimentos. Eu estava certo de que estava apaixonado. Mas ela apareceu. Carismática, fofa, simpática, educada, inteligente e, claro, muito bonita. Ela me fez duvidar meus sentimentos anteriores e aquilo mexeu comigo. Ela parecia a garota certa, ou pelo menos era o que eu me forçava a pensar. Logo estávamos juntos e eu queria só dar atenção à Flavia, porque eu não queria que ela escorregasse pelo meio dos meus dedos como grãos de areia. Porque com a garota que eu gostava antes, foi assim. Eu a perdi por muito pouco. Eu não podia perder mais uma e lamento em dizer que por conta dessa fixação, eu perdi minha melhor amiga. — ele coçou a nuca — Depois que você fugiu, a ficha finalmente caiu. Eu chorei a noite inteira, e a semana inteira, o mês inteiro. Eu me afastei de Flavia, acabei fazendo exatamente o que não queria. Perdi a garota que eu amava e era doloroso demais pensar naquilo. Meses depois a Sasa foi até Carazinho. Nós conversávamos apenas por mensagem e eu estava sendo, admito, um péssimo namorado. Ela me disse que você lembrava a garota de um livro conhecido. Cidades de Papel era o nome. Eu não conhecia e ela disse que também nunca havia lido, mas conhecia a história. Procurei pelo livro e li. Você não se parecia tanto com a Margo, porque ela era meio vaca e eu não queria acreditar que você era daquele jeito. Mas o que o Quentin fez me chamou atenção e eu decidi que sim, iria procurar por você. Sasa meio que se arrependeu de me contar sobre o livro porque ela não achava saudável que eu deixasse minha vida de lado por você e repetia que você não gostaria que eu fizesse aquilo. Mas não importava o que ela ou qualquer um achava, eu amava você e estava disposto a te encontrar.

— Você estava apaixonado, seu idiota? Por que nunca me contou? — dei um soco fraco em seu braço e ele riu — Quem era a garota de sorte?

— Sinceramente? — perguntou.

— Sinceramente. — respondi assentindo.

Um silêncio se estabeleceu entre nós. Rafael se virou para o céu e respirou profundamente. Ele era bonito de perfil, tanto quanto de frente. Balancei a cabeça afastando o pensamento.

Você. — disse, enfim.

Dizer que minha reação foi tranquila seria um equívoco.

Arregalei os olhos e abri a boca quase em um círculo perfeito. Meu coração disparou a mil por hora. Minha respiração ficou falha. Senti minhas mãos soarem rigorosamente. Se eu estivesse de pé, sem dúvidas teria caído.

Rafael soltou um risinho quando percebeu minha reação. Mas eu nem dei importância, afinal estava a um passo de ter um ataque cardíaco.

Vejam só, minha paixão platônica da adolescência, não era platônica! Ele me correspondia. Rafael Lange era apaixonado por mim antes de Flavia chegar.

— Não está acreditando mesmo? Eu achava que estava na cara. — resmungou ainda rindo — Eu te olhava feito um bobão. Até minha mãe percebeu.

"Ela percebeu que eu gostava de você também", pensei.

— Mãe sempre sabe das coisas. — tentei me acalmar, mas sentia meu rosto queimando.

— Quer um pouco de água? Parece que você vai explodir. — ele remexeu na mochila e me deu uma garrafa.

— Obrigada. — bebi um pouco — Só estou surpresa. Não é todo dia que se descobre que o melhor amigo era apaixonado por você. — suspirei e ele riu — Muito menos que sua própria paixãozinha adolescente era correspondida.

Rafael se virou para mim com as sobrancelhas arqueadas e os olhos arregalados. Sua expressão era engraçada e eu achei apropriado dar risada de quem riu de mim.

— Sua paixão? Não zoa com meu coração assim, Tinker Bell.

— Não tô zoando. Eu achava que todo mundo já tinha percebido.

— Então eu realmente te perdi por muito pouco. Eu achava que você ainda gostava do Gustavo ou que tava em outra já.

— Eu tava em outra. Em você. — ri fraco — Meu Deus, isso é tão...

— Estranho? Louco? — neguei com a cabeça.

— Constrangedor. — bebi mais um gole da água e ele riu.

— Nem tanto. Seria se nós dois estivéssemos solteiros. Ia ter todo aquele clima de "será que eu deveria beijá-la".

— Ou "será que ele vai me beijar".

— Exato. Mas ambos estamos em relacionamentos estáveis e saudáveis.

— No meu caso podemos colocar umas aspas no relacionamento, mas sim, concordo.

O silêncio voltou a acontecer. Até que eu o quebrei com uma gargalhada alta. E eu continuei rindo, aparentemente sem motivo algum. E Rafael me acompanhou da mesma forma.

Pela primeira vez em muito tempo, voltei a pensar as coisas de quando conheci Rafael: nós éramos a melhor dupla do mundo e ninguém podia nos parar.

Saber que Rafael já sentira aquele algo a mais em relação a mim era surpreendente. Eu o colocava em um pedestal, o imaginava como um ser inalcançável. Mas lá estava ele provando que, na verdade, ele estava ao meu alcance todo aquele tempo.

Lange não era nenhum deus. Todo aquele tempo ele estava sendo o mesmo que eu. Um adolescente perdido nessa coisa chamada vida. Preso na rotina. Não conseguimos nos livrar daquela rotina maçante e nenhum de nós foi capaz de tomar uma atitude quanto aos nossos sentimentos.

Porque ambos tínhamos medo de mudar a rotina. Medo de como o outro reagiria. Medo de que aquilo mudasse nossa amizade. Medo de que aquilo destruísse a melhor dupla do mundo, de que aquilo nos destruísse.

Mas, se alguém tivesse dado o primeiro passo, teríamos virado um nós muito maior. Seríamos ainda mais grandiosos e felizes. E, claro, eu nunca teria fugido.

Olhei para ele e ele olhou para mim. As risadas cessaram e se transformaram em dois sorrisos.

Seu sorriso era bonito. As estrelas no céu eram um bom plano de fundo para a obra de arte que Rafael era. E a luz da Lua o iluminava da maneira certa. A maneira certa para apaixonar uma garota.

Não precisava desse esforço, senhora Lua, eu já sou profundamente apaixonada por ele. Mas é segredo, não conte para ninguém.


Notas Finais


E aí gostaram? Olha essa Tink que não sabe o que quer: Pedro ou Rafael, eis a questão?

Beijos e queijos.

FUI!


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