História Runaways - What The Hell?

Acordei cedo no outro dia, já que tinha que ir pra escola. Levantei no terceiro toque do despertador. Fui até o quarto do meu pai pra ver como ele estava, mas ele ainda não tinha voltado do bar então voltei para o meu quarto pra me vestir. Coloquei o uniforme da escola que consistia em: uma saia vermelha – acima do joelho, se eu usasse isso nas escolas do Brasil, seria expulsa com certeza – uma camisa preta de mangas compridas e botas de cano alto. Sinceramente, detestei esse uniforme, é totalmente desconfortável sair por aí quase mostrando minha bunda, mas enfim, tomei um café bem forte e fui pra escola.

Fui durante o caminho todo pensando comigo mesma “tá tudo bem, a tortura está pra acabar, só faltam seis meses, tá tudo bem”. Quando cheguei lá, fui na diretoria pra que me apresentassem a escola, isso era de costume deles. A diretora foi muito gentil. Após o passeio pelo campus, ela me direcionou até minha sala e me apresentou aos meus colegas de classe, e, nenhum deles pareceu ter gostado muito de mim, como eu já imaginava. Os garotos me olhavam como se eu fosse um pedaço de carne que eles estavam prestes a devorarem, e isso me assustou pra caralho, mas tentei relevar, podia ser só coisa da minha cabeça, não é mesmo?

Os intervalos eram na quadra, que era aberta, era ao lado das salas de aula. Isso me assustou um pouco no começo, já que no Brasil as escolas eram totalmente fechadas, cheias de grades, pareciam presídios.

Eu não ia comer nada, então apenas coloquei meus fones, me sentei no final da quadra, perto de algumas salas de aula e bem próxima da rua. Fiquei ouvindo Twenty One Pilots.

“Heard you say: not today; tore the courtains down, windows open, now male a sound” – cantarolei.

- Apreciando a solidão? – alguém atrás de mim disse

Me virei pra ver quem era e bem, tinham cinco garotos, todos muito altos e fortes, o que estava no meio deles, loiro e de olhos verdes, quem tinha falado comigo.

- Você deve estar se perguntando quem sou eu, bem, sou o Tyler.

Me levantei pra cumprimentar, mas um deles me empurrou.

- Que merda é essa? – gritei

- Estávamos te observando. Você tem um corpo delicado, toda bonitinha, extremamente branca, o que é estranho já que você veio do Brasil, mas você herdou a melhor das características das brasileirinhas – ele disse, me empurrando até encostar na parede – os peitos enormes.

 Droga! Porque eu tinha que ter escolhido ficar longe de todo mundo? Agora ninguém vai ver se eles fizerem alguma coisa comigo, eu sou muito burra. Tyler estava pressionando meu corpo na parede com o próprio corpo. Que ótimo, vou ser estuprada no meu primeiro dia de aula, era mesmo tudo o que eu queria, huh.

Quando Tyler apertou meus seios, um garoto que não estava com eles, o empurrou com força, o tirando de perto de mim. Tyler e o garoto estavam no chão.

O desconhecido estava batendo tanto em Tyler, que estava quase o deixando a ponto de perder a consciência e eu estava paralisada, não conseguia sequer sair dali.

Por dentro, eu só queria gritar com todas as minhas forças e sair dali, mas eu estava paralisada, apenas observando.

                O cara que estava batendo em Tyler me parecia conhecido, apesar de eu não ter visto o rosto. Tinha o cabelo na altura da orelha meio bagunçado e cheirava a cigarro e álcool. Não acredito, não pode ser!

Quando Tyler por fim desmaiou, o garoto saiu de cima dele e encarou os outros garotos, que sequer tentaram defender o amigo; eles saíram correndo, e então ele se virou pra mim. Era mesmo quem eu estava pensando; Jake.

- Vem, vamos embora – ele disse acendendo e tragando um cigarro.

Eu caminhei com ele, mas não disse sequer uma palavra, não conseguia, até que ele me ofereceu um cigarro e eu aceitei.

Jake ficou um tempo me encarando, provavelmente tentando me decifrar, entender o que eu estava sentindo, mas eu sou ótima pra fingir expressões. Ele não é o tipo de pessoa que pergunta se você está bem. Ele apenas está lá se você precisar dele.

- O que você estava fazendo lá? – por fim perguntei

- Estava passando por lá e vi o que estava acontecendo.

Não acreditei, mas não quis interroga-lo. Jake continuou me encarando, então decidi fazer o mesmo, até que ele me abraçou meio sem jeito.

                Foi tão bom, me senti mais calma, menos assustada. Foi um abraço muito sincero. Nunca tinha recebido um assim e toda a minha vida.

                Quando ele me soltou, eu o abracei novamente, com todas as minhas forças e sussurrei em seu ouvido:

- Obrigado

- Vem, vou te levar pra casa – ele disse, saindo de meus braços – Aquele garoto é Tyler Duncan, não é?

- Não conheço.

- O pai dele é um empresário bem conhecido por aqui. Vou dar um jeito, eles vão pagar por isso, Sky.

- Jake – ele olhou pra mim melancolicamente – vamos esquecer isso, por favor, vai ficar tudo bem.

Ele revirou os olhos e continuamos a caminhar até chegarmos em casa. Henry que estava vendo um jogo de basquete na televisão e bebendo cerveja, olhou rapidamente pra nós.

- Jake você está realmente levando minha menininha pro mal caminho. Matando aula Scarlet?

Eu ia inventar uma desculpa qualquer, mas Jake contou tudo o que aconteceu.