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História Running for youth - Tempestade


Escrita por: Yoongito

Notas do Autor


Hello~
Demorei de novo né? Me desculpem.
Não vou encher vocês com as desculpas D:
Se tiverem erros grotescos me avisem.
Boa leitura.

Capítulo 7 - Tempestade


Jimin

 

Não dá para esconder nada do Yoongi mesmo...

 

— Está tudo bem mesmo, Jimin?

— Tá sim, eu só não vou com vocês hoje porque o Yoongi resolveu passar aqui em casa... – a voz preocupada do mais novo me encantava logo de manhã – Ele disse que quer passar num lugar antes de ir para a escola.

— Ah... entendi. Vejo vocês lá na escola então. Até!

— Até mais! – fiquei um tempo ainda admirando o aparelho celular em minhas mãos e pensando o quanto havia sido fofo Jungkook me ligar preocupado assim que enviei a mensagem avisando que não iria acompanhar ele, e Taehyung, até a escola.

— Você não sabe disfarçar nem um pouco. – Yoongi ria, debochado.

— Não sei do que você está falando...

De fato, eu não sabia.

Não sabia o motivo do meu coração acelerar só de ver aquele nome na tela do celular. De deixar um suspiro leve escapar ao ouvi-lo pronunciar o meu nome em tom de preocupação e me fazer sentir vontade de fechar os olhos somente para apreciar a sua voz mais seriamente.

Jungkook me deixava confuso com minhas próprias sensações.

Sua presença acalmava o meu dia, mesmo depois de uma prova estressante ou uma aula terrivelmente entediante, vê-lo sorrir parecia recarregar minhas energias. A maneira como seus dentinhos ficavam expostos entre as risadas transmitia uma áurea leve, que eu tenho certeza que afetava a todos a sua volta.

Seu jeito cativante conquistava qualquer um que se arriscava a conhecê-lo um pouco melhor. Todos nós tínhamos um imenso carinho por ele, principalmente Jin, que o tratava realmente como um filho, e Taehyung, seu primo.

Taehyung... este era o mais encantado de todos. Passava suas horas livres, e longe do garoto, só comentando o quão era apaixonado por ele, o quanto cada ação do mais novo o afetava e como estava enlouquecendo por não poder tocá-lo como realmente queria.

 E por mais que eu não quisesse admitir aquilo me incomodava.

Incomodava o fato dele e Jungkook estarem tão próximos nos últimos dias.

— É nessa loja aqui. – Fui tirado dos meus pensamentos por Yoongi, que parava de caminhar apontando para a grande loja de instrumentos musicais. – Vamos rápido, ainda temos que ir para a escola.

— Pode ir, eu vou esperar aqui fora.

—Você tem certeza? – balancei a cabeça positivamente – Ok, de qualquer jeito não pretendo demorar muito.

Assim que terminou a frase adentrou a loja me deixando sozinho com meus próprios pensamentos.  Era uma manhã agradável, o sol não estava forte e o clima meio frio, por conta do horário, deixava o ar bom de respirar. Fechei os olhos e colhi boa quantidade de ar soltando logo em seguida num longo suspiro. Algo me alertava que meu dia seria diferente dos passados.

Fiquei minutos apenas observando as pessoas que passavam por ali. Alguns idosos, crianças brincando pela calçada e casais caminhando lentamente, apenas se curtindo. Os seguia com o olhar e, quase involuntariamente, sorria com a cena imaginando o que poderia estar se passando por aquelas cabeças apaixonadas.

— Você está muito sorridente hoje. O que houve? – Mais uma vez Yoongi me surpreendia.

— Não houve nada, só estou com impressão de que o dia vai ser bom hoje. – não menti. – Não tinha o que você precisava comprar? – O questionei, já que reparei que o mesmo não tinha nada em mãos.

— O que eu preciso não dá para carregar, vão entregar em casa. Vamos indo ou não chegaremos a tempo na escola. – finalizou já caminhando.

 

Chegamos ao grande prédio com alguns minutos de sobra, os garotos estavam no local de sempre, conversando. A primeira vista não localizei Taehyung, porém ao me aproximar mais - não o bastante para ser notado – pude ver que este descansava a cabeça no colo de seu primo mais novo, recebendo um afago nos cabelos enquanto sorria falando algo a Hoseok.

Um desconforto me atingiu e indiquei, com gestos, a Yoongi que iria entrar. O esverdeado me seguiu e acenou como cumprimento para os que estavam longe dali, não pude deixar de fazer o mesmo e, e notar que assim que me virá Jungkook parou o que estava fazendo. 

Segui pelos corredores até a parte dos armários, a fim de deixar alguns livros no meu e pegar algo a mais que precisasse para aquele dia. Uma voz conhecida se fez presente e chamou minha atenção para si.

— Perdeu algo esses dias, Park? – a garota loira cravava seu olhar em mim.

— Não que eu me lembre. – respondi sem ligar muito para a situação, afinal não tinha me dado falta de nada. – Por quê?

— Encontrei a sua carteirinha da biblioteca na sexta... – ela parou por um momento – Estranhamente na mesa próxima a que eu estudava com Jungkookie. Você tem algo a ver com o incidente da estante?

— Do que você está falando? – fingi.

— Não seja sínico Park Jimin, eu sei que foi você que me atrapalhou aquele dia. – seu rosto formava uma expressão indignada – Espero que você fique fora do meu caminho e do Jungkookie... – concluiu irritada, jogando minha identificação da biblioteca no chão. Porque eu fui esquecer essa droga na mesa?

Parei e respirei fundo, passei as mãos pelos cabelos bagunçando os fios, me abaixei para pegar o meu pertence do chão e pensei bem nas minhas próximas palavras, e ações. Momo conseguia me tirar do sério, sua insistência em Jungkook e sua implicância comigo eram difíceis de aturar. Questionei-me internamente se aquela sensação que senti mais cedo estava me alertando sobre essa situação.

Yoongi permanecia onde estava, encostado aos armários, apenas observando a cena. Se eu não o conhecesse poderia dizer que ele não estava ligando para tudo aquilo, mas eu o conhecia e sabia que ele apenas estava absorvendo tudo e colhendo informações que surgiam pelas entrelinhas.

Momo continuava mantendo seu olhar em mim, como se ver eu me abaixando era a prova de que ela era superior. Eu não estava com paciência para discutir, meu dia havia começado bem e não queria estragá-lo tão cedo, mas sua atitude fez meu sangue subir e, antes de me retirar daquele corredor, afrontei aquele olhar diminuindo o espaço que nos separava e finalizei aquele assunto.

—Jungkook é meu amigo e eu vou protegê-lo de quem for. Então eu espero que você que fique fora do nosso caminho. – enfatizei me virando somente para fechar o armário e seguir caminhando. Não notei nenhuma fala da garota e não quis reparar nenhum tipo de reação dela.

— Cuidado que na próxima você pode ser barrada por estar usando uma saia tão curta. – Ouvi Yoongi lançar uma provocação antes de me seguir corredor a fora.

 

As primeiras aulas haviam passado com tamanha rapidez que nem me dei conta de que já era hora do intervalo. Sai da sala acompanhado de meus amigos, mas tive que acelerar o passo ao ver como Taehyung e Jungkook brincavam juntos, deixei apenas uma bufada no ar e segui meu caminho. O que eu sentia já não era mais um incômodo qualquer, era algo que não sabia descrever.

Ou não quisesse descrever.

Talvez a impressão que eu tive mais cedo estava totalmente errada.

— Você vai desfazer essa cara emburrada e me explicar o que fez ou eu vou ter que perguntar direto para a vadiazinha loira? – novamente minha atenção era voltada a Yoongi que se sentava ao meu lado. O mais velho parecia mais observador aquele dia.

— Olha, para começo de conversa a culpa não foi minha. – Comecei – O Tae me encheu a paciência dizendo que queria ia ir para a biblioteca estudar na sexta, quando na verdade ele só queria espiar o Jungkook.

— Como assim? – O outro franzia a testa.

— Nossa turma está fazendo um trabalho em duplas e a Momo deu um jeito de arrastar o Jungkook para fazer com ela. Taehyung ficou possesso e quando eles foram para a biblioteca quis ir também.

— E só por isso aquela menina ficou irritada? Parece pouca coisa para mim...

— Não foi só isso... Taehyung realmente estava espiando o que eles faziam e me colocou na mesma situação. Teve um momento em que... – pigarreei e ajustei a gola da camisa – Momo começou a avançar em Jungkook e... eu já estava vendo o Tae sair para atacar ela se acontecesse alguma coisa...

— E ai você fez alguma coisa que atrapalhou, né?  

— Digamos que sim... – Yoongi me olhava, não com o olhar de sempre, e sim com uma expressão que não soube decifrar.  Apenas continuei. – Só fiz isso para ajudar o Tae, você sabe como ele é ciumento.

— Não acho que seja só ele. – Virou seu olhar para os dois que se aproximavam, juntos. – Só vou lhe dizer duas coisas, seja lá o que você está tentando esconder de mim você não vai conseguir. E... – Sorriu de lado – posso te afirmar que o que você sente é recíproco.

 Fiquei alguns minutos apenas tentando assimilar o que ele havia dito, enquanto este ainda continuava sorrindo e balançando a cabeça levemente. Se eu conhecia uma pessoa que conseguia me deixar mais confuso que Jungkook essa pessoa era Mim Yoongi.

Após nossa conversa ele se levantou e acenou para o mais novo de todos que estava com Taehyung pendurado em seu pescoço, o moreno sorriu para nós e se desprendeu, vindo em nossa direção. O que estava de pé apenas saiu dizendo algo sobre conversar com Hoseok e nos deixou a sós.

Meu humor mudava drasticamente só com aquela presença.

--

 

A última aula havia finalmente terminado e eu já estava à frente do grande portão a espera dos que sempre me acompanhavam. Achei estranho ver que só um deles se aproximava.

— Onde está o Tae? – questionei.

— Ele já foi. Minha tia pediu para que ele passasse no mercado antes que fechasse então ele saiu correndo.

— Então é melhor corrermos também porque parece que vai haver uma tempestade. – Falei observando o céu, que realmente havia mudado. Aquele clima gostoso que estava de manhã não existia mais.

Eu já estava começando a andar quando notei que Jungkook continuava parado no mesmo lugar olhando para os lados meio desesperado, como se estivesse procurando algo. O fitei, mas não ganhei sua atenção, ele começou a se movimentar até que sumiu entre alguns arbustos que adornavam a entrada do prédio.

Gritei seu nome, mas não obtive resposta, realmente era difícil entender o motivo desse menino se enfiar no meio das plantas, me aproximei pensando se faria o mesmo ou se esperava ele voltar. Esticava o corpo para ver se conseguia achá-lo até que finalmente uma cabeça se destacou na quantidade de verde que havia ali.

Jungkook se ergueu com algo em mãos, não pude ver com clareza o que era até ele chegar mais próximo a mim. Em seus braços estava um pequeno gatinho, que miava fracamente. Olhei para o animal e depois para o moreno que me devolvia o olhar com semblante triste.

— Parece que ele está machucado. – Me olhou como seu eu conseguisse resolver aquilo. Sua inocência estava mais evidente do que nunca.  – O que vamos fazer?

— Eu não sei! Como você viu que ele estava ali?

— Eu ouvi um miado bem sofrido, só não sabia de onde vinha... até eu entrar entre os arbustos. – Se explicava – Jimin precisamos fazer alguma coisa!

— E-eu não faço idéia! Vamos levá-lo para a enfermaria, talvez alguém ajude.  – Vê-lo naquele estado estava me deixando desesperado também. Ele apenas concordou com a cabeça.

Poderia ser uma idéia idiota? Sim. Só que foi a primeira coisa que me veio à mente. Se alguém ajudaria eu não tinha noção, mas eu precisava fazer alguma coisa para deixar Jungkook mais tranqüilo, mesmo que não fosse possível no momento.

Entramos novamente no prédio e corremos para o segundo andar, diretamente para a enfermaria. Eu rezava internamente para ter alguém lá ainda, já que não estávamos mais em horário de aulas. O mais novo me acompanhava com o animal em mãos, que continuava a miar fracamente. Podia se ver o cuidado que ele tinha ao carregá-lo, sua preocupação estava estampada em seu rosto.

Chegamos ofegantes a enfermaria e surpreendemos à senhora Sun Hee, que estava prestes a sair. Parei um momento para recuperar o fôlego antes de explicar o que estava acontecendo.

— Não sou veterinária, mas posso dar uma olhada nesse bichinho. Não precisa ficar tão apreensivo. – Depois de nos ouvir direcionou um olhar calmo a Jungkook, que apertava os lábios simplesmente para se livrar um pouco do nervosismo. – Dá ele aqui.

Após deixar o gatinho em uma das camas que compunham a grande sala de paredes brancas colocou suas luvas descartáveis e começou a examiná-lo. Pegou alguns materiais como suturas, álcool e algodão e deixou-os perto de si. Passaram-se minutos até que ela finalmente terminou de envolver umas das patas do bichano com gaze.

Jungkook e eu estávamos sentados apenas esperando, o mais novo estava inquieto em sua cadeira, balançando a perna freneticamente. Eu olhava ao redor pensando em alguma forma de acalmá-lo, podia ser soltar uma frase de consolo ou uma brincadeira para descontrair, mas não consegui pensar em nada.

Só me restou lançá-lo um olhar que dizia mudamente que tudo iria ficar bem e tentei dar o meu melhor sorriso para confortá-lo. Ele soltou um suspiro e retribuiu o sorriso como uma resposta de que havia se livrado, mesmo que um pouco, de sua agonia. Uma vontade de tocá-lo me atingiu e me limitei a segurar sua mão. Firme.

— Meninos venham aqui. – A senhora nos chamou. – O gatinho só estava com um corte na pata. Eu já higienizei e enfaixei o local. O problema é que ele é filhote ainda, e pelo que vocês me contaram, a mãe deve ter abandonado ele... Se alguém não cuidar ele vai passar fome e coisas piores podem acontecer.

Jungkook que ainda segurava minha mão a apertou forte, nos olhamos numa tentativa de buscar alguma solução para aquele caso, depois de correr tanto não poderíamos deixar o animal sozinho.

— Ele não pode ficar aqui na escola? A diretora gosta de gatos não é? – Me pronunciei, questionando a enfermeira. – Eu não posso ficar com ele, meu avô não gosta de gatos...

— Eu posso falar com ela e ver o que ela acha. Vocês me esperam aqui? – Concordamos e a senhora sorriu. – Tome fique com ele por um momento. O bichano não está mais tão assustado, mas ainda é muito novinho.  – Sun Hee entregou o gato nas mãos de Jungkook novamente, que se afastou e sentou na cama acomodando o gato em seu colo. – Eu já volto.

O vi respirar aliviado e acariciar o animalzinho, que adormecia, de forma calma. Perdi-me em suas feições, em como seu olhar puro sobre o animal o deixava atraente. Percebi o quanto seu rosto era bem desenhado e que, mesmo sendo maior que eu, não aparentava ter a idade que tem. Uma inocência quase que infantil predominava ali.

Esse era um dos motivos que me faziam sentir vontade de protegê-lo. Ele era precioso demais para esse mundo.

Não sei quanto tempo de passou enquanto eu o encarava sem desviar o olhar. Jungkook pareceu perceber e quando nossos olhos se encontraram ele mirou o canto da sala, segurando um sorriso tímido, enquanto suas bochechas ganhavam um tom mais avermelhado.

— Está mais calmo agora? – Me aproximei ficando de frente para ele, quase que entre suas pernas, já que a cama era alta, e comecei a acariciar o gatinho em seu colo. – Ele vai ficar bem.

Ele meneou com a cabeça que sim e sorriu de forma encantadora. Novamente me vi perdido em seus atos, seus olhos brilhantes, que dessa vez não desviaram de mim, prendiam minha atenção. Ver que aquela expressão triste havia sumido preenchia o meu interior de alegria e me fazia sorrir de volta.

Involuntariamente me aproximei mais, postei minhas duas mãos em suas coxas e ergui o rosto para fita-lo melhor. Nossas respirações se chocavam por estarem tão próximas e notei como ele intercalava em observar a meus olhos e minha boca. Meu corpo estremecia por vê-lo tão atento em mim.

Estar próximo dele era tentador.

— Meninos? – A senhora Sun Hee entrava na sala com cautela, como se estivesse entendido o que iria acontecer se não tivesse entrado – Desculpa atrapalhar alguma coisa, mas eu já conversei com a diretora. – Disse escondendo sua risada.

— N-não atrapalhou na-nada. – Jungkook respondia extremamente envergonhado, por cima do meu ombro. – O que ela disse? – Me afastei, ajeitando meus cabelos por puro costume, para prestar atenção ao que fosse dito.

—Infelizmente ela não pode deixar ele aqui na escola, já que não fica ninguém aqui após as aulas, e também não pode levá-lo para casa porque já tem um cachorro, que é bem ciumento. – Ela se aproximou do moreno. – Você não pode levá-lo para a sua casa? Parece que é a única opção que temos...

O menor deixou os ombros caírem e encarou o chão pensativo, talvez estivesse pensando na possibilidade de sua mãe não deixar que ele fique com o animal e que seria obrigado a deixá-lo na rua novamente, pois deixou uma bufada desapontada no ar.

– Eu vou levá-lo. Vou tentar convencer a minha mãe.

– Eu te ajudo. Vem... vamos indo. – O ajudei a descer da cama e vi como ele me fitava esperançoso.

Realmente Jungkook era adorável.

 

--

 

Tentamos, mas não conseguimos chegar a casa de Jungkook antes da chuva nos pegar, estávamos no meio do caminho quando a tempestade começou a cair. Como o dia havia amanhecido sem indícios de chuva nenhum de nós tinha um guarda-chuva.

Para tentar proteger o gatinho retirei o casaco que usava por cima do uniforme e envolvemos o animal. Corremos o mais rápido possível para chegar à casa do moreno. A chuva não dava trégua em momento nenhum. Quando finalmente chegamos estávamos completamente encharcados.

Por conta do horário a mãe de Jungkook ainda não estava em casa. Por cuidado nosso o gatinho não estava tão molhado, então Jungkook o colocou no sofá, e mesmo machucado ele brincava com os dedos do moreno, era uma cena muito fofinha.

– Eu sei que eu falei que ia te ajudar, mas eu estou todo molhado acho que não é bom conversar com a sua mãe assim – disse rindo do meu estado – Acho melhor eu ir embora. – Fui em direção a porta.

– Não Jimin! – Jungkook me segurou pelo braço. – Eu não posso deixar você sair nessa chuva, ainda mais depois de você ter me ajudado. Você pode tomar um banho aqui e eu te empresto algumas roupas, afinal você só está assim por mim culpa.

– Não se culpe, eu quis ajudar você! – Sorri – Não tem problema mesmo se eu ficar?

– Claro que não! Vamos, tem um banheiro no meu quarto. – Ele me puxava pelo braço e quando percebeu isso me soltou envergonhado. – E-eu vou separar algumas roupas para você.

– E você? Também precisa se trocar se não vai ficar doente.

– Eu vou fazer isso no quarto da minha mãe. Pode ficar a vontade aqui.

Ele me deixou na porta do quarto dele e me falou para entrar, indicou o banheiro e depois saiu correndo de forma engraçada. Ao entrar no quarto senti um arrepio, estar ali por algum motivo me deixava nervoso. Era a primeira vez que eu estava em sua casa, em seu quarto. Reparei como tudo era bem organizado, e o comparei com o meu, totalmente diferente.

Tirei minha camisa e fui em direção ao banheiro, reparei que na cômoda próxima havia um quadro com a fotografia de três pessoas sorrindo, a do meio com certeza era Jungkook, seu sorriso ainda era o mesmo. Lembrei-me da primeira vez que nos vimos ainda crianças.

Terminei o banho e me sequei com a toalha que o moreno havia deixado na porta do banheiro, sai meio constrangido e encontrei uma muda de roupas logo acima da cama, me vesti e sentei-me passando a toalha pelos cabelos.

– As roupas serviram? – Jungkook entrou no quarto timidamente.

– Serviram sim, obrigado. Não precisa ter vergonha, o quarto é seu! – ele riu e se sentou ao meu lado. – Eu não pude não ver, mas você está uma graçinha naquela foto ali. – Brinquei.

Dessa vez a risada foi mais alta, seu cabelo também estava molhado e algumas gotas caiam sobre seu rosto, deixando-o mais charmoso.

– Eu também percebi aquela caixa ali, você tem um vídeo-game, mas ele não está ligado em lugar nenhum. Está quebrado?

No mesmo momento a expressão de Jungkook mudou, o sorriso sumiu, ele arregalou os olhos e mordeu o lábio inferior. Com certeza algo que eu disse o afetou negativamente.

– O que foi? Eu disse alguma coisa de errada? – perguntei preocupado, essa mudança repentina tinha algum motivo. Ele balançou a cabeça em negação, mas eu insisti. – Você pode falar comigo Jungkook.

Ele se levantou, foi até a cômoda e pegou o porta-retrato, parou por alguns segundos e voltou a se sentar ao meu lado.

– Essa foto foi tirada há muito tempo... essa aqui é a minha mãe e do outro lado é o meu pai. – A ultima palavra saiu mais baixa que o resto da frase.

– Eu já vi você e o Tae falando sobre sua mãe, mas nunca ouvi sobre seu pai... aconteceu alguma coisa com ele? – Perguntei meio receoso.

– Ele faleceu faz um tempo, nós nos mudamos por causa disso. – Ele falava cabisbaixo. – Estávamos sofrendo muito pela morte dele então minha mãe resolveu vir para cá e ficar perto da família. Tudo porque eu fui egoísta.

– Como assim?

– Meu pai morreu por mim culpa... – O olhei confuso. Como poderia ser culpa dele?

Jungkook se virou para mim e contou toda a história, sua voz saia tremula e seus olhos estavam ficando avermelhados, ele se segurava ao máximo para não chorar. Vê-lo naquele estado apertava o meu coração, eu me sentia mal por fazer ele se lembrar de algo tão triste. Ele só deveria sorrir.

Ele me explicou o que sentia, mas eu não entendia. Não entendia o porquê dele se culpar. Com certeza não era culpa dele. Jungkook era puro demais para aceitar isso. Uma lagrima escapou de seus olhos e eu a impedi de cair, secando seu rosto.

– Não fique assim, não foi culpa sua. Pelo que você me disse vocês eram muito apegados, tenho certeza de que ele, onde quer que esteja, não lhe culpa. Você devia fazer o mesmo.  

– Minha mãe também me diz isso, mas... eu não consigo pensar assim. Se eu não tivesse insistido tanto para ele me dar essa coisa nada disso teria acontecido. Estaríamos felizes na nossa cidade, todos juntos...

Outra lágrima escorreu pelo rosto do mais novo e não consegui me conter, o puxei para um abraço, a fim de confortá-lo.

– Isso quer dizer que você não está feliz aqui? Assim o Jimin aqui vai chorar também – fiz bico e o outro riu fraquinho. – Brincadeira, mas não chore por isso. Tenho certeza que seu pai quer ver você feliz!

– Eu estou feliz agora. Voc- vocês me fazem feliz. – Ele me soltou e secou algumas lagrimas que ainda fugiam. – Obrigado Jimin!

Senti um alivio no peito ao vê-lo sorrindo de novo, era assim que ele deveria ficar para sempre, feliz. Minha cabeça começava a pensar que aquele calor que esquentava o meu corpo ao ver Jungkook não podia ser só felicidade ao ver um amigo, havia algo a mais.

Eu só tinha medo de descobrir o que era.

Ou talvez eu já soubesse.

Apesar de não estarmos mais abraçados ainda estávamos próximos, me certifiquei que o moreno não chorava mais passando minha mão por seu rosto, sua pele sem imperfeições era macia e agradável de tocar. Seus olhos brilhantes pelas lagrimas recentes me chamavam a atenção, como sempre.

Eles sempre chamariam.

Aproximei-me lentamente enquanto passava o dedo indicador nos lábios do outro, ele recuou com o ato, mas eu o puxei novamente. Dessa vez eu sabia o que estava fazendo.

– Jimin... não...

– Calma, eu sei o que eu to fazendo agora...

Jungkook pareceu surpreso com a minha frase, mas se deixou levar, fechou os olhos e se entregou.

Entregou-se a mim.

Nos beijamos, começando lentamente, como se estivéssemos fazendo aquilo pela primeira vez. Era perceptível o nervosismo do mais novo e, para mostrá-lo que eu estava ciente do que estava fazendo, levei uma mão até seu pescoço e iniciei um carinho calmo.

Nossos corpos se aproximaram mais e o beijo ficou mais intenso, meu corpo estremecia a cada vez que tínhamos que nos separar para recuperar o ar porque eu via o lindo rosto de Jungkook de perto. Nessas pausas era possível analisar cada pedaço daquela face perfeita.

Eu estava apaixonado.

Com toda certeza eu estava.

Tudo o que eu não entendia ficava claro a partir daquele instante.

Nesse momento eu não ligava para as conseqüências, não ligava para o que poderia acontecer amanhã ou como nossa amizade ficaria, eu só precisava dele. Não pensava em Taehyung e na relação que eles tinham. Não me passava pela cabeça o que aquele ato poderia causar na de Jungkook. Eu estava sendo egoísta a ponto de querer ele todo para mim.

– Jungkook... – Ele fez um sinal com a cabeça para que eu prosseguisse. – Eu acho que gosto de você...

– Eu também acho que gosto de você...

Ouvir aquilo me fez sorrir, e acho que foi o maior sorriso que meu rosto já viu. Jungkook havia corado fortemente e ficado ainda mais bonito. No mesmo instante lembrei-me do que Yoongi havia dito na escola.

 Senti uma mão se agarrar ao meu cabelo e outra puxar a barra da minha camisa. Lentamente ele se deitava no colchão e me puxava para si. Era difícil acreditar no que estava acontecendo, que aquele olhar estava todo focado em mim e parecia que não desfocaria nunca.

Parece que minha intuição não estava totalmente errada.

Ele se ajeitou no colchão macio e eu me alinhava ao seu corpo por cima. Iniciamos um beijo necessitado, que esquentava o meu interior e me fazia pedir por mais contato. Por conta da nossa posição estávamos um pouco separados eu tinha que inclinar a cabeça para beijá-lo, então inverti nossas posições, fazendo Jungkook se sentar sobre minhas pernas.

Eu arfei baixo com o contato tão próximo a minha parte intima e vi como o outro também foi afetado. Deslizei meus dedos por sua lateral por baixo da camisa e senti seus pelos se arrepiarem. Não chovia mais com tanta intensidade e podia se ouvir alguns pingos batendo na janela fechada, o som parecia aumentar aquele clima ardente que começava a surgir.

– Jimin... – Jungkook me chamou ainda com os olhos fechados quando separamos nossas bocas. – Está quase na hora da minha mãe chegar... é melhor pararmos... – Me deu um selo rápido.

– Tudo bem... você quer ir para sala para esperar por ela? – Disse fazendo um carinho no rosto de outro.

– Sim, é melhor...

Antes dele se levantar o puxei para um ultimo beijo, podia dizer com toda a certeza do mundo que aquilo me viciaria. O gosto de Jungkook já havia se tornado o meu preferido.

Saímos do quarto e ficamos na sala esperando, o gatinho tinha acordado e brincava no sofá. Tenho que me lembrar de agradecer aquele animalzinho por ter aparecido na escola.

– Eu sei que não sabemos se ele vai ficar, mas não é bom dar um nome a ele?

– Eu já pensei em um nome. – Respondeu pegando o gato no colo e se sentando do outro lado da sala. – Ele vai se chamar Suki! O nome tem um significado bonito.

– É um belo nome.  – Correspondi o sorriso que me era lançado, não precisava ser um expert em língua japonesa para entender o nome.

Não demorou muito para a mãe de Jungkook chegar, ela estranhou minha presença alegando que Jungkook nunca havia trazido alguém para casa além de Taehyung, o que me fez rir do modo como ele corava. Ela parecia feliz em me ver ali e deixou que o animal ficasse desde que Jungkook se responsabilizasse por ele. Como não chovia mais anunciei que iria embora e foi difícil convencê-la de que eu não ficaria para o jantar.

– Volte mais vezes Jimin, eu gosto de conhecer os amigos do meu filho!

– Pode deixar, eu voltarei sim!

– Eu vou levar o Jimin lá fora mãe, já venho. – Disse apressado.

Ele me levou até a frente da casa e antes de me despedir roubei um selo rápido de seus lábios.

– Até amanhã!

– Até amanhã Jimin. – respondeu timidamente.

Segui meu caminho e por ele avistei a casa de Taehyung, foi quando recuperei a consciência do que havia acontecido e como isso o afetaria. Somente eu sabia sobre seu “relacionamento” com Jungkook – apesar dos outros desconfiaram – e o que eu fiz não seria digno de alguém que se diz melhor amigo. Meus sentimentos foram fortes que minha razão e isso poderia machucá-lo muito.  Não só a ele.

Eu estava ferrado.

Completamente ferrado. 


Notas Finais


Oi oi!
Revelações nesse capitulo não é? Agora que as tretas começam HUHAUHAUHAU
Eu tentei deixar implícito o que o menino Jungkook preferia, mas depois de cap acho que ficou claro né? <3
O próximo é do Kookie e vocês vão saber mais sobre isso.
Beijinhos ~


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