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História Ruthless Love - Enigmas


Escrita por: fckzjdb

Notas do Autor


OLÁAA, boa leitura! Nos vemos nas notas finais!

Capítulo 12 - Enigmas


Chaz levantou as mãos em rendição ao mesmo tempo em que revirou os olhos. Aparentemente, assim como eu, ele já estava se cansando de sermos interrompidos por Justin sempre que chegávamos perto de onde queríamos - ou pelo menos de onde eu achava que queria. Bufei e me apoiei na mesa de sinuca, esperando pelo próximo show que ele daria. Pensei que as suas preocupações estivessem totalmente sobre a Jessica no momento, mas o brinquedo dele deve ter ficado sem pilha. 

  - E lá vem ele de novo - murmurou Chaz, me fazendo rir. Percebi que o olhar de Justin caiu sobre o meu com uma expressão furiosa e decidi parar de esboçar qualquer emoção diante da situação que se criava ali. 

Ao perceber que eu não o afrontaria, Justin partiu para cima de Chaz, pegando-o pela gola da camisa semiaberta e o empurrando até a parede mais próxima. Meu peito saltou ao ouvir o barulho do corpo do Charles se chocando contra a parede, levando à queda de alguns tacos que se ajustavam despretensiosamente no suporte. Olhei assustada para o local onde dois traficantes provavelmente se enfrentariam e temi que presenciasse qualquer um deles se machucando ferozmente. 

 - Você é surdo, porra? - gritou Justin. Pude ver Chaz revirando os olhos - Eu disse pra ficar longe dela! 

 - Vai se fuder, Justin! 

Presenciei o punho dele se erguendo e atingindo a lateral do rosto de Chaz, que tombou indignado com o ato do amigo. Sangue escorria pelo canto da boca dele e pude ver seu olhar cair sobre o meu, expressando vergonha, como se não quisesse que eu o visse fraco diante de Justin. Olhei para a parede ao lado, evitando contato visual com Chaz, que cuspiu no rosto do amigo em seguida. 

Ouvi passos rápidos se aproximando e avistei Ryan parado na porta com um olhar de preocupação, mas também de raiva. Era como se a briga entre os dois já fosse algo comum e entediante ao Ryan. Ele diminuiu a velocidade ao ver que Chaz e Justin já não se atingiam fisicamente e tentava chegar até eles. 

 - O que tá acontecendo aqui? 

Quando Ryan passou na minha frente, peguei-o pelo braço tentando não parecer ofensiva. Balancei a cabeça em negação tentando fazer com que ele ficasse quieto e não colocasse mais pólvora na bomba que estava se criando ali. Ambos pareceram ignorar a intromissão do Ryan na sala. 

Justin reagiu lentamente ao cuspe na cara, limpando o sangue de maneira dramática e demorada. Podia sentir o olhar mortal que ele direcionava para o Chaz, mesmo que a única visão que eu tivesse da sua cabeça fosse o cabelo loiro. 

 - Qual é a porra do seu problema, Somers? 

 - O meu problema, Bieber? - respondeu Chaz antes de soltar uma risada irônica - Vai se fuder! Você acha que é a porra do centro do universo e que tudo pertence a você, acha que pode mandar em todos e que sempre vai ser impune a essa merda. Quer saber de uma coisa, seu idiota? A Katniss fica com quem ela quiser e para de tentar empatar minha foda, seu invejoso de merda - disse empurrando Justin do seu aperto. 

Eu poderia ter dito alguma coisa e atrapalhado aquele momento, mas, no fundo, queria ver até onde os ataques verbais iriam. Dei impulso no meu corpo e me sentei sobre a mesa de sinuca, tentando não fazer muito barulho enquanto Justin encarava Chaz antes de começar a rir ironicamente. 

 - Invejoso? Eu sou a porra do chefe aqui, Somers, eu não preciso ter inveja de nada, porque eu tenho tudo. A porra da casa é minha, tudo sobre o meu teto me pertence, até mesmo a porra da Katniss. Eu não divido comida e não vou abrir uma exceção pra você, então vê se consegue achar alguém que não seja um resto meu. 

 - Você é um idiota, Bieber - exclamei saltando da mesa de sinuca e me aproximando dos dois - Você não devia estar com a Jessica? 

Me encostei ao lado de Chaz e puxei seu rosto na minha direção, analisando o pouco de sangue que ainda escorria. Ele abriu um sorriso debochado e senti o olhar de Justin cair sobre nós dois. Pude perceber que uma risada se formava nos lábios dele, que só um tempo depois explodiu, me fazendo olhar para o homem que ria forçadamente. 

 - Isso é ciúmes? - deixei de analisar Chaz e de me mover. Estava esperando pela próxima merda que ele diria. Minha vontade de estapeá-lo só aumentava à medida que palavras saíam de sua boca - Relaxa, Katniss. Ela não é tão apertada quanto você. 

Justin tentou acariciar minha bochecha, mas antes que ele chegasse a me tocar, estapeei sua mão e a afastei de mim. O olhar malicioso que ele possuía logo se tornou pura raiva, mas já estava me cansando dessa brincadeira sexual na qual ele me metera. 

 - Não fale comigo como se eu fosse uma vadia, Bieber. 

 - Claro que não, Katniss. Se você fosse uma, estaria bem mais arrombada, que nem sua amiga - disse depois de rir. 

Por mais que estivesse tentando me controlar, ergui o braço e acertei a lateral do seu rosto. Pude perceber o tom de ironia na sua voz e a verdade por trás da sua afirmação. Só tive tempo para me arrepender quando vi seus olhos quase exalando chamas contra os meus. Chaz se reteve ao meu lado e pareceu ficar sem o que fazer caso algo me acontecesse. Afinal, eu não deveria ter esquecido qual a minha posição dentro daquele lugar: uma mera prisioneira, mais inferior do que qualquer objeto. Nunca aceitei ser ridicularizada da maneira que Justin estava fazendo e, para mim, simplesmente não importava seu poder e ódio de ser desafiado, eu não aceitaria ficar por baixo e calada. Por um momento, só desejei que meu pai resolvesse toda essa bagunça logo. 

Justin saiu do estado de torpor segundos depois e eu ja podia sentir meus batimentos cardíacos se acelerando com os atos que viriam a seguir. Ele segurou meu cabelo e me puxou em sua direção. Percebi que Chaz tentou contê-lo ao segurar seu braço, mas Justin rapidamente se desvencilhou do aperto do amigo que, há pouco, xingava. Coloquei minhas mãos em meu coro cabeludo em uma tentativa de aliviar a dor ocasionada pelo puxão de Justin. Ele me segurava como se meus fios fossem uma coleira enquanto me arrastava para a parte superior da casa, onde ficava meu suposto quarto. Passei por Ryan, que, assim como Chaz, pareceu ter ficado sem muita reação e apenas observou o que acontecia ali. 

Tropecei diversas vezes nos degraus, no entanto não caí, já que Justin segurava meu cabelo e o impulsionava para cima sempre que sentia me desequilibrando. Eu queria chorar, gritar, sumir. Minha estadia naquele lugar se resumia a obedecer feito um animal ou a sofrer como um; ou eu agia como uma vadia submissa ou apanhava como uma. 

Eu sentia as lágrimas se acumulando nos meus olhos e tentei ao máximo não piscar para não deixá-las escorrerem. Ao mesmo tempo em que meu peito parecia estar sendo sufocado pela dor física e psicológica que toda aquela situação criava sobre mim, eu sabia que havia uma boa parte de raiva querendo ser expelida e acertar o corpo de Justin, mas eu também sabia que isso só resultaria em consequência piores. Por isso, optei por ser a vadia submissa. 

Ao chegarmos à frente do quarto, ouvi a porta sendo aberta apressadamente. Depois disso, só senti meu corpo se chocando contra a cama e então vi a figura assustadora de Justin parada à minha frente. Limpei uma lágrima que teimou em cair e o encarei com o olhar mais desafiador que eu pude formular naquele momento. Ele riu de modo debochado enquanto me encarava com ironia nos olhos. 

Justin passou as mãos pelo próprio cabelo e o puxou, bufando em seguida. Seu olhar se manteve fixo no meu por alguns instantes antes de ele virar as costas e sair do quarto, fechando a porta com fúria. Pude ouvir o barulho de chaves e presumi que estava sendo trancada ali dentro. Em vista de suas reações anteriores, esta havia sido a melhor de todas. Suspirei fundo quando percebi que não sofreria qualquer violência física, deitei-me na cama e me encolhi debaixo do cobertor, apenas aceitando a minha condição precária sobre aquela mansão. 

Justin Drew Bieber P.O.V

Eu não conseguia decifrar quem havia me irritado mais naquele momento: Katniss ou Chaz. Embora ela tivesse estapeado minha cara, sentia que devolver a violência me faria, de alguma forma, mais fraco diante dela. Por um lado, acho que quis demonstrar que seu tapa não mudaria minha opinião quanto à sua posição de vadia. Katniss podia ter os seus momentos que abalavam minhas condições e me faziam rever a forma com a qual eu a tratava, mas eu sabia que, no fundo, ela só seria mais uma vadia sobre meu teto. Ou talvez eu quisesse vê-la assim ao invés de vitimizá-la. 

Houve momentos que cheguei a me perguntar se isso tudo seria mesmo necessário, isso de mantê-la prisioneira. Jackson não aparentava ter se interessado totalmente no sumiço da filha e eu duvidava que meu plano havia sido realmente bom. Talvez seu sangue fosse frio o suficiente para não se importar com a filha que possuía. Seu desinteresse por ora me irritava, mas pensar que ele ainda estava à procura de Katniss servia como justificativa para ainda mantê-la comigo. Quando você está na busca do trono, muitos inimigos se acumulam nas suas costas e você nunca sabe qual atacará primeiro. 

Talvez fosse isso, talvez ele realmente estivesse à procura da filha e tivesse me descartado logo depois de invadir meu galpão e não ter encontrado qualquer brecha no meu discurso. Acreditar nisso sustentava minha justificativa para manter Katniss próxima a mim. 

Eu sabia que ela não era ruim como o pai ou como eu. Katniss havia me feito rir como eu não ria há muito tempo, também me proporcionara gozadas seguidas em um mesmo dia. Talvez poderíamos tornar sua estadia por aqui mais interessante caso chegássemos a um acordo que beneficiasse a ambos. No momento, no entanto, meu foco estava em deixá-la trancada naquele quarto para ver se aprendia que não devia me desafiar daquele jeito mais uma vez. Ainda estava pensando se a deixaria passar fome e até quando ela ficaria naquela situação. 

Desci a escada presunçosamente enquanto me preparava para encarar Chaz mais uma vez. Sua incessante tentativa de se igualar a mim no quesito "fodedor" chegava a me irritar, ainda mais quando ele envolvia algo que decerto eu possuía. Katniss me pertencia simplesmente pelo fato de o chefe dali ser eu, fui eu quem coordenei seu sequestro. 

Atravessei a sala de estar e cheguei às proximidades da porta que dava para o salão de jogos, onde encontrei Ryan com um pano na mão o entregando ao Somers. Joguei o pano no chão antes que Chaz pudesse alcançá-lo, e apontei meu dedo em sua garganta, pressionando o local. 

 - Espero não ter que repetir aquela cena mais uma vez. 

Chaz não respondeu e manteve sua expressão facial indiferente. Larguei-o e peguei o pano que havia derrubado, arremessando-o em sua direção. Apesar de tudo, ainda éramos irmãos. Percebi que ele agradeceu discretamente com um aceno de cabeça. Virei as costas e me preparei para seguir até o escritório e assim visionar Jake. 

 - Chris está vindo para cá - ouvi a voz despreocupada de Ryan atrás de mim. Entortei a cabeça em sua direção rapidamente, talvez assustado pela informação repentina. Ryan dissera que ele viria aqui hoje, mas não pensei que fosse verdade. 

 - Agora? 

 - Foi o que ele disse - respondeu enquanto apontava para a tela do celular. 

 - Algum motivo especial? - perguntei ao tentar entender a atitude repentina de Chris. Ryan me olhou com confusão nos olhos, como se quisesse saber porque a visita de um amigo deveria ter um motivo especial - Pensei que já tivéssemos nos esclarecido ontem - prossegui. Butler deu de ombros e guardou o celular no bolso da calça. 

 - De qualquer forma, ele já deve estar chegando. 

Respirei fundo e assenti com um aceno de cabeça. Não me sentia confortável ao ver os outros tomarem atitudes autônomas que interfeririam nas minhas. Meus planos eram me enfiar no escritório e esperar por explicações de Jackson sobre o que estava acontecendo. No entanto, o aviso de Chris me fez alterar o que eu esperava fazer nesse fim de tarde. 

Peguei uma cerveja no frigobar e depois segui até a sala de estar, onde me joguei preguiçosamente sobre o sofá antes de ligar a televisão. Não fiz questão de chamar Ryan ou Chaz para me acompanharem, já que ambos tomaram a liberdade de se aproximar com uma cerveja também em mãos. Deixei no canal que passava uma luta não muito significativa do UFC enquanto esperava Chris chegar em casa. 

Não demorou muito e logo ouvi o interfone tocar. Um dos seguranças da guarita informou que "Chris Beadles" se identificava na entrada do portão principal, o qual se camuflava no meio de alguns destroços de mato. Autorizei sua entrada de prontidão. 

A porta da sala foi aberta instantes depois quando Chris entrou. Ele se aproximou do sofá e nos cumprimentou com um sorriso nos lábios. Apesar de ser o mais novo, Chris sempre se mostrou peça importante para a equipe. Ele se sentou depois de ir pegar uma cerveja, apoiou uma de suas pernas sobre a outra e se ajeitou ao nosso lado. 

Encarei-o pelo canto do olho, esperando que ele se manifestasse à respeito da visita repentina. Não fazia sentido ele chegar ali do nada sem mais nem menos. Quando passados alguns poucos minutos, cansei de esperar por respostas e me prontifiquei a obtê-las. 

 - E ai, o que tá rolando? 

Percebi os meninos olhando para mim, mas eu mantive minha atenção sobre a televisão. Chris deu uma golada na bebida e apoiou as costas no sofá. 

 - Senti falta de passar um tempo com meus amigos - respondeu de modo despreocupado. Eu ri fracamente, não acreditando em suas palavras - Apesar de eles terem me entregado sem remorso pra trás das grades. 

O clima pareceu ter se esfriado. Engoli minha própria saliva antes de tomar um gole da cerveja em uma tentativa de fugir desse assunto. Não era verdade, nós tentaríamos socorrê-lo, mas ele foi mandado para outro estado e isso estava fora do nosso alcance. Gangues de estados diferentes nao costumavam se colidir, e, quando isso acontecia, o resultado não era bom. Percebi Ryan e Chaz se reterem ao meu lado. 

 - Ei cara, não foi bem assim - disse Ryan enquanto se ajeitava no sofá, aparentemente desconfortável com a situação - Você sabe as complicações que nos meteríamos se tentássemos te resgatar da prisão da Florida. Ficamos realmente abalados quando você foi pego, cara. Tentamos pensar em algo pra te livrar daquilo, mas você sabe como as coisas funcionam, Chris. 

Ryan parecia estar totalmente sem jeito. Depois de ter tentado amenizar a situação, a sala entrou em um silêncio profundo. Dei uma breve espiada, pelo canto do olho, em Chris. Ele olhava para a televisão como se não tivesse prestado atenção alguma ao que Ryan acabara de falar. Bufei e rolei os olhos, entediado pelo drama que estava se criando ali, até que Chris começou a rir. 

 - Está tudo bem, não sou nenhum mariquinha. Eu consegui me virar e entendo suas razões. Só estava brincando. 

 Ryan pareceu ter soltado o ar que prendia e riu fracamente, junto com Chaz e comigo. Relaxei e dei mais um gole em minha cerveja. 

 - Tudo bem então - recomeçou Chris - Eu descobri algumas coisas. 

Com esta frase, Chris chamou minha atenção. Virei minha cabeça em sua direção e passei a encará-lo, esperando que continuasse a falar. Pude perceber Chaz se ajeitando no sofá ao lado, jogando o pano que usava para limpar a boca na mesa de centro. 

 - Conheci um cara chamado Andres quando estive preso. Éramos do mesmo turno de limpeza do pátio e ele sempre pareceu ser muito folgado em relação ao comando dentro da cadeia. Ele pensava que mandava em todos os outros e isso nos fez entrar em uma briga um dia, quando ele tentou me humilhar na frente dos demais. Isso nos ocasionou em uma solitária, mas eu havia acabado de entrar e a confusão acabou se passando por despercebida. De qualquer jeito, - disse após bufar fracamente, como se reconhecesse que dissera muitas informações inúteis - depois disso acabamos nos aproximando. Ele nasceu no México, mas se mudou pro Texas quando ainda era novo. Depois de crescer, Andres acabou se envolvendo com uns caras do tráfico por lá, mas eles o enganaram e o contrabandearam pra Georgia. 

Chris se ajeitou na poltrona do sofá e deu um último gole em sua cerveja, amassando-a e tentando arremessá-la no pequeno cesto de lixo próximo à cozinha. Ele errou a mira, mas ignorou esse fato. Em seguida, limpou a garganta antes de prosseguir com suas palavras. 

 - Andres foi enviado para trabalhar como garoto de programa, mas antes de concretizar isso, acabou conhecendo Marco. Ele o salvou desse meio, pois tinha rancor com o pessoal que Andres se envolvera no Texas. Marco Campbell. Conhecem? 

Travei meu maxilar. Olhei para Chaz e o vi me encarando apreensivamente. Ele se lembrava que Jackson estava tendo algum envolvimento com este sujeito, ainda não sabíamos qual, mas tínhamos todas as evidências desde ontem. Ouvi a risada de Chris, que me fez sair de meus devaneios. 

 - Bom, pelo jeito, sim. E acho bom que conheçam mesmo, porque ele tá atrás de você, Bieber. 

Não pude deixar de soltar um riso abafado. Era engraçado pensar que a lista de inimigos crescia gradativamente com o decorrer do tempo. Embora eu tivesse a consciência de que isso fizesse parte do meio no qual eu estava inserido, nunca pensei que pessoas tão aleatórias pudessem estar suprindo um ódio por mim. Eu só ouvira falar de Campbell algumas vezes, bem remotas. Ele nunca tivera algum grande reconhecimento no mundo do tráfico, pelo menos não em comparação a mim.

Eu não sabia o que tinha feito dessa vez para tê-lo atrás de mim, mas sabia que ele se juntara ao Jackson com o mesmo objetivo. A informação que Christian acabara de dar não poderia ser mera coincidência com o envolvimento de Jake com Marco Campbell.

 - Bom, pelo menos as coisas fazem mais sentido agora - disse Chaz rindo fracamente antes de bebericar sua cerveja e então descartá-la. Concordei com um aceno de cabeça e um sorriso nos lábios.

 - Como assim? - indagou Ryan. Seu rosto, assim como o de Chris, expressava confusão.

 Chaz lhes explicou toda a descoberta que realizamos ontem, sobre como Jackson estava, de alguma forma, aprontando alguma coisa para cima de mim junto com Campbell. Ryan se mostrou surpreso com o que ouvira, mas Chris aparentava ter escutado nenhuma novidade, já que seu semblante se manteve neutro. Talvez ele já soubesse que Marco agia em conjunto.

 - Por que isso? - perguntei depois de Chaz ter terminado de falar - Por que Campbell está atrás de mim? Ele quer dominar Atlanta?

 - Parece que você torturou e matou alguém próximo a ele. Ele só quer vingança. Talvez dominar Atlanta venha como brinde - respondeu Chris despreocupadamente - Mas duvido que Jackson dividiria o posto caso conseguisse te derrotar.

 - Você sabe quem?

Chris passou a me encarar com um sorriso malicioso nos lábios. Eu sabia que dependendo do motivo da vingança de Campbell, as consequências poderiam ser maiores. Pelo jeito, estava sendo algo altamente bem planejado.

 - A filha - não pude deixar de rir.

 - Até que a história dos dois quase se coincide, não é? - disse brincando em relação a minha situação com Katniss. Pude ouvir a risada dos meninos acompanhando a minha enquanto eu dava um último gole na minha cerveja.

Levantei do sofá e recolhi as demais latinhas já descartadas, direcionando-as até um cesto de lixo. Peguei um maço de cigarros guardado sobre o balcão da cozinha e acendi um com um isqueiro antes de voltar a me sentar no sofá.

 - Quem é a filha dele? - perguntou Ryan.

 - Não sei o nome - respondeu Chris antes de tomar o cigarro de minhas mãos e dar uma tragada nele, devolvendo-me em seguida - Mas, pelo o que eu entendi, ela morreu em uma das festas que o Bieber deu. Ela foi mandada pelo pai pra descobrir os planos que vocês estavam fazendo em relação ao assalto a um banco. Alguém deve ter descoberto ela, e o final vocês já sabem... - disse antes de pegar meu cigarro mais uma vez.

 - Porra, para de pegar essa droga - reclamei tomando-o da sua mão, tragando profundamente e soltando a fumaça para o lado de Chris. Ele tossiu enquanto ria, juntamente a Chaz e Ryan.

 - Você disse que Jake estava em Savannah. - disse Ryan -E quando é que ele volta?

 - Não sabemos - dei de ombros. Estava ansioso para saber as novidades que me aguardavam, mas não tinha como eu controlar tudo o que Jake fazia. Era arriscado demais ligar para ele sabendo que, no momento, ele estava envolvido com o pessoal do Hoffman. Gostaria de saber se meu plano com Katniss estava dando certo, ou se o merda do pai dela já havia desistido de encontrá-la, mas teria que aguardar até Jake dar as caras por aqui.

 - O que sabemos é que Jackson provavelmente já está de volta a Atlanta. Então é questão de tempo ate Jake chegar - disse Chaz.

 - Desde quando Jackson está de volta? - perguntou Chris.

 - Não sei. Ontem, talvez. Ainda não tivemos sinal dele - respondi.

 - Então, se ele seguir o padrão de sempre, o resto de sua equipe provavelmente estará de volta hoje ou amanhã - disse Ryan, que parecia estar refletindo em voz alta. Assenti com um aceno de cabeça, esperando que Jake retornasse o mais breve possível.

Olhei para o relógio do meu pulso e constatei que já passavam das 7 horas da noite. Convidei Ryan, Chaz e Chris para jantarem em casa e resolvemos pedir uma pizza. Enquanto o pedido não chegava, ficamos assistindo uma partida de hockey no gelo enquanto ouvíamos comentários revoltosos de Chaz sobre passes errados.

 - Então a irmã do Jake resolveu liberar pro chefinho, ein - disse Ryan, numa tentativa de puxar assunto e fugir das reclamações do Somers. Pude perceber que Chaz se reteve no seu canto e aparentemente passou a prestar atenção no novo assunto que se criava ali. Ri do comentário de Ryan enquanto enchia um copo com um pouco de uísque.

 - Ela é inacreditável - disse de forma divertida. Um sorriso malicioso se formou nos lábios de Ryan.

 - Isso quer dizer que ela deu uma ótima conta do recado, Bieber?

 - Isso quer dizer que ela é uma vadia - disse rindo - Se aproximou da Katniss pra chegar até mim - continuei enquanto balançava a cabeça negativamente, ainda mantendo um sorriso nos lábios - Pelo menos foi isso o que ela me contou depois de ter invadido o meu quarto. Acho que foi uma tentativa para me conquistar, como se eu gostasse das mais vadias.

Ouvi risadas escandalosas após o meu comentário. É claro que eu nunca dispensaria uma mulher gostosa como a Jessica, ainda mais se ela estivesse se oferecendo tão facilmente para mim. Seu comportamento não me incomodou, pelo contrário, só facilitou a minha diversão. Seria estranho agora, no entanto, ver a relação da Katniss com a Jessica. Não sei se elas teriam a mesma birra que as outras garotas têm quando foderam com o mesmo cara. Apesar de que duvidava bastante da realidade da amizade das duas, parecia ser tudo mais um jogo de interesse do que simpatia. Pelo menos isso ficou claro, por parte da Jessica, ontem.

Momentos depois, o interfone tocou e o porteiro anunciou a chegada da pizza. Um dos meus seguranças chegou até a porta de entrada da casa com as embalagens da pizzaria em mãos, passando-as para mim. Coloquei tudo sobre o balcão da cozinha, deixando que cada um se virasse com o pedaço que quisesse. Tirei mais uma cerveja da geladeira e a abri, dando um longo gole em seguida.

Depois de comermos, Chaz, Ryan e Chris resolveram ir para suas casas - e finalmente me deixarem um pouco em paz. Já era tarde e me perguntava se Katniss estaria acordada passando fome ou se havia caído no sono de uma vez. Para tirar a dúvida da cabeça, segui até seu quarto e o destranquei. Lentamente abri a porta, evitando acordá-la caso fosse o caso de ela ter dormido.

 Ao entrar, notei a luz azulada que emanava da televisão e iluminava o ambiente parcialmente escuro. O som estava bem baixo, praticamente mudo. Olhei para a cama e vi a figura de Katniss encolhida sobre o cobertor. Suas pernas pareciam envolvê-lo em um abraço e estavam aparentemente desnudas. Aproximei-me mais e percebi que ela vestia somente uma calcinha, que se aproximava do formato de um mini shorts.

Esse era, aparentemente, uma mania de Katniss: dormir com a porra da bunda à mostra e me provocar toda vez que eu entrava pra verificar seu estado. Passei a mão pelo meu rosto, tentando evitar criar qualquer cena erótica na minha cabeça. Pelo contrário, a acordaria à força e lhe faria me satisfazer.

Olhando-a assim, quieta e sem me enfrentar, até poderia sentir certo remorso por estar a privando de viver sua vida do jeito que queria. Essa foi a primeira vez que envolvi pessoas tecnicamente inocentes em meus problemas. Katniss era apenas uma ironia do destino, que me serviu como última carta na manga na tentativa de desbancar o pai da competição de dominar o tráfico da cidade de Atlanta.

Tê-lo ao meu lado no "trono" impedia que as cargas importadas pertencessem totalmente a mim. Embora existam outros mafiosos na cidade, é fácil, para mim, roubar as encomendas que eles realizam. Combater ferro com ferro, no entanto, complicava que fosse assim também com as cargas de Hoffman. Intervir em seus planos era bem mais difícil do que intervir nos planos de qualquer amador por aí.

Por mais que Katniss tivesse um jeito desafiador na maioria do tempo, dava para notar que isso se referia a armadura que ela mesma criara com base no ambiente em que cresceu. Ter que conviver, desde criança, mesmo que indiretamente, com o tráfico, a violência, a ignorância e o descaso não deve ter sido fácil.

Lembro-me de Hoffman tentando proteger a filha desse mundo, mas eu sei que ele não poderia se proteger disso. O desprezo e o desinteresse com os próprios sentimentos acompanham aqueles que se envolvem nesse meio frio e calculista que caracteriza o crime. Não poderia culpá-lo, talvez eu fosse do mesmo jeito.

Encontrei o controle remoto ao lado de Katniss, praticamente encostando em seu corpo. Poderia desligar a televisão pelo próprio aparelho, mas inclinei-me sobre ela e tentei alcançá-lo cuidadosamente. No entanto, acabei perdendo o equilíbrio por alguns segundos e me apoiei no braço dela para não cair. Rapidamente, peguei o controle e desliguei a televisão.

Notei, porém, que Katniss se mexera e começara a virar o rosto para o local onde eu estava parado. Seus olhos ainda estavam fechados, mas lentamente ela os abriu e tentou me focalizar depois de esfregá-los com as mãos.

- Justin? - perguntou com a voz rouca e fraca.

 - Sobrou pizza lá embaixo - disse me afastando de perto da cama.

Ao me aproximar novamente da porta, olhei uma última vez para trás e a vi com os olhos abertos e atentos me observando no meio da parcial escuridão do quarto. Ela suspirou fundo e fechou seus olhos verdes.

 - Obrigada - sussurrou.

Por fim, atravessei a porta e a fechei, sem trancá-la desta vez. Caminhei até meu quarto e me joguei direto na cama. Despi-me, ficando apenas de cueca, já me preparando para dormir e apaziguar a minha mente dos remorsos e preocupações que a rodeava. Não demorou muito, e logo meus olhos se fecharam.

 

 - Senhor Bieber! - disse uma voz feminina ao mesmo tempo em que senti meu peito sendo sacudido.

Abri os olhos lentamente devido à claridade que preenchia o quarto pela cortina parcialmente fechada. Não fazia ideia da hora que era, mas para Madalena estar parada à minha frente me acordando, deveria ser algum assunto urgente - e eu realmente esperava que fosse por ter acordado dessa forma.

 - O interfone está tocando, precisam falar com o senhor - explicou ela antes de se retirar rapidamente do quarto.

Bufei e peguei uma bermuda dentro do closet, vestindo-a e em seguida indo até o corredor para pegar um dos interfones espalhados pela casa. Ele não estava tocando, então o segurança já deveria estar me esperando pelo outro lado da ligação.

 - Fala - disse rude e de mau humor ao tirar o aparelho do gancho.

 - Senhor, Jake Clark está aqui na portaria. Posso liberá-lo?

 - Ah - exclamei enquanto me recompunha, deixando de lado tanta ignorância devido ao sono interrompido. Eu precisava de Jake perto para explicar os eventos descobertos o mais rápido possível - Manda entrar e subir pro escritório.

Recoloquei o interfone em seu gancho e voltei para o meu quarto a fim de vestir alguma camiseta. Em seguida, segui até o escritório para esperar por Jake. Não demorou muito, e logo ouvi o barulho da maçaneta se girando.

 - Bieber - cumprimentou Jake ao me ver atrás da mesa central do ambiente.

 - Bata antes de entrar. - ele me olhou e abaixou a cabeça, assentindo em seguida. Jake se aproximou do local onde eu estava e se sentou à minha frente. Ele não pronunciou palavra alguma, permaneceu de cabeça baixa enquanto brincava com seus dedos em seu colo. Aparentemente, ele estava esperando que eu começasse a dizer o que queria, mas acho que isso já era óbvio para ele.

 - Por que não voltou com Jackson? - comecei dizendo. Ele ergueu a cabeça e me olhou, suspirando fundo em seguida.

 - Tivemos algumas complicações.

 - Não diga - revidei enquanto revirava os olhos - Seja direto, Jake. Não estou com paciência a essa hora da manhã. - ele assentiu e se endireitou a cadeira. - O que estava fazendo com Campbell?

 - Jackson se juntou a ele para tentar te derrubar, mas eu não estou por dentro dos planos que eles estão fazendo. Jackson me deixou para trás dizendo que eu deveria esperar chegar alguns armamentos que Campbell encomendou. Eu os repassaria para Jackson, e já repassei assim que cheguei em Atlanta. Passei lá antes de vir pra cá. - disse se explicando.

 - Não seja tão imprestável, Jake. Você tá aqui pra descobrir as coisas pra mim, porra! - disse irritado. Minhas expectativas de clarear as confusões da minha cabeça se esvaiam a cada segundo. Jake não parecia saber de merda alguma e isso me enfurecia.

 - Jackson não é nenhum amador, Bieber. Ele não é que nem você, ele não tem pessoas em quem confia de olhos fechados como você tem a nós. Ele não conta seus planos para outras pessoas. Ele vive por ele e só por ele. Se eu ficar pegando em seu pé para descobrir tudo o que está acontecendo, ele vai se ligar em algum momento, porra.

Encarei-o por alguns segundos antes de bufar derrotado. Isso fazia sentido, mas o fato de Jake não ter nada revelador me irritava. Passei minhas mãos pelo meu rosto, esfregando-o e tentando encontrar alguma saída para a confusão que eu sabia que Jackson estava preparando para cima de mim. Eu precisava estar um passo a frente dele.

 - E Katniss? Ele continua a procurando?

 - Desconfio que ele tenha se juntado ao Campbell pra conseguir ajuda quanto a isso. Sei que à principio tínhamos ido pra Savannah em busca dela, mas somente quando chegamos lá percebi que era algo maior do que isso. Jackson ainda está atrás da filha, é claro, mas não tá sozinho. Ele planeja procurá-la ao norte da Geórgia em breve. O cara tá louco atrás da filhinha dele, mas ainda tem você em seus primeiros planos. Além disso, desconfio que a aliança com Campbell também beneficie o massacre que ele tentará fazer depois de descobrir quem mexeu com a família dele.

Sorri maliciosamente por alguns segundos. Saber que meu plano causava os impactos que eu planejava era satisfatório. Eu não queria contar para Jackson que estava com a filha, não ainda. Esperaria que ele se enfraquecesse ao longo dessa procura e então atacaria seus planos, enfraquecendo-o mais ainda. Esperava que Katniss estivesse servindo como uma boa distração para ele - e até mesmo para mim, nas horas vagas.

 - Tudo bem, Jake. Pode ir, conversamos mais tarde quando você resolver se tornar menos imprestável. Obrigado por essas míseras informações. - disse enquanto o dispensava com um aceno de mão. Ele riu fraco e se levantou da cadeira, me dando as costas em seguida e saindo do escritório.

Levantei-me e despejei um pouco de uísque num copo ainda sujo deste líquido. Suspirei fundo e decidi retornar para o meu quarto e terminar meu sono interrompido.

Katniss Fair Hoffman P.O.V

Assim que eu começo a perder a necessidade de repor minhas energias, meu sono se torna mais leve e qualquer mísero barulho torna-se o motivo do meu despertar. Assim que ouvi a maçaneta da porta do quarto se girando e o chiado da madeira ocasionado pela abertura desta, meus ouvidos rapidamente se tornaram alertas e eu acordei. Eu não queria abrir os olhos e encarar a claridade que o corredor colocaria sobre eles, mas fui obrigada assim que ouvi uma voz me chamando ao pé da cama.

 - Katniss - sussurrou uma voz rouca. Eu resmunguei e tentei identificar quem falava comigo, mas assim que abri os olhos percebi que o quarto ainda estava escuro e a porta estava fechada. - Katniss, acorda.

 - O que foi? - respondi ainda tentando descobrir a quem pertencia essa voz. Em sussurros, todas as vozes pareciam ser as mesmas.

 - Sou eu, Jake - disse. Não era a resposta que eu esperava, não fazia sentido algum tê-lo ali no meu quarto agora. Franzi minha testa e inclinei a cabeça para trás numa tentativa de identificá-lo e também de me afastar dele.

 - O que você quer?

 - Eu preciso te contar uma coisa - disse de maneira receosa. A confusão em minha cabeça só crescia a cada instante dele no meu quarto. Percebi que Jake virou para a direção da porta, encarando-a e então respirando fundo. Esperava ouvi-lo dizer que queria algo de mim, algo físico, como ele já havia pedido diversas vezes quando ainda era o Chris que trabalhava para o meu pai, mas não foi isso que eu ouvi - Seu pai sabe que você tá aqui e ele me pediu pra te pedir uma coisa.

Eu despertei em um pulo e meu coração saltitou dentro do meu peito. Sentei-me na cama e arregalei meus olhos enquanto tentava entender o que eu acabara de ouvir. O que estava acontecendo? Pensei que as confusões em minha mente não poderiam aumentar, mas eu me enganei. 


Notas Finais


Oláaaa, como vocês estão? Bomm, eu tinha avisado no capítulo anterior que demoraria pra postar por causa dos vestibulares e tudo o mais, né. As provas acabaram semana passada e eu só consegui postar essa semana mesmo...
Sei que essa demora às vezes desestimula bastante a leitura massss eu tenho uma vida fora daqui ne e espero que vocês entendam e me desculpem MESMO haha
ENFIM, me contem o que acham que vai acontecer agora huhu quero saber mesmo mesmo a opinião de vocês sobre a fic, isso me ajuda bastante a escrever e tals! Obrigada pelos comentários e pelos favoritos!!

ALIÁS, nao sei se vocês repararam, mas eu mudei a capa da fanfic e alterei a personagem da Katniss. Antes era a Elizabeth Gillies e agora é a Elizabeth Olsen!

EEE eu vou ter que desprometer os capítulos grandes pq nem sempre vou conseguir completar 6 mil palavras em um capítulo e ai vou acabar enchendo linguiça e fica meio bleh, mas prometo tentar postar mais rapido hahahha
Também queria pedir pra vcs terem paciência com essa pessoa aqui que foca mais no interior das personagens do que em diálogos shashasuah Vejo muuuitas fics por aí que o capítulo é basicamente diálogo, mas eu gosto muito de mostrar como os personagens estão pensando e agindo em tal situação, tento deixar tudo claro pra vcs de como eu imagino as cenas na cabeça hahahah

BOM, espero que estejam gostando e me contem suas opiniões please, isso me estimula bastante e me deixa bem feliz hahah Nos vemos no próximo capítulo, beeeeijos!

Twitter: @seejdbsmile


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