O horário da concretização do plano se aproximava a cada minuto e o conflito no meu interior ainda era o mesmo. Eu sabia o que deveria fazer e iria torturá-la quando preciso. Vivi bem até agora com minhas diversões esporádicas e não seria a filha do meu rival que tornaria isso inviável.
Cheguei no galpão e tudo parecia estar do mesmo jeito do horário em que eu havia saído, a não ser pela maior agitação de agora. Ryan gritava com alguns dos homens armados enquanto Chaz e Chris estavam focados na tela do computador à frente deles. Jake parecia analisar o cano de suas armas enquanto as recarregava. Aproximei-me de Charles para saber o progresso com o sistema de alarmes e, pelo pouco que eu entendo, pareciam estar próximo de desativá-lo.
- Conseguimos manter os alarmes sem tocar por, no máximo, quatro minutos. Mais do que isso e somos facilmente denunciados. - informou Chris ligeiramente apreensivo.
Assenti enquanto pensava na agilidade que seria necessária para entrarmos no galpão de modo a retardar o ataque dos seguranças de Jackson. Não me lembro de ter tomado atitude tão precipitada como a que tomaríamos hoje. O risco era inegável e nossa arma mais forte era a mulher que eu raptara a um tempo atrás.
- Preciso que você busque a Katniss. - disse para Ryan ao vê-lo se aproximar. Ele me olhou um tanto assustado, mas sua expressão logo se tornou maliciosa. Dei um tapa em sua cabeça, fazendo-o rir. - Eu a quero com o rosto coberto durante a operação. Você fica com ela. - suspirei fundo antes de prosseguir. - Eles só vão descobrir que ela está conosco se for extremamente necessário.
- Agora virei babá?
Ignorei seu protesto enquanto me afastava e me aproximava de Jake no intuito de auxiliá-lo com o equipamento.
- Eu tenho que ir para o galpão. - anunciou. Encarei-o brevemente antes de analisar a arma em minhas mãos. - Tenho que estar lá quando tudo acontecer e garantir a confiança do Jackson.
- Certo. - assenti com sua explicação - O menor passo contra nós e sua cabeça já era. Sabe disso, não?
Ele me olhou e soltou uma risada forçada em aparente descrença.
- Todo esse tempo e a sua confiança ainda é uma merda.
Sorri e bati em suas costas.
- Você é uma peça vulnerável no jogo, Jake.
Vestíamos os coletes à prova de bala por debaixo da roupa, estando já próximos ao horário programado para o roubo. Jake havia partido há um tempo, enquanto Ryan tomava as chaves do seu carro juntamente a algemas, fitas adesivas e um saco preto. Eu teimava em não permitir que meu receio aflorasse em relação à participação de Katniss nisso; não queria pensar em seu olhar desapontado e no seu desespero ao ser tomada violentamente pelos braços de Butler. Eu queria adiar minha culpa nisso e por isso pedi que ele a buscasse. Eu havia lhe dito que não a envolveria, mas estava fazendo justamente o contrário.
Chris ficaria no nosso galpão controlando o sistema de alarmes e desativando-o exatamente no horário necessário. Assim não perderíamos tempo e conseguiríamos entrar sem muita atenção. Alguns homens tinham consigo armas silenciosas, responsáveis pela comissão de frente do ataque para assim dispensar os seguranças de Hoffman da área externa. Jake nos avisara que a maioria dos homens de Jackson se espalhavam pelo interior do espaço, sobretudo próximos ao fundo falso que guardava o armamento recém adquirido.
Os carros que nos levariam até o local teriam que ficar estacionados distante ou, se possível, camuflados em algum recinto abandonado ou qualquer matagal. Não havia planejamento de fuga, o objetivo não era fugir, mas sim conseguir o que queríamos: o armamento de ponta. Por isso, poucos homens ficaram encarregados a aguardarem no banco do motorista. Jake informara sobre um baixo matagal um pouco antes do local e era lá que eu planejava esperar.
Saí com Chaz e mais três dos nossos seguranças alguns minutos depois de Ryan ter partido. A estrada estava tranquila e seguíamos no meio de um amontoado de carros armados. Jackson havia colocado o equipamento em um local não tão longe da cidade, provavelmente para não gerar suspeita dos policiais. Ainda assim, pelo que Jake dissera, parecia ser um local abandonado. Não demorou até que avistássemos o prédio de quatro andares descrito pelo nosso infiltrado. O matagal mencionado se encontrava à metros do alvo e alguns carros, incluindo o meu, pararam por ali.
Não notei nenhum movimento suspeito, tudo parecia estar calmo. O carro de Ryan já estava estacionado um pouco além do meu. Não conseguia ver seu interior devido ao insufilm e o dia dublado, mas imaginava que Katniss estaria nele com o rosto já coberto. De alguma forma, isso causava um leve incômodo em meu peito. Os que portavam as armas silenciosas se aprontaram na posição que melhor mirassem, não tão perto do galpão, mas também não tão longe. Ficamos à escolta deles, prontos para entrar quando a segurança externa fosse eliminada.
Os primeiros tiros acertaram três dos dezessete homens de Hoffman. Era necessário que a mira fosse certeira e que seus homens fossem eliminados logo, para evitar, assim, que revidassem e fizessem barulho com suas armas, o que alarmaria os seguranças da região interna. Mais disparos silenciosos foram realizados, derrubando a maioria dos que antes estavam em pé buscando a origem da caída repentina de seus parceiros. Alguns ameaçavam revidar, apontando as armas cegamente, mas os notei e puxei em segundos a arma silenciosa das mãos de Aaron, que estava ao meu lado, eliminando os que restavam.
Chaz estava na escuta com Chris para lhe avisar o momento certo que o alarme deveria ser desativado. Ryan segurava as mãos algemadas de Katniss, que se debatia contra o corpo dele tentando fugir. Era possível ouvir alguns gritos abafados pela fita adesiva que tampava a boca dela. Evitei encará-la temendo recuar no plano inicial. Eu seguia impassível e focado em meu objetivo.
Aos poucos, os responsáveis pela vigia externa foram mortos e se espalhavam pela grama mal aparada. Seguimos cautelosamente em direção à entrada do galpão, enquanto analisávamos qualquer perigo que pudesse aparecer. Mirava minha arma à frente e ouvia os protestos abafados de Katniss, que se debatia contra Ryan ao meu lado. Encarei-o de modo que entendesse que era para ele mandá-la ficar quieta. Ryan, então, colocou sua arma na testa de Katniss, cujo corpo se retesou em susto. Um choro fraco foi audível, assim como o sussurro de Butler em seu ouvido.
- Fica quietinha, Katniss. Ou a bala sai por esse cano antes do programado.
Ela prontamente concordou com a cabeça e seus gritos abafados não foram mais ouvidos.
Ao estarmos pertos o suficiente da entrada e já prontos para entrarmos e atirarmos em quem revidasse, Chaz comunicou Chris que aquele era o momento que o alarme deveria ser desativado. Talvez essa atitude fosse desnecessária, já que inevitavelmente os seguranças de Hoffman nos veriam ali quando entrássemos. No entanto, não seria tanto desperdício de tempo assim tentar adiar a reação dos homens de Jackson.
Mandei que alguns dos que me acompanhavam abrissem a porta e já atirassem no que estivesse à frente. Tiros foram disparados e dois corpos caíram do outro lado antes que meus capangas fossem atingidos. Revidei enquanto abria caminho à procura do local que estaria guardado o armamento. A maioria dos homens de Hoffman estavam voltados aos meus, em maior número, que atiravam incessantemente. Avistei Jake mirando naqueles que trabalhavam para mim. Na intenção de evitar tanto prejuízo, busquei a mira em seu braço para impedir que concluísse o que estava planejando.
Apertei o gatilho e o avistei pressionar o local atingido, gemendo em dor. Deixei de me atentar a ele e busquei eliminar aqueles que nos ameaçavam. Instantes depois, porém, pude sentir uma dor aguda em minha coxa, fazendo-me olhá-la imediatamente e reconhecer a formação de uma mancha de sangue. Tentei apertar o ferimento, mas permaneci pouco tempo assim. Queria gritar para aliviar a dor imensurável, mas, ao invés disso, busquei o dono do tiro que me acertara para equilibrar a balança. Poucos homens restavam em pé e apenas um tinha um sorriso vitorioso nos lábios apesar do ferimento no braço.
Jake sorria como se tivesse acabado de vencer na brincadeira e, apesar de eu imaginar que isso tudo não passava de uma cena para não criar desconfiança, eu estava irritado. A dor se misturava com a expressão maliciosa em seu rosto e ele permanecia encostado à parede pressionando o buraco que a bala criara. Ele não podia esperar sair sem consequências. Mirei mais uma vez nele, desta vez próximo à sua pélvis, atingindo-o. Ele gritou e caiu no chão, junto com seu sorriso, que foi desmanchado.
A situação parecia se aproximar do meu êxito, não fosse pela aparição de cerca de mais quinze homens portando metralhadoras recém adquiridas. Olhei para Jake mais furioso do que antes, mas ele parecia tão surpreso quanto eu. Eles atiravam sem parar e cada vez mais dos meus homens caiam ao chão. Estava ficando em uma desvantagem absurda e o ferimento em minha coxa me tornava basicamente um imprestável. Chaz se escondia atrás de alguns entulhos enquanto tentava derrubar os novos que surgiram.
Olhei para Ryan e o desespero em seu olhar era próximo ao que estava no meu. Ele havia deixado Katniss amarrada pelos pés do lado de fora do galpão junto a um dos meus piores atiradores enquanto batalhava pela vitória do lado de dentro. O ombro esquerdo de Ryan foi atingido e eu logo tratei de matar o responsável por isso, apesar de nao ser possível identificar quem. Arrastei-me para atrás de alguns equipamentos velhos e mirei no peito de três homens que não paravam de disparar suas metralhadoras. Eles caíram no chão, mas isso não foi o suficiente. Muitos dos meus já não estavam me ajudando.
- Agora, Justin! - gritou Ryan entredentes. - Você precisa usá-la agora, porra!
Minha coxa ainda ardia e a bala enterrada em minha pele dificultava meu movimento. Abri o rasgo criado em minha perna e tentei avistar a bala para tirá-la dali. Gritei ao afundar meu dedo sobre a minha derme enquanto torcia para que o ferimento não tivesse chegado a níveis profundos. Retirei a bala e me esforçava para não fazer mais barulho pelas minhas cordas vocais do que os tiros faziam. O sangue jorrado aumentou de volume assim que joguei para o lado o que estava enterrado em minha coxa. Pressionei o ferimento na expectativa de que o sangue diminuísse e que eu não o perdesse muito.
Tentei me apoiar em meus pés e, apesar de a dor ainda ser cruciante, o incômodo já era menor. O conflito em minha mente persistia, mas naquele momento eu só pensava que precisava salvar a mim e o que restava dos meus. Corri mancando para o lado de fora do galpão enquanto arrastava um dos corpos mortos como meu escudo pelas costas. Avistei Katniss sentada e sobre a mira da arma de Henry. Ela se encolhia contra a parede e seu corpo tremia a cada estrondo que soava no interior do galpão. Puxei-a pelo braço e a levantei. Katniss protestou em um choro desesperado.
- Não! Por favor! Não!
- Temos que ir, Katniss. - disse ríspido, apesar de ser contra minha vontade. - Você entra para tentar ajudar, agora! - apontei para Henry, que assentiu prontamente com a cabeça.
Ela tentava firmar o pé no chão e só me restou arrastá-la. Katniss implorava para que eu não a machucasse, mas apenas a ignorei. Empurrei a porta de entrada do galpão na tentativa de chamar a maior atenção possível.
- Para essa porra agora! - gritei determinado. Katniss choramingava. Puxei-a para o meu lado e envolvi seu pescoço com meu braço fechado ao seu redor. Com o outro, apontei a arma para sua testa e, em questão de segundos, tirei o saco preto que cobria sua cabeça. Ela pressionou os olhos ao se deparar com a maior claridade; suas bochechas estavam úmidas do seu choro. - Ou eu mato a filha do chefe de vocês.
As metralhadoras pararam de atirar e os homens de Hoffman nos encaravam surpresos e receosos. Um deles deu alguns passos á frente como se tentasse chegar até Katniss. Puxei-a para trás e pressionei a arma em sua cabeça, fazendo-a tremer. Ryan e Chaz miraram no capanga que se aproximava, fazendo-o parar. Ele abriu um sorriso malicioso e tombou a cabeça para o lado.
- Você está blefando.
- Por que não tenta para ver?
Meu coração parecia querer saltar pela minha boca diante do pensamento que se formava. Minhas mãos vacilavam e tremiam ligeiramente, mas busquei superar o sentimentalismo e mirei na canela de Katniss, apertando o gatilho. Propositalmente, a arma não era a mais potente que eu possuía, mas o efeito provocado ainda era grande. Ela gritava e chorava enquanto eu via o sangue escorrendo por sua perna.
- Justin! - suplicou berrando.
Pressionei o aperto do meu braço contra o pescoço dela e pingos do seu choro caíram sobre minha pele. Sua respiração acelerada fazia com que meus pelos se eriçassem e era possível sentir os batimentos cardíacos descompassados de Katniss.
Os homens de Hoffman pressionaram as armas que seguravam e pareciam perdidos quanto à atitude a ser tomada. Aquele que antes se aproximara não mais abriu a boca. Eles se entreolharam e sabiam que não valeria a pena revidar, pois, em segundos, a filha do seu chefe estaria caída no chão. Era bom que ao menos acreditassem nisso.
- Agora peguem a droga do armamento e tragam até aqui.
Eles não se moveram. Encararam-se, mas continuaram imóveis. Tirei a arma da cabeça de Katniss e apontei para o peito de um dos homens armados, atingindo-o.
- Anda, porra!
O que me questionara engoliu em seco e deu um passo para atrás, acenando em concordância para seus parceiros. Ele avistou Jake caído no chão, aparentando buscar uma ordem. Meu infiltrado, então, concordou ligeiramente com a cabeça. Dirigiram-se para a parede riscada e atingida pelos tiros, mostrando nela um fundo falso que dava passagem ao esconderijo do armamento que queríamos. Sorri em satisfação ao ver todas as caixas e pacotes empilhados ali dentro.
- Vão pegá-los - ordenei aos homens de Hoffman. Eles não obedeceram de prontidão, já que receavam trair seu chefe. Suspirei exausto e apertei o cano da arma contra a testa de Katniss, que gritou em resposta ao medo. - Logo, caralho!
Ryan e Chaz exibiam um sorriso vitorioso ao meu lado. A perna de Katniss ainda sangrava e suas lágrimas se espalhavam pelo meu braço.
- Justin - sussurrou ela ao ver os capangas do pai focados em recolher o armamento. - Por que?
Engoli em seco e empurrei-a para o aperto de Butler. Mandei que os que me acompanhavam buscassem os carros e a van para carregá-los, enquanto alguns dos que restaram se mantivessem cuidando da nossa segurança no galpão.
- Levem o Jake. - disse instantes antes de vê-lo sendo carregado pelos braços até o lado de fora.
- Bom - começou Ryan - Deu certo, hum?
Sorri e afirmei com a cabeça.
- Ainda não acabou. - disse Chaz. Encarei-o e avistei um sorriso malicioso em seus lábios e eu logo entendi.
Não demorou até que todos os meus carros estivessem carregados. Ryan continuava com Katniss em seu aperto enquanto a torturava um pouco com o ferimento na perna. Fingi não me importar e não olhei.
- Você sabe que está ferrado, Bieber. - disse um dos mal encarados de Jackson. - Ele vai acabar com você.
Dei um meio sorriso e mandei que meus homens se retirassem do galpão, sendo eu o ultimo a fechar a porta.
- Acho que eu vou acabar com vocês primeiro.
Puxei a porta e corri até o carro, mandando que os que me seguiam fizessem o mesmo. Dei o sinal a Chaz, apesar de tal atitude não ter sido necessária, pois ele já possuía Chris em sua escuta. Foi questão de segundos até que o galpão do meu rival estivesse em chamas.
- Essa merda realmente deu certo, porra! - disse Ryan ao pisarmos na sala de estar da minha casa enquanto o que sobrou dos meus homens descarregava o armamento no andar de baixo. - Tudo bem, vocês são muito orgulhosos para me agradecer, mas - declarou ao mesmo tempo em que despejava um dos meus uísques mais caros direto em sua boca. - De nada.
- Ah, cala a boca. - disse Chaz com um sorriso divertido no rosto.
- Só não se esqueçam que os vestígios foram eliminados graças a mim. - anunciou Chris, que entrava pela porta da frente. - Uh, mas que merda aconteceu com vocês? - disse com uma careta no rosto enquanto me analisava, desviando o olhar para o ombro de Ryan em seguida.
- Nada que nosso médico não seja capaz de cuidar. - Ryan deu de ombros. - Aliás, acho que ele terá mais trabalho do que o usual. - debochou com um sorriso pervertido nos lábios. Encarei-o irritado.
- O que aconteceu? - perguntou Christian. Suspirei e dei mais um gole no meu uísque.
- O Justin atirou na Katniss. - respondeu Butler de ombros. - Não foi nada demais, mas ajudou para caralho, não? - disse em comemoração, um sorriso enorme em seu rosto.
Sorri junto apesar de não estar feliz pelo o que eu fiz. Estava satisfeito com o resultado, mas não com os meios realizados para alcançá-lo. Eu provavelmente teria um enorme problema para lidar daqui em diante.
- Onde ela está?
- Acho que no quarto. Talvez Gabriel já esteja com ela, não sei. Não me importa. Só quero resolver essa droga logo, está ardendo. - murmurou Ryan.
- Ele já está aqui? - Chaz ignorou o protesto do amigo.
- Eu o chamei por precaução. Sempre fui a mente dessa equipe, não me culpe. - justificou-se Chris de modo divertido. - E você, Justin? Essa perna parece horrível, cara.
- Hum, a bala não foi muito fundo. Consegui tirá-la e agora não dói tanto quanto antes.
Apesar de meu corpo estar com eles, minha mente não estava mais ali. Pensava como seria possível resolver o problema em que eu mesmo me colocara, mas não conseguia chegar a conclusão nenhuma. Beberiquei mais um extenso gole do uísque em meu copo, esvaziando-o rapidamente.
- Acho que precisamos comemorar de modo adequado. - começou Ryan com um sorriso denunciando suas intenções.
- Não vamos dar uma festa - declarei autoritário. - Já chamamos atenção demais por hoje.
- Desde quando você virou um estraga prazeres?
- Ah, cala a boca.
- Beleza. Balada, então. - rendeu-se. - E não vem empatar isso também, Bieber.
Sorri e bati meu copo sobre a estante enquanto pretendia subir para o andar superior.
- Aonde você vai?
- Preciso dar um jeito na minha perna.
Ninguém questionou ou se importou. Continuaram a beber pelo êxito do plano realizado de última hora. De fato, minha coxa ardia e o sangue já estava seco, sendo necessário que eu desse logo um jeito nisso. No entanto, minha maior preocupação não se atrelava a isso, e sim à necessidade que eu sentia naquele momento de ver como Katniss estava. Agradeci mentalmente por não ter que dar explicações a nenhum de meus amigos, já que nem eu mesmo saberia explicar o que está havendo comigo. De alguma forma, eu só sentia que eu havia sido um grande filho da puta e, assim, havia acabado de jogar fora alguém que só queria uma chance para gostar de mim.
Ao chegar no andar superior, caminhei lentamente pelo corredor, evitando fazer barulho e me denunciar antes do esperado. Também, queria ouvir qualquer conversa que estivesse ocorrendo, mas não tive sucesso nisso. Tudo parecia muito silencioso até então, o que me fez imaginar que ela estivesse sedada.
A porta do quarto dela estava fechada, mas não trancada. Girei a maçaneta e entrei lentamente, deparando-me com lençóis manchados em sangue e equipamentos cirúrgicos espalhados pela cômoda. O corpo de Katniss repousava sobre a cama inundada em seu sangue e ela parecia tão pequena e miúda ali que eu seria incapaz de dizer que tive coragem de fazer o mal que fiz. Seus olhos estavam fechados e seu peito se levantava suavemente conforme o ritmo de sua respiração. Aproximei-me cautelosamente, buscando ver à fundo o dano que lhe causara. Ouvi passos se aproximando atrás de mim e me retive estático no caminho até a cama. Esperei que ele falasse.
- Eu retirei a bala. O estrago não foi tão grande assim, nada que um pouco de repouso não resolva. Já enfaixei a canela dela. - Gabriel respirou fundo antes de prosseguir. - Não vai demorar até que desperte. - informou-me. Assenti com um aceno de cabeça e me virei para ele.
- Vá até o último cômodo do corredor e me espere para tratar dessa perna. Não vou demorar.
Ele assentiu e recolheu seu material, dando-me as costas em seguida. Gabriel havia perdido sua licença no hospital depois de ter sido pego agredindo sua filha e sua mulher. Era para estar preso, mas eu o salvei desse destino e agora ele me salva da desgraça do meu. Furtávamos materiais hospitalares de vez em quando para abastecê-lo e, em troca, não íamos atrás do que restava de sua família. Parecia um acordo justo, pelo menos para mim.
Concluí os passos que faltavam até alcançar o rosto dela. Minhas mãos tremiam implorando para que a tocasse; seus lábios estavam inchados e vermelhos e as sardas em seu rosto soavam como estrelas cujo caminho eu gostaria de percorrer. Sua respiração estava tão calma que tive medo de perturbá-la, sentimento o qual logo foi tomado pelo meu egoísmo. Agachei sobre o tapete e apoiei meus cotovelos no colchão próximo ao seu rosto. Comecei a contorná-lo com as pontas dos meus dedos, como se isso fosse capaz de diminuir a culpa que eu sentia. Como é possível amar alguém que te machuca tanto? Eu não merecia que ela fizesse isso por mim.
Katniss nunca seria capaz de desfazer meu anseio pelo poder e pelo dinheiro. Ninguém nunca foi capaz disso. Desde o momento em que ingressei nesse mundo eu estive determinado a me superar na vida, a ter o que eu nunca tive. Eu não estava pronto para arriscar tudo isso por alguém que eu não era capaz de manter a salvo. Ela dizia que seu pai era pior do que eu, mas duvido que pensaria o mesmo a partir de agora.
O ritmo da sua respiração se alterou subitamente e ela se mexeu na cama. Uma expressão de dor perpassou pelo seu rosto antes que seus olhos se abrissem e me avistassem. Nesse momento, sua dor só aparentou ter aumentado. Ela arregalou levemente seus olhos e, com esforço, retirou minhas mãos do seu rosto quando se arrastou para trás na cama. Seus lábios tremiam e lágrimas se acumulavam no canto da sua imensidão verde. Afastei-me da cama, mas me mantive agachado.
- Katniss - sussurrei.
- Não - disse determinada. - Sai daqui.
- Sinto muito, Katniss. Eu... - tentei me explicar, mas nenhuma justificativa plausível ousava passar pelas minhas cordas vocais. Eu poderia ter dito que não quis fazer o que quis. Mas seria isso verdade? - O que eu posso fazer?
Tentei tocar em sua bochecha, mas ela se inclinou para trás abruptamente e se encolheu. Desisti da ideia e suspirei fundo.
- Sair daqui e parar de fingir que se importa. - Cada vez mais lágrimas se acumulavam em seus olhos e o aperto em meu peito só aumentava. - Por que eu não me importo mais.
Engoli em seco e me levantei. O que eu estava tentando fazer, afinal? Ser alguém que eu não sou? Isso era loucura. O que ela havia feito comigo era loucura. Eu havia dito que ia tentar deixar que as coisas entre nós desse certo, mas eu não esperava levar isso tão a sério.
- Sinto muito.
- Guarde seus ressentimentos para quem se importe.
Uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho e caiu sobre a almofada, criando nela um pequeno círculo. Katniss fungou e se virou, dando-me as costas. Mais uma vez, respirei fundo e tombei a cabeça para o teto do quarto, tentando me convencer de que eu também não dava a mínima, apesar de estar sentindo o contrário disso. Fingi, por um momento, que o que estava na minha mente não era verdade. Por um momento, apenas quis parar de me importar.
Saí do quarto e fechei a porta. Estava pronto para deixar essa história de lado e voltar à vida sem preocupações alheias. Ou pelo menos era assim que eu queria estar. Eu não acreditava no que ela me dissera, ninguém consegue mudar o jeito que se sente do dia para a noite. Apesar de eu merecer isso, ninguém desativava as emoções dessa forma. Caminhei até o cômodo indicado a Gabriel, que se encontrava organizando seus materiais quando entrei. Ele deu um sorriso forçado e apontou para a cama à sua frente sobre a qual me deitei.
Minha coxa foi examinada e, após alguns procedimentos, fui liberado com uma faixa branca envolvendo minha perna. Gabriel havia feito algo para adormecer a dor e, apesar de isso ajudar, tornava-se difícil conseguir andar apropriadamente. Ryan apareceu em seguida, já evidentemente alterado pela bebida. Talvez fosse disso que eu precisasse. Enfiei-me em meu escritório e tranquei a porta, dando-me o direito de fazer quanta besteira eu quisesse sem ser incomodado.
Organizei uma fileira de cocaína sobre a mesa à minha frente e despejei o Devil's Spring até a borda do copo. Joguei-me sobre a cadeira giratória, apoiando meus cotovelos na mesa e minha cabeça em minhas mãos. Bufei derrotado e iniciei o caminho rumo à minha derrota. Dei um longo gole na vodka e minha garganta queimou, mas procurei ignorar os efeitos colaterais. Só queria esquecer de tudo. Aspirei o pó branco diante de mim, causando uma leve ardência em minha narina.
Fiz isso mais duas ou quatro vezes enquanto o líquido na garrafa já estava quase em seu fim. Tudo girava ao meu redor e eu não fazia mais ideia de que horas eram ou de onde eu estava exatamente. As coisas pareciam vir como meros borrões, mas isso não estava me incomodando. Pelo contrário, eu estava bem assim, sem lembrar das drogas que eu faço e que sou, sem me importar com nada além de mim.
De algum modo, eu estava sentado no chão. Não sei quando cheguei ali, mas foi difícil conseguir sair. Cambaleei e tive de buscar apoio na parede atrás de mim, que parecia ter sido duplicada. Fui em direção à peça retangular de madeira que aparecia à minha frente e girei a chave que ali se encontrava.
A iluminação mais intensa que atingira minha retina me dava dor de cabeça, obrigando-me a pressioná-la e fechar ligeiramente meus olhos. Uma mão segurou meu braço e ela parecia forte, mas eu estava meio desnorteado para encontrar o dono.
- Katniss? - questionei enquanto tentava focalizar as imagens diante de mim. A risada de Ryan soou pelos meus ouvidos.
- Cara, você está mal. - disse ao me segurar e encostar meu corpo na parede em busca do meu equilíbrio. - E fedendo. - concluiu. - Acho bom tomar um banho antes de se afundar um pouco mais nessa miséria.
Sua voz tinha um tom malicioso, mas eu não conseguia decifrar o motivo. Minha cabeça doía e as coisas giravam.
- O que?
- Festa, porra! Se arruma logo, irmão.
Suas mãos me soltaram e eu deslizei pela parede até o chão.
- Ah, que porra, Justin. Vou ter mesmo que fazer isso? - resmungava meu melhor amigo diante de mim. - Droga. Você me deve essa.
Ryan me puxou pelo braço e me arrastou até o local que eu vagamente reconheci como o meu quarto. Levou-me até o banheiro e começou a forçar que eu retirasse minha roupa. Relutei, mas não estava em condições para isso e logo me rendi.
- Isso é vergonhoso até para você. - reclamava ele em múrmuros.
Não tardou até que Ryan se livrasse de mim. A água fria sobre a qual ele me colocara havia aliviado os efeitos das drogas que eu ingerira, apesar de meu corpo ainda se sentir estranho. Logo meu amigo retornou com algumas trocas de roupa em mãos e jogou para cima de mim. Meu reflexo estava uma droga e tardei a pegá-las.
- Não sei pagar de bom exemplo. - reclamou.
Debrucei sobre a pia e vomitei. Ryan deu um pulo para trás e arfou com nojo.
- Você está brincando comigo. - contestou. - Acabei de te dar banho, seu merda. Não vou fazer isso de novo.
Tossi mais uma vez sobre a pia, dessa vez sem despejar nenhum resíduo do meu corpo. Olhei para Butler e ele parecia querer se convencer de que não me ajudaria mais. Talvez meu estado estivesse tão deplorável que ele tivera desistido da ideia.
- Droga. Entra nessa merda.
Já estava me trocando em meu quarto e meu organismo parecia estar funcionando melhor agora depois de gorfar. O gosto ruim persistia em minha boca e ainda estava um pouco alterado pela alta dose alcoólica que eu tomara. Vestia uma camisa azul clara e uma calça bege, despejando grande quantidade de perfume em meu pescoço para ver se era possível eliminar o cheiro que Ryan dizia impregnar em mim. Eu lhe devia uma.
Já estava de noite e a casa estava silenciosa a não ser pela conversa de Chaz, Chris e Ryan no andar debaixo. Jake teve que ficar de repouso absoluto devido aos dois tiros que tomara e eu apostava que ele estaria dormindo. Seriam só nós nessa balada. Eu não chamaria Katniss, não me submeteria a essa humilhação.
- Nem fudendo você vai dirigindo. - afirmou Ryan autoritário quando me viu pegando as chaves do meu carro.
- Você não manda em mim.
- Eu devia ter deixado você se matando lá em cima. Idiota.
Suspirei fundo e joguei as chaves da Lamborghini no chaveiro, derrotado e aceitando minha condição. Odiava ser tratado como um imprestável, mas seria burrice me arriscar dessa forma. Ryan assentiu e apontou com a cabeça para sua Ferrari estacionada, indicando que eu entrasse no banco de passageiro.
- Você não está tão diferente de mim assim - falei.
- Ah, eu estou sim. Eu estou feliz e você está uma merda.
Eu ri fraco pelo nariz, notando que negar seria em vão.
- Só acho que não quero saber porquê. - prosseguiu ele me espiando pelo canto do olho enquanto seguia em alta velocidade.
- E eu acho que você já sabe. - dei de ombros e ele me analisou um pouco antes de rir. Esse assunto havia terminado ali.
Ryan buscava algum lugar seguro para deixar seu carro em meio à bagunça daquele lugar, que estava mais para uma festa adolescente do que para uma balada. Encarei-o confuso sobre a necessidade de estarmos ali.
- Não me olha assim, cara. O que está dentro é bem melhor do que os seus olhos podem ver.
Eu ri e saí da sua Ferrari já estacionada. Chaz e Chris nos esperavam na porta com um cigarro entre os lábios e eu não hesitei em acender um para mim. Ryan me encarou de soslaio e suspirou, deixando que eu desse uma tragada profunda antes de tirá-lo das minhas mãos e enfiar em sua própria boca.
- Será que você pode parar de bancar a minha babá, porra?
Chaz e Chris riram.
- Só vamos evitar uma overdose, ok?
Encarei-o com raiva. Não queria admitir sua razão e nem aceitar que me tratasse como um incapacitado. Talvez, ou com certeza, eu tivesse ultrapassado os limites, mas isso não lhe dava o direito de me colocar a um nível de submissão. Por mais que ele houvesse de fato me ajudado, não significava que eu queria ser visto como um homem que não sabe se cuidar sozinho e precisa de supervisão.
- Vai se fuder, Butler. - murmurei antes de passar reto por ele e entrar na festa sozinho.
A música estava alta e andar era difícil no meio daquele aglomerado de gente. Havia muitas mulheres por ali, algumas andavam sem suas blusas e sutiã e pareciam não se importar com isso. Não notei a presença de adolescentes como eu imaginara, o que desfez um pouco o preconceito que eu havia criado sobre aquele cenário. Aproximei-me do bar e peguei uma cerveja, encostando-me no balcão em seguida para observar as pessoas daquela festa. Pude perceber quando um corpo familiar se aproximou e parou ao meu lado. Olhei de canto de olho e vi Ryan.
- O melhor lugar para encontrar parceiras para uma orgia. - disse ele. Ri e concordei.
- Já tenho alguns alvos - admiti. Indiquei com a cabeça uma mulher de cabelo castanho que hesitava em tomar a bebida em seu copo. Parecia ser do tipo que faz as coisas corretas, mas esse tipo costumava me atrair. Era bom reconhecer a vitória sobre alguém aparentemente tão difícil.
Meu melhor amigo sorriu aprovando minha escolha e pegou uma cerveja para si em seguida. Dei um longo gole na minha bebida, sentindo um mal estar em meu estômago pelo elevado teor alcoólico que eu já havia ingerido naquele dia. Esperei que a garrafa estivesse vazia para sair em busca de diversão naquela festa. Indiquei para Ryan que lhe abandonaria e ele sorriu em incentivo.
Cruzei a sala transformada em pista de dança, passando por mulheres que se esfregavam em minha pélvis em busca de atenção. Segurava em suas cinturas intensificando o contato estabelecido. Elas passeavam com suas mãos pelo meu corpo, arranhando minhas costas por cima do tecido da camisa. Puxava seus cabelos para trás na intenção de sussurrar sacanagens e conseguir beijar as que mais me interessavam fisicamente.
Não foquei de início no alvo que eu havia indicado para Ryan, havia a deixado para a diversão final da noite, evitando então perdê-la de vista. Avistei uma loira com os seios visíveis e reconheci que ela me encarava. Aproximei-me com o melhor sorriso que eu possuía, vendo-a retribuir com uma expressão que denunciava suas intenções. Ela umedeceu seus lábios quando cheguei perto o suficiente. Não houve a necessidade de conversarmos, ela logo me agarrou pela nuca e colou seus lábios nos meus, seus seios nus encostando no tecido da minha camisa. Deslizei minhas mãos pelo seu corpo, apertando ambas das suas nádegas e ela arfou durante o beijo. Puxou a cabeça para trás, desfazendo o toque das nossas línguas e travando um contato visual no meio de todo o gelo seco que circulava pelo ambiente.
Ela sorriu convidativa e emaranhou seus dedos nos fios do meu cabelo, aproximando-se cada vez mais de mim. Quando estava perto o suficiente, empurrou minha cabeça na direção dos seus seios, fazendo com que eu mergulhasse neles. Ela riu e eu sorri antes de abocanhar um dos seus bicos à mostra, chupando-o e massageando o outro que minha boca não alcançava. Ela gemia e se contorcia, ainda com a mão em meu cabelo me dando impulso nos movimentos. Passei a me atentar ao outro seio antes de voltar a beijá-la, dessa vez com maior ferocidade e mais dominado pelo tesão.
- Por que você não sobe e procura um quarto para gente, hum? - perguntei em seu ouvido. Ela sorriu em concordância e me beijou antes de me dar as costas.
Não queria exclusividade naquele momento, queria mais mulheres empinadas para mim. Fui atrás de uma de cabelos pretos que rebolava seu volume traseiro. Fiquei a encarando esperando que ela notasse, até que finalmente seu olhar se encontrou com o meu. Sua pele era mais escura e ela sorriu de modo suspeito, dando-me as costas e rebolando mais uma vez. Ela parecia gostar de um desafio. Sorri e me aproximei, pousando minhas mãos em sua cintura. Seu corpo se retesou, mas eu a apertei um pouco mais forte.
- Você não consegue disfarçar, baby - disse ao pé do seu ouvido. Ela sorriu e virou de frente para mim, estalando a língua no céu da boca.
- Talvez eu não queira disfarçar.
Assenti e a puxei pela nuca, deixando seus lábios a milímetros dos meus. Ela arfou e exibiu seus dentes brancos. Lambi-os enquanto a encarava.
- Por que você não se junta a minha festa?
Ela me olhou séria antes de afirmar com a cabeça. Apontei para o andar de cima indicando que subisse. Ela tomou um gole da bebida no copo que segurava e o deixou com sua amiga. Encarei enquanto ela subia as escadas, almejando meu alvo inicial agora.
Encontrei-a escorada sozinha na parede perto dos degraus. Ela mexia com o dedo na bebida azul como se se questionasse se deveria tomá-la. Encostou a cabeça na parede e me encontrou a olhando, desviando logo o olhar. Aproximei-me e parei ao seu lado, imitando sua posição. Ela não se virou.
- Por que sinto que você está triste?
Ela não respondeu, mas deu um longo gole no líquido em seu copo. Suspirei tentando conter minha irritação.
- Ele não vale a pena. - declarei risonho. Ela riu pelo nariz e me encarou.
- E você vale?
Dei de ombros.
- Não. Mas pelo menos estou te contando isso.
Ela riu e assentiu, dando fim ao líquido azul.
- Posso te fazer esquecer. - sussurrei ao seu ouvido. Pude notar que seu corpo havia se retesado. - Posso te dar a lembrança de algo que nunca vai se esquecer.
Ela respirou fundo e engoliu em seco, passando a encarar meus lábios em seguida. Brinquei com alguns fios do seu cabelo.
- Mas para isso você precisa deixar alguns conceitos de lado.
Estendi-lhe minha mão e ela ficou a observando. Encarou-me antes de segurá-la e eu sorri satisfeito enquanto a guiava para o andar de cima. Havia diversas portas ali, todas fechadas. Seria difícil acertar e me perguntava como a morena tinha acertado. Algumas estavam trancadas, somente duas que não. Ameacei entrar pela primeira porta, mas ouvi um gemido masculino antes mesmo de realizar o ato, o que evitou que eu visse cenas que não queria ver.
Ao entrar no segundo quarto destrancado, deparei-me com a loira seminua beijando a morena que eu havia convocado. A mulher ao meu lado estava estática quando a olhei, com os olhos levemente arregalados. Estava prestes a desistir, mas isso não acontecia comigo.
- Qual o seu nome? - questionei.
- Hannah.
- Hannah. - repeti. - Não esquece o que eu disse.
Ela engoliu em seco e assentiu. Puxei-a para dentro do quarto e tranquei a porta atrás de si. Segurei em sua cintura e a beijei em uma tentativa de ser delicado. Não demorou até que a delicadeza fosse embora.
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