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História Ruthless Love - Às Avessas


Escrita por: fckzjdb

Notas do Autor


Oláa, espero que gostem do capítulo e que tenham uma boa leitura!
xx

Capítulo 18 - Às Avessas


Não fiquei muito mais tempo naquela festa depois de ter estado com as três mulheres. Temi que Hannah se apegasse a mim, mas depois de manter contato com as outras duas que estavam naquele quarto, acredito que o problema tenha sido resolvido. Evitei arranjar confusão e vomitar novamente, levando-me a ignorar as bebidas e a ter tragado somente um cigarro a mais durante aquele tempo, apesar de praticamente meu tempo todo ter sido gasto na orgia. 

Já se aproximava das seis da manhã e, como eu estava sem carro, tive que chamar Ryan para me deixar em casa. Surpreendentemente, ele não reclamou e logo estava no carro a caminho da minha mansão. No banco traseiro, porém, mais duas mulheres o acompanhavam e, apesar de me convidarem a se juntar a elas, recusei pelo fato de não gostar de dividir a atenção com outro homem. Elas fizeram biquinho e Ryan riu. Em instantes eu já estava em casa. 

Tudo parecia silencioso quando eu entrei. Tirei meus sapatos e os deixei ao canto da escada enquanto esfregava minha cabeça pela ressaca que teimava em mostrar as caras. Eu havia acabado de chegar ao andar do meu quarto quando ouvi algumas vozes vindo do de Katniss. Parei de me mexer, mas os batimentos do meu coração só pareciam ter se acelerado. Por um momento eu havia esquecido dela e estava bem assim. 

 - Não - resmungava a filha de Hoffman. 

A passos lentos eu me aproximava da sua porta. Murmúrios de timbre grave eram audíveis ao meu ouvido, apesar de eu não conseguir identificar o dono da voz que parecia cambalear. Alguém estava bêbado. Ouvi o estalo de um beijo em seguida. 

 - Chaz, não. Deixe-me em paz! 

Meu amigo continuava a conversar com ela, mas sua fala estava tão mole que não era possível distinguir o que dizia. 

 - Você está bêbado, Chaz. Por favor. 

 - Não precisa fingir para mim, Katniss. Vem aqui, anda. 

Ouvi um grito agudo seguido de contestações abafadas. Abri a porta do quarto dela e Chaz apertava sua bunda com uma mão enquanto com a outra enforcava seu pescoço. Ele forçava um beijo enquanto Katniss se debatia contra o corpo firme de Charles, que parecia não se importar com a reação da mulher a sua frente. Andei na direção dele e o puxei pela gola da camiseta, afastando-o de Katniss. Ele se assustou inicialmente, mas não teve tempo para contestar, já que eu desferi um soco em seu rosto, fazendo-o tombar bêbado para o lado. 

Katniss gritou e buscou refúgio na parede atrás de si. Olhei para ela antes de ver Chaz sangrando derrotado ao chão. Ela possuía a respiração acelerada e só travou contato visual comigo por alguns segundos antes de engolir em seco e abaixar a cabeça, não dizendo mais nada. Chaz tentou se levantar atrás de mim para revidar, mas percebi isso antes que acontecesse e o acertei mais uma vez. 

 - Você é um merda. - resmunguei. 

 - Então não sou tão diferente de você. - balbuciou com um sorriso manchado em vermelho. 

Encarei-o por tempo suficiente para que todas as lembranças do que um dia eu fizera com Katniss passassem pela minha mente. Naquele momento, eu estava incerto sobre golpear Chaz mais uma vez ou simplesmente olhar para trás e reconhecer sua razão. O moralismo que me afligia naquele instante era superficial, a pessoa que eu havia tentado ser com Katniss na manhã do dia anterior não existia. Éramos todos imprestáveis incapazes de respeitar, mas me custava a admitir isso. Custava-me admitir que eu poderia ter feito o que Chaz acabara de fazer com ela - já até cheguei perto disso -, que eu não conseguiria ser o que ela provavelmente merecia. 

Apesar de correto, ainda assim acertei mais um soco no lado esquerdo do rosto de Charles. Ele gritou e o sangue que saía pelo seu nariz se intensificou. Duvido que Katniss não tenha percebido o drama que havia se instalado ali e me dava vergonha de encará-la. A porta foi subitamente arreganhada e colidiu duramente contra a parede, causando-me certo susto e me fazendo olhar para a figura que acabara de entrar ali. 

 - O que está acontecendo aqui? - perguntou Jake ofegante. 

 - Não é da sua conta - disse rude. Ele me encarou raivoso e seguiu em direção à Katniss. 

 - Você está bem? - questionou cuidadoso. 

 - Desde quando você se importa? - grunhi e ele me encarou confuso. - Não toque nela.

 - Ou então o que? - disse Hoffman ameaçadoramente, embora a voz tremulasse. Encarei-a surpreso. - Vai meter mais uma bala em mim? 

 - Katniss... 

 - Só cala a boca, Justin. Cala a boca porque eu não aguento mais ouvir as mentiras que saem por ela. 

Engoli em seco. Ninguém me mandava calar a boca. 

Ouvi a risada nojenta de Charles atrás de mim, virei-me para ele e o vi cuspindo seu próprio sangue enquanto ria estranhamente. 

 - Mas que porra que está acontecendo entre vocês? Até parecem um casal - disse com a língua embolada. 

Aproximei-me pronto para socá-lo mais uma vez. Talvez Chaz tivesse se tornado o meu saco de pancada nesse meio tempo onde eu descontava tudo o que não me agradava. Naquele momento, não me agradava saber que eu havia estragado a chance que Katniss havia me pedido. Só não cheguei a agredi-lo, no entanto, pois Jake segurou meu peito e me empurrou para trás. 

 - Chega, Justin! - gritou. 

Estava cansado de tentarem mandar em mim e isso me fez transferir minha raiva para cima de Jake, empurrando-o e o fazendo perder o equilíbrio. Ele se apoiou na parede antes de partir para cima de mim, acertando minha bochecha e me fazendo cortar a gengiva com meus próprios dentes. Revidei e lhe desferi dois socos seguidos no rosto enquanto ele tentava se proteger socando minha barriga e tentando alcançar minha face apesar do ferimento em seu braço.

 - Para, porra! - gritou Katniss. - Qual é o seu problema? Por que você precisa destruir tudo à sua frente? 

Jake acertou meu queixo no momento em que eu parara para prestar atenção no que ela dizia. Tombei para trás perdendo o equilíbrio e pressionando a região atingida enquanto o encarava duramente. Travei o maxilar e levantei, deleitando meu olhar sobre cada pessoa daquele cômodo antes de passar pela porta. 

Minha cabeça doía e o aperto no meu peito parecia ter voltado apesar da tentativa fracassada em fazê-lo sumir ao me afundar em drogas e álcool. As verdades estavam sendo jogadas sobre mim e eu sentia que dessa vez elas causavam seu impacto. Quer dizer, eu estava acostumado a ouvir quaisquer tipos de insulto, mas eu não me importava. Talvez eu não precisasse impressionar ninguém e fosse egoísta o suficiente para não me incomodar com os efeitos dos meus atos sobre os outros, mas agora eu sentia minha mente diferente: ela pesava em culpa e eu não queria senti-la assim. Não conseguia acreditar que um simples pedido de Katniss havia me deixado assim. Sentia-me fracassado. 

Rumei exausto até o meu quarto, planejando apenas apagar minha mente em um sono. Não entendia tamanha culpa sentida, já que meu objetivo sempre foi usá-la para o que eu almejava no mundo do crime. Diante de pensamentos perturbadores e incapazes que eu os aceitasse como verdade, adormeci com minhas roupas jogadas ao chão na esperança de que amanhã toda a preocupação tivesse se esvaído.

 

No dia seguinte, despertei naturalmente, o que me fez presumir que já passava do meio dia. Espreguicei-me e esfreguei os olhos, resultando nas lembranças do dia e noite anteriores. Eu não estava a fim de encarar ninguém. Realizei a higiene necessária antes de me vestir e me preparar para descer até o térreo. No meu caminho até lá, tudo parecia extremamente silencioso e isso me dava certo alívio. Imaginar que estaria sozinho e não precisaria enfrentar nenhum olhar incriminado me tranquilizava. Entretanto, Katniss obviamente estaria ali e duvido que Jake tenha partido com o machucado recém adquirido pela bala.  

Desci as escadas sem me preocupar em convidar alguém para me acompanhar. Eu estava sozinho e com fome. Torcia para que quem for que estivesse ali já tivesse se alimentado e não dependesse de mim para isso, já que eu duvidava que eu mesmo fosse capaz de me sustentar. Cacei algo que pudesse me saciar pela geladeira e armários, sendo que a única coisa que encontrei e que provavelmente eu não colocaria fogo era um bife congelado, macarrão e molho enlatado. 

Comecei a preparar o que tinha ali e degolava minha Heineken a cada minuto de êxito na minha receita. Estava vestindo apenas uma bermuda apesar do clima ameno e meu tórax suava com o calor que emanava do fogão. Estava de costas quando ouvi o som de pés colidindo com os degraus da escada, o que evitou que eu olhasse para trás e tivesse uma surpresa desagradável. Eu não queria saber quem estava ali, estava bem tentando me virar do meu jeito sem o palpite ou o julgamento de ninguém. Por um momento eu só quis que estivesse realmente sozinho. Notei que a pessoa se aproximou da cozinha e ali bufou alto quando parou na divisória com a sala. 

 - Ah, droga - reclamou em um murmúrio a voz de Katniss. 

Subitamente meu corpo pareceu ter paralisado e minha mente havia deixado de prestar atenção na panela a minha frente. Engoli em seco e tentei buscar força nos meus pés que teimavam em querer deixar minhas pernas trêmulas. Tentei mexer na panela na esperança de que minha concentração voltasse, mas tudo o que eu conseguia pensar é que ela estava atrás de mim e que, no fundo, eu queria consertar as coisas que fizera e o modo com que a deixei sofrer. Ouvi que ela se aproximava, mas desviou da minha direção e abriu o armário à minha direita, começando a remexer em tudo que tivesse plástico e fizesse barulho como se fizesse de propósito. 

 - Pelo jeito sua perna já melhorou. 

Segundos depois de ter dito isso, eu me arrependi. Mordi meu lábio inferior na tentativa de impedir que minha língua formasse mais idiotices e ainda consegui a proeza de que a água quente na qual mergulhava o macarrão respingasse em minha mão, fazendo-me resmungar baixinho e afastá-la do fogão. Esse ato, no entanto, fez-me esquecer por instantes a bobeira que eu havia falado. Ouvi uma risada forçada projetada por Katniss, mas busquei me manter quieto. 

 - Você não pode estar falando sério - resmungou. - Você é um idiota. 

Suspirei fundo em busca de autocontrole e voltei a focar em meu almoço. Não tardou até que meu corpo desse um leve pulo de susto ao ouvir a porta do armário sendo fechada sem cuidado algum. Katniss bufou e senti que ficou olhando em minha direção por um tempo. Olhei-a pelo canto do olho e vi que ela analisava meu macarrão e bife quase prontos. 

 - Pode pegar um pouco se quiser. - murmurei e a encarei diretamente nos olhos. 

Ela sustentou o olhar por um tempo até rir debochadamente, revirando os olhos. Deixei de encará-la evitando minha humilhação e me preparei para os toques finais da receita. 

 - Prefiro não arriscar - murmurou mais para si mesma, mas eu fui capaz de ouvir. 

Ri pelo nariz e desliguei o fogo, juntando o macarrão ao molho pronto. Katniss ficou parada observando meus movimentos e pude ouvir quando seu estômago roncou discretamente. Encarei-a no mesmo instante e me deparei com sua melhor expressão de indiferença enquanto ela pressionava a barriga. Suas bochechas estavam rosadas e, por mais que ela tentasse, não poderia disfarçar sua própria vergonha. Ri mais uma vez pela sua tentativa fracassada de demonstrar que não precisava de mim. Ela bufou e saiu batendo o pé pela abertura da cozinha. 

 - Katniss - chamei e ela desacelerou seus passos. - Se você veio até aqui, pelo menos coma - disse calmamente. 

Ela se virou e ficou a me olhar com uma expressão de indignação, negando com a cabeça a seguir. 

 - Já disse para parar de fingir, Bieber. 

 - Não estou fingindo - declarei. - Não quero que você passe fome. 

Ela semicerrou os olhos e parecia estar prestes a contestar o que eu dissera por meio de xingamentos, mas apenas umedeceu os lábios e voltou a me dar as costas. Bufei irritado. Qualquer insulto teria sido melhor do que a indiferença. 

 - O que você quer que eu diga, ein? - declarei impulsivamente. Ela parou no meio da sala de estar e se manteve de costas enquanto me ouvia. - Quer que eu diga que eu sou um idiota? Porque eu já sei disso e aposto que você também. 

Katniss deu meia volta no lugar que havia parado, ficando de frente para mim. Eu não saberia dizer se era a luz sobre ela ou se seus olhos estavam acumulando lágrimas enquanto me encaravam com certa raiva. Engoli em seco e trinquei meu maxilar 

 - Seria um bom começo. - declarou. 

Abaixei minha cabeça e respirei fundo. 

 - Eu sou um imbecil, Katniss. 

Ela voltou a se aproximar com passos lentos e eu a observava em seu caminho, sendo capaz de notar agora que ela mancava, deixando-me constrangido e envergonhado ao ter a noção de que o culpado disso sou eu. A expressão em seu rosto era impessoal até o momento em que parou a minha frente, onde passou a analisar cada detalhe do meu rosto, deixando-me levemente intimidado. 

 - Isso não muda nada - disse ela. - Sabe disso, não é?

Eu havia me perdido na imensidão verde dos seus olhos, fiquei os encarando de tal forma que as palavras pareceram fugir da minha boca. Eu me sentia hipnotizado e só fui capaz de sair do meu transe quando ela desviou o olhar para os azulejos atrás de mim. Engoli em seco bufando e passando a mão em meu cabelo na tentativa de sanar a irritação que eu sentia comigo mesmo.

 - Você não pode me entender? - perguntei em um tom acima do usual. - Que droga, Katniss, você não consegue entender?

Ela arregalou levemente os olhos.

 - O que? - questionou incrédula. - Você quer que eu entenda o fato de ter atirado em mim depois de ter dito que tentaria ser diferente comigo? Depois de ter me feito crer que havia uma mísera chance de esse seu coração nojento ser amolecido? - Katniss falava sem dar chance à sua respiração. A sensação que eu tivera instantes atrás acerca do acúmulo de lágrimas em seus olhos agora se concretizava e a vermelhidão neles se intensificava. Forcei minha saliva pelo esôfago e passei a encarar o chão. - Você quer que eu entenda essa sua paixão doentia pelo poder que ultrapassa qualquer um? - ela respirou fundo enquanto uma lágrima escorria pela sua bochecha e eu continha o impulso de secá-la. - Eu pensei que eu conseguiria te fazer enxergar que você não é esse monstro que demonstra ser. - Katniss esfregou sua mão no rosto, enxugando-a na blusa a seguir. - Mas eu estava certamente enganada. Você é exatamente esse idiota que demonstra ser. 

Ela aparentava estar aguardando alguma resposta minha, mas eu não tinha nada a dizer, não havia nada a ser negado. Apesar da falta de palavras, eu somente sentia que não queria que ela me desse as costas novamente. Eu preferiria que a filha de Jackson jogasse na minha cara tudo aquilo que sou do que se mostrasse indiferente e me deixasse falando sozinho mais uma vez. 

 - Isso não deveria ser uma surpresa, Katniss. - declarei em uma tentativa de evitar que ela se afastasse - Você sabia desde o início o que eu sou e as coisas que eu faço para ser assim, mas você quis se iludir ao pensar o contrário. - Pude notar que ela estava pronta para contestar, seu peito subia e descia de modo notável. - Não tente negar! - gritei instintivamente e ela se assustou dando um passo para trás. - Você sabia com o que estava lidando, mas eu quero saber por quê. Por que você ignorou o que estava diante dos seus olhos e quis ser a luz no fim do túnel de alguém que não tem salvação? 

Ela engoliu em seco e desviou o olhar. 

 - Você está desviando do assunto - sussurrou. 

 - Não, não estou. - declarei - Eu só quero saber o que te fez despejar sua fé em mim. Se não fosse por ela, minha consciência não estaria tão pesada agora por ter te usado em busca dos meus objetivos. 

 - Você não vê? - questionou exasperada - Esse é o motivo, Justin. Você criou essa proteção em volta de si e se força a acreditar que tudo o que você é, é o que você mostra ser. 

Ela respirou fundo e encarou o teto em uma tentativa falha de impedir que lágrimas escorressem dos seus olhos. 

 - Eu acho que estava cega ao acreditar que eu seria capaz de desfazer toda essa droga, ao pensar que você demonstraria o mínimo de empatia que fosse se estivesse ao meu lado. O problema, Justin - declarou ela enquanto realizava passos lentos em minha direção, impedindo que eu desviasse meu olhar do seu. - É que você criou essa imagem de monstro sobre si e não quer desfazê-la. 

Eu podia sentir o ar que exalava do seu nariz se chocando contra minha pele, causando-me leves arrepios. Um passo a mais dado e não haveria distância alguma entre nós. Eu, entretanto, mantive-me parado à espera de seus próximos atos evitando, assim, que eu cometesse mais alguma besteira. 

 - E eu sinto muito por isso - sussurrou ela com a voz levemente falha. - Mas eu não vou mais me arriscar. 

Katniss engoliu em seco e deixou que uma última lágrima escorresse pelo seu rosto antes de inclinar a cabeça para baixo e sair em passos rápidos até a escada. Não tentei interrompê-la dessa vez e apenas bufei derrotado enquanto puxava alguns fios de meu cabelo em frustração. Dei meia volta em meus próprios pés e me debrucei sobre o balcão da pia enquanto ficava a encarar o granito que a revestia. Chegava a me surpreender o modo com que eu conseguia estragar tudo. 

Estava me sentindo derrotado: eu não havia sido capaz de honrar um simples pedido, eu não conseguia permitir que pessoas que se importavam comigo se aproximassem. Sentia-me algum tipo de ímã que só provocasse repulsão, como se só houvesse carga negativa ao meu redor. O plano era simples: raptar Katniss e torturá-la para conseguir derrotar Jackson. Por que isso se tornara tão difícil de repente? Por que eu me sentia tão culpado por estar fazendo exatamente aquilo que estava nos meus planos desde o princípio? Por que tudo parecia estar às avessas? 

Eu estava cansado de afastar quem só queria me dar uma chance. Ela estava certa: eu criei uma carapaça sobre meu corpo e me recusava a desfazê-la. Era tão mais fácil assim; assim sem me importar com as pessoas que machuco pelo caminho, sem me lembrar que o poder que eu almejo custa vidas. Parecia ser mais fácil afastar antecipadamente aqueles que poderiam se ferir do que agir sentimentalmente e mantê-los próximos a mim sobre o perigo de serem prejudicados no meio em que minha vida se encontra agora. 

Eu estava arrependido. Posso ter conseguido o que queria, mas, ao colocar na balança agora, não me parecia estar equilibrado o fato de eu perder Katniss para alguns armamentos. Ela me escutava e estava disposta a tentar algo comigo mesmo sabendo do merda que sou e, apesar disso, eu havia jogado essa oportunidade fora, como se não significasse nada, mas significava e só agora eu era capaz de admitir isso. Só agora eu via o peso das minhas escolhas e eu precisava fazer algo para reconquistar aquilo que eu perdi. O preço pago ao perdê-la não havia sido justo. 

Voltei minha atenção à comida que eu preparara e me sentei à mesa. Reinava um silêncio incômodo naquela casa e não pensei que esse silêncio me deixaria tão sem jeito já que minha vida se resume aos ruídos. O único barulho audível aos meus ouvidos era o mastigar do alimento em minha boca e isso era deprimente. Há minutos eu desejava estar sozinho e agora só queria que ela estivesse ali me dando outra chance.

Eu raspava a tigela com meu garfo quando ouvi o barulho de passos lentos se movimentando sobre a escada. Mantive minha cabeça inclinada e meu olhar focado no resto de macarrão cortado imaginando que fosse Katniss voltando ali. Esqueci, no entanto, que ela não era a única que dormira nesta casa na noite passada e me deparei com Jake parado no batente da porta após sentir um olhar persistente caindo sobre meus ombros. 

 - O que foi? 

 - Estou indo embora. - declarou e eu encarei a região que eu atingira na tarde anterior com minha arma. Ele deu de ombros quando notou o que eu observava. - Já está melhor. 

 - Ótimo - disse irônico - Então quando você chegar até os braços do seu chefe, talvez você possa explicá-lo como todos seus outros homens estão mortos a não ser você. - Revirei os olhos e descansei os talheres sobre meu prato. - Gênio - murmurei. 

Jake bufou e jogou o peso do seu corpo sobre seu pé direito, apoiando-se na porta despreocupadamente. 

 - Eu já pensei sobre isso. 

Arqueei minhas sobrancelhas à espera da continuação. 

 - Você me deixou vivo para repassar a história. - explicou ele. 

Ri pelo nariz. 

 - Muito convincente. 

 - Tem alguma ideia melhor? - Encarei-o com raiva. Eu realmente não tinha ideia melhor. - A culpa não é minha se vocês decidiram colocar aquele lugar pelos ares. Agora eu preciso voltar. 

 - Ou você poderia ficar aqui enquanto ele pensa que você está morto. 

 - E então o meu papel para você iria ser inútil. - Revirei os olhos relutando a aceitar. - E depois eu que sou o gênio - disse com desdém. 

Esbocei um sorriso forçado e indiquei a porta principal com a cabeça, pretendendo dizer que ele poderia ir embora. Jake me lançou um olhar vitorioso enquanto me dava as costas e partia. Admito que seu jeito exibido me dava nos nervos às vezes. Certamente, a partir de agora, Jackson teria a certeza de que eu estava com sua filha, já que não teria como Jake explicar como derrotamos dezenas de metralhadoras de última linha a não ser contar da chantagem realizada. Isso significava que eu precisaria ser mais cuidadoso daqui para frente e reforçar a segurança da minha casa, o que provavelmente não seria difícil tendo em vista o armamento roubado. O fato de Charles não ter mostrado as caras até agora me fazia presumir que ele havia evitado passar por humilhação e havia ido embora antes que alguém o visse. Agradecia mentalmente por isso, pois minha cabeça já estava carregada demais.

Despejei a louça na pia e a lavei. Agora que estava carente de empregada, alguns sacrifícios da minha parte seriam necessários. O tempo que eu levei para realizar tal tarefa doméstica permitiu que eu concluísse a necessidade de consertar as coisas com Katniss. Ela certamente estava com fome, já que eu passara o tempo todo na cozinha e não a vi comendo em momento algum. Ainda, nossa proximidade havia se iniciado quando eu a levei para comer fora, portanto, repetir o ato não seria tão má ideia assim e eu sinceramente esperava que ela notasse meu arrependimento. Não queria deixá-la escorrer pelos meus dedos. 

À princípio, não imaginara que sua proposta de nos aproximarmos me deixaria tão abalado como me deixara, mas eu havia a aceitado e não a jogaria fora agora. Deixei a mesa desarrumada e subi até o andar superior com pressa e temendo que eu logo mudasse de ideia e deixasse de lado o propósito de redenção. Vesti-me casualmente antes de rumar até o quarto de Katniss. Meus batimentos cardíacos subitamente se aceleraram no momento em que levantei meu pulso pronto para bater na porta. Questionei-me por um momento se eu não estava sendo estúpido ao tentar dar a mim mesmo mais uma chance que eu, conhecendo-me, provavelmente perderia de novo. 

Respirei fundo e me convenci de que estupidez era manter as coisas como elas estavam. Acho que eu havia cansado de me guardar dentro da carapaça. Bati duas vezes na porta, engoli a saliva e busquei apoio na parede atrás de mim enquanto buscava refúgio para as minhas mãos no bolso da calça. Eu encarava meus tênis enquanto ouvia certa movimentação dentro do quarto dela e só levantei meu olhar quando a maçaneta se girou e Katniss apareceu em meu campo de visão. 

Seu olhar subitamente assumiu um tom de desapontamento e eu sorri sem jeito. Ela se escorou no batente da porta e franziu o cenho ao me analisar dos pés à cabeça. 

 - O que você quer? 

 - Impedir que você continue com essa teimosia e fique sem comer. 

Ela revirou os olhos. 

 - Eu não vou comer seu macarrão. 

 - Não mesmo. - concordei - Até porque eu comi tudo. - dei de ombros enquanto esboçava um sorriso divertido, mas a expressão dela se manteve a mesma. Respirei fundo e me desencostei da parede. - Anda, você vai comigo. 

Katniss arqueou uma sobrancelha. 

 - Não vou, não. 

 - Acontece que eu não estou pedindo. 

 - Ótimo. Agora também vai me obrigar. 

Suspirei mais uma vez, procurando mentalmente alguma forma de me acalmar. Dei passos lentos em direção a ela, fazendo-a se espremer contra o batente de sua porta cada vez mais. 

 - Não vou te deixar passar fome. - Tentei dizer calmamente. - Agora, anda logo. 

Apontei o corredor com a mão, mas ela se manteve estática enquanto somente observava meus movimentos. Bufei sendo tomado pela impaciência. 

 - Porra, Katniss. 

Segurei-a pelo braço e a puxei para fora do quarto. Juro que tentei não apelar para o meu lado rude que toma conta de mim quando não consigo o que eu quero, mas eu não sabia lidar com aquela birra. Tudo bem, ela estava certa ao entrar em negação a meu respeito, mas eu não estava pronto para deixá-la de lado assim. Minha atitude de forçá-la a ir comigo havia sido errada, não possuía dúvidas sobre isso, mas eu não tinha outra opção; não a deixaria com o estômago implorando por comida. Esse ato pode, provavelmente, ter me feito perder mais pontos ainda, mas eu não me importava. Ela estava sendo teimosa e precisava que eu agisse dessa maneira. 

 - Que droga, Bieber! - contestava ela enquanto tentava inutilmente me afastar com tapas no braço. - Me solta! 

 - Somente quando você parar de agir como criança. 

Ela riu irônica. 

 - Claro! Estou sendo muito criança por não querer a sua presença depois de você meter uma bala na minha canela. Muita infantilidade minha mesmo! 

 - Olha só, droga! - protestei ao chegarmos à sala de estar. Ela se assustou com minha parada abrupta e de repente seu rosto estava mais próximo ao meu do que o esperado. - Eu estou tentando compensar isso, tudo bem? Não sei se você percebeu, mas eu estou tentando compensar a merda que eu fiz, será que você pode colaborar? - Eu havia elevado um pouco minha voz. Os olhos dela estavam levemente arregalados quando engoliu em seco e se manteve quieta. - Muito obrigado. 

Retornei o caminho até a garagem com o braço dela sobre o leve aperto da minha mão. Katniss tinha uma expressão de poucos amigos, mas entrou no meu Audi, batendo a porta com força a seguir. Praguejei-a mentalmente, mas logo me coloquei ao seu lado no banco do motorista e parti até o local planejado. 

Estacionei meu carro sobre a lama ao lado do lago artificial que proporcionava a bela vista daquele restaurante de beira de estrada. Demorou até que chegássemos ali e o caminho havia sido insuportavelmente silencioso. Eu havia tentado puxar conversa algumas vezes, mas Katniss espremia seus lábios e olhava pela janela ao seu lado sempre que eu tentava. Ela abriu sua porta e desceu analisando o local de um modo confuso. Esperava sinceramente que ela tivesse gostado, ainda mais com o sol a oeste, preparando-se para ir embora e deixando rastros laranja pelo céu, que refletiam no lago. 

Katniss suspirou fundo quando parei ao seu lado observando a paisagem assim como ela estava fazendo. 

 - Bonito. 

Foi o que ela disse antes de seguir na minha frente em direção à entrada do restaurante. Dei uma ultima olhada naquele lago e a segui, concordando mentalmente com seu comentário. 

Havia alguns homens sentados em uma mesa ao canto enquanto bebiam e jogavam conversa fora com vozes elevadas. Mais duas famílias estavam por ali, o que tornava o local relativamente vazio. Katniss escolheu uma mesa de frente para o lago artificial e apoiou seus cotovelos sobre ela quando se sentou, virou o rosto e ficou assim. Eu não disse nada e nem estava no direito disso. Eu a forcei a ir até ali e fiz coisas que não deveria ter feito, só esperava que sua consciência aceitasse me conceder mais uma chance, mas isso eu não forçaria. 

 - Boa tarde - anunciou uma garçonete com sorriso simpático no rosto. - Vão querer beber algo? 

Ela nos entregou os cardápios e Katniss começou a folheá-lo. Deixei o meu de canto e retribuí o sorriso. 

 - Um chope.

Ela assentiu e anotou em sua caderneta, virando-se para Katniss a seguir. 

 - E você? 

 - Hum - resmungou Hoffman e me encarou, como se estivesse pensando se deveria ceder ou não, mas eu desviei o olhar evitando  intimidá-la. - Quero um suco de manga e um filé mignon à parmegiana, por favor. 

A atendente sorriu antes de concluir nossos pedidos e nos deu as costas a seguir, restando mais uma vez o silêncio incômodo à mesa. Busquei o olhar de Katniss uma vez, mas ele focava na paisagem do lado fora e isso evitou que eu puxasse qualquer assunto desnecessário. Imitei-a e virei meu rosto para o lago, perdendo-me em pensamentos e esquecendo por um instante a droga que eu havia feito com a minha vida. 

 - Como você encontrou aqui?

A voz dela me fez despertar. Encarei-a assustado, embora contente. Pigarreei antes de responder.

 - Já presenciei muitas fugas e uma delas acabaram me trazendo até aqui. 

 - Foi uma boa fuga, então. 

Sorri e concordei. Katniss esboçou um sorriso tímido e voltou sua atenção para o lago. Suspirei fundo. 

 - Desculpe pelo jeito que te fiz vir até esse lugar - declarei receosamente e ela levantou seu olhar até o meu. Seus olhos me hipnotizavam. - E por todo o resto. 

 - Você não é bom com isso. 

 - Isso o que? 

 - Pedir desculpas. 

Respirei fundo enquanto ainda mantinha meu olhar sobre o dela. 

 - É, eu sei. - admiti. - Mas também nunca pensei que algum dia eu me importaria tanto com alguém ao ponto de não querer perdê-la e ter que fazer isso. 

Suas bochechas subitamente se ruborizaram e me senti vitorioso por dentro. Ela abaixou seu olhar evitando que eu visse seu sorriso tímido. Em seguida, ergueu a cabeça e voltou a observar o local do lado de fora enquanto apoiava sua mão sobre a mesa. Analisei-a por alguns instantes antes de posicionar a minha sobre a dela. Ao sentir meu toque, Katniss rapidamente retornou sua atenção a mim e expressou um olhar surpreso no rosto. 

 - Eu realmente espero que você consiga me entender, Katniss. Eu fui um idiota e sei muito bem disso, mas é o que eu faço e você deveria saber. Faço coisas estúpidas a maioria do tempo, mas eu não quero mais ser esse cara com você. Não com você. - sussurrei enquanto acariciava a sua mão com a ponta do polegar. 

Pude notar quando ela forçou a própria saliva por sua garganta e abaixou o olhar para nossas mãos sobrepostas. Gentilmente ela puxou sua mão para si e a descansou em seu colo, pigarreando a seguir. Acredito que estivesse procurando o que dizer e eu não deixei de encará-la mesmo diante da sua timidez, mas não fui capaz de descobrir o que ela faria ou diria, já que sua comida logo chegou nas mãos da atendente. Katniss se ajeitou melhor em seu assento, provavelmente aliviada por ter sido salva de uma situação certamente embaraçosa, e logo se serviu. 

Tomei meu chope enquanto a observava de vez em quando dando as garfadas em sua comida. Trocamos alguns olhares, mas logo um de nós desviava e o silêncio se manteve o mesmo. Apoiei de modo relaxado na cadeira, espreguiçando-me e estendendo meu braço até a poltrona ao lado. Katniss estava sentada a minha frente e, assim como eu, ela se assustou quando a roda de homens bêbados começou a falar mais alto do que antes e a bater suas garrafas na mesa. 

Virei-me para ver o que estava acontecendo e um deles pareceu me notar, fazendo-me retornar logo à posição inicial e observar Katniss se deleitando com seu almoço. 

 - Ah, não! - exclamou um dos homens daquela mesa. - Não estou acreditando nisso! Hoje é mesmo meu dia de sorte. 

Vi Katniss levantar seu olhar em direção aos escandalosos e expressar um olhar confuso em seguida, parando de comer e colocando seus talheres ao lado do prato. Imitei-a mais uma vez, dominado pela curiosidade, e voltei a girar em meu assento, mas não precisei me esforçar tanto dessa vez, já que o homem que me vira estava ali ao meu lado. Semicerrei meus olhos e apertei a arma no cós da minha calça, certificando-me de que ela estava ali. 

 - Eu te conheço? - perguntei. 

Ele sorriu e pude ver os dentes que faltavam em sua boca. 

 - Não - anunciou - Mas eu te conheço. 

Arqueei uma sobrancelha esperando que ele se explicasse. 

 - Meu nome é Dylan. Dylan Bennett. - ele me estendeu a mão, mas não me mexi. 

 - O que você quer? 

 - Uau - disse surpreso e deu um passo para trás - Você realmente não faz a menor ideia, não é, Bieber? 

Repeti meu ato anterior e arqueei a sobrancelha mais uma vez. Ele riu de modo forçado e apoiou suas mãos na mesa, uma delas quase tocando Katniss. Segurei a arma com mais força ao vê-la se encolhendo diante da aproximação do sujeito. 

 - Tudo bem então, deixe-me ver se consigo te ajudar. - Ele puxou uma cadeira da mesa de trás e a colocou ao lado de Katniss, onde se sentou. Trinquei meu maxilar e me segurei para não sacar logo minha arma e acabar com essa cena. - O nome Sam Bennett é estranho para você? - Semicerrei meus olhos. - Bom, parece que não, mas tudo bem, eu posso te relembrar para não haver duvidas. Sam Bennet é, ou era, meu irmão. Trabalhava no tráfico de Atlanta até que foi morto por um moleque que queria pegar o que era dele. Foi bem trágico, na verdade. 

Senti que o olhar de Katniss caiu sobre mim e eu engoli em seco. 

 - Faz alguma ideia de quem o matou, Bieber? 

Eu não respondi. 

 - Acho que agora você também pode imaginar o que eu quero, então.

Ele se levantou tão rápido que não fui capaz de competir com o tempo que ele levou para tirar a arma da sua calça e apontá-la para mim. Katniss gritou e logo todos os que antes estavam naquele restaurante saíram correndo e gritando, a não ser os amigos de Dylan, que se calaram. 

 - Deve ser tão fácil para você, não é? Tirar uma vida só para conseguir o que quer e não se importar com o que tem por trás dela. 

 - Dylan, acalme-se! - aconselhou um de seus amigos que se aproximava de nós aos poucos. Nesse breve momento de distração, consegui pegar minha arma e me levantei mirando em Bennett. 

 - Justin - sussurrou Katniss. Olhei para ela e vi lágrimas se acumulando em seus olhos. 

Dylan se virou depois de responder o amigo e olhou para Katniss, tendo sua arma ainda na mira do meu peito. Ele abriu um sorriso diabólico e me encarou antes de mudar a mira para Hoffman. Apertei o cano da minha arma, prestes a disparar o gatilho. 

 - Não faça isso - disse autoritário - Ou eu te mato e te coloco junto ao seu irmão.

 Ele sorriu malicioso e eu tive a certeza de que deveria ter me calado e agido logo.

 - Acho que ela é importante para você então. 

Dylan apertou o gatilho da sua arma antes que eu conseguisse agir e eu revidei mirando em sua cabeça antes de olhar para o lado e ver a blusa de Katniss acumulando sangue na região da sua barriga. Ela olhou para baixo assustada e passou os dedos pelo buraco que se formara no tecido. Corri em sua direção e observei desesperadamente seu ferimento na esperança de que não tivesse sido nada tão grave, mas eu só estava me iludindo. 

 - Justin - sussurrou ela uma última vez antes de cair para trás buscando apoio em meus braços com seus olhos quase abandonando os meus. 


Notas Finais


Justin só tá dando fora néee...
Tenho uma notícia ruim pra vocês e pra mim... Minhas aulas retornam semana que vem, como lidarrr? Não estou psicológica nem mentalmente pronta para isso, socorro
Espero que vocês tenham gostado e não deixem de me contar o que estão achando haha Sério, isso me estimula muito na escrita e me deixa MUITO contente ao ver a opinião de vocês, que é muito importante para mim!
Agora vou dizer isso pra você que está atrás de uma fic ótima/maravilhosa com o Justin famoso: leiam Feet Feeling, aposto que irão amar!
"Feet Feeling" - https://spiritfanfics.com/historia/feet-feeling-9211345

Beeeijos!!


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