;amiguinho:
Se ame.
Sentia-se incomodada dentro daquele enorme mercado, sentia as íris alheias voltadas para si, sendo grande parte delas curiosas, bisbilhoteiras e isso deixava-a enojada. Por que não cuidam das próprias vidas?, sua mente insistia em perguntar enquanto as bochechas rosavam por debaixo da sacolinha, tanto de vergonha, quanto de raiva e desapontamento. Porque, ela sabia, se tirasse o pequenino objeto marrom da cabeça, ninguém a entenderia, tirando seus pais e o amigo loiro, é claro.
Mataria Jimin mais tarde, pois a ideia estúpida de sair mais de casa e acostumar-se com a sociedade havia sido dele, e esta fora a única razão pela qual caminhara até o marcado.
Suspirou, agarrando a cestinha mais fortemente e ajeitando a barrinha do vestido listrado antes de virar o setor, deparando-se com seu objetivo desde o início: cereais. Sorriu curto, passando os dedinhos suavemente pelo metal e pelos objetos que este apoiava, lendo as variadas marcas, procurando pela sua predileta.
Numa prateleira quase alta demais, avistara a marca ‘arco-cereais’ e sorriu largo, animada e esticou o bracinho para pegar, não obtendo sucesso. Muito alto, maldita altura, praguejou mentalmente, ficando na pontinha dos pés para ver se conseguia alcançar e, mais uma vez, falhou; então, passou a dar pulinhos e mais pulinhos com o braço esquerdo esticado, contudo, esqueceu-se que trajava sapatilhas pretas, acabando por tropeçar.
Fechou os olhinhos fortemente e esperou o impacto contra o chão, no entanto, no lugar das dores e o encontrão, sentiu-se agarrada por dois bracinhos magros e fortinhos que lhe firmaram a cintura e a rodearam, impedindo-a de cair.
— Você está bem? — uma voz macia atingiu seus ouvidos cobertos pela sacolinha, fazendo-a corar drasticamente.
Yoongi abriu os olhinhos, encontrando o rosto de seu ‘salvador. Oh, não. Não podia ser verdade.
Jung Hoseok.
O moreno estava de frente para seu rosto coberto com o objeto marrom, encarando-a no fundo dos olhos escuros por detrás dos buraquinhos. Seu olhar transmitia preocupação e curiosidade.
— E-Estou — respondeu trêmula e doce, corando ainda mais, agradecendo pelo Jung não poder ver.
— Você tem que tomar mais cuidado, sabia? Podia ter se machucado — repreendeu, ajudando-a a ficar de pé. — É sempre desastrada assim? — arqueou a sobrancelha e sorriu divertido.
A Min riu curta, ajeitando o vestidinho, pegando a cestinha do chão e colocando-a atrás das costas com as duas mãos.
— Na verdade, não — cantarolou; — e você? Sempre folgado e preocupado assim?
Hoseok sorriu, mesmo sem saber o por quê. A voz era tão, tão docinha...
— Na verdade, não — riu, acompanhado. — O que queria pegar?
Yoongi apontou para cima, onde estava a caixinha de cereais que procurava alcançar e o Jung sorriu largo.
— Essa é a minha marca preferida — sorriu bonito, ouvindo-a rir e balançar a cabecinha de um lado para outro. — O que foi? — tombou a cabeça à esquerda, mordendo os lábios, nervoso, curioso.
— Nada — deu de ombros, sorridente; — é que também é a minha.
Por um momento, depois do dito, o moreno parou para refletir, e se pegou desejando saber como era seu sorriso, como era seu rosto e suas expressões; saber como era sua vizinha. Riu de si e suas indagações, corando suave e negando com a cabeça.
Encarou a outra, que o fitava curiosa pelas reações que presenciara.
— Você tem bom gosto — deu uma piscadela divertida, vendo-a engasgar-se levemente.
Yoongi não sabia como reagir. Hoseok deveria tomar mais cuidado com as ações, pensava, fazendo o ar voltar para os pulmões de forma calma.
— Ei, tudo bem? — colocou a mão sob as costas alheias manso, fazendo um carinho.
E a Min corou novamente.
— S-Sim! T-Tudo ótimo! — as falas saíram apressadas e as letras tropeçavam em si mesmas.
O Jung arqueou uma sobrancelha, duvidoso, enquanto tirava a mão quentinha do dorso da vizinha.
— Hm... tudo bem, então — curvou os lábios, num sorriso receptivo; — me chamo Jung Hoseok! E você? — estendeu a mão direita.
— Eu já sabia... — sussurrou, vendo o outro passar a encará-la com os olhos interessados, tombando a cabeça para o lado. Tratou de responder, antes que alguma pergunta viesse: — Me chamo Min Yoongi, muito prazer — encaixou a mão na do outro, soando feliz.
— Seu nome é legal! — exclamou. — Quantos anos você tem? — desenroscou o aperto, sorrindo meigo.
O coração da Min não poderia estar mais acelerado, suas bochechas estavam rosinhas e as perninhas bambas, não conseguia acreditar: finalmente estava falando com Jung Hoseok.
— T-Tenho doze anos — a cabecinha pendeu para o lado e as mãozinhas nas costas apertaram a cesta.
— Jura?! — a fala saíra afoita. — Eu também! — riu bonito, acompanhado da outra.
— Juro, ‘juradinho — a voz soou açucarada, e os olhos de Hoseok, por um momento, brilharam.
— H-Hã... você queria ajuda com os cereais? — desviou do assunto, assim como seus olhos desviaram dos dois abaixo dos buraquinhos feitos na sacola.
Yoongi ficou confusa com a reação do outro, mas assentiu mesmo assim, dando de ombros.
— Eu quero.
Hoseok esticou-se, ficando na ponta dos pés e levando a mão esquerda à caixinha, resgatando-a rapidamente.
— Aqui, Yoongi-ah — o moreno estendeu para a outra, levemente acanhado.
— Pode me chamar de Mimi — riu graciosa por debaixo do saquinho.
O moreno encarou-a enquanto ela colocava a caixinha dentro da cesta, pensando no quão bonito era o som de sua voz, sua risada, seu jeitinho meigo e atrativo, sua personalidade forte e o corpinho deliciado.
Pensou no quão ela era linda.
— Hoseok? — fora arrastado dos pensamentos pela voz doce, observando a silhueta mais próxima de si, encarando-o através dos buraquinhos feitos nos olhos. Corou.
— O-Oi? — desviou o olhar.
— Nada, é que você estava me encarando faz um tempo, pensei que algo estivesse errado — riu, meiga.
— Não... não é nada... — balbuciou, coçando a nuca; — Mimi-ah... — chamou, corado, não podendo ter a bela visão de Yoongi corando, também.
— Sim?
— Vamos juntos pra casa?
⇁
Os dois pré-adolescentes caminhavam um ao lado do outro, conversando animados durante todo o percurso.
— Você não pode ter engolido uma borboleta! — a Min exclamou, rindo enquanto ajeitava o saco marrom na cabeça.
— Pois eu engoli — retrucou, rindo junto da outra.
— Você é muito besta, Hoseok-ah — deu-o um leve tapinha no ombro.
— Não sou, eu fui desafiado — piscou.
— Aish, não se arrisque tanto por um desafio.
— Por que não? — o moreno tombou a cabeça para o lado.
— Porque podem te machucar.
Pararam de frente para a casa da Min e ficaram olhando-se, mesmo que o Jung não pudesse vislumbrar tão bem os olhos alheios por conta do maldito saco marrom.
— Aish, não precisa se preocupar, sua boba — riu, negando com a cabeça, sem dar-se conta de como disparou o coração da garota à sua frente.
— Eu... eu não estou preocupada — virou o rostinho, fazendo o saquinho soltar alguns estalos.
O Jung riu.
— Tudo bem, então — estendeu o mindinho, fazendo-a encará-lo desentendida; — o que acha de propor um desafio comigo?
— Que tipo de desafio? — mirou-o intrigada.
— O tipo que, no final, eu descobrirei sua “identidade secreta” — riu; — e você sairá comigo na rua, sem isso aí na cabeça.
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