Linhas Do Destino
Naquele dia tão especial o céu estava nublado, as nuvens pareciam querer chorar, haviam um grande atrito entre elas, algumas até mesmo esbravejavam com raios e trovões, e mesmo querendo deixar a perfeita Londres com um tom decante, aquela combustão parecia deixa-la mais graciosa, e para Novak não importava se chovesse, ou que o céu caísse sobre sua cabeça, pois o doce som dos sorrisos travessos de Lúcio ecoando seus ouvidos lhe davam um dos maiores deleites de sua vida. A tarde no cinema fizera o menor gastar muito mais de suas energias, sentado no banco da frente com seu pai, ele cantarolava a música que seu pai cantava todas as noites antes de dormir, a melodia ele tinha ouvido de um cantor qualquer, mas o que aquelas belas palavras significavam para ambos.... Ah, só Castiel sabia o que essa doce canção que ficara em sua mente fazia por dentro.... Por dentro, era como um monumento de baralho, todas as cartas empilhadas, uma paisagem a ser admirada, mas era só ouvir o vento trazer aquela bela composição, que todas suas pilhas frágeis vinham ao chão, e antes que a última carta chegasse ao solo duro e hostil, seu coração sentia, a mesma sensação que tivera no dia em que sua amada havia partido.
“Eu posso tentar parar com isso, o quanto eu quiser
Verdadeiramente perdi esta luta
Achei que fosse forte o bastante para você
Mas não consigo esconder a verdade
Então acho que este é o meu fim
Acho que acabarei desta maneira” – Shawn Mendes (Like This)
– Tantas vezes eu tentei Hanna – Disse Castiel em voz alta chamando a atenção do pequeno ao seu lado. Seus lábios finos e vermelhos vinham com uma pergunta cheia de cortejo.
– Tudo bem papai? – Lúcio mesmo sendo apenas uma doce criança, havia dentro dele um instinto muito forte chamado: Curiosidade.
– Está sim meu amor, é só que.... – Castiel parou o carro em um farol, ele hesitou em olhara para Lúcio, era como se Hanna estivesse bem ali, olhando para ele, através da íris azul de seu filho, como se um pedaço de sua mulher tivesse ficado para trás, e Lúcio era o pedaço que faltara. Mas já faziam nove anos, Castiel deveria seguir em frente, olhar com o pensamento visionário que ele tinha e caminhar mais uma vez, porque, mesmo que a vida tivesse sido dura com ele, ela ainda estava bem ali, esperando que ele deixa-se permitir a sua entrada e recomeçasse.
– Quem é Hanna papai? – Castiel olhou um pouco incrédulo para Lúcio, o pequeno nunca mencionava o nome dela, só quando Novak contava a história de seu nascimento – Eu ouvi você falando esse nome uma vez.
– Você realmente não se lembra não é mesmo? – O sinal já havia sido aberto, o moreno prosseguiu para o trajeto que estava fazendo com seu filho. Lúcio negou como das outras vezes, e para Castiel não era nenhuma surpresa, mas o que Lúcio disse logo em seguida fez seu coração derreter em meio ao frio que estava lá fora.
– Não papai, mas quando ouço esse nome, é como se eu ouvisse a canção que sempre canta para mim – Até quando fala coisas impensadas, Lúcio conseguia ser doce. Novak sorriu aberto, as palavras do seu filho eram como uma pena caindo sobre o chão, frágil e dócil.
– Ela era uma mulher muito especial, estamos indo visita-la – Disse Castiel falhando uma batida. Ele estava seguindo rumo ao cemitério onde Hanna estava enterrada a sete palmos a baixo do chão. Lúcio deu um grito de alegria, mesmo sem conhece-la, estava ansioso para conhecer a dona do nome mais lindo do mundo. Novak seguiu uma rua cheia de arvores, o nome do lugar se chamava caminho das Pétalas, pois a entrada para o cemitério era rodeada de arvores cerejeiras. Com o fim da tarde o lugar ficava ainda mais incrível, as pequenas pétalas que cacheavam os ramos de seus galhos caiam no chão, o vento as conduziam em uma terna valsa, havia uma serenidade muito grande no local, talvez o corredor florido fosse para receber as almas abatidas que iam visitar apenas os retos de ossos dentro de um caixão. Mas o casamento que a natureza criava ligando aquelas lápides ao seu grito de angustia ia além da compreensão de Castiel.
Seu carro parou a meia quadra antes de um grande portão verdejante, Lúcio desceu do carro seguindo Castiel, ambos de mãos dadas seguiam até o portão. Os olhos azuis do pequeno admiravam a chuva de pétalas caindo sobre si, ele não conseguia conter o sentimento no peito, soltou a mão do moreno e levantou as mãos como se quisesse pegas uma por uma, elas escapavam entre os pequenos dedos do menor, deixando para trás uma lividez natural, Novak olhando aquela cena, não poderia deixar de fazer o mesmo, ele girava em círculos tentando capturar as pétalas em sua palma, aquele momento com seu filho o trazia mais perto do chão, o fazia se sentir vivo mais uma vez, sentir-se humano, e não uma máquina de trabalho, um robô.
– É tão bonito – Argumentou Lúcio pegando algumas pétalas do chão enchendo suas mãos e as jogando para cima. Castiel apenas concordou, seus lábios cantaram um riso, tudo estava diferente para ele naquele momento, aquelas peças florais o saudavam com amor e ternura, o bailar do vento traziam consigo seu aroma deixando Novak entorpecido, um arrepio cortou sua espinha, era a mesma sensação de quando os lábios do moreno deleitavam os de sua esposa, ou de quando afaga suas narinas em seus cabelos recém lavados. Hanna foi seu primeiro e único amor, ele nunca esteve com outra pessoa que não fosse ela, foi a única pessoa que Castiel confiou cegamente o seu coração.
– Hanna.... – Soltou Castiel contra o vento, fechou os olhos e o leve risquê que dançara em seus olhos o fez suspirar, era quase notário ver os cílios balarem de um lado para o outro, os cabelos negros como a noite brigarem para se manterem no lugar, mas a voracidade das ventanias queria desarruma-los, parecia tão louco. Algo além dele dizia que aquelas rosas tinham o cheiro de Hanna, a graciosidade que as pétalas caiam sobre o sobretudo de Castiel poderia ser uma mensagem, não só da sua falecida, mas da vida, esperando para ser notada, ser vivida como ela gostaria de fazer. Há muito Novak havia deixado as linhas do seu destino em brancos, tudo que havia naquele prontuário de seu pergaminho, eram pontilhados, rabiscos inacabados, e talvez a tinta dessa caneta tenha sido seca, e Castiel estivesse cansado demais com Lúcio ou com seus trabalhos para poder reescrever esse novo capítulo da sua história.
Atrás dos grandes portões estava a tumba de Hanna, Castiel caminhou com Lúcio próximo a uma lápide acinzada, ambos pararam em frente do solo verdejante, haviam muitas outras naquele campo de memorias, de pessoas que a vida levara, mas apenas uma significava para Castiel. Novak não sabia como era o outro lado, ele achava graça de como as coisas eram após ter alguém tirado de você, alguém que tanto ama, num momento você é apenas um bebê, indefeso, pequeno, e depois de um ciclo inteiro – muitas vezes nem isso – as únicas coisas que lhe restam nesse mundo é o seu corpo definhando debaixo da terra, restando apenas o pó.
– Olá meu amor – Disse Castiel para lápide com as gravuras do nome de sua amada. Ele sabia que talvez não restavam sequer pedaços seus ali, estava mais que estampado nas gramas que murmuravam debaixo de seus pés que ela não estava ali, mas ele não se importava, ela inda vivia em sua memória, e isso era o que importava – Hoje nosso menino faz nove anos....
Lúcio segurava as grandes mãos de Castiel, seus pequenos dedos com as pontas frias circulavam o contorno das de Castiel, ele estava apreensivo, internamente era como se ele tivesse vendo aquele lugar pela primeira vez, ver o nome da sua mãe – que ele nunca lembrava, nem mesmo sabia que tinha – fora como tirar-lhe o fôlego, seus pequenos pulmões entraram em um pequeno conflito em busca de ar, e mesmo com aquela ventania, era como se o ar tivesse seco por um segundo. Seus olhos se fecharam, tragou um longo suspiro, e Lúcio teve certeza que sabia quem ele era naquele momento.
– Eu posso ouvir – Disse o menor soltando a mão do pai, seus lábios abriram e uma explosão de alegria percorrera seu ventre, as células do seu corpo sentia as vibrações do ambiente lhe palpar com gracejo, ele não entendia o som que proviam de seus ouvidos, se esforçava para reconhecer de onde vinha aquela leve batida – Ouço o som de um coração papai – Castiel observava tudo encabulado, muitas coisas que saiam dos lábios de Lúcio o moreno não conseguia identificar e vê-lo tão inerte nos seus próprios pensamentos o deixara confuso e cheio de curiosidade para saber o que se passava nas suas ondas cerebrais, no seu coração.
– Oh meu amor.... – Abaixou-se Novak até a altura do seu filho, Lúcio ainda mantinha seus olhos fechados, Castiel queria entender seus pensamentos, suas variações de sentimentos, entender o que seu coraçãozinho pedia, sua linguagem de ver as coisas. Lúcio era especial sim, suas memórias muitas das vezes eram apagadas e tudo o que ele conseguia sentir era um vazio, todos os dias era um dia novo para o pequeno, mas naquele momento entre o vento e a linha de seus pensamentos Lúcio sentia-se completo, parte de todo aquele mundo de Castiel Novak, parte da humanidade, parte de algo que não fosse apagado de suas lembranças da sua vida – Talvez seja....
– Eu sinto falta dela, eu posso sentir seu cheiro agora entre minhas narinas.... Sei que falta um pedaço de mim papai, e sou tão pequeno para tudo isso dentro de mim – As palavras de Lúcio saiam como bolhas de sabão flutuando no ar, e a pequena cachoeira que se formava perto de seus olhos diziam que ele estava triste de alguma forma, que seus sentimentos – mesmo que apenas de um garotinho – eram grandes demais, não cabiam dentro do seu peito danificado, e até ele mesmo percebeu que haviam pedaços seus faltando dentro de si, que havia sim algo errado com ele. As vezes se perguntava, se o mundo que cobriam sua íris poderia ter um espaço para ele, pois ele sentia-se perdido a tantos conflitos naturais de seu organismo, do seu mau funcionamento dos pulmões, e seu cérebro que lhe faltavam neurônios para uma vida normal, ele sofria calado sim, seus gritos lamuriosos eram siliciosos, nem ele mesmo entendia aquele pequeno choro. Algo faltava-lhe. Um sustento? Talvez, e provavelmente Castiel não era o suficiente para Lúcio – Eu sei papai, que talvez amanhã eu não vá mais lembrar do seu rosto, e você ficara triste, e que mesmo cansado do trabalho faz questão de mim lembrar quem eu sou.....
– Lúcio meu amor.... – O que eram aquelas coisas vinda de seu filho? Castiel estava perplexo por pela primeira vez Lúcio abrir seus pensamentos, seu coração, sua caixinha dentro de si e Novak esperava tanto por isso, queria desfrutar mais do que era do mundo de seu filho, para tentar entender e ajuda-lo a caminhar os passos da vida – Não diga isso.... Eu sei que talvez para você seja difícil, mas eu estou aqui! E sua mãe.... Teria muito orgulho do menino que você é, da pessoa que um dia você irá se tornar.
– Eu vejo papai.... – Lúcio segurou o rosto de seu pai, ele o tinha em suas mãos, as esferas azuis chocando uns contra outras em um olhar simplório, Castiel nunca se sentira tão pequeno – O peso que sou para você, as vezes ouço um chorinho, assim como o meu quando estou assustado, e ele vem de você papai – Os olhos de Castiel marejaram. Jamais ele imaginou que, seu filho, sua joia o deixasse tão pequeninho com tão poucas palavras. O moreno queria dizer que não, que Lúcio estava enganado, que todos os esforços foram por puro prazer, e que Lúcio não era um fardo em sua vida, um peso, uma cruz, mas se o fizesse estaria mentindo. Quantas vezes quis desistir do menor, aproveitar-se da sua perda de memória e lava-lo a um centro de adoção, Lúcio não sentiria falta não é mesmo? Quantas vezes Novak chorava em silêncio depois das suas jornadas de trabalhos, sem contar que ele fazia trabalho dobrado, as vezes fazia bicos noturno quando via que as condições apertavam, e o mais doloroso para Castiel não era enfrentar tudo, e sim estar sozinho, a deriva, perdido e sem chão. Castiel queria contradizer as palavras de Lúcio, mas foram as verdades mais dolorosas que Novak ouvira em toda em sua vida, se fosse de um alguém qualquer estaria tudo bem, pois ao amanhecer ele trataria de esquecer, entretanto era seu filho que mostrava ao mais velho a verdade na sua forma mais rude, fria e crua.
– Vamos fazer assim.... – Disse Castiel limpando a primeira camada de lagrimas que caiam dos olhos de Lúcio – Hoje é seu aniversário meu anjo, é para ser um dia feliz, vamos deixar as preocupações para outra hora.... O que acha? – Novak tentava dissipar a nuvem que começava a se formar em seu coração, faziam tantos anos que seus ventos haviam os levados do céu, e só foi Lúcio abrir seu coração que o oceano de seu mundo travava uma grande tempestade, ele não tinha mais forças para lutar contramaré, não agora, talvez mais tarde.
O breve passeio até o cemitério, trouxe para Castiel um novo ponto de vista da sua vida. Para muitos Castiel Novak era o tipo de homem que suportava as piores das enchentes, poderia o mundo desabar que ele se manteria firme, forte, mostrando a tudo e a todos que estava bem – até ele mesmo acreditava que era assim – o oficio lhe fez assim, ditou para que ele seguisse assim, mas foram só meia dúzia de verdades vinda dos lábios angelicais do menino de cabelos aloirados que seus pedaços dissiparam no ar.
***
Havia um moreno alto em pé na sacada de uma linda mansão, sua íris num misto verde com azul estava transbordando o céu nublado, seus fios sedosos e lisos brincavam no vento que corria pelo seu quarto, em sua mão direita uma taça de vinho, ele bebericava o liquido com gracejo descendo pela garganta tirando-lhe do seu peito grandes suspiros, mas aquele deleite de momento estava disposto a apenas uma pessoa, e esse tinha lindos olhos azuis oceano. Sam poderia se afogar neles, poderia morrer tentando subir até a superfície, mas a verdade era que ele preferia ficar ali, sendo acolchoado pelo velejo do oceano que eram os olhos de Novak. Castiel havia tirado de Sam algo que ele havia desistido de tentar procurar, o amor… Ele martelava consigo mesmo como foi cair no encanto do menor, haviam tantas mulheres e homens dispostos a sacrificar suas vidas para viver a de Sam, e Castiel mesmo com o jeito tronco de ser, tinha inundado o coração do maior, trazendo consigo a brisa das ondas que quebravam na praia de seu coração. Ele sorriu ao recordar-se dos desencontros que tivera com ele, passara dois dias procurando um meliante que contrataria em sua empresa e logo era a pessoa que tinha deixado as noites do moreno mais longas. Seu jeito gigante lhe dava uma expressão séria e fria, mas ao contrário do que imaginavam, Sam era um romântico, tentava sempre por em prioridade o que lhe agradava, o que lhe deixava bem e feliz, entretanto sua vida tem sido uma forca.... Seu irmão Dean Winchester era distante, havia um grande conflito entre os dois, porém apenas da parte do loiro, pois Sam não entendia o porquê as desavenças com ele. Havia sim algo, que mesmo que tenha passado desapercebido por Sam, poderia ser a causa da inimizade entre ambos, a mãe de Dean, Mary Winchester. Sam nunca chegou a conhece-la, pois quando seu pai se casou com sua mãe Vanda Lamin o loiro já seguia para faze adolescente e talvez a perda da mãe tenha deixado Dean assim, frio, sozinho, duro consigo mesmo e com todos a sua volta, mas isso era o de menos para Sam, ele tinha feito sua parte, procurou de todas as formas ter um relacionamento bom com o loiro, entretanto havia algo mais importante que deixara o maior sem chão, seu filho Jay. Com a separação de Jennifer Oliver, sua ex-esposa, foi arrancado de Sam, mais da metade de sua Fortuna, deixando-o apenas com a mansão e sua empresa, uma grande Corretora de Imóveis de Luxo – entretanto, nenhuma empresa chegava aos pés de John, e um dos motivos para enfrentar tal barreira era sendo alguém virtuoso em amplos sentidos – Sam lutou muito para conseguir construir seu próprio patrimônio, ele fez questão de mostrar ao John Winchester que também poderia ser um homem promissor, e não precisou de ajuda de ninguém, pois se tinha uma coisa que Sam era, era decidido. Mas a guarda de seu filho estava ameaçada, Jennifer estava lutando com unhas e dentes para poder tirar Jay de sua vida, e isso ele não suportaria, ele nem mesmo sabia como Castiel havia conseguido um espaço em sua mente.
– Papai.... – Chamou Jay entrando no quarto do pai. Jay diferente de Lúcio era um garoto um pouco fechado, não se abria com qualquer pessoa, tinha em sua expressão de sofrimento, mas havia um motivo para o pequeno sentir tanto na sua vida, sua mãe. Haviam tantas coisas que Jay ainda não compreendia e uma delas era sua mãe ter pedido a separação, ele sentia falta do convívio em família, do café da manhã com os três sorrindo, dos passeios em família, Jay sentia falta disso tudo, ele era apenas uma criança, que havia sido prejudicado com o termino – Não iremos naquele lugar que o senhor mencionou?
– Vamos sim filhote, eu só estou esperando uma correspondência que ficou de chegar hoje à tarde – Disse Sam saindo da sacada e sentando-se em sua cama de casal. Seus olhos percorreram o cômodo com um pesar, Jay era a coisa mais importante que havia acontecido em sua vida, para todo o pai é importante a vinda do primeiro filho, mas com ele era diferente, não era apenas uma gestação como uma outra qualquer, Jay quase não vinha ao mundo, na gravidez de Jennifer, Sam descobriu que ela estava tomando antibióticos para abortar, e por um milagre hoje seu filho não estava indo para a privada, ela não queria o filho, alegando que não estava pronta para ser mãe, mas só foi ver o rostinho de Jay que seu coração de mãe aqueceu.
– Então vou esperar no meu quarto – Sam apenas assentiu com a cabeça. Assim que o menor batera a porta, o corpo grande Sam chocou-se contra os lençóis brancos de sua cama, a taça foi para em cima de uma cômoda do lado da sua cama, seus olhos fecharam-se, ele podia sentir o colchão afundando suas membranas a força, e ele não lutava contra aquela sensação sublime, ele precisava daquele momento, reorganizar as ideias, saber qual passo dar em seguida.... Ele lembrou-se de Castiel, lentamente levantou-se da cama, seus pés estavam descalços, e seus dedos rocavam no tapete felpudo causando-lhe cócegas, o ar estava gelado, suas roupas estavam descontraídas, uma camiseta de manga longa fina, e uma calça informal, mas nada aquilo importava para o que estava diante do seu olhar. Em seu quarto havia uma estante que ele mesmo desenhou, era branca com leves tons de dourados, nela continham alguns aparelhos domésticos como: TV, rádio, portas retratos de Jay, e o mais importante, o celular que Castiel quebrou, estava dentro de um cubo de cristal que ele mesmo encomendou. Ele achegou-se ao aparelho, deslumbrado com acontecido, sorria não só com a boca, mas com os olhos também.
– O que foi que você fez comigo Castiel – Sussurrou para si mesmo com medo de que alguém escutasse seu nome, pois ele o guardava, até mesmo a sensação de ter a pele leitosa do moreno aos seus lábios o deixara sem forças, e o som da voz.... Para Sam era como estar sentado em uma orquestra musical de alta classe social e o som lhe levando ao mais alto céu, talvez até galáxias, pois seus pelos erriçavam só de imaginar aquele tom grave ao lóbulo de sua orelha.... Talvez aquilo fosse possível naquele momento, ter a voz de Castiel ao pé da sua orelha. Ele havia comprado um parelho novo, imediatamente pegou no bolo de sua calça, logo em seguida foi até seu guarda-roupa feito com arvores de carvalho que ficavam do lado direito do quarto, abriu as carretilhas espelhadas, e na terceira porta pegou uma pasta de couro preta onde deixava algumas papeladas, seus dedos percorreram o fundo procurando uma agenda vermelha, segundos depois tinha em mãos a agenda entre seus dedos longos, ele vasculhou algumas páginas procurando o pedaço de seu céu, ele havia guardado com tanto carinho para não perder, não tardou e logo achara o cartão em preto e branco com o nome de Castiel Novak com linhas douradas. Gracioso!! Sam não perdeu tempo e logo em seguida digitou os números informados no papelzinho. Depois de duas chamadas um som grave ecoa pelos tímpanos de Sam.... Ele sente seu baixo ventre tremer.... Era Castiel, e agora tendo certeza das sensações que o moreno provocava, Sam estava mais que ansioso para ouvir mais daquelas notas labiais.
– Alô? – Indagou Castiel, Sam sorriu nasalado, esteve esperando por tanto tempo para ouvir a reverberação que ressonava dos lábios de Castiel, ele mal podia esperar para ter aqueles lábios aos seus.... Ele fez uma pausa esperando ouvir Castiel chamar mais uma vez e ele já estava com a resposta na ponta da língua…. – Alô? Por acaso isso é um....
– Até por telefone você é um anjo – Proferiu Sam tirando de Castiel risos abafados. Sam mordiscava os lábios, seu semblante de garoto travesso o deixava ainda mais encantador. Era fato que Sam transpassava um ar avassalador, mas as qualidades que tinha deixavam ele duas vezes mais sedutor, e mesmo que Dean não quisesse admitir, ambos tinham isso no DNA, mas Sam sabia usar dessa habilidade com cautela e respeito, pois seria tolice usar disso para um benefício casual, e o moreno além de tudo era conservador quando o assunto é de seu interesse.
– Sam.... Até por telefone consegue ser inconveniente – Brincou Novak, ele não precisava de muito para saber que era o moreno alto dos lindos olhos mistos. O moreno se perguntava o que Sam havia visto nele, e justo ele com tantas coisas para resolver, ele também não sabia até onde aquelas insinuações de Sam eram brincadeiras ou não, e caso Sam tivesse investindo em ter Castiel ao seu lado, o moreno faria de tudo para que isso não pudesse acontecer, não poderia por outra pessoa em sua vida – mesmo que esse alguém fosse Sam –, ele tinha Lúcio que precisava dele, não havia mais espaço para ninguém.
– Não seja do mau Castiel, sabe que estou sendo verdadeiro – A voz de Sam saiu mais manhosa que de costume, ele não conseguia conter o êxtase que percorria seu corpo, e Castiel se divertia com as investidas do galanteador, achava engraçado a maneira do maior conduzir uma conversa.
– Sei que não me ligou para me elogiar – Alfinetou Novak afim de fazê-lo parar com aqueles elogios, mesmo do outro lado da linha Castiel havia ficado rubro com os cortejos de Sam, era como se o cabulo estivesse face a face com ele, entretanto ele tinha outras prioridades em vista, e estava bem sentado ao seu lado direito do carro.
– Hm mm direto, gosto disso Castiel, ainda mais vindo de alguém como você – Sam não conseguia controlar sua língua, ela precisava dizer todas aquelas coisas, estava ligado no automático, e o sotaque rouco de Castiel deixava ainda mais salpicado de luxuria.
– Sam.... Assim eu fico sem graça.... – Era exatamente isso o que Sam queria, deixa-lo inerte, afoito com cada silaba que saiam dos lábios rosados do maior.
– Eu quero te ver – Quando o assunto era de seu interesse, ele também sabia ser direto e pensara que Castiel poderia desligar por não aguentar as cantadas fajutas dele, não que Sam fosse o tipo de cara que se joga para cima dos outros, mas sim porque Novak o deixara sem chão, e ele estava se amaldiçoando por isso – Pode ser hoje?
– Hoje não vai dá, tenho que levar Lucky para um parque, é nossa última parada, pois é o aniversário dele – A voz de Lúcio ecoou no aparelho, Sam tratou de pensar rapidamente na desculpa de Castiel, era notário que ele estava tentando evita-lo, tira-lo de campo, contudo, o moreno necessitava vê-lo, e o fato de ser o aniversário do Jay também só serviria de pretexto para ambos se verem, ele não abriria mão dessa oportunidade.
– Ótimo, é o aniversário de Jay, podemos marcar de nos encontrar onde quer que seja onde estiverem indo, só me passa o endereço – Castiel hesitou por um momento, ele não sabia quais eram ideias que Sam tinha sobre ele, nem mesmo o porquê do maior querer trata-lo como se ele significasse algo na vida dele, mas seria bom para seu filho ter um amiguinho que não fosse eu próprio pai, alguém que tivesse a mesma energia para correr nos brinquedos. Novak passara a informação de onde estavam indo, Sam tratou de chamar seu filho de imediato pois iriam sair, e talvez só voltaria bem mais tarde, ele faria de tudo para estar perto de Castiel, não era errado estar com pessoas que lhe transmitem algo bom, coisas que lhe faça crescer, sentimentos e quem sabe um amor.
– Papai, mas, e a tal da correspondência que estava esperando – Disse Jay colocando o sinto de segurança, eles ainda estavam no estacionamento de casa, Sam sabia o quão importante era o documento que estaria dentro do envelope e não queria que ninguém pegasse nele, nem mesmo os empregados poderia receber, ele estava num impasse, a vontade de ver Castiel era grande, mas o documento era algo relacionado a guarda de seu filho, e depois de dois meses de muita briga na justiça ele iria saber finalmente o dia que o juiz decidiria com quem ficaria a tutela de Jay, só de pensar que Jennifer poderia ganhar, seu coração apertava, ele pediria aos céus que desse força, pois se algo acontecesse com seu filho ele não perdoaria.
– E agora! – Exclamou Sam com as mãos no volante, Castiel estaria esperando por ambos em um parque de diversões, e tudo o que ele precisava fazer era ligar a droga do carro e seguir caminho, algo ele tinha que fazer! O moreno mordiscou os lábios, suas mãos ainda permaneciam no volante, e o portão enorme de ferro branco estava se abrindo aos poucos. É.... Ele realmente ficara de mãos atadas, ficou pelo menos quinze minutos pensando em algo, Jay que estava ao seu lado apenas analisava as expressões de seu pai, talvez o universo não quisesse aquele encontro, e de um ângulo de fora parecia graça o que estava acontecendo com Sam, ele ligou a chave, só para ter certeza se deveria ou não ir ao encontro de Castiel ou esperar o bendito documento.
– É tão importante assim? – Indagou o menor esticando os lábios na direção de seu pai, Sam dissera que sim, entretanto era Castiel que ele tanto queria ver, ouvir a voz, sentir o perfume que o moreno exalava, a paz que ele trazia em seu interior.... Sam só queria sentir a leveza que eram as mãos de Castiel em seus lábios outra vez.
– Vou ligar para meu advogado – Inquiriu Sam pegando o telefone de seu bolso, mas parou no mesmo instante que viu um carro branco com um logotipo dos Correios, talvez o universo não fosse tão mal assim quando o moreno pensara. O Winchester tratou imediatamente de descer no carro e pegar o envelope na cor pastel das mãos de um senhor chamado Willy, ele tinha por volta de uns sessenta anos, era simpático e a maioria das encomendas que Sam pedia vinha da sua empresa, de cara Willy reconheceu o moço alto a sua frente, simpático como sempre o cabeludo o cumprimentou com um aperto de mão simples – já que com Castiel o assunto tinha sido diferente –, Willy recebeu o ato amigável e ver o sorriso branco de Sam lhe deixara um pouco aquecido naquele começo de inverno, afinal nessa época as pessoas só estão preocupadas em se manterem quentes e muitas esquecem a educação no lixo de casa, mas essa categoria não aplicava a Sam, nem mesmo no inferno. O velho pediu que Sam assinasse uma linha pontilhada de um documento informando que ele havia recebido, sem pestanejar ele o fez, e a primeira coisa que seus olhos viram, fora o selo judicial do Cartório de Justiça Londrina, ele leria ali mesmo se não tivesse um “encontro” com Castiel Novak, seu futuro empregado, é logico que Sam Winchester não o via mais como um empregado, e sim como uma oportunidade de ter uma parte de Castiel ao seu lado, na sua empresa, e mesmo sem conhecer o moreno, o mais alto sentiu logo de cara que Novak era um homem promissor e que talvez pudesse lhe ajudar a levantar ainda mais a empresa de Corretoras de Imóveis De Luxo, se seu tio Bobe havia o indicado era porque Castiel era bom no que fazia, mesmo que seus ofícios não fosse Imóveis de Luxo, algo o moreno tinha que servir, e Sam não se importaria se ele fosse apenas seu.... Em todos os sentidos.
No carro Sam não tardou, deu partida rumo ao endereço que Novak havia lhe passado, ele já podia sentir seus lábios se contraírem em um sorriso verdadeiro e gentil, sua pupila dilatara só de pensar em ver a íris azul oceano de Castiel colidir com as suas, ele adoraria poder mergulhar todos os dias naquele oceano, e mesmo que se afogasse, para ele estava tudo bem, eram nas ondas de Novak que estava deleitando-se.
Londres estava fria, resmungando lamúrias sem sentido, as nuvens a qualquer momento chorariam e o vento, esse parecia feliz brincando com os fios negros de Castiel, o moreno caminhava com Lúcio seguindo para um parque de diversões popular, muitos Londrinos costumavam ir ao BangLupos um dos maiores parques centrais naquela região da Inglaterra, ficava próximo a ponte Tower Bridge, onde os rios Tâmisa transbordavam margens históricas da perfeita Londres. Lúcio mal podia conter os lábios, seu sorriso mostrava o quanto estava estupefato com os grandes brinquedos a sua volta, seu desejo naquele momento era ir em todo os brinquedos, entretanto como não podia se esforçar muito, Castiel escolheria a dedo em quais o menor iria, e aquela era a primeira vez em um lugar tão bonito – pelo menos para Lúcio –, Castiel nem lembrava qual foi a última vez que tinha ido em um parque, e vim com Lúcio deixava o passei ainda mais agradável, especial e incrível.
– O que achou meu anjo? – Indagou Castiel parando em frente a uma cabine com uma fila de pessoas, seu carro havia ficado em um estacionamento alugado em frente à rua do parque, teve que desembolsar pelo menos trinta dólares, entretanto ele não estava nem um pouco se importando com o valor da felicidade do seu filho, tudo o que importava era ver Lúcio feliz, bem, e se ele pudesse comprar o mundo, ele faria, por Lúcio, pois vê-lo com vontade de viver, fazia das barreiras castelos de areias.
– Isso é incrível papai.... Olha esses brinquedos, são maiores do que os que compram para mim – Respondeu o pequeno maravilhado. Aquele paraíso não cabia em seus olhos, era a primeira vez que ia a um lugar como aquele, e ele estava ansioso para explorar o mundo que via pela janela do seu quarto.
– Vamos entrar na fila.... Só espero que Sam não demore, afinal está quase anoitecendo.... – Mesmo com a tarde ainda sombreando o céu, a noite logo cairia, e o ar ficaria mais gelado que de costume, e por ser uma criança frágil, Lúcio não poderia ficar muito tempo no frio, entretanto Castiel saia com uma bombinha de ar especial, ele havia encomendado do Japão, custou oito meses de seu salário, o aparelho era tão pequeno que Novak quase caiu da cadeira de seu escritório quando viu o preço.... Como podia um aparelho tão pequeno custar tanto? Entretanto ele precisava daquilo com urgência, pois Lúcio estava crescendo, e logo sairia dos aparelhos respiratórios, havia ficado tanto tempo em hospitais que uma hora ele teria que ir embora.
Sam estava logo a caminho do endereço, ficara em uma rua aberta, entretanto sem avenida, de onde estava dava-se para ver os grandes brinquedos, mais três quadras e logo chegaria aos grandes portões de ferro do Parque BangLupos, era o local favorito de Jay, sempre que Sam podia ele o levava lá, Jennifer não fazia questão de passar momentos assim com filho, o que deixaria o cargo de pai e mãe para o moreno alto, como atencioso que era, Sam notara que se ele não tomasse uma atitude quanto a isso, perderia seu filho para uma vida amargurada e solitária, ele não desejava isso nem para seu pior inimigo – isso se ele tivesse algum –, por isso ele foi obrigado a mudar o jeito dele de agir não com só com seu filho, mas com a pessoa. Que filho quer ter um pai ausente? Sam já tinha um, ele não deixaria Jay ter o mesmo destino que ele. John Winchester era um homem frio, calculista, e um pouco egocêntrico, e Dean seguia o mesmo destino que o pai, e se continuasse assim, acabaria sozinho.
O cabeludo parou em frente as grades de aço, do outro lado da rua viam-se uma área cheia de pessoas do lado de fora, provavelmente estavam comprando bilhetes para entrar, seus olhos percorreram todo o local procurando o moreno dos olhos azuis, não haviam carros estacionados na plataforma de dentro do grande estabelecimento, ele abriu os vidros do carro procurando por um homem baixo de sobretudo com uma linda criança aloirada, segundo depois de uma boa analisada a procura de Castiel, viu o moreno em uma fila próxima a uma cabine, haviam grades e catraca onde pessoas simultaneamente passavam, gritos de crianças ecoava o amplo quadrado revestido com os maiores brinquedos.
Ao seu lado esquerdo estava o mesmo estacionamento em que Novak havia posto o carro, pelo número excessivo de veículos, Sam pensou que talvez seria da mesma empresa do Parque. Ele deu a volta por detrás do estacionamento, haviam alguns seguranças por detrás de uns portões de acesso a vaga, assim que seu carro parou próximo a uma cabine, uma loira colocara a cabeça para fora, e logo sua voz ecoou sem vida, parecia estressada e cansada.
– Boa Tarde.... – Cumprimentou a loira sem vida, seus lábios estavam ressecos, seus olhos um pouco vermelhos, ela mascava um chiclete com preguiça, Sam ignorou o fato dela nem ter olhado para ele, afinal ele era um cliente e o mínimo que poderia receber era uma calorosa recepção.
– Gostaria de uma vaga.... – Disse Sam esperando uma ficha ser entregue, aquele procedimento ele sabia de có, era só pegar uma ficha, pagar por algumas longas horas e se divertir.
– Hoje é seu dia de sorte senhor, temos uma última vaga – A loira abriu um painel com várias fichas douras numéricas, a vaga disposta para o moreno alta era oitenta e oito, e mal sabia ele que ao lado da sua estava o carro de Castiel, a moça pegou o pequeno objeto de madeira e antes de entrega-lo para Sam, a voz dele sobressaltou a atenção da garota.
– Você por favor poderia ser um pouco mais rápida, tem alguém a minha espera – Disse Sam tentando não parecer hostil, afinal Castiel o aguardava na fila e ele contava os segundos para estar perto dele. A loira olhou um pouco intrigada com o tom rude de Sam, mas nenhum som foi emitido de seus lábios assim que seus olhos azuis sobre caíram no ar aspirante do Winchester, logo tratou de se recompor e entregar-lhe a fixa. Sam pegou-a, e pagou-lhe no cartão, redirecionou seu carro até a vaga ao lado da de Castiel, e com certa pressa saiu com Jay a procura de Lúcio.
No momento em que seus pés tocaram o solo acinzentado do local, Castiel o saudara com um aceno de mão de longe, Sam estava um pouco apreensivo, afinal depois de tanto pensar sobre o fato do moreno lhe transpassar sentimentos incontrastáveis, únicos, incapaz de ter alguém com tais sensações e capacidade de fazê-lo pequeno, era isso o que Castiel fazia como ele, o deixava pequeno, e mesmo sendo alto, ele não entendia como Novak o fazia sentir-se assim.
Seus pés caminhavam automaticamente ao encontro do moreno, Jay segurava sua mão afim de tentar aquecer as pontas dos dedos, ambos bem agasalhados, mas com roupas que os deixassem leves de alguma forma. Sam usava uma jaqueta preta aberta, por debaixo uma camiseta branca longa, sua calça jeans preta marcando cada musculatura de seu corpo o deixava com uma aparência viril e uma bota preta, Castiel não pode deixar de admirar a descontração dos trajes do maior, mesmo tendo o visto apenas duas vezes não pensara que por detrás de um terno havia um homem ainda mais atraente, Castiel não se sentia nesse nível de pensamento ao ponto de deseja-lo, não, para ele Sam era apenas um homem como os outros que o catavam, mas ele tinha que admitir, Sam estava de tirar o fôlego e isso causou-lhe um certo desconforto, ele nem percebeu quando soltou um longo suspiro enquanto Sam se aproximava, ele estava mesmo magnético, e os pelos de Castiel concordavam com essa afirmação, pois eles eriçaram ao sentir o perfume de Sam toca-lhe as narinas – mesmos que ele ainda estivesse vindo em sua direção – o vento fazia questão de mostrar ao moreno o quão Sam estava cheiro, e ele pode constatar mais ainda quando o maior se aproximou dos dois que estavam na fila a sua espera.
– Olá Castiel – Disse Sam abrindo um largo sorriso, não conseguia conter o alvoroço que estava dentro de si, e estar ainda mais pertinho do moreno deixara suas pernas um pouco frágeis. Diferente de Sam, Castiel parecia estar como sempre, sobretudo preto, um terno sem muita classe, seus sapatos comuns que costumavam usar para ir para o trabalho, e seu olhar de sempre, no fundo ele se sentia indiferente com o modelo de homem que estava a sua frente, a ocasião não pedia nenhuma formalidade, entretanto Castiel não estava nenhum pouco se importando com que trajes vim para um parque, o seu foco era trazer apenas Lúcio para se divertir enquanto ele apenas olhava, e mesmo que Castiel tivesse pensado que estava ultrajante com o concordância da ocasião para Sam ele estava ainda mais encantador – Encantador como sempre.
– Olá Sam....
***
Foi o primeiro dia de Dean atuando na empresa de seu pai, ele tinha acabado de verificar todas as linhas da próxima produção de carro, olhos concentrados nas planilhas que Castiel havia feito recentemente, postura centrada, corpo bem acomodado na poltrona antiga de Castiel, tudo parecia normal, mas não eram o que seus lábios diziam. Estavam inchados de tanto mordiscar, havia um fluido de tensão pelo seu corpo, sua mente estava em outro lugar, seus pensamentos corriam soltos, tudo naquela sala estava deixando o loiro incomodado, até mesmo o cheiro do moreno de olhos azuis. Castiel era dono de um aroma natural pertinente, era uma mistura de rosas doces com sabonete marinho, por onde passava seu cheiro ficava marcado, não havia lugar no mundo que seu cheiro passasse de um dia para o outro, mesmo lavando suas roupas uma, duas, quatro vezes seguidas ele ainda estava ali. Um aroma tão alucinógeno que faziam os pensamentos do loiro tremer.
– Cheiro de perdedor – Resmungou Dean passando as mãos em seus fios loiros. Dean também era um cara perfumado, e nem mesmo as essências que borrifava em seu corpo cobria aquele perfume aromatizado. Seu estomago revirava só de pensar que Castiel sentara naquela poltrona. Ele levantou-se com certa fúria, seus olhos semicerram, mas o motivo dele estar com os olhos em chamas e o corpo tremulo não era pelo fato daquela sala ter sido de um mero perdedor, mas por Castiel ter algum contato com seu irmão. Era verdade, ele e Sam não eram amigáveis, mas ele não suportava ver o fato de alguém entrar na vida do seu irmão, haviam um passado em suas vidas, e ele mexia com Dean todos os dias de sua vida, entre eles a morte de sua mãe. Ele nunca superou o fato de sua mãe ter sido morta em um acidente de carro em uma avenida movimentada de NY – era o que sempre falavam para ele – mas ele sabia que o buraco era mais em baixo do que diziam –, Dean tinha plena certeza que Mary não tinha batido o carro naquele dia enquanto voltava para casa que comprara em Vegas, alguma coisa dentro do loiro dizia que ela tinha sido apaga do mapa, assassinada.... Por quem? Ele tinha suas suspeitas, e seu pai era uma delas. O casamento dois, faziam um tempo que estava desandando, ambos viviam brigando, tons de ameças eram constantes vindas do seu pai, e Mary nunca deixou-se abalar pelas palavras do marido, isso deixava em Dean uma suspeita enorme. Mary Winchester era uma mulher de alta classe social, loira e jovem, começou como carreira de modelo em uma agência de Paris, conquistou grandes patrimônios ao longo da vida, e uma dessas paixões eram os clássicos de carro, ninguém diria que uma das modelos mais bem paga do mundo colecionava carros antigos e o desejo de construir grandes empresas pelo mundo viera após o nascimento do seu filho Dean. Ela queria deixar algo para seu pequeno anjo dos olhos verdes como a grama para quando crescesse, e depois que casou-se com John Clay, ele passou a administrar todo esse patrimônio enquanto ela desfilava pelo mundo, mas o motivo de sua morte fora ocultada até mesmo do petulante Dean Clay Winchester que lutava com unhas e dentes para fazer justiça a quem quer que seja.
– Froshe venha até a minha sala agora – Disse Dean pegando o telefone e chamando pelo secretário da recepção com um tom rude e grosso. Minutos depois um Jhonny Froshe apreensivo adentrava a sala com um fino nervosismo descendo a garganta – Meu tio ainda está na sala dele? – Jhonny concordou com a cabeça. Dean só com o tom de voz intimidava os mosquitos de verão imagina o estrago que não fazia quando usava aqueles bíceps bem trabalhados – Ótimo, já está dando meu horário, amanhã quando eu voltar quero tudo trocado, peça ao um designer que troque tudo desse lugar, não deixe nada daquele perdedor nessa sala.
Depois de uma ordem primordial, Dean seguiu direto para a sala do tio, assim que virou o corredor a esquerda ele vê o velho sentado em sua mesa folheando algumas papeladas. Sem nenhuma permissão ele corre os dedos nas maçanetas arredondadas e abri as portas de vidro, Bobby não nota quando o Winchester se aproxima de sua mesa e puxa a cadeira e senta-se logo a sua frente. Dean solta um pigarreio com a garganta chamando a atenção do velho, Bobby arfa ao ver Dean com aquele sorriso nos lábios de sempre, ele até imaginava a carga que estava para vim dos finos traços do loiro despejando em seu ouvido.
– O que quer? – Indagou Bobby indo direto ao ponto. Se tratando de Dean, Bobby tentava ao máximo não ter muita intimidade no local de trabalho ou então todos os seus esforços para seguir com seu cargo de Vice-Diretor do Departamento Automobilístico iriam por água a baixo. Dean encostava os cotovelos no braço da poltrona, ele leva um de seus dedos até os lábios escorando metade de seu rosto e inclinava-se um pouco para frente enquanto sorria olhando sínico para o velho a sua frente, ele queria debochar do quanto Bobby estava perto de bater as botas, mas os assuntos que o levaram até ali eram outros.
– Tio Bobby, isso é jeito de tratar seu querido sobrinho – Disse Dean sarcástico, não havia nenhum pingo de clemência em seu semblante, ele não tinha piedade com os de fora, também não teria com os achegados da família.
– Dean estou atolado de coisas para fazer, e logo mais tenho que ir para NY encontrar seu pai, temos uma conferência – Bobby estava cansado dos joguinhos do loiro, ele já havia notado o esquema que Dean utilizava para tira-lo do sério, não cairia mais nas ciladas do sobrinho. Dean apreciava a frustrações do velho com os olhos, a chama que ascendia em seu olhar mostravam o quanto ele ficava satisfeito em saber que só pelo fato do tio tê-lo repreendido com a breve frase havia deixado Dean entorpecido de prazer, ele amava o conflito que ficava no ar, sentia as vibrações do seu corpo palpar sua pele com as suplicas do olhar cansado de Bobby pedindo-lhe para deixa-lo em paz.
– Não se preocupe não vim tomar seu tempo – Seu interesse era outro, com o velho Dean brincaria depois – Quero saber sobre Sam.
– Oi? – Indagou Bobby confuso. Dean nunca faz questão de perguntar pelo irmão e ouvir dos lábios venenosos do loiro preocupado com irmão deixara Bobby absorto – O que quer saber?
– Vou direto ao ponto. Quero saber se ele já contratou aquele perdedor – O mais velho parou tudo o que estava fazendo, ele se perguntou o que Dean queria com aquela pergunta, já não bastava ter-lhe tirado um excelente profissional queria tirar do irmão também? Dean não deu tempo do velho questiona-lo e prosseguiu – Não me venha com questionamentos, apenas responda minha pergunta.
– Eu não sei.... Acredito que sim, eles devem ter se visto aqui na empresa, Sam ficou de contrata-lo, mas... – Dean interrompeu o velho levantando-se e saindo da sala. Se a informação que Bobby havia lhe dito fosse verdade ele teria que fazer algo, e o quanto antes melhor, Castiel não poderia manchar a imagem de Sam, o loiro não permitiria isso, de jeito nenhum, nem que fosse necessário o perdedor ir para debaixo da terra, ele já tinha feito isso antes, com Jennifer, não haveria problema nenhum em fazer outra vez, mas dessa vez ele não faria jogadas rápidas, ele queria um pouco de diversão, e ele a teria. Ele se dirigiu até o estacionamento, entrara em seu carro prateado Lexus JC, o veículo era blindado, modelo único, seu pai que havia feito todo o protótipo e só ele tinha, nenhuma concessionária fabricava aquele modelo, as peças eram desenvolvidas de alta tecnologia, o carro dos sonhos de muitos consumidores, mas o modelo que ele mais amava era o Impala 1967 preto, sua mãe tinha ganhado ele em um leilão, e todas as vezes que ela tirava um tempo para ficar com sua família, ela levava seu filho para passear com o veículo, fora um dos primeiros modelos que Mary Winchester colecionou, o jeito rustico e clássico do carro dava ao Impala uma singularidade forte e marcante de unicidade, e Dean amava as vezes que percorria as estradas com a relíquia de sua mãe, tudo lembrava ela, o perfume dela ainda estava conservado no estofado de couro, alguns pertences de Mary também haviam ficado como recordação, e o loiro os guardava como o mundo, como se a vida dele dependesse daquilo.
No estacionamento da empresa, Dean trazia átona nas suas memorias coisas de sua mãe, e falta que ela fazia em sua vida, as palavras não descreveriam o vazio que tinha em seu coração, nem mesmo o vacou do céu poderia ser comparado ao desprezo que a vida deixou para Dean, o caminho solitário e sombrio que percorreu o fizeram o homem havia se tornado. Seus dedos desliavam para dentro de sua calça social cinza, pegara o aparelho que estava compresso em sua coxa junto com pedaço de tecido fino das vestes e digitou alguns algarismos no celular, o som de chamada ecoava contra seus ouvidos e logo uma voz feminina invadiu as paredes de sua orelha.
– Alô, quem é? – Disse a voz feminina do outro lado da linha.
– Jennifer Oliver sou eu.... Precisamos conversar......
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