História Sad Memories - Mosenhor

Soonyoung desviou  o olhar, sua bochecha havia tomado um tom avermelhado, fazendo contraste com sua pele branca e pálida por conta do frio e da água que lhe escoriam pelo rosto.  Kwon sentiu uma forte vontade de agarrar o mais baixo, beijá-lo e acolhe-lo. A boca rosada de Woozi,  o aspecto molhado dos seus olhos, o rosto corado e a respiração ofegante contra a sua marcavam a percepção de Hoshi, seu coração acelerava de uma maneira bem mais rápida de que quando subiu ao palco pela primeira vez e aquilo era certamente impossível.

Lee Jihoon não queria se sentir decepcionado com a situação mais uma vez. Sentia o coração do outro batendo forte, sabia que estava tão ofegante quanto ele e também sabia que Hoshi queria aquele beijo tanto quanto ele, e se estivesse errado nada importaria, diria que estava fora de si, certo?  Errado, diria que está apaixonado.

-Jihooni- sua frase fora cortada com sua surpresa. Lee segurava seu rosto e fazia-o encarar, as mãos gélidas e molhadas fixavam o olhar do outro no seu. Jihoon se aproximou o máximo que pode encarando os olhos castanhos de Soonyoung, e logo tudo se fez escuro, dando toda sua atenção para o contato entre suas bocas e os pequenos arrepios que percorriam o corpo de ambos. As línguas se enrolavam em sincronia em passo que os corações disparavam descompassados.  A chuva caía e trovões eram ouvidos de longe, sentiam frio muito embora o calor que o beijo provocava os aquecia.

Assim como um dia chuvoso tinha gosto de tristeza e infelicidade, um beijo de Hoshi tinha gosto de menta com morango.

Era um beijo doce em um dia triste, era a perfeição em meio ao caos, era o amor em meio ao ódio.

Na cabeça de Lee Jihoon, aquilo não poderia ficar mais contraditório.

Na cabeça de Soonyoung, aquilo não poderia ficar melhor.

Um beijo na chuva, cena de cinema, cena de Hollywood. Apesar da provável gripe que teriam mais tarde, poderiam cuidar um do outro, não pediria mais que isso.

 

...

 

Park EunHae se sentou na cama, esfregou os olhos e segurou o celular que apitava. Era mais uma lista de nomes que lhe fora enviada. Agradeceu ao seu amigo de longa data e começou a examinar nome por nome, antes de se sentar em frente ao tedioso e cansativo computador e começar suas pesquisas. Ao seu lado havia um copo de café, sem açúcar. Marrie passava por entre suas pernas de vez em quando para pedir comida, mimos e até colo. A bola de pelos brancos até mesmo lembrou a dona que era hora do almoço quando veio até ela pedindo por ração.

-Eu nem vi a hora passar, obrigada por me avisar. Se não fosse você eu estaria parecendo um esqueleto até a noite.

Park fez uma pequena pausa para o almoço antes de prosseguir com a lista. Wang Ji Woo, 54 anos, financiador principal para o debut de Seventeen. Ele até participou de umas audições para escolher os membros, nossa. Foi o que EunHae pensou quando abriu uma página aleatória no Google. Havia um foto dele com sua família, a foto datava 1996. Havia uma mulher, muito bonita por sinal, e uma menininha. EunHae anotou tudo aquilo que lhe pareceu importante e passou ao próximo nome.

Lee Kyu Min, codinome: tio da limpeza. Park já o tinha visto algumas vezes no prédio, limpando o vidro do segundo andar e varrendo o corredor do quarto andar. Apesar das roupas azuis cor de esgoto que desvalorizavam completamente qualquer pessoa, ele era muito bonito para ser apenas um tio da limpeza. Pesquisou um pouco e descobriu que o cara da limpeza também era muito inteligente, estava em uma universidade muito cara e disputada, cursava medicina e precisava de dinheiro, por isso esforçava-se tanto no emprego de faxineiro.

-Nossa, que vida. -a garota tomou anotações novamente, a caneta falhava e a fazia voltar a escrita varias vezes. Sentiu preguiça de se levantar para pegar outra caneta, então apenas desistiu e fez só algumas anotações antes de pegar o celular e mandar mensagens para Jeonghan, Vernon, Minghao e Seungkwan.

Jeonghan foi o primeiro a responder, os olhos de Eunhae brilharam quando o celular apitou em sua mão.

Yoon Anjinho

AMORINHA, OI <3

Park Amorinha

não me chama assim, socorro.

to passando pra falar que eu to com muita fome

Yoon Anjinho

ue, vai comer XD

Park Amorinha

to com preguiça de levantar.

tava olhando uma lista nova de nomes, passei o dia todo nisso.

so lembrei de almoçar porque marrie veio pedir comida

Yoon Anjinho

Quem é Marrie?

Sua empregada?

Por que sua empregada pediu comida?

Park Amorinha

é minha gatinha sjoidjosajo

ela é uma bola de pelos branca.

Coisa mais fofa -e uma foto de Marrie quando era apenas um filhote-

Yoon Anjinho

MEU DEUS, QUE COISA FOFA

AaaaaaAaaAaaaaAAAAAAAAAAAA

SOCORRIO

"SOCORRO

NOSSA QUERO

Park Amorinha

para de gritARRRR

ah, alias, como estão as coisas aí?

digo, algo mudou?

Yoon Anjinho

Não muita coisa.

Apenas Seungcheol sendo babaca.

AH

dino é amigo de infância de jaehyuna

eca, até digitar o nome dela me dá ansia de vomito

Park Amorinha

adsiojoisadoiasdjio

nossa ein hannieee

ahazzou. detetive numero 1

seungcheol babaca? novidade isso.

O celular dela apitou de novo, desta vez, fez seu rosto ficar iluminado. Joshua havia lhe mandado uma mensagem, fazia quanto tempo que não trocavam mensagens?

O Crush

hey c:

Eunie

joshuaaaa, oii

O Crush

que animação sdasjiosdjoia

o que tá acontecendo?

Eunie

to falando com o crush rs rs

O Crush

hm

legal

Eunie

que foi???

O Crush

nada eunhae, nada

Eunie

nossa Jisoo, pra que ciumes? osh

O Crush

não estou com ciúmes, eu disse "hm, legal"

Eunie

e isso não me parece nem um pouco ciumes -emoji de tédio-

Depois dessa, EunHae até trocou o nome de Hong em seus contatos.

O Lerdo

e não é diojsaodjodsj

mas enfim, como tão as coisas? Já jantou?

Eunie

ainda não oppa :C

to com fome, mas com preguiça de levantar.

acho que vou ficar sem comer mesmo dsajadsoij

O Lerdo

claro que não, você tem que comer.

Eunie

mas eu to c preguiçaaaaaaaa

ta me dando preguiça até de digitar

O Lerdo

tá falando com quem?

Eunie

com um lerdo

e com jeonghan

c:

O Lerdo

lerdo?

ah

 então era isso

ele acabou de passar aqui olhando irritado pro celular e falando coisas como "por que tu não me responde?" "nunca mais te respondo."

Eunie

puts, não brinca comigo

ferrou.

 

...

 

As flores esmagadas no chão das calçadas na manhã ensolarada de Seul deixavam EunHae com inveja e ao mesmo tempo traziam-na um sentimento de dó. Queria ela ter nascido e florescido, queria ela ter feito os outros felizes e alegres só por vê-la. Porém, sabia que parte da felicidade aos outros entregue era por vê-la cair de sua árvore, sabia que se estivesse no chão seria massacrada por passos apressados e monótonos. Esperava que ao menos parte dessas flores tivesse um final glorioso nas teias de um casal romântico que passaria pelas ruas e as recolheriam do chão para enfeitar-lhe as mãos dadas.

Park sorriu ao ver uma pequena flor vermelha intacta sobre o solo asfaltado da sua. Abaixou e apanhou-a observando-a sobre a luz do sol. Suas pétalas pareciam transparentes, mas na verdade, eram apenas sensíveis a iluminação, tão fina que ao ser exposta a luminosidade se tornava translúcida.

Era assim que EunHae se sentia. Sentia-se como uma flor que aparentava ter cor sólida mas que ao sol se tornava transparente. Era assim, exatamente assim que Joshua a fazia se sentir. Sentia se transparente perto de Jisoo, era como se... como se ele conseguisse ver sua alma. Jisoo era a luz que a transparecia e que ao mesmo tempo lhe dava a vida.

Naquela manhã, as flores se transformaram em pensamento.

...

Ela parou de andar. Ficou estática. Droga, droga, droga.Não aqui, não agora, não hoje. Abaixou a cabeça, girou o corpo sobre o calcanhar e se esgueirou por entre um grupo de turista qualquer. Falavam em chinês, tinha quase certeza. Um homem a encarou, de cima a baixo e fez cara de deboche.

Estava tão ridícula assim usando meias 3/4 listrada e colorida, saia de cintura alta e blusa branca?

Ela olhou por cima dos ombros, o garoto estava parado, encarando-a. Pelo menos ela achou que ele a encarava. Ele não olhava para ela, e sim para alguém ao seu lado, que vinha correndo.

EunHae riu, sozinha. A ruiva seguia até ele com um sorriso no rosto, ele estendia sua mão e no final as mãos estavam dadas.

Aquele era Joshua. Sempre rodeado de meninas. Sempre rodeado de amigos. Sempre rodeado de gentilezas.

EunHae nunca realmente entendera o motivo para tudo aquilo. Quer dizer, ela também era coreana, seus olhos eram tão puxados quanto os deles, mas nunca receberia tanta atenção quanto o menino.

Apesar de tudo, a única atenção que ela queria era de uma pessoa que tinha toda atenção voltada para si.

Joshua era mais velho do que ela.

Park EunHae estava com 10 anos, completamente caidinha por Joshua Hong.

Sentia-se como se fossem pólos de um ímã. Eles eram iguais, iguais não se atraiam, mas sim se repeliam.

Ela limpou uma lágrima que lhe molhava a bochecha. Não podia se sentir assim toda vez que visse Jisoo com uma garota.

Park segurou firme na barra da saia. Sabia que Joshua não gostava de roupas chamativas, se soubesse que o veria naquela tarde de primavera nas ruas de Los Angeles nunca teria vestido meias coloridas.

...

Ela bateu na porta, depois, levou as mãos nervosas perto da barra de seu vestido preto, segurando-o com certa brutalidade.

Passos e vozes. Passos e vozes conhecidas. O trinco fez um barulho alto e ela levantou o olhar. Legal, existem 13 meninos nesse recinto. 5 deles acreditavam na garota e o um estava de boa com ela (Ao menos achava que estava).E justo um que não acreditava nela veio atender a porta. Jun a encarou, de cima a baixo. DK chegou perto da porta e fez a mesma coisa. Ambos se entreolharam, ambos saíram porta a fora e ambos fecharam a porta. Parecia até combinado.

Eunhae se preparou para o que viria a seguir. Broncas, brigas e gritos. Queria manter a calma se algo acontecesse. Mas não aconteceu, Wen se curvou juntamente com Seokmin, Eunhae nem conseguira raciocinar o que acontecia.

-Por favor, nos perdoe. -foi só isso que ouviu. Foi isso que foi dito. Park levou as mãos para as costas de Junhui, acariciou levemente e pediu para que eles levantassem.

-Não tem o que perdoar, sei que não fizeram por mal. Por favor, não peçam desculpas. -ela sorriu passando confiança. No fundo era óbvio que estava pulando de alegria, quer dizer, ela estava ali, na porta do dormitório, tomando coragem para convencer todas e antes mesmo de tentar já havia mais 2 pessoas com quem contar. Uau.

-Eu espero que os outros caiam na real também, sei que Jaehyuna mentiu sobre tudo isso.-DK a olhou serio, quis que todos pensassem assim.

-Assim veremos. -ela sorriu. Estava confiante agora.

Ela entrou no dormitório, com o coração na mão. Havia alguns meninos espalhados pela sala, que estava incrivelmente arrumada. Não sabia que um lugar com 13 meninos poderia ser tão limpo.

-EUNHAE- Vernon pareceu extremamente feliz, saiu correndo para abraçá-la. Parecia que não se viam a séculos.

-Oi...- ela sorriu meio nervosa, quando alguns meninos começaram a encará-la. Uns felizes, outros equivocados.

-O que tá fazendo aqui? - Woozi, que sempre aparentava ser fofo e calmo continuava fofo, mas não estava muito calmo.

-Posso falar com vocês? Juro que só vou ocupar 5 minutos, sei que vocês tem o dia livre hoje e por isso não quero atrapalhar. Vocês tem que descansar, devem estar exaustos dos treinos. -ela falou tudo muito rápido, fazendo Jeonghan rir fraco, ele já havia ido até ela de braços abertos. A menina ficou praticamente rodeada  de meninos. Jeonghan, Minghao, Jun, Mingyu, DK, Vernon, e um Seungkwan com cara de sono.

Joshua encarava a cena, interessado no que se travava a conversa. Ele estava extremamente adorável. Usava um jeans azul e uma blusa que dizia "I'm not korean" em letras fofas. Wonwoo estava sentado do seu lado, comendo algum tipo de chocolate. Quieto como sempre.

-Vai falando. -Hoshi se sentou no chão. Ele era imparcial nessa conversa toda, não acreditava em JaeHyuna mas também não ligava. Tinha mais com o que se preocupar.

-Eu sei que vocês não acreditariam se eu apenas dissesse que não fiz nada e que JaeHyuna está mentindo.- Hoshi ainda a encarava, com interesse. -Então eu fui falar com o porteiro do prédio, no meu apartamento tem duas câmeras no portão. Uma delas pegou exatamente o horário em que eu cheguei. -ela pediu licença e ligou a tv, colocando um cd no room.

Na imagem, de alta qualidade -não era a toa que a taxa de condomínio era tão alta- Eunhae saia de um táxi e entrava portão a dentro. O horário e a data coincidiam com o acontecido.

Ela pausou o vídeo, sabia que aquilo não era convincente. Só porque entrou não significa que não saíra.

-Tá, e o que mais? -Lee Jihoon a olhou desinteressado. Ele tinha a personalidade totalmente diferente de Hoshi.

-Eu também tenho os vídeos que eu consegui nas câmeras de segurança da minha casa. -Ela deu play -Prestem atenção nos horários.

Nesse outro vídeos, ela aparecia entrando no apartamento, a imagem trocava para outra visão, dela na cozinha, mexendo no celular, e então na sala, mexendo no computador. Levantava algumas vezes para ir beber algo ou ir ao banheiro. Ficou nessa por talvez umas 4 horas e então sua cabeça pendeu sobre o teclado do computador e ela estava dormindo.

Claro que a imagem estava acelerada, mas mesmo assim.

Joshua a olhava, com os olhos brilhando, quase chorava. Hoshi abaixou o olhar e Woozi mordeu os lábios. Dino se levantou do sofá, parecia indignado. Pisava fundo e bufava. Ele saiu porta a fora, mexendo nos cabelos de forma frenética. Eunhae não sabia com clareza se ele estava bravo com ela ou com Jaehyuna, mas esperava que fosse a segunda opção.

...

Ele se sentou no banco que tinha ali. Encarou as próprias mãos que se encontravam entre as pernas, e soltou um suspiro. Seu celular apitou, era Eunhae. Ele atendeu, relutante.

-Dino? -a voz dela era suave, como flocos de neve que caiam pelo céu de dezembro.

-Fala. -ele disse calmo, ou tentando parecer calmo.

-Não sei o que aconteceu, mas estamos indo ao Rio Han, os meninos querem ficar ao ar livre hoje. Vem ficar com a gente.- ela fez o convite, com certa esperança de que o menino iria aceitar.

-Eu já tô aqui. -e então desligou. Não queria falar com ninguém, só com uma pessoa.

Ele digitou uma mensagem

venha para a margem esquerda do Rio Han, estou na frente da sorveteria. agora.

Seu celular apitou, ele riu irônico.

Joshua está aí?

Ele digitou algumas poucas palavras antes de enviar a próxima mensagem.

ele tá vindo, mas eu não acho que seja hora para se preocupar com isso.

O SMS fora visualizado, mas não respondido. Lee Chan acreditou que aquilo era um "estou a caminho" e guardou o celular no bolso.

Avistou seus amigos uns momentos depois, mas não quis se levantar para ir até eles, estavam em um parque ali perto. Eles não pareceram notar os olhos afiados do garoto.

Continuou observando, pareciam muito felizes, até mesmo Woozi, que parecia tímido perto de Eunhae, e Seungcheol que continuava de cabeça baixa, desde antes de Dino sair do dormitório. Ambos sorriam. Queria estar sorrindo também, mas não seria possível até que outro assunto se resolvesse.

-Quem é aquela? Quem é aquela garota Dino? -Jae estava em pé, ao seu lado, segurava a bolsa entre os punhos fechados e mordia o lábio inferior com raiva, deixando o branco.

 -Sobre o que mais mentiu para mim Jaehyuna? Mentiu sobre seu pai? Sobre sua mãe? Mentiu sobre o que, Jaehyuna? -ele continuava olhando para os meninos do outro lado do parque, o sol pegava nos seus olhos e o incomodava um pouco.

-Do que você tá falando Dino? Eu te fiz uma pergunta. -ela entrou na frente dele, tapando a visão que o menino tinha.

-E eu te fiz quatro, vai me responder ou não? -ele respondeu, seco como o deserto.

-Eu não menti sobre nada Lee, você tá me achando com cara de quê? De palhaça? Me diz quem é aquela puta do outro lado do Rio, se agarrando com o meu namorado. -Dino odiou quando ela disse isso. Se levantou e a encarou de cima.

-Eu que te pergunto JaeHyuna, tá me achando com cara de palhaço? Tenho cara de tonto por um acaso? Porquê se eu tiver me avisa, daríamos um ótimo casal, se um não fosse lerdo e babaca e a outra imoral e mentirosa.- Jae estremeceu com as palavras dele, Dino nunca falara assim com ela, nunca.

-Por que você está assim? O que eu te fiz? -ela praticamente gritou.

-Pra mim? Nada. Pra ela? -ele apontou com a cabeça para frente, em direção à EunHae -Quase estragou 13 amizades. 13 laços. Na verdade, parabéns, se era isso que queria, você conseguiu. Conseguiu estragar 13 amizades, 13 laços. - ela o olhou confusa.

-Do que você está falando?

-Estragou sua amizade com 13 meninos, e olha só, magicamente acabou um namoro também, parabéns JaeHyuna, parabéns.

-CARALHO DINO, ME EXPLICA.

-Não se faça de tonta, pensei que eu fosse o tonto da história. Achou mesmo que Eunhae ficaria parada com você falando merda dela daquele jeito? -ela arregalou os olhos -Vou te contar uma coisa, ela pode até ser gentil e coração mole, mas se tem uma coisa que ela faz bem é se defender e defender Joshua. E no caso ela fez os dois, se defendeu e tirou Joshua das mãos de uma baranga. -e então ele passou por ela, batendo nos seus ombros. Ela deu um passo para trás, recobrando o equilíbrio. Aquilo não iria ficar assim, não ia mesmo.

A garota olhou para onde os meninos pareciam contentes na companhia de Park Eunhae. Sentiu uma onda de raiva passeando lhe pela espinha.

Ela andou firme sobre o gramado, encarando fixamente onde eles estavam, Dino a viu e sorriu irônico. Ela ficou ainda mais brava, não era hora para ele a trair assim. Escroto, escroto, escroto.

Alguns dos meninos olharam para ela, meio surpresos. Eunhae estava de costas para ela, o cabelo negro voavam com o vento e ela ria de alguma coisa que SeungKwan falava. Nunca gostara desses cabelos mesmo. E então puxou, fazendo a cabeça da garota pender para trás.

Vernon se levantou em um pulo, os outros a encararam de olhos arregalados, o americano segurou o pulso da menina atrevida e apertou tão forte que Jaehyuna sabia que aquilo ficaria marcado. Doía, então ela soltou.

-Me larga Hansol. -ela puxou o braço de volta, fazendo Vernon soltar seu pulso. Ele a encarava com cara de morte, assim como Jeonghan e Minghao, que praticamente furavam as palmas das mãos com as próprias unhas. -Ela sabe de defender melhor do que eu pensei que saberia.

Eunhae se virou incrédula, não acreditava que ela tinha a coragem de vir até ela e falar mais merda. Ela puxou a mão de Mingyu quando esse ameaçou avançar para cima da menina.

-Deixa Mingyu, eu posso me defender. Sem ter que mentir. Posso defender o que é meu, sem ter que mentir. Ela não conseguiu nem ter uma relação, sem ter que mentir. -Hyuna a olhou, os olhos pegando fogo.

-Piranha. Isso que você é. Piranha. Deveria ter ficado no outro continente, assim não teria que lidar com você. - ela deu um passo a frente.

-Poderia mesmo, assim não teria que olhar nessa sua cara de pau. Pensando por um lado, foi ótimo ter vindo. Cheguei a tempo de desmascarar uma lunática. Não sei se você sabe, mas piranhas são de água doce, e de doce só vai ter o sabor da vingança quando a vida acabar com você por mim.

-Para de bostejar garota, pensei que soubesse se defender.

-E estou. Presta atenção no que você está falando, você mesma está se humilhando.

-Humilhando? Garota,  controla essa sua boca de puta. Não tô de brincadeira contigo não.

-Claro que não, já basta ter brincado de esconde e esconde com sua dignidade.

-Cala sua boca. A única sem dignidade nenhuma é você. Conta pra esses meninos, conta que você ficou 8 anos sem sair de casa, foi isso? 8 anos?

-Como você sabe disso?- os olhos de EunHae se encheram de lágrimas. Aquilo não era um assunto para se tocar, nem um pouco.

-Ah, então era mesmo verdade? - ela riu- Pensei que fosse apenas outra piada, como sua vida. Pais divorciados, problemas mentais, psicólogos constantes, amor não correspondido, humilhação...

-Depravada. Isso que você é. Depravada. Quer falar sobre o que na sua vida? Sobre o momento em que usou Dino para chegar até Joshua? No dia em que levou outro para cama? -Eunhae apenas descobrira isso quando ouvira Dino falando no telefone com a menina, talvez em um dos ensaios, não se lembrava ao certo.-Talvez sobre como você usa o dinheiro para subornar as pessoas... Você fez isso mesmo? Tentou comprar Seokmin? Você não tem vergonha na cara?

A mão de Jae fez barulho sobre a bochecha de Eunhae. Ela colocou a mão sobre o lugar e depois riu. Aquilo não se comparava aos socos que levava no fundamental, uma das razões para ela ter se trancado do mundo durante tanto tempo.

-Só isso? Bate mais uma vez, ainda não consegui sentir essa sua pata na minha bochecha. -Eunhae deu tapinhas sobre a bochecha, que ficara marcada com 4 dedos avermelhados. Os meninos estavam quase voando para cima de Hyuna, Joshua tentava a todo custo passar por cima do braço de Eunhae, que o impedia com todas as forças, Seungkwan o segurou. Mesmo querendo passar também, sabia que Park podia se defender melhor que qualquer um ali.

A garota em sua frente jogou a mão sobre ela de novo, Eunhae fechou a mão sobre o pulso dela, sem fazer esforço para mantê-la presa. Ela fez outra tentativa, dessa vez com a outra mão, grunhiu de raiva quando Eunhae a impediu de novo.

-Só isso? Cadê sua voz agora?

Ela tentou chutar Park, que largou os braços dela , empurando-os para baixo e virando de lado, passando o pé por baixo da garota. Ela caiu sentada, os olhos vermelhos. Parecia que queria matar Eunhae viva.

-Queria só deixar bem claro que não foram só psicológos, foram aulas de auta defesa e muito murro na escola. Esse seu tapinha nem se compara aos socos e chutes que me davam no fundamental. Se enxergar bebê. - Ela se levantou, encarando-a, brava.

-Isso não vai ficar assim. -por um momento Eunhae se preocupou quando viu a menina saindo andando, com tanta firmeza e confiança exalando pelas orelhas. Mas logo ela riu, se sentando na grama.

-Até que o chão não é tão duro. Droga. -Vernon soltou um risinho

-Eunie... -ela olhou para cima, para poder encarar Joshua. Sabia que o garoto iria falar sobre seu passado, sabia que tocaria no assunto. Ela não queria.

-Não quero falar sobre isso.

...

Os meninos haviam voltado ao dormitório, Eunhae e Joshua resolveram ver os fogos de artifício daquela noite, nas margens do Rio Han, deitados no gramado. Jisoo nunca havia feito aquilo, ver os fogos no Rio Han.

Eunhae segurou na mão dele, fora quase automático. Não sabia quando haviam dados as mãos, só sentia o dedão do garoto passeando pelas mãos fechadas.

Park sorriu. Era a primeira vez em muito tempo que ela assistia a fogos de artifício sem chorar. Todos os anos anteriores, ela apenas sentava em sua cama, durante os dois últimos dias do ano, dia 30 e 31 e chorava. Não tinha como não se lembrar de Joshua. Ela continuava a mandar cartas mentais de aniversário e a assistir os fogos de relance pela janela desejando que Jisoo estivesse junto.

 Joshua olhou para ela, os olhos brilhando de felicidade, enquanto comentava sobre o show de cores acima deles. A garota concordava com tudo, mesmo que apenas visse os lábios dele se mexendo, de forma lenta e suave.

-Eunie? -ele agitou as mãos na frente de seus olhos, como de quem quer acordar alguém de um transe, ou como de alguém que deseja passar pasta de dente em seus amigos adormecidos, como de alguém extremamente atraente que poderia a beijar agora mesmo.

Eunhae segurou a mão do menino na frente do rosto, puxou-a para si e ficou brincando com os dedos dele, enquanto olhava para o céu escuro.

Cores e mais cores.

Azul, violeta, rosa, verde, amarelo, Joshua. Joshua?

Ela olhou para o garoto, ele havia se inclinado para cima de Park, os olhinhos atentos, como se decorasse cada detalhe do rosto da menina.

-O que foi? -ela riu fraco, levando as mãos na frente do rosto. Ele segurou novamente a mão da menina, abaixando-a.

-To te olhando.Sabia que você nunca saiu da minha cabeça? Sabia que Jaehyuna tem exatamente o mesmo cheiro que você? Nos cabelos? Sabia que ela tem uma aparência muito similar de quando éramos criança?- a mão soltou das de Park e foram levadas ao cabelo negro da menina, puxando-os para trás de sua orelha.

Eunhae o observava atento. Eram aqueles olhos, aquele sorriso de canto, aquele pescoço com cheiro de perfume masculino forte, eram pequenas pintas no seu rosto que a faziam querer beijá-lo.

-Já tinha percebido que aquela menina era um clone meu, obrigada por avisar- ela riu entre dentes. Ele estava tão perto que ela podia ouvir sua respiração batendo contra a dela, podia sentir o peito dele subir e abaixar e o coração bater fortemente.

-Essa é uma daquelas cenas perfeitas de fanfic nas quais eu beijo a protagonista de um jeito apaixonado? -Park riu de novo, ele nem imagina o que rola nessas fanfics, e se soubesse, aquilo não acabaria em um beijo apaixonado sobre a luz da lua e de fogos de artifício, muito menos no gramado às margens do Rio Han. Acabaria no quarto de um deles, provavelmente nús. Não que Eunhae lesse aquele tipo de coisa, sabia que haviam cenas assim pois pulava todas as partes quentes quando lia fanfics de Percy Jackson. Ela só não sentia vontade de ler aquelas coisas.

-Provavelmente. -e então sorriu enquanto Joshua abria mais o sorriso.

-Isso é um "me beija Joshua Hong, to louca pra colar minha boca na sua" ?-ele indagou, com um tom sério.

-Isso é um "provavelmente" -ela riu abafado

-Vou entender isso como "me beija Joshua Hong, to louca pra colar minha boca na sua"- Eunhae nem teve tempo de racionar antes que os lábios macios e quentes de Jisoo fossem de encontro com a dela.

Era seu primeiro beijo, seu primeiro beijo com ele, embaixo de fogos de artifício no gramado do Rio Han. E depois o segundo, e o terceiro.

...

-Nem vem Seokmin, não to com cabeça pra você hoje. -Dino tentou fechar a porta em sua cara, ele não estava nem um pouco afim de falar sobre Jaehyuna. Lee Seokmin que ficasse com aquela menina inteirinha pra ele.

-Pelo que eu sei você ainda não virou o cavaleiro sem cabeça, talvez uma mula sem cabeça. -Chan o encarou com cara de morte. Ele só podia estar querendo brigar.

-Fala logo o que você quer, inferno.- disse abrindo espaço e se jogando em sua cama.

-Conversar. -DK se sentou na mesma cama que Dino se jogara, ao lado dele.

-Disso eu sei, mas sobre o que? -ele revirou os olhos com a resposta de DK.

-Sobre Jaehyuna.

-MENINO PEGA ESSA MENINA LOGO PRA VOCÊ E SOME DA MINHA FRENTE.- ele havia esgotado com toda paciência do mais novo.

-VOCÊ É BURRO?

-Pensei que eu fosse mula

-Vai tomar no cu, para de ser lerdo.

-Olha as ofensas hyung.

-Ah vai se fuder. -Dino arregalou os olhos quando Seokmin subiu em cima dele, com as pernas uma para cada lado de seu quadril.

-SAI DE CIMA DE MIM SEU ACÉFALO, SE TU QUER CAIR NO SOCO NEM TEM NECESSIDADE, PEG- ele arregalou os olhos mais ainda quando fora interrompido pela boca de Seokmin contra a sua. Quer dizer, que?

Por que seu coração batia tão rápido?

Esse tempo todo, Seokmin não queria Jaehyuna. Ele queria o garoto?

Dk se afastou para encarar o mais baixo sob ele. A bochecha estava vermelha e o menino não tinha reação alguma.

-Dá pra entender agora?- ele assentiu ainda chocado demais para falar qualquer coisa.

-Fala alguma coisa, tá me deixando nervoso.

-Um beijo vale mais que mil palavras? -era a única coisa que lhe vinha à cabeça em uma hora daquelas. Não era pra Lee Seokmin ter sorrido malicioso daquele jeito e avançado de novo.

Chan espalmou o outro no peito, afastando-o.

-Para... Isso tá errado, não posso fazer isso.

-Por que? 

-Só... só me dá um tempo pra raciocinar. Não to conseguindo lidar com tanto pensamento. - e era verdade, eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Dino estava confuso demais. O mais velho concordou com o rapaz, saindo de cima dele. Sacudiu as roupas e passou porta a fora, deixando Chan estirado sobre a cama, parecia que estava em uma sessão no psicólogo.

-Vou estar esperando quando você se decidir- e soltou um sorriso calmo e compreensivo antes de encostar a porta atrás dele.

O que diabos estava acontecendo?

...

Eunhae suspirou, enquanto se deitava debaixo das cobertas, a noite estava fria e gostosa. Ela amava frio e a noite havia sido perfeita, muito embora ela não estivesse conseguindo pegar no sono, sempre pensava em como Joshua havia sido gentil, sobre como ele trouxera ela até em casa, pensava se ele iria ligar para Jaehyuna e terminar tudo para ficar com ela. Era o que ela queria.

O celular dela tocou, a garota esticou o braço sobre a escrivaninha para alcançá-lo. Ela nem ao menos leu o visor, apenas atendeu.

-Alô? -ela coçou os olhos, estava ficando com sono já.

-Não te mandei ficar longe desses meninos Park Eunhae?

-Pai!?