S A D N E S S
Parecia que o céu reflectia o estado de espirito que ele tinha naquele momento, chuvoso, os pingos grossos de chuva caiam sob aquele caixão e relâmpagos iluminavam o gramado molhado, num espectáculo de luz que não era bonito, era raivoso e doloroso, como ele naquele momento.
Aquele cemitério parecia ainda mais sombrio do que realmente era. Tudo ali era cinza, negro e não combinava com ela, porque Merlin lhe castigava continuamente pelos seus pecados?
Draco sentia-se perdido, olhando aquela imagem como não acreditando que ela estaria ali, a sua Astoria, tão jovem, tão bonita, tinha a roupa que mais amava, toda colorida em seu rosa perfeito e com seus lábios avermelhados e tão fria, já tão distante dele, resguardada por um feitiço que não permitia que caísse os pingos de chuva e perturbasse aquela beleza e aquela expressão sorridente que havia ficado em seus lábios, mesmo que sua mãe Narcisa lhe dizesse que não era bom, ficar assim, mas havia sido assim que ela havia vivido a vida.
Sorridente e bem- disposta, ele não permitiria que representassem ali o contrário na última vez que a veria, parecia tão plácida, que parecia dormir, mas não era a verdade.
A verdade é que ela dormia pela eternidade...
Apesar de tudo que enfrentou para ficar com ele, e os comentários maldosos que escutara, Astoria Greengrass Malfoy ignorara todos eles e ficara do seu lado, fora a melhor coisa que lhe havia acontecido na vida, mesmo em meio a todo ódio e desprezo que o Mundo Mágico lhe dispensava, ela sempre sorria e fazia questão de arrancar-lhe sorrisos, deixá-lo feliz mesmo em meio a sua vergonha e isolamento que ele autoimpusera-se.
Seu filho encontrava-se perto dele, com um guarda- chuva preto encobertando seu rosto mas sabia que ele não estaria muito melhor que ele, Scorpius era muito apegado a mãe, era ela que ele recorria para tudo, fosse para contar novidades, fosse para chorar, fosse para rir, resumindo. Eles haviam perdido o Sol de suas vidas.
Alguém com um guarda- chuva aproximara-se de Scorpius, para não tão sua surpresa dera de caras com Albus Potter, amigo de seu filho, contra todo o bom senso, como corria na opinião pública, que achava insano o filho do herói Harry Potter dar-se com um filhote de comensal, como Scorpius Malfoy era.
Mas estava feliz pelo filho que tinha amigos em que apoiar-se, vendo que abraçara-se ao Potter, chorando. Fazia bem, filho…porque aquele sentimento de perca e dor iria perdurar para sempre, ele sabia disso muito bem. Ele sabia o quanto um abraço amigo, era valioso nessas horas.
O tempo não curava todas as feridas, só aliviava a dor vagarosamente.
Perdera seu pai á mais de um ano, que mesmo não tendo sido o melhor do Mundo e muito menos amoroso, ainda assim era seu pai, isso era o tipo de dor que não se recuperava.
E agora sua esposa ali, ele sentia-se entorpecido, como se sua alma estivesse bem longe dali, ele não conseguia dizer para fechar o caixão e perder aquela visão, ele não conseguia dizer adeus…
E quando sentira um toque sobre seu ombro, já ia dispensar quem lhe tirava dos seus pensamentos quando virou para o lado e não pode evitar ficar surpreso. Hermione Weasley , que vinha acompanhada de Ronald Weasley que encontrava-se perto de Harry Potter e Ginevra Weasley, atrás guardando espaço dele, num gesto de silencioso respeito, mas o susto momentâneo que ele sentira, fora com a Hermione ali na sua frente, tocando seu ombro com uma expressão pesarosa, olhando o caixão onde estava sua esposa.
—Granger?- Sua voz sairá mais embargada do que pretendia, mas não conseguia evitar.
—Não a uns anos…mas, olá Malfoy…e lamento por sua perca…
Ele não sabia mais que dizer, a não ser engolir em seco e olhar em frente para onde não havia despregado o olhar desde que havia entrado naquele cemitério.
Mas Hermione parecera não entender, ou entendera e fizera tábua rasa, apertara o seu ombro como tentando…confortá-lo, apesar de apreciar aquele gesto, ele naquele momento só queria silêncio e ficar sozinho.
Nesse preciso momento, o padre aparecera e dizera que teria que fechar o caixão, ao que ele não conseguia dizer uma palavra, seu filho aproximara-se dele e apertando a sua mão com força , mas tremendo como tentando manter-se firme para o que iria falar.
—Pai, está na hora…
Aquelas palavras , ele não queria ouvir recusava-se e ali defronte das poucas pessoas presentes, algo inédito acontecera, lagrimas caiam dos olhos de Draco que havia-se recusado até aquele momento chorá-las e seu filho apertara-lhe ainda mais sua mão como transmitindo força que ele não possuía nesse momento.
Ele não conseguia falar, sendo só limitara-se a assentir e apertara a mão do filho de volta á medida que fechavam o caixão de Astoria.
—Espera…
Todos os presentes, olharam para ele que aproximara-se conjuntamente com o filho e num ato inesperado, baixara-se e depositara um último beijo sob aqueles lábios que foram tão seus.
“Adeus, meu amor.” Era o seu único pensamento, á medida que via os parentes dela fechar o caixão, emocionados com a cena diante dos seus olhos e lentamente vira o caixão descer á terra, com um nó crescente na garganta.
Ele ficara ali , olhando a terra que havia enterrado sua esposa, mesmo depois de todo mundo ter ido embora, incluindo seu filho . Ele estava ali só .
Mas enganara-se, pensando isso, pois Hermione ainda estava ali, e atirara uma singela rosa branca, a favorita de Astoria, em cima de sua campa ainda revolta de terra e isso deixara-o de sobremaneira, comovido e ele sentira necessidade de falar a palavra que ficara trancada na garganta.
—Obrigado…
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