História Safe and Sound - I still get jealous

Carl P.O.V

No dia seguinte acordei com um bom humor irreconhecível e decidi dar uma volta pela comunidade. Coloquei Judith em um carrinho de bebe que haviam nos entregado na noite anterior e fui a empurrando pelas ruas enquanto observava atentamente tudo a minha volta. Por dentro eu me perguntava onde Chloe estava e porque ela não ter me acordado para ir com ela, mas me sentia tranquilo em saber que estávamos seguros e não havia motivos para me preocupar.

Demorei um pouco para conseguir dormir depois do acontecimento na cozinha, principalmente pelo fato de não termos esclarecido muito bom o que estava acontecendo entre a gente. Talvez não estivesse acontecendo nada e eu tivesse acabado de estragar tudo falando aquelas coisas para ela durante a madrugada. Mas na verdade nem eu sabia o que estava acontecendo.

Começo a pensar com mais clareza em tudo o que já havia acontecido entre eu e Chloe. Penso em nossa amizade, mas logo imagens de todos nossos beijos vem à tona e eu sorrio sem perceber. Era obvio o que estava acontecendo aqui. Era obvio que eu estava gostando dela, e todos já haviam percebido isso, menos ela.

Eu gosto tanto dela que isso está me deixando louco. Só de pensar em qualquer coisa de ruim lhe acontecendo sinto o desespero tomar conta de meu corpo, eu daria minha vida por aquela garota e só ela não percebia isso. Toda vez que ela chegava perto era como se todos os muros que eu demorei anos para construir despencassem. Me sentia completamente vulnerável. Chloe era meu ponto fraco.

-Maggie- a chamei ao vê-la caminhando sozinha fazendo com que a mesma me olhasse sorrindo- Viu Chloe por aí?

-Última vez que a vi ela estava com um garoto. Como era mesmo o nome dele? – Ela murmurou para si mesma pensativa enquanto eu serrava os olhos confuso- Ron! Isso! Ela estava com Ron.

-Quem é Ron? – Perguntei arqueando a sobrancelha confuso. Por que ela estava com este garoto? Ela nem o conhecia. Não podia ficar andando por ai com estranhos.

-Ah ele é filho de Jessie- Respondeu e eu continuei a encarando a espera de uma resposta melhor. Também não sabia quem era Jessie- Ela disse ao seu pai que queria que você e Chloe conhecessem Ron, ele tem a mesma ideia que vocês, e como você ainda estava dormindo Chloe foi sozinha.

-Você a deixou ir sozinha para a casa de um estranho? – Perguntei incrédulo e Maggie soltou uma risada em resposta

-Eles são gente boa, Carl- disse sorrindo- Chloe está segura. Pode ficar tranquilo.

-Não os conhecemos para saber se são gente boa- retruquei

-Bom, ele foi muito gentil com todos, até levou Chloe para jogar vídeo game na sua casa- ela disse em um tom provocante como se soubesse que eu ficaria furioso. E eu de fato estava.

-O que? – Indaguei- Ela está na casa dele?

-Sim- assentiu dando de ombros ainda sorrindo- Se a encontrar digo que estava a procurando.

Então Maggie saiu me deixando sozinho com Judith novamente pensando em tudo o que ela havia acabado de me dizer. Continuei empurrando seu carrinho pelas ruas, mas meus pensamentos continuavam em Chloe e em o que ela deveria estar fazendo com este tal Ron. Maggie estava maluca em deixa-la ir sozinha para casa de um desconhecido. Isso era tão perigoso.

-Carl- ouvi a voz de meu pai e me virei o vendo ao lado de uma mulher loira muito bonita- Onde estava?

-Vim passear com Judith- respondi me aproximando

-Está é Jessie.

Mãe do tal Ron. Me lembrei das palavras de Maggie e logo me apressei com a possibilidade de ela me levar para encontrar Chloe.

-Olá- sorri fraco e ela sorriu de volta

-Oi- ela disse simpaticamente- Meu filho Ron tem sua idade. Sua amiga Chloe está com ele e seus amigos lá em casa, estávamos esperando que acordasse para que fosse junto. O que acha?

-Tudo bem- concordei com a ideia e meu pai sorriu colocando a mão sobre meu ombro antes de arrastar o carrinho de Judith para longe me deixando com Jessie.

-Ron! – Ela gritou assim que entramos em sua casa e logo um garoto loiro que aparentava ter a minha idade desceu as escadas- Este é Carl, amigo de Chloe.

-Olá- ele sorriu simpaticamente- Sou Ron.

-Oi- respondi

-Podem subir- Jessie disse- Chloe está lá com alguns amigos de Ron. Vão se dar muito bem.

-Estamos aqui depois da escola, venha quando quiser- Ron dizia enquanto subíamos as escadas em direção ao seu quarto

-Tem escola? – Perguntei surpreso. Fazia muito tempo que nem ouvia a palavra escola.

-É na garagem- assentiu-Os pequenos vão de manhã e nós a tarde. Digo, você e Chloe devem ir também, certo?

-Acho que sim- disse parando em frente ao seu quarto que estava com a porta aberta.

Chloe estava sentada no chão e parecia um tanto desconfortável naquele ambiente, tanto que ao me ver soltou um suspiro aliviada e sorriu. Notei também que havia uma garota sentada na cama lendo um quadrinho e outro garoto jogando vídeo game.

-Pessoal, este é o Carl- ele disse atraindo a atenção de todos- Carl, este são Mikey e Enid. Chloe você já conhece.

-Oi- o garoto disse se levantando

-Oi- a garota murmurou sem me olhar

-Enid também veio de fora, assim como vocês- ele disse colocando a mão no ombro da garota- Ela chegou há oito meses.

Desviei meu olhar para Chloe que já estava levantada e me olhava com uma expressão indecifrável. Logo me lembrei do quadrinho que havíamos achado em nossa nova casa e retirei o mesmo de meu bolso.

-Isto é de vocês? – Perguntei

-Desculpem- Ron disse sorrindo- Não sabíamos que a casa era de vocês.

-A gente fica lá ouvindo música- Mikey disse- É da Enid.

Olhei para a garota e a mesma pegou o quadrinho de minhas mãos jogando o mesmo para o seu lado. Continuei a observando por um tempo um tanto intrigado por sua postura e ouvi Chloe tossir fazendo com que eu a olhasse novamente.

-Estávamos jogando vídeo game antes de você chegar- ela disse apontando para a televisão- Se quiser podemos...

-Tem mesa de sinuca na casa de Mikey- Ron a interrompeu fazendo com que eu o fuzilasse com o olhar, mas logo voltei ao normal- Mas o pai dele não costuma liberar, então...

-Tudo bem. Ele está trabalhando- Mikey deu de ombros

Permaneci em silencio tentando formular tudo o que eles haviam acabado de falar e olhei para Chloe como se pedisse ajuda, mas ela parecia tão desconfortável quanto eu. Não estávamos acostumados com pessoas que não fossem do nosso grupo.

-Desculpe, a gente pegou pesado- Ron disse percebendo nosso silencio- Podemos apenas ficar juntos. Não precisa falar se não quiser. Levou três semanas para a Enid dizer alguma coisa.

-Relaxa, garoto- Enid murmurou me olhando e percebi Chloe a encarar um tanto frustrada, mas não entendi o porque

-Vamos...- pensei por um tempo- Jogar vídeo game.

(...)

-O que acha deste lugar? – Perguntei ao ver meu pai entrando em meu novo quarto enquanto eu permaneci deitado

-Acho que parece legal- respondeu se sentando ao meu lado

-Gosto daqui. Gostei das pessoas- disse o olhando- Mas elas são fracas e não quero que a gente fique como eles.

-Não vamos- ele disse firmemente e suspirou- Precisamos conversar.

O olho confuso e me sento na cama pensando no que havia feito para que meu pai queira conversar tão sério comigo.

-Sobre? – Pergunto com a intenção de que ele continuasse a falar

-Chloe.

Solto o ar pela boca e me remexo desconfortável pelo assunto. Sabia que chegaria uma hora em que ele iria querer conversar sobre a cena que viu na igreja, mas já se passou tanto tampo que cheguei a pensar na possibilidade de ele ter esquecido. Tolice a minha. Meu pai nunca se esquece das coisas.

-O que tem ela? – Pergunto como se não soubesse de nada e meu pai solta um pequeno sorriso, mas logo volta a ficar sério

-Vocês estão juntos?

Arregalo levemente os olhos supresso por sua pergunta e me engasgo com a própria saliva.

-Não- Digo serrando os olhos- Não estamos juntos.

-Então aquela cena que eu vi na igreja...

-Não foi nada- o interrompi cansado daquela conversa. Não estava nada confortável com o rumo que aquilo tudo estava levando

-Você gosta dela- Ele afirmou sorrindo

-Não gosto- menti. Não queria meu pai se intrometendo neste assunto.

-Está óbvio que gosta dela- agora ele sorria divertido me deixando cada vez mais constrangido- Sabe que pode falar comigo sobre isso.

-Não tenho nada para falar- Mentiroso- Não gosto dela. Somos apenas amigos.

-Amigos não se beijam- ele retrucou e eu bufei irritado

-Foi só uma vez- resmunguei evitando encara-lo

-E o que foi aquilo na cozinha?

-Você estava nos espionando? –Indaguei incrédulo e ele me olhou culpado- Pai!

-Só estou dizendo que se quiser ter algo com ela, devem parar de fazer isso as escondidas- ele disse ignorando a minha indignação- As garotas não gostam disso. E se não quiser perde-la, é melhor fazer algo logo.

Assim ele sai do meu quarto me deixando mais confuso do que eu já estava antes. Talvez ele estivesse certo, ou talvez ele apenas estivesse falando aquelas besteiras que os pais falam para os filhos.

 Comecei a pensar em como seria caso eu e Chloe tivéssemos um relacionamento de verdade, assim como Maggie e Glenn. Logo sua imagem surgiu em meus pensamentos. Seus longos cabelos loiros, seu sorriso que contagiava qualquer um que a visse, seus olhos sempre me deixaram em transe e sua boca me deixa louco. Me sentia um idiota por estar pensando essas coisas, mas era a mais pura verdade. Chloe Greene era a perfeição em pessoa.

Também me lembrei de todas as vezes que ela me tirou da perdição. Todas as vezes que ela me ajudou quando eu pensei que não tinha mais solução. Todas as vezes que ela me fez rir no meio desse caos todo. Chloe era minha salvação. Eu estaria completamente perdido sem ela. Chloe era minha esperança de um mundo melhor. E eu precisava fazer alguma coisa se não quisesse perde-la para sempre.

(...)

Mais um dia em Alexandria e as coisas estavam mais calmas do que nunca. Todos haviam saído e eu estava em casa com Carol e Judith. Novamente não sabia onde Chloe havia ido, e sentia algo estranho dentro de mim só de pensar que ela poderia estar na casa de Ron assim como ontem.

Parei em frente à janela de casa e me sentei observando o movimento lá fora, até que algo me chamou atenção. Consegui avistar de longe alguém escalando os portões que protegiam a comunidade do lado de fora e logo reconheci a garota que estava ontem na casa de Ron. Sem pensar duas vezes sai de casa gritando para Carol que voltaria logo e vi Enid pulando para fora da comunidade atiçando minha curiosidade.

Com um pouco de dificuldade escalei os portões e pulei para fora sem que ela me percebesse comecei a segui-la. Ela corria pela floresta como se soubesse exatamente para onde estava indo, até que parou de repente e olhou para trás desconfiadas, rapidamente me escondi atrás de uma arvore esperando que ela não percebesse minha presença.

-Droga- murmurei olhando a minha volta à procura de Enid, porém não a encontrava em lugar algum.

Ouvi um barulho um pouco distante de mim e o segui imaginando que seria Enid, mas me surpreendi ao encontrar meu pai parado em frente a uma casa de madeira. Antes que pudéssemos dizer qualquer coisa grunhidos preencheram o local e nós nos viramos encontrando alguns errantes se arrastando em nossa direção.

-Prepare-se- Ele disse e eu peguei minha faca a levantando em posição de ataque assim como ele.

Quando o primeiro errante me atacou o empurrei para o chão e cravei a faca em sua cabeça. Mais outro veio em minha direção e eu fiz o mesmo. Olhei para meu pai e ele tentava impedir um de morde-lo quando outro que estava escondido agarrou seu pé. Me aproximei rapidamente e matei um restando apenas o que estava no chão. Meu pai pegou um cano de metal no meio das tralhas em frente a casa de madeira e se preparou para ataca-lo.

-Pai- indiquei para que ele deixasse que eu terminasse o serviço e ele me entregou o cano de metal. Então sem hesitar cravei o mesmo na cabeça do errante o matando- Você estava certo.

-Sobre o que? – Perguntou ofegante

-Eu gosto dela- admiti- Mais do que eu queria.

-Então faça alguma coisa- ele disse me olhando parecendo orgulhoso- Fale com ela sobre o que sente.

-Eu já falei- suspirei- E ela já falou. Mas nunca esclarecemos muito bem.

-Esclareça- ele disse como se fosse simples- Ela é boa para você. Não a deixe escapar.

Voltamos para Alexandria em silencio e encontramos o portão aberto. Ouvimos alguns barulhos estranhos vindo de dentro e entramos correndo vendo Glenn brigar com um cara no qual até hoje eu nunca havia visto e Deanna gritava para que eles parassem. Nicholas tentou entrar na briga, mas Daryl o empurrou para o chão fazendo com que meu pai corresse para segura-lo.

-Ei! – Ele gritou segurando Daryl- Não vamos fazer isso agora.

-Diga para ele- ele disse se levantando

-Quer cair de bunda de novo? – Michonne perguntou ficando cara a cara com o cara que havia batido em Glenn

Olhei em minha volta e meus olhos pararam em Chloe que assistia tudo aquilo assustada ao lado de Maggie. Desviei meu olhar e vi Enid caminhando em minha direção e parando alguns metros longe de mim. Ela parece ter percebido meu olhar, pois olhou de volta me fazendo desviar rapidamente.

-Quero que todos me escutem- Deanna disse em voz alta- Rick e seu pessoal são parte desta comunidade de todas as formas, como iguais. Entendido?

-Entendido- o cara que bateu em Glenn disse ironicamente

-Todos vocês, entreguem as armas- ela disse e olhou para Nicholas e o outro- Depois vocês dois vem falar comigo.

Assim que todos saíram ficamos apenas eu, meu pai, Daryl, Michonne, Glenn, Maggie e Chloe. Deanna permaneceu em silencio por um tempo e olhou para meu pai.

-Lembra que disse que tinha um serviço para você? - ela perguntou e ele assentiu- Quero que seja o guarda desta cidade. Era o que você era. É o que você é. E você também- olhou para Michonne- Aceitam?

-Está bem- Rick disse e olhou para Michonne

-Sim, eu topo- ela disse sorrindo fraco

-Obrigado- ela olhou para Glenn

-Pôr o que?

-Por dar um jeito nele- ela sorriu antes de sair

Só então notei que Enid ainda estava parada perto de nós e me olhava atentamente.

-Não gosta de mim, não é? - Perguntei, porém não obtive resposta e a mesma saiu me deixando sozinho.

CONTINUA....