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História Sakura - Capítulo único.


Escrita por: Yeol6192

Notas do Autor


Eu sempre reclamo que ñ tenho tempo pra escrever, mas to participando de dois concursos e ainda tenho fanfic pendente, né? Espero conseguir administrar tudo direitinho.
Primeiramente queria agradecer as pages que criaram esse "projeto" magnifico e me fizerem perder noites de sono *u* amo vocês <3
Segundamente ~oi?~ queria agradecer a minha unnie que teve paciência de betar o capitulo pra mim <3 EU TE SARANGHAE <3

Boa leitura *3*

Capítulo 1 - Capítulo único.


Byun BaekHyun não se lembrava da primeira vez que presenciara uma aparição sobre-humana. Nem mesmo da sensação que sentira quando o momento acontecera. Sentira medo? Fascínio? Não sabia dizer.

Apenas se recordava que fora bem cedo, na mesma época que seu pai, ao ver a anormalidade da criança, fugira com o filho mais velho dizendo que o jovem era uma aberração para a humanidade. Apenas sua mãe havia ficado e cuidado de si, afinal a capacidade de se comunicar com eles era hereditário de sua parte da família. A senhora Byun, apesar de não conseguir vê-los, sentia suas presenças e ouvia o que tinham para dizer.

A partir de seus sete anos, as aparições foram ficando mais frequentes, entretanto naquela época, a conexão entre ele e os mortos não era forte o suficiente para que pudesse de fato tocá-los ou ter uma interação mais "real".

BaekHyun os via apenas quando queriam ser vistos, não era uma coisa a qual controlava. Não conseguia invocá-los ou coisas do gênero que são mostradas em filmes de pura ficção.

Conforme foi crescendo e amadurecendo, aprendeu a lidar com eles, com suas provocações e melancolias. Aprendeu a lidar com a vida de solidão que levava. Afinal de contas, quem ia querer ser amigo de um homem de vinte e dois anos que conversava com espíritos e que tentava, de alguma forma, entendê-los? A única que lhe entendia era sua própria mãe que passava pela mesma situação que a sua.

Não fazia pactos, não participava de rituais ou de sacrifícios. Vivia uma vida normal, ao contrário do que a maioria pensava. Trabalhava numa livraria como balconista já fazia quase um ano e meio, não fazia faculdade e não iria fazer, a seu ver não se encaixava em nenhuma profissão específica.

- Byun, seu expediente acabou. -o dono do lugar arrancou-lhe de seus devaneios, estava acompanhado de seu filho, Kim JongDae, que o olhava com um sorriso sacana nos lábios, parecia sempre pronto para lhe atacar com suas palavras baixas e toques nada propícios.

BaekHyun o odiava e isso pareceu piorar desde a semana passada em que o outro lhe imprensara contra o balcão com tanta força que sua cintura ficara marcada pelos dedos imundos do coreano. O Byun apenas correra para evitar quaisquer conflitos.

Assentiu enquanto juntava todos seus pertences, correu para fora do prédio de pequeno porte e começou a caminhada que certamente seria longa.

Olhou para cima. O sol já começara a desaparecer denunciando que logo o azul claro de um céu em plena primavera seria substituído por um tom azul marinho repleto de estrelas.

Não passaria a noite em casa naquela quarta-feira. Já havia avisado a sua mãe, que aparentemente estava acostumada com os sumiços do filho durante toda a madrugada.

Andou até chegar a uma estrada que não era usada há tempos, ficava acima do resto da cidadezinha.

Avistou a casa que já lhe era conhecida. Era velha -não sabia dizer o tempo exato, mas pela aparência desta, talvez estivesse ali desde o século passado- e completamente despedaçada. O teto já havia caído há tempos, as paredes manchadas e, assim como o resto da casa, faltavam pedaços. Seria ótima para uma gravação de um filme de terror digno de Oscar.

Continuou caminhando, parando somente quando viu a árvore de cerejeira que se localizava quase na ponta do penhasco. Seus galhos estavam recobertos de flores rosas, as famosas Sakuras. Nunca gostara de plantas, flores e seus derivados, sempre as associava com insetos e coceira, entretanto aprendera a suportá-las graças a um garoto que conhecera na primavera passada.

Sorriu ao enxergar o ser que estava sentado no chão, apoiando as costas no tronco de sua preciosa árvore. Estava com os olhos fechados e seu semblante era calmo, nenhum músculo se movia, somente os fios negros que o vento forte fazia questão de bagunçar.

O Byun estremeceu, se encolhendo em seu casaco, a ventania que fazia ali ao anoitecer era fria, apesar da estação ser a primavera. O outro garoto encontrava-se apenas com uma calça jeans e camiseta preta, a jaqueta que costumava usar estava jogada no chão, completamente sem utilidade, não sentia frio algum. Claro que não sentia frio, BaekHyun pensou rindo de si mesmo, Park ChanYeol estava morto e mortos não sentiam esse tipo de coisa.

BaekHyun mentia quando dizia não ter amigos. ChanYeol era seu único e melhor amigo, apesar de não estar consigo todo o tempo.

- Você veio. -ouviu a voz grossa pronunciar. O tom não soou muito animado e o Byun não poderia deixar de ressaltar que o outro nunca parecia animado.

- Eu prometi a você que viria todos os dias. -aproximou-se do espírito e sentou ao seu lado.

O humano se encontrava com o Park apenas quando as flores de cerejeira estavam presentes na árvore e quando a ultima pétala da última flor caía no outono o espírito do garoto desaparecia e só voltava na próxima primavera. O último encontro de ambos havia sido há uma semana -exatamente quando as flores começaram a florescer-. Era muito estranho o desaparecimento do outro, porém deduzia que esse evento era ligado com a estação que o outro falecera, era muito comum os mortos se "apegarem" a esse tipo de acontecimento.

Já indagara ao outro a causa de sua morte, mas este sempre mudava de assunto, era irritante. Contudo, não podia intervir em suas memórias, só se lhe fosse permitido.

Byun sentiu sua pequena mão ser segurada por outra semelhante. O toque era frio e gélido, gostaria que o contato fosse mais quente, todavia já estava acostumado com os toques sem sentimentos do amigo.

Não era comum BaekHyun conseguir sentir os toques dos espíritos com os quais se comunicava, todas as vezes que algum tentava lhe tocar atravessavam sua pele lhe deixando com uma sensação estranha, semelhante a um frio na barriga, e seu consciente sensível o suficiente para que ficasse uma semana inteira abalado. Entretanto, com ChanYeol era diferente.

Ele conseguia tocá-lo como tocava qualquer outro ser vivo.

Sua mãe lhe explicara que era raro acontecer, mas não era impossível. Normalmente ocorria quando o espírito da pessoa permanece no local onde morrera, sendo assim sua alma e o território teriam uma conexão tão forte que lhe daria a capacidade de poder ser tocado como se estivesse vivo de fato.

- Vou passar a noite aqui, tudo bem pra você? -o humano perguntou, sem esperar uma resposta concreta.

O Park não era de falar muito, a relação deles era baseada em olhares profundos e contatos sutis. Ele era do tipo sério que se poupava de perder saliva com frases inúteis. Certa hora era carinhoso -ou ao menos tentava ser- outros momentos era arrogante e indiferente.

A mão calejada do maior ainda permanecia sobre a sua, brincando com seus dedos, contudo Byun a soltou. Ele sentia algo estranho dentro do peito quando tinham aquele tipo de contato. Sabia que era errado se sentir assim em relação ao morto.

Arrancou a mochila preta de suas costas, abriu-a e tirou uma barra de cereais que comprara no caminho, comendo-a em seguida.

Se encolheu ao lado de ChanYeol, deitando com a cabeça em seu colo e por consequência sua blusa levantou um pouco deixando sua cintura descoberta.

- Por que você nunca fala de sua antiga vida? -o humano perguntou de repente.

- Aquele garoto te machucou de novo? -ignorou a pergunta do humano, indagando sobre a marca em sua cintura.

- Não é nada demais.

- Você devia dar um jeito nele. -Yeol comentou meio agressivo.

BaekHyun se assustava toda vez que o maior falava daquela forma, já vira sua mãe tendo que lidar com muitos espíritos que tinham sede de morte e sangue. Todavia, ChanYeol não era assim e por conta disso não precisaria se preocupar.

O Byun sentiu seus fios de cabelo -tingidos de preto- serem acariciados de maneira carinhosa.

- Durma, você deve estar cansado.

Sempre se surpreenderia com a capacidade do morto de em um momento parecer ameaçador e no outro carinhoso daquela forma.

A carícia gostosa fez com que o sono lhe tomasse rapidamente, levando-lhe para um mundo onde não havia nenhuma preocupação.

 

 

----- XX -----

 

 

BaekHyun novamente juntava seus pertencem rapidamente, havia ficado além de seu expediente aquele dia. Viu o filho de seu chefe aproximar-se de si, tentou a todo custo correr daquele lugar, entretanto antes que pudesse fazê-lo, sentiu seu corpo ser jogado contra uma das estantes lotada de livros de seu local de trabalho.

- JongDae, se afaste. Eu não estou brincando.

- E se eu não obedecer? -segurou o pulso direito de Byun o apertando, lhe deixaria marcas novamente- Vai falar para os seus amiguinhos virem de madrugada puxar meu pé? -debochou.

- É sério, eu vou falar com seu pai se continuar com isso.

- Seria bem mais simples se só saísse comigo, não? -soltou o pulso do homem e lhe puxou pela cintura- Não vou te obrigar a fazer nada muito absurdo.

- Me larga! -gritou. Porém o outro pareceu não ouvir já que passou a dar selos em seu pescoço.

"Devia dar um jeito nele" lembrou-se das palavras do Park e por um breve momento sentiu como se ele estivesse ali consigo. Uma raiva descomunal tomou conta de si.

Quem JongDae pensava que era para lhe tratar como um mero objeto? Byun tinha verdadeiramente nojo daquele ser desprezível, talvez se ele morresse fosse melhor, afinal, alguém como ele não faria falta alguma no mundo.

- BaekHyun, você enlouqueceu? -seu nome foi chamado com um tom que transbordava em desespero. Era a voz de seu chefe.

Arregalou os olhos quando se deu conta de que estava imprensando o garoto contra a mesma estante que antes estava encostado. Uma tesoura era apontada para o pescoço do Kim que o olhava assustado, a ponta do objeto pressionava a pele do garoto quase perfurando-a. Largou afoito o instrumento cortante.

- Quero você fora daqui, seu delinquente de merda! -seu ex-chefe gritou consigo enquanto levava-o para fora aos puxões- Se voltar aqui, vou chamar a polícia.

Byun abraçou o próprio corpo. Por que havia perdido a cabeça de tal forma? Por que seguira os conselhos do Park para 'dar um jeito' em JongDae? O garoto realmente dava nojo em qualquer um, porém não merecia ter a garganta cortada por uma tesoura afiada. Byun BaekHyun sentia como se estivesse enlouquecendo e talvez, de fato, estivesse.

Correu para a casa que dividia com sua mãe, ele não veria ChanYeol hoje. Estava chocado com o que acabara de fazer e não queria admitir a si mesmo que gostaria de ter terminado o que começara.

- Chegou cedo. -sua mãe comentou logo que botou os pés em casa. Ela estava sentada no sofá da sala com um de seus livros sobre clarividência depositado sobre seu colo, uma caneca com chá se encontrava depositada em cima da mesinha de centro- Você não me parece bem. Aconteceu alguma coisa?

O Byun sentou ao lado da mulher. Seus cabelos castanhos estavam presos num coque bem apertado, as rugas no canto dos olhos denunciavam seus quase sessenta e dois anos.

O garoto precisava desabafar seus problemas com alguém, por conta disso, falou tudo o que andava acontecendo desde quando conhecera ChanYeol até o dia de hoje, quando ele havia quase cortado a garganta de uma pessoa. Sua mãe ficou quieta o tempo todo, porém BaekHyun sabia que ela não gostava que se envolvesse demais com os mortos, nem que os deixasse participar de sua vida pessoal. Dizia que era perigoso visto que não os conheciam de verdade.

- Tome cuidado com ele. -pediu.

- ChanYeol é confiável, fique tranquila.

- Espíritos enganam, querido. -acariciou o rosto macio do filho- Não deixe que ele influencie sua vida da maneira que fez hoje.

- Mas ele não fez isso.

- Fez sim. Ele disse para dar um jeito naquele imbecil e você quase matou o garoto. -suspirou- Só tome cuidado, por favor. Muitos espíritos matam humanos apenas por diversão ou porque isso os fortalece.

O Byun apenas assentiu com a cabeça e correu para o seu quarto. Deitou-se em sua cama, envolvendo-se no lençol fino da mesma.

Desejava ir ver ChanYeol, mas não estava em boas condições naquele instante. Sua cabeça trabalhava mais rápido do que desejava.

E se sua mãe estivesse certa e fosse melhor se afastar? E se o espírito estivesse apenas querendo matá-lo para se fortalecer?

Riu de si mesmo por achar isso. Ele era uma mera criança se comparado aos mortos, se Park quisesse matá-lo então teria feito o trabalho sujo há tempos. Além disso, o outro não teria esperado tanto tempo para assassiná-lo, teria matado-lhe na primavera passada quando se conheceram.

Balançou a cabeça de um lado para o outro, ignorando quaisquer pensamentos relacionados a ChanYeol. Ele precisava relaxar um pouco e pensar no que faria agora que estava desempregado. Agradeceu por não ter sido denunciado à policia.

 

 

----- XX -----

 

 

- Channie, posso te perguntar uma coisa? -O Byun proferiu, hesitante.

Encontravam-se encostados ao tronco da árvore, virados de costas para a beira do alto penhasco, lá em baixo havia um rio raso com diversas pedras espalhadas.

Esperou que o outro olhasse para si e então continuou- Você não faria mal a mim, não é?

- Por que essa pergunta tão de repente?

- Eu só... -suspirou- Esquece isso. Foi uma pergunta idiota.

- BaekHyun, olha para mim.

O humano fez o que lhe foi pedido e encarou os olhos do outro. Eram completamente negros, o brilho comum em qualquer olho era inexistente nos dele, não demonstravam sentimento algum. Frios e vazios eram ótimos adjetivos para eles.

Observou enquanto o Park lhe olhou de volta, dando um sorriso de canto antes de se aproximar da face do mais baixo.

- O que está fazendo?

- Estou te respondendo. -o Byun teve o queixo segurado- Só que sem usar palavras.

Dito isso ChanYeol acabou com a distância entre os dois corpos, colando seus lábios nos semelhantes do menor.

Os lábios do Park eram gelados, contudo não era incômodo algum tê-los sobre os seus. Sentiu a mão gélida, depositada anteriormente em seu queixo, trilhar um caminho nada tímido até sua cintura, segurando-a com firmeza, possibilitando que ambos ficassem ainda mais próximos.

Beijar o espírito era estranho, entretanto não era nada ruim. O outro lhe fazia se sentir bem enquanto tinha os lábios tomados até perder o fôlego.

O beijo apesar de intenso não tinha pressa alguma, como se ambos os garotos quisessem lembrar cada detalhe daquele contato quando este terminasse.

BaekHyun colocou seus braços em volta do pescoço do maior, deixando-os apoiados em seus ombros largos e rijos. Não deixando escapatória para ChanYeol fugir.

Quando os lábios se separaram, o humano teve certeza de uma coisa: Ele estava ligado ao morto mais do que imaginara. Mais do que gostaria.

Nenhum dos homens ousou se afastar, apenas ficaram abraçados em baixo da árvore. Algumas de suas flores foram arrancadas pelo vento que soprou, Park pegou uma que caíra ao seu lado. Levou-a até a face do humano fazendo-o olhar para si confuso.

- Elas são delicadas e bonitas como você. Acho que deveria tatuar uma.

- Sério? -riu do comentário do outro- Não acho que combine comigo.

ChanYeol desviou seu olhar do garoto apenas para observar a flor entre seus dedos. Byun pela primeira vez pôde perceber algum sentimento nos olhos do espírito ao olhar aquele pequeno pedaço de fauna. Não sabia exatamente o que via. Talvez nostalgia.

Definitivamente o homem tinha lembranças com aquelas flores e BaekHyun sentia-se ansioso para descobrir qual passado era aquele.

 

 

----- XX -----

 

 

BaekHyun acordara ansioso naquele dia. Ansioso para encontrar-se com ChanYeol.

Beijá-lo, abraçá-lo ou apenas ter a presença do outro se tornara um vício do qual não queria se livrar. Sentia-se drasticamente enlouquecido.

Depois do beijo, as visitas ao morto se tornaram cada vez mais frequentes, o via todos os dias, entretanto essa semana havia sido uma exceção. Estava uma semana inteira sem vê-lo. Provavelmente o outro tinha ficado confuso com o sumiço repentino, porém era por um bom motivo.

Sua cabeça estava a mil e suas pernas o levavam rapidamente para o topo do penhasco tão conhecido por si.

Ele tinha uma surpresa para o falecido, não via a hora de mostrá-la para o mesmo.

- Achei que não viria mais. -comentou, assim que o humano lhe cumprimentara com um beijo longo.

- Foi por um bom motivo. -sorriu em direção ao outro, enquanto tirava sua camiseta.

Uma sakura estava desenhada permanentemente na pele clarinha, localizava-se a cima do peito esquerdo quase chegando a sua clavícula. A tinta rosa da tatuagem estava com bastante destaque já que a fizera há uma semana. Cada traço desenhado perfeitamente. O "rabisco" era delicado assim como as flores, assim como o Byun.

- Não vim aqui durante a semana porque ela estava cicatrizando e, por sorte, minha pele é ótima para coisas desse tipo então cicatrizou muito rápido. -justificou animado.

Os dedos calejados de ChanYeol ergueram-se até seu peito e tocou calmamente a tatuagem, enquanto sorria abertamente.

- Você gostou?

- Claro que sim. -puxou o menor para seu colo- Eu havia dito que ficaria linda.

O Byun corou vigorosamente com a aproximação repentina do outro, mas não o afastou. Ele gostava quando estavam próximos um do outro.

Encaram um os olhos do outro e nada precisou ser dito para que começassem um beijo lento. Era quase como uma rotina os beijos e os toques que trocavam, entretanto aquele dia parecia diferente.

Parecia especial.

Viu o Park tirar sua jaqueta e estirá-la no chão deitando-o na mesma. Sentiu-o beijar seu pescoço e então fazer o mesmo com a tatuagem feita recentemente.

- Eu quero te tornar meu essa noite, Byun.

E foi naquele exato momento em que Byun BaekHyun perdera o restante de sua sanidade. Não havia mais sua mãe preocupada consigo, nem os olhares assustados em sua direção. Nem mesmo as piadas e brincadeiras de mau gosto direcionadas a sua habilidade.

Não havia nada além dos dois aquela noite.

Roupas logo não foram mais necessárias, nem sequer palavras.

Cada toque que era depositado em si. Os beijos, os olhares, as mordidas e chupões que eram deixados por todo seu corpo. Aquele sentimento que sentia era mais real que quaisquer sensações presenciadas até ali. Aquele momento era mais real que qualquer outro que vivera anteriormente.

O homem que lhe tocava fazia parte de sua realidade, de sua existência.

E foi no exato momento em que tornaram-se um, que sua conexão com Park ChanYeol ficou ainda mais forte. Tão forte que quando os lábios tocaram seus semelhantes pela milésima vez, ele pôde ver cada detalhe de um anoitecer de puro desespero.

 

Acontecera no dia vinte e sete de novembro. A data em que costumava ser seu aniversário.

ChanYeol chegara em sua casa depois do trabalho cansativo esperando que seu pai tivesse bebido menos naquela sexta-feira.

A rotina nunca mudava. Estava farto de toda aquela realidade que precisava enfrentar todos os dias. Era obrigado a ouvir as agressões que eram desferidas em sua mãe e, então, quando não aguentava mais presenciar aquilo sem fazer absolutamente nada, o Park ia até os dois e os separavam. Obviamente, isso resultava em diversos roxos dos chutes e socos que recebia. Entretanto, o garoto não se importava mais com a violência que passara a sofrer, já estava acostumado. Somente agradecia todos os dias por seu pai nunca ter tocado em sua irmã mais nova.

Contradizendo suas súplicas de um aniversário de dezenove anos normal, quando abriu a porta da pequena casa se viu em um verdadeiro filme de terror.

Um líquido -que julgava saber qual era- sujava o tapete que ficava na entrada da pequena sala. ChanYeol correu, chegando no quarto de sua irmãzinha Yoora. Ali ele soube de onde vinha o sangue antes visto.

Sua mãe e irmã se encontravam uma ao lado da outra, ambas completamente desfiguradas pelas facadas que anteriormente lhe atingiram em cheio. Sentiu um bolo em sua garganta.

A partir daquele instante, o Byun teve dificuldade de distinguir as lembranças do garoto.

Viu o pai de ChanYeol amarrado -por cordas bem apertadas- em uma cadeira. A próxima cena mostrou quando as chamas tomaram toda a casa, que costumava ser muito bonita, enquanto o culpado pelo incêndio apenas observava tudo do lado de fora da moradia, ouvindo os gritos de seu pai que pediam por piedade, aqueles gritos duraram cerca de vinte minutos antes de cessarem completamente.

Não derrubara nem uma lágrima sequer, apesar de BaekHyun saber que este queria muito deixá-las descerem seu rosto bonito para aliviar a dor.

E, por último, viu nitidamente a última cena que lhe foi permitida.

Park ChanYeol estava sentado sobre o tronco da árvore de Sakura, uma ponta da corda estava bem presa na mesma enquanto a outra extremidade estava amarrada no próprio pescoço. O garoto de cabelos negros ligou para a polícia dizendo que um homicídio havia sido cometido, denunciando a si mesmo. Logo que encerrou a ligação, jogou seu celular no chão rochoso, vendo-o rolar até cair penhasco abaixo.

Cantarolou uma música que gostava bem baixinho, apenas para acalmar o próprio coração. Byun sentia que o Park não queria aquilo, nunca quis. Contudo, não conseguiria viver daquela maneira.

O humano sentiu a angústia do outro, a tristeza, dor e, acima de tudo, a culpa.

Uma única lágrima caíra dos olhos do garoto naquela noite, antes de pular do tronco onde estava sentado. Os espasmos haviam durado um bom tempo até que o garoto de dezenove anos sentisse a vida lhe escapar por entre os dedos.

 

- BaekHyun? -ouviu a voz grossa chamar, arrancando-lhe de seus devaneios.

O menor encarou o corpo suado que fazia um carinho gostoso em seu peito, exatamente onde se encontrava a tatuagem.

Sabia que não fora a intenção do falecido mostrar uma parte de sua história, no entanto, no instante em que se tornaram uma única alma, o maior aparentemente não teve controle de suas próprias lembranças.

Apesar do que vivenciara aquela altura, se sentia feliz de descobrir uma coisa importante sobre o outro.

- Eu... -começou, mas simplesmente não sabia o que falar. Tudo o que vira lhe deixara completamente confuso e agitado- Só volte a me beijar, ok?

E, assim, eles provaram um do corpo do outro pela segunda vez na noite, enquanto olhavam as estrelas que brotavam no céu noturno e o rosa claro das sakuras.

 

 

- Eu queria viver a eternidade do seu lado. -ChanYeol sussurrou em seu ouvido enquanto ambos permaneciam deitados lado a lado.

- Devia ter alguma forma disso se tornar possível. -o Byun falou e o outro riu sarcástico com sua inocência. Humanos eram ingênuos.

- Tem uma maneira, mas não posso te pedir algo a essa altura.

O Byun queria ficar ao lado de ChanYeol. Ele amava Park ChanYeol mais do que havia amado qualquer outra pessoa até aquele momento de sua vida. Faria qualquer coisa para continuar ao seu lado.

Seu corpo ficou tenso quando ouviu o morto falar baixinho o único modo para ambos ficarem juntos.

Se o Byun estivesse em seu estado normal teria corrido dali em questão de segundos. Teria falado que o outro era maluco e que, de forma alguma, faria aquilo apenas para passar a eternidade ao lado de outra pessoa. Entretanto, o humano ultimamente estava se sentindo vazio. O mundo era cruel, calculista e nojento.

Se estivesse pensando de maneira coerente negaria o pedido do outro, contudo ele sentia-se como se estivesse enlouquecendo. Queria viver a eternidade ao lado de Park ChanYeol e se fosse preciso tirar a própria vida para que isso se tornasse realidade, ele o faria.

Foi pensando nisso que levantou e deixou-se ser levado para a ponta do penhasco. Apesar do vento que percorria o local e seu corpo estar desnudo, BaekHyun não sentia frio algum.

Sentiu sua cintura ser segurada com firmeza, agora estava com os calcanhares para fora do chão constituído por rochas.

BaekHyun fechou os olhos. Era relaxante o vento forte que batia contra seus cabelos, lhe trazia uma calmaria gostosa.

Os lábios do Park tocaram os seus num breve e singelo selar. E, então, o falecido aproximou-se de seu ouvido e passou a cantar uma melodia bem calma. Aquela mesma melodia que o Park cantara momentos antes de sua morte.

 

"Quando a noite profunda estiver prestes a acabar
eu vou desaparecer como fumaça.
Porque quando a manhã vier,
você vai acordar
como se nada tivesse acontecido.
Um sonho esquecido"

 

Byun não conhecia aquela música, provavelmente era bem mais velha que si. Contudo, a última coisa que prestava atenção no momento era na melodia aleatória que o Park cantava. Talvez ele apenas fizesse aquilo para deixá-lo mais calmo.

- Eu te amo, Park ChanYeol. -fora as últimas palavras proferidas antes sentir seu corpo ser impulsionado para trás de forma um tanto bruta.

A adrenalina que seu sistema nervoso mandou para todo seu corpo fez com que sentisse um pouco de medo, contudo não o suficiente para lhe impedir de continuar sorrindo ao sentir a ventania lhe sucumbir completamente.

Quando o corpo se chocou com as grandes pedras do chão o Byun já não tinha consciência alguma.

 

 

----- XX -----

 

 

A senhora Byun comia tranquilamente seu café da manhã daquele sábado enquanto assistia o jornal. Era seu costume fazer isso todas as manhãs antes de ir trabalhar. Contudo, uma notícia ao vivo lhe fez derrubar o que comia. Aquilo simplesmente não poderia ser possível.

"Foi encontrado nesta madrugada o corpo de Byun BaekHyun, um jovem de vinte e dois anos, entre algumas pedras de um raso rio localizado cerca de 80km do centro da cidade.

De primeiro momento nos foi informado que havia sido uma tentativa de suicídio bem-sucedida, entretanto, depois que o corpo foi levado ao necrotério e sido severamente analisado foram encontradas algumas pistas de que acontecera um homicídio.

O homem foi encontrado nu, com diversas marcas pelo corpo, nenhum resquício de sêmen foi encontrado no local, porém depois do indivíduo ter passado por análises foi comprovado que houve relação sexual momentos antes de seu óbito. Entretanto, a pista que mais preocupa os investigadores é uma tatuagem de uma flor desenhada sobre o peito esquerdo do Byun. Já fazem cinco anos que há casos de garotos que foram assassinados por um serial-killer, completamente desconhecido, que previamente tatua a flor sempre na mesma região de suas vitimas.

Foi-nos constado que sua última vítima fora Do KyungSoo que morrera da mesma forma o ano passado. Os policiais que investigam o caso nos informaram que as mortes acontecem apenas na primavera e que isso deve ter algum significado oculto para o assassino, contudo nada foi encontrado ainda.

Os familiares do Byun ainda não foram contatados sobre o acontecimento, por conta disso pedimos para quem os conhece, digam-lhes para entrar em contato conosco o mais rápido possível.

O caso ainda está sendo seriamente investigado para termos certeza do que realmente aconteceu. Qualquer novidade na investigação estaremos disponibilizando a vocês em tempo real."

A mulher descansou suas costas no encosto do sofá, sentindo as lágrimas quentes deixarem seus olhos.

Seu filho havia se envolvido com um espírito e este havia enganado-o direitinho.

E, definitivamente, o que lhe deixava mais desolada era o fato de que todos os que foram mortos, assim como seu filho, não seriam vingados. A autoridade nunca acharia um culpado.

Desejou que seu filho nunca tivesse nascido com a mesma habilidade que si. Talvez assim, ele ainda estaria ali consigo.

Talvez assim, estaria seguro.

 


Notas Finais


Não me matem <3
Queria apenas esclarecer que decidi criar um plot com esse "pegada" por motivos de: Sempre que leio fanfics com esse tema ~fanfics muito boas <3~ e as autoras normalmente abordam o assunto de uma maneira completamente romântica, mostrando o lado "bonzinho" dos espíritos e tal. Ai me veio na cabeça que nem todos os mortos que se aproximam de humanos fazem isso para virar amigos destes, mas também para fazer o mal para eles. Então eu decidi criar essa historia com o ChanYeol sendo um fdp e fingindo ser bonzinho kkkkkkkkkkkkk *-*
Agradeço imensamente se alguém conseguiu chegar até aqui sem dormir e desejo boa sorte pra todo mundo que esta participando do concurso TNK, fighting pra vcs <3 ~prevejo muita fanfic boa por vir *-*~

Kisses and bye *3*


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