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História Salle de bain - Un fois par jour, mon ami


Escrita por: uglyboy-

Notas do Autor


Segunda frase do projeto e aqui estamos nós de novo, senhores.
Para quem está acostumado com a minha escrita e linha de desenvolvimento das histórias vai se sentir em casa outra vez. Apesar de ter passado um tempo explorando outros territórios, sempre acabo voltando para o meu próprio.

Espero que gostem.

Capítulo 1 - Un fois par jour, mon ami


Fanfic / Fanfiction Salle de bain - Un fois par jour, mon ami

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Minseok esperava impacientemente o fim da aula de cálculo II, já havia roído quase todas as unhas até sangrarem e batia o pé contra o chão em um ritmo frenético. A ansiedade sempre fazia isso consigo: tirava a atenção, cortava o raciocínio e lhe fazia desejar um doce feito um louco. Queria, não importava o que fossem dizer de si, qualquer coisa que tivesse a maior quantidade de açúcar possível.

Açúcar. Glicose. Aquilo que se transformaria em carboidratos no seu corpo, em lipídios. Em quantos nutricionistas já tinha ido? Não importava, aquilo nunca ajudava. Sacarose estava longe de lhe satisfazer, quanto mais o adoçante amargo com gosto de remédio. Quem inventava aquilo tinha noção do quão ruim era?

Açúcar. Glicose. Doce. Chocolate. Sorvete. Rosquinhas. Donuts. Bala. Chiclete. Pirulito. Bolo. Torta. Queria tudo. Tudo. Qualquer sobremesa que fizesse suas pupilas dilatarem. Qualquer coisa. Estava cansado de beber água.

Ao soar do sinal foi um dos primeiros a deixar a sala, andando o mais rápido que podia em direção aos banheiros do último andar. Havia descoberto a existência daquele lugar na faculdade no ano anterior, quando se perdera em uma espécie de brincadeira feita com os calouros. Ali devia, supostamente, estar fechado para manutenção, mas nunca vira nenhuma obra acontecendo desde então. 

Entrou na cabine de sempre, abaixou a tampa do vaso e sentou, já abrindo a mochila para tirar os biscoitos de chocolate que tinha trazido. Era ruim ter que comer no refeitório com os outros alunos comentando sobre seu peso, do quanto comia ou de como comia, por isso sempre que sentia fome, vontade, que a compulsão por açúcar dada pela ansiedade vinha, ia até ali para comer. Ninguém lhe via, não estaria sendo julgado.

Foi cerca de uma semana depois de ter criado aquela rotina que Minseok percebeu que não era a única pessoa ali, que sua ideia havia sido compartilhada. Não sabia seu nome e muito menos o rosto, o conhecia apenas pelos tênis all-star vermelhos surrados e os coturnos pretos velhos e desgastados que o outro usava, o que não era muita coisa.

Às vezes ele chegava primeiro, na cabine da direita, em outras levava alguns minutos até que ouvisse a porta se abrir e, então, o trinco ao lado ser fechado. E enquanto abria embalagens e comia, o cara ao lado vomitava — já o ouvira chorar também.

Parecia haver ali uma espécie de trato silencioso para que não dissessem nada ou fizessem perguntas. Depois que tudo acabava ficavam alguns minutos em silêncio, respirando ou tentando controlar as lágrimas, e então era esperar pelo movimento um do outro. Quem destrancasse a porta primeiro tinha direito a dois minutos nas pias, quem saísse depois tinha todo o tempo.

Minseok nunca voltava ou esperava escondido em um canto do corredor para ver quem era, fazer aquilo seria trair a confiança da única pessoa que não lhe perguntava coisas como “por que você come tanto?”. Era como ter um amigo, mas com quem não se fala.

Naquele dia ele chegou mais tarde — quando já estava terminando o pacote de biscoitos –

, tinha os passos apressados e parecia irritado pela força com que bateu a porta da cabine, fazendo todas as outras estremecerem um pouco. Levou um tempo até que Minseok ouvisse a respiração alheia normalizar e o choro quase infantil passar a ecoar, seguido de alguns soluços e engasgos. Ele devia sentir muita dor. Tanto quanto si.

O olhar desceu para suas calças sujas de farelos e pequenas gotas de chocolate e, em seguida, para a lateral da cabine, como se pudesse realmente vê-lo. Também sentia dor. Também doía ter aqueles impulsos, comer daquele jeito, como um animal.

Queria vomitar como ele vomitava, queria sumir dentro daquele banheiro sem nunca mais ter que descer, sem ter que olhar para aquelas pessoas e ser olhado por elas.

Minseok chorou enquanto o ouvia chorar. Porque também doía. Porque era ruim ser assim. Porque não queria ser como um porco. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Por hoje é isso.
Até breve, meus caros.


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