História Salle de bain - Il n'y a qu'un sr, mon ami

Minseok não aguentava mais chorar, seus olhos ardiam e os cílios começavam a machucar a pele à cada vez que secava as lágrimas que ameaçavam escorrer por seu rosto. Estava trancado dentro da cabine do banheiro há tanto tempo que nem mais se preocupava com o fato de chegar atrasado na aula que, muito provavelmente, estava perto de acabar àquela altura.

Não queria comer daquele jeito descontrolado, não queria precisar da comida para esquecer todas as outras coisas. Não queria mais aqueles refrigerantes, mesmo que sua vontade fosse de abrir uma garrafa e virar completamente na própria cabeça enquanto bebia o que podia.

Às vezes queria ser como o cara da cabine ao lado: comer tudo e depois vomitar para não sentir toda aquela culpa lhe consumindo. Mas Minseok não conseguia provocar o vômito, já tinha tentado algumas vezes e tudo o que conseguia era uma ardência da garganta e olhos lacrimejando. Até mesmo para isso era inútil.

- Você tem chorado muito ultimamente – arregalou os olhos, se encolhendo para o outro lado do chão da cabine. Tinha se perdido tanto naquele choro e na culpa que sequer tinha escutado o outro entrar.

Secou os olhos, fungando algumas vezes e torcendo o nariz ao sentir o cheiro que vinha se tornando um hábito.

- E você fumado.

Ouviu a risada alheia.

- Touché – Conseguia perceber o mesmo tom cansado e, se não fosse pela voz abafada, diria que ele até mesmo estava sorrindo. – Você tem os seus vícios e eu tenho os meus.

- Acho que todo mundo tem. – disse – Mas às vezes parece que uns são piores do que outros.

- Então acha que você ser viciado em comida é pior do que eu ser um tabagista que vomita?

- Posso ter diabetes e nunca mais poder comer nada, ou então ter diabetes e me matar comendo um doce.

ZiTao riu.

- Eu posso morrer de câncer ou sufocado com uma escova de dentes na garganta.

Minseok se encolheu um pouco mais, o cinto da calça estava lhe machucando naquela posição há bastante tempo, mas não era como se quisesse sair dali e ter que ver as outras pessoas.

- Nenhum vício é pior que o outro, garoto. São só vícios bestas dessa coisa besta que é o ser humano.

- Já pensou nisso antes? – perguntou em meio ao silêncio.

- Nisso o que, garoto?

- Em morrer – disse – E nós provavelmente temos a mesma idade.

- Provavelmente.

- Isso é um sim?

ZiTao respirou fundo e deitou a cabeça para trás, esticando as pernas de modo que as próprias botas ficassem dentro da cabine do outro. Não gostava muito daquele tipo de conversa, mas falar com alguém não conhecia seu rosto era melhor do que as outras pessoas.

- Às vezes penso. Pensava mais nisso antes de entrar na universidade. – tragou o cigarro soltando a fumaça devagar. – Não acho que eu vá tentar agora... Mas digamos que atravesso a rua sem olhar para os dois lados. E você?

- Penso bastante antes de ir dormir – confessou Minseok – Mas acho que tenho um pouco de medo.

- De quê? De morrer?

- É.

- Se você tem medo, então é porque não quer de verdade.

- Você já tentou antes?

- Hmm... Não – disse – Eu só ‘tô esperando alguma coisa me matar, então deve ser a mesma coisa.

- Provavelmente.