História Salut - Cynique

Point De Vue Margot Maëlys Burniêr

 

 

 

-Margot Burniêr -aquela voz

 

-oi, Jack -retribuo o seu sorriso

 

Percebi que dessa vez ele não estava sozinho, havia um menino loiro dos olhos azuis, ele usava óculos e aparentava ter uns 16  anos.

 

-Você esqueceu o seu casaco no carro, ontem -me entregou a peça

 

-ah, obrigada. Eu tenho que te devolver o seu moletom... Eu me esqueci de entregar -mordo os lábios

 

-Tudo bem, pode ficar com ele, Fica muito melhor em você do que me mim -não iria discutir, porque eu tinha gostado de seu moletom.

 

-Ok então. Obrigada.

 

-Ah, esse é meu amigo Jack -o loiro se aproximou e meu cumprimentou

 

-Prazer, Jack dois -digo risonha

 

-Prazer, Margot. Pode me chamar de Jonhson, JJ, Jack J, pra você abro todos os apelidos -diz galanteador, vi Gilinsky revirar os olhos, ri.

 

 

ele não negava que era amigo de Jack.

 

 

-hm... ok. Jack já sabe onde está livro, eu deixei no mesmo lugar. Boa Leitura -volto para trás do balcão.

 

Eles pegaram o livro e sentaram em uma mesa, acho que deveriam estar fazendo algum trabalho, ou algo assim.

 

Michael não iria vir hoje por estar resolvendo alguns problemas de família, então estava só eu, e tinha que resolver algumas coisas no computador, a entrega de alguns livros para a livraria e ficava mais puxado pra mim. O movimento estava normal, mas logo cessou, aproveitei para tomar um café, sempre tomava quando acalmava um pouco, pois como eu saio da escola ás quatro da tarde, e fico na livraria até dez horas da noite, é muito bom pra manter o pique.

 

-Oi Margot, vai querer o de sempre? -sugeriu Natalie, ela trabalhava no café e era uma senhora muito gentil.

 

-O de sempre por favor -digo. Confesso que de vez em quando eu espiava os meninos, eles pareciam estar resolvendo uma conta de matemática e não lendo um livro. Gilinsky era o mais engraçado, ele estava quase deitado na cadeira com aquele seu jeito despojado enquanto seu amigo lia.

 

Ele me olhou e lançou o seu famoso sorriso que poderia deixar qualquer garota aos seus pés. Mantemos o contato, parecia mais uma disputa de quem desviava o olhar primeiro, e fui eu quem perdeu.

 

-Aqui está querida -diz Natalie me despertando dos hipnotizantes olhos de Jack

 

-Obrigada -dou um sorriso agradecendo

 

-O menino é muito bonito, eu vi vocês ontem... ele está dando encima de você -eu gostava de Nat por que ela sempre era sincera e não guardava nada para si.

 

-Jack? e-ele é só um cliente -o olhei e depois voltei meu olhar para ela.

 

-E um pedaço de mau caminho  –Afirma rindo. 

 

-Eu conheço  ele só há um dia e não quero nada no momento -Bebi um pouco do meu café e voltei para a minha banca

 

 

...

 

Já iria dar 21:00hrs, quando eu ficava sozinha, podia fechar mais cedo, por isso fui logo arrumando as coisas. Os dois garotos ainda estavam sentados na mesa. Fui até eles avisá-los que iria fechar.

 

-Meninos, eu vou fechar mais cedo, tenho que guardar os livros... -digo. Eles pareciam exaustos e frustrados -Tá tudo bem?

 

-Tá sim, é que nós não conseguimos fazer todo o trabalho -Diz o loiro

 

-Trabalho de que? -pergunto

 

-Francês, você conhece? -diz Gilinsky

 

 

Cínico.

 

 

-É, acho que sei sim -Semicerro meus olhos ao olhá-lo -É sobre o que?

 

-É pra responder algumas perguntas do livro -explica o moreno -Só que em francês. E,i JJ me diz  por que você escolheu francês como matéria estrangeira? -Gilinsky diz irritado

 

-Eu achei que fosse fácil, e por que você escolheu francês? –Jack diz em contrapartida

 

-Por que você escolheu -assim formaram uma discussão

 

-Ah então é minha culpa? –Jack J rebate.

 

-É

 

-Se eu for cagar no meio da rua você vai também? -diz JJ

 

Não me controlei e deixei escapar uma risada.

 

-Eu posso ajudar vocês -eles pararam de debater e me olharam .

 

-Sério? -dizem em uníssono

 

-Sim. Pra quando é o trabalho? -pego o livro da mesa

 

-É pra sexta-feira. Você vai mesmo nos ajudar? -desconfia o loirinho

 

-Claro, só é marcar um dia. Eu tenho folga amanhã, pode ser? -coloco o livro em minha bolsa. Iria levá-lo para casa -Amanhã? -ele se entreolham -Só tenho amanhã.

 

-Com você,  sem problemas. –Okayyy . Assinto e pego a chave do balcão para fechar tudo  -Você pode me dar o seu número? -paro em frente ao portão. -Sabe, pra marcar o horário  -respiro aliviada

 

Ele não está dando em cima de você, Margot.

Digo á mim mesma.

 

-S-sim -culpo-me mentalmente por ter gaguejado. Anoto meu número em um pedaço de papel qualquer e lhe dou, ele sorri em agradecimento -Na sua casa ou na minha?

 

-Na sua -diz de imediato pegando o pequeno papel -Até amanhã, Burniêr -deu ênfase ao meu sobrenome.

 

-Agente se ver por ai, Margot! -diz Johnson sorridente.

 

 

Eles entraram no carro e seguiram seu caminho. Logo eu entrei no meu e fui para casa.

 

 

 

Point De Vue Jack Gilinsky

 

-Gostei dela, ela é muito linda e aquele corpo? Você viu aquele sorriso? Nossa muito bonito mesmo. -eu sabia aonde ele queria chegar. Johnson queria ver se eu estava gostando dela por isso estava elogiando tanto Margot.

 

-Já saquei a sua, moleque, nem vem -Ele ri

 

-Você só vivia dando encima dela, bro, deixa menos na cara na próxima vez -era verdade, eu estava dando encima dela sem ao menos perceber. Eu só a elogiava, e a maioria dos elogios saiam sem querer e isso não era bom -imagino como você deve ter chegado nela na primeira vez...

 

-Eu elogia a bunda dela -confessei

 

-NÃO, Jack Finnegan Gilinsky, você não fez isso -disse desacreditado

 

-Foi sem querer, ela tava pendurando algo, e a sua bunda tava tão á mostra, e-eu só pensei alto. Só isso. -tentei me desculpar

 

-não tem desculpas Jack, agora ela acha que você é um galinha safado que fica elogiando bundas alheias -dou um riso anasalado

 

-ela não acha que eu sou um galinha safado.... Aliás, quem é você pra me dar lição de moral sobra garotas? Você não tratava a Ashley com todo o cavalheirismo do mundo -me defendo, comentando sobre sua ex-peguete.

 

-É diferente, a Lia era chatinha e vivia pegando no meu pé, a fila anda e catraca gira, meu querido Jack -ele se ajeita no banco -Eu sei que você quer dar uns pegas loucos nela, só estou dizendo pra você ir com calma.

 

- Talvez eu possa estar querendo ficar com ela mas significa que deva estar gostando, só a acho bonita, é normal elogiar pessoas bonitas -disse dando de ombros

 

-Você tem uma bela bunda Gilinsky -diz simples

 

-Oque?

 

-você disse que é normal elogiar pessoas bonitas, estou te elogiando -ri.

 

 

eu ainda iria matar aquele menino

 

 

-Cala a boca -digo rindo

 

-Quando a Margot enfiar um salto na sua bunda, não venha pedir conselhos pra mim -diz emburrado

 

 

-Você já atingiu o número limite de merdas faladas, por hoje cara, na moral -volto a minha atenção a pista

 

Deixei Jack em sua casa e depois fui para a minha, provavelmente Charlie deveria ter saído pra algum bar. Dirigi mais um pouco e já estava em casa. Estava certo, ele havia saído.

 

Me deitei em minha cama e olhei para a estante do meu quarto, continha uma foto de mim e mamãe, de repente várias imagens consumiram minha mente, tentei deixar a cabeça vazia, mas foi em vão. Só conseguia fazer isso sob efeito de alguma droga. Levantei e procurei alguma coisa nas gavetas para me livrar de tais pensamentos, achei um saquinho de pílulas, acho que era anfetamina. Sem ao menos pegar um copo de água, a ingeri esperando um efeito imediato, o que não demorou muito. Mais relaxado, deitei minha cabeça no travesseiro e apaguei.

 

 

 

 

Point De Vue Margot Maëlys Burniêr

 

 

-Como foi a escola? -mamãe perguntou para mim e Sam enquanto pegava um pedaço de carne da bandeja.

 

-Normal –dissemos.

 

-A uma grande diferença do seu normal -se referiu a mim -para o normal do Sam, como ele leva detenção quase do dia, isso já virou normal. -diz séria olhando para o mesmo

 

-Eu não levei detenção hoje, ok? eu disse que iria melhorar e estou melhorando, não levo detenção já faz quatro dias -disse como se fosse um recorde se bem que era mesmo.

 

-Como foi na livraria hoje, Margot?

 

Como era um pouco difícil mamãe estar presente no nosso dia-dia e quase nunca jantarmos em família, quando tinha a oportunidade de nos reunimos, ela aproveitava para perguntar como estão indo nossas notas, se estamos tendo dificuldades em algo. Eu adorava isso nela, por realmente se importar conosco e querer nosso bem, já Sam achava desnecessário, acho que era pelo fato de que ele nem sempre tinha boas noticias.

 

-Estava meio puxado, Michael não foi hoje então eu fiquei um pouco mais encarregada, mas ocorreu tudo bem -não sabia se falava para ela sobre eu ter convidado Jack para vim, não com Sammy por perto.

 

Sam tinha dois defeitos: esquecimento e seu exagerado ciúmes.

 

-hmm... Eu convidei um amigo para vim aqui amanhã. Espero que esteja tudo bem -faço pouco caso comendo o macarrão em meu prato

 

-Claro. -diz mamãe

 

-Amigo? Tipo, um menino? Eu o conheço? Espera, quantos anos ele tem? Você não tá se metendo com homens mais velhos né, dona Margot? Eu vi um dia desses no jornal que um velho sequestrou uma menina de 16 anos e que...

 

-o nome dele é Jack e nós vamos só fazer um trabalho -o corto -foi ele que me deu carona quando VOCÊ me esqueceu na CHUVA -ele revira os olhos

 

 

Sempre exagerado...

 

 

-Que seja, mas eu vou ficar de olho em vocês dois -diz convicto

 

-pode ficar, não temos nada mesmo

 

Eu nunca liguei para o ciúmes de Sam, na verdade nuca teve motivos para ele ter ciúmes de mim, era mais uma coisa dele, acho que é uma forma dele me proteger e ocupar a falta de meu pai.

 

Quando os meus pais se divorciaram, papai voltou para New York e mamãe permaneceu Lyon. Ele sempre manda pensão pra mim e Sam, mas não é muito presente por conta do emprego. Eu não guardo rancor e nem mágoa dele, ele nunca deixou faltar nada para nós e sempre nos deu do bom e do melhor, ele tem culpa por não participar muito de nossa vida, no entanto, aprendi a me acostumar com a sua falta. Agora que estamos no mesmo país suas visitas ficaram mais frequentes, ele nos visita uma ver por mês.

 

 

Conversamos mais um pouco e eu fui me preparar para dormir, a louça era da tia Dinah, mas ela tinha ido dormir no Liam, seu namorado, então mamãe a lavou. Tomei um banho, fiz minhas higienes e logo apaguei na cama.

 

...

 

 

Estava indo em direção ao meu armário para pegar meu livro de física, as últimas duas aulas seriam da tal matéria. Cheguei à sala e me arrumei na cadeira, enquanto a aula ainda não começava, chequei meu celular, tinha quatro mensagens:

 

 

 

Oi

xxJackG

Número desconhecido, ás 15:10

 

 

Hoje ainda está de pé? Espero que não esteja desistido

Número desconhecido, ás 15:15

 

 

Que horas dá pra você?

Número desconhecido, ás 15:18

 

 

Sabe, seria legal se você me respondesse

Número desconhecido, ás 15:21

 

 

Ri contra a palma da minha mão, coitado.

 

 

 

Bom, ele era insistente

 

 

 

 

optei por responder:

 

 

Desculpa, deixei meu celular na minha bolsa, agora que vi suas mensagens.

Você, ás 15:30

 

Pode ser hoje, depois da escola? eu saio 16:00hrs

Você, ás 15:30

 

Ok, te vejo mais tarde

Gilinsky, ás 15:31

 

Guardei rapidamente meu celular, o professor Thompson odiava o uso dele na hora de sua aula.

 

...

 

 

Mamãe estava em casa, combinávamos os nossos dias de folga para o mesmo dia, assim ficávamos mais tempo juntas.

 

Ouço a campainha, deveria ser Jack, deveria correr se não quisesse que Sam atendesse a porta. Quase cai descendo as escadas, Sammy estava quase chegando, mas eu fui mais rápida e coloquei minha mão na maçaneta.

 

-Eu atendo -ele revira os olhos e cedi ao meu pedido, giro a porta e vejo Gilinsky

 

 

 

Dessa vez ele não tinha seu lindo sorriso no rosto.

 

 

Ele tinha um sorriso meio frouxo, sua aparência não era das melhores e seus olhos estavam vermelhos.