História Salvation - Sorte ou azar?

Ainda sem entender o que tinha acontecido, me vi obrigada a voltar a deitar no chão frio.
As meninas ao meu lado acordavam aos poucos, enquanto eu me lembrava do que aconteceu a algumas horas atrás.
Com certeza eu bebi mais do que deveria, e certamente aqueles homens colocaram algo em minha bebida, e para ser mais exata...provavelmente foi aquele homem pálido que tanto insistiu para eu beber. Connor.
Será que as meninas lembram de alguma coisa a mais? Porque olha... isso é tudo que eu conseguia me lembrar.
Debbie acordava lentamente enquanto eu permanecia no chão.

― Onde estamos? ― ela perguntou.

Encarei a morena mais alta e apenas sacudi a cabeça. Não sabia onde estávamos.

― É claro... foi aque Connor? Eu vou matá-lo!

A morena se levantou em um pulo, e mal percebeu o ferimento gritante em seu braço. E também quem era Connor? É certo que um dos homens.
Debbie finalmente olhou para o ferimento e fez uma careta ao notar que estava sangrando bastante.

― Vamos dar um jeito nisso. ― eu disse rasgando um pedaço do meu casaco quadriculado.

Ela ficou me observando enquanto passava o pedaço de pano no machucado dela. Sentia seu olhar queimando sobre mim, mesmo que eu não tivesse coragem de olhar para ela.
Quando por fim terminei de amarrar o negócio nela, tive coragem de encará-la novamente.
Ela desviou o olhar na mesma hora, como se tivesse sido pega no flagra, mais um sorriso indecifrável se formou em seus lábios e por mais que aquilo parecesse maluco, eu também sorri, afinal o sorriso dela contagia qualquer um, eu não sou exceção.
Aos poucos minha memória foi voltando em algumas horas atrás, fazendo com que me lembrasse de como fomos parar ali.

              Algumas horas atrás

Já havia bebido mais copos do que podia contar, as meninas também já haviam bebido mais do que  pudessem contar.
O cara que tanto insistia para que eu bebesse se chamava Connor e como eu suspeitava ele tinha em torno dos 24 anos, fazia faculdade de direito e tinha acabado de terminar um relacionamento conturbado, e para minha surpresa aquele homem lindo foi traído várias vezes por uma garota mais nova que tinhs cara de cavalo.
O jogo de quem bebe mais já estava chato pois eu ganhava todos, os homens do bar já não estavam mais aguentando minha voz, nem eu estava, mais não é como se eu realmente tivesse escolha.
Senti meu celular vibrar no bolso de trás pela milésima vez hoje. Hesitei em pega-lo, mais a curiosidade de saber quem queria falar comigo tão desesperadamente me corroeu.
Mesmo estando bebeda, uma parte de mim ainda estava consciente. Sorri ironicamente ao ver notificações de mensagens de Shawn.

           "Onde vocês estão? Pelo amor de Deus, voltem pra casa agora, eu não estou brincando"

Gargalhei alto, quem esse garoto pensa que é? Será mesmo que ele acha que irei pra casa porque ele mandou, ou melhor... pediu? Muito enganado. Ele está realmente muito enganado.
Coloco o treco novamente no bolso e volto meu olhar para a movimentação do bar. Alguma coisa estranha estava acontecendo, as meninas estavam caída no chão, inconscientes, e os caras riam descontroladamente enquanto as amarravam.
Tentei falhamente descer do banco, mais minha embriaguez não permitiu e acabei caindo no chão, minha visão foi ficando embaçada, aos poucos meus olhos se fecharam contra minha própria vontade.

                         Agora

Corri o olhar pela floresta e deduzi que estávamos no início da cidade.
Um clarão estranho surgiu entre as árvores, parecia um flash, talvez fosse um farol de carro.

― Hey onde estamos?

Olhei para Luce que ajudav Kenna a se levantar.

― Isso ali é um galpão? ― Debbie perguntou apontando para um pequeno barraco abandonado ― Acho que é, vamos está muito frio aqui fora.

Olhei pra ela na tentativa de convencê-la de que era uma má ideia mais não funcionou. A morena agarrou a mão de Kenna e sai em direção ao galpão. Luce fez o mesmo e eu também, não ficaria sozinha naquele lugar, nem morta.
Ao entrar no lugar, me xinguei mentalmente por ter entrado aqui. Preferia ter ficado lá fora sozinha, ao ficar aqui dentro, com eles, Connor, o carinha que se veste de palhaço e ... Will. Quando nossos olhares se encontraram eu quase caí pra trás, como esse cara saiu da cadeia? Tão rápido?

― Como estava lá fora? ― Connor perguntou ― Muito aconchegante?

Connor estava rindo, por mais que parecesse estar muito assustado, algo de muito errado estava acontecendo com ele.
Luce tentou sair correndo, mais Connor a segurou. Em seguida trancou a porta.

― Você sabe o que eu quero de você não sabe? ― Will perguntou se aproximando.

Dei dois passos para trás, Will parecia ainda mais louco com a roupa da cadeia e um pedaço de algema na mão, provavelmente o outro deve estar por aí.

― Me deixe em paz! ― gritei

Por mais que eu quisesse matá-lo toda a minha coragem parecia ter sumido dali. Agora eu podia ver o risco real que estava correndo, e pior... que todos estavam.
Will tirou uma arma do cós da calça e apontou pra mim.

― Will, você não disse nada que iria matá-la ― Connor disse mais Will simplesmente ignorou ― Peter, vocês disseram!

Connor parecia não acreditar no que estava prestes a acontecer.

― Cala a boca seu verme! ― o cara, Peter diz.

― Não, vocês não vão fazer isso!

Connor põe a mão no bolso e retira uma espécie de controle remoto de um só botão de dentro.
Will coloca a arma na minha testa e meu corpo todo estremeceu ao sentir o objeto gelado encostar a minha pele.

― Então, seu verme, aperta o botão e ela vai pelos ares. ― Peter disse ― Agora põe no chão

Connor olha pra mim, e com calma se abaixa e põe o controle no chão. Antes que ele pudesse fazer algo, Peter o acerta no rosto com um chute. Connor caí pra trás e bate a cabeça na parede, parece estar inconsciente.
As meninas parecem estar em choque.

― Ajudem ele! ― grito ― Ajudem o Connor!

No mesmo instante todas elas saem em disparada ao corpo dele.

― ME MATA! ― grito e Will me olha surpreso ― VAI, NÃO É ISSO QUE VOCÊ QUER?

― Não vai ser fácil assim, você vai sofrer primeiro... muito.

Ouço ele se afastar de mim, e jogar a arma no chão.
No mesmo instante o lugar começa a pegar fogo, e Will desaparace com Peter... misteriosamente. O fogo aumenta cada vez mais, e minha visão começa a ficar embaçada. A fumaça tomou conta do lugar e o calor era insuportável

― KATHERINE, CADE VOCÊ?

Fui em direção a voz, e as meninas estavam com Connor. Ele estava com os braços em cima dos ombros de Kenna e Luce.

― Precisamos sair!

Começo a tossir respirando errado, percebendo que não era a única a está inalando fumaça.
Com muita dificuldade, acho e chave e abro a porta, deixando com que todos passassem na minha frente.

― Graças a Deus! ― Catherine grita.

Saímos do lugar no carro de Connor, e no carro começamos a tossir. Todos tínhamos lágrimas nos olhos, mais começamos a rir. Como se estivessemos assistindo algum filme de comédia meia tigela.

― Ah meu Deus ― Luce disse colocando a mão no peito ― Isso aconteceu mesmo?

― Acho que sim. ― Catherine responde com os olhos arregalados 

― Ei ― Kenna gritou ― Esse Connor aí, praticamente tentou nos matar!

No mesmo instante todo mundo fica em silêncio e Connor aperta inconscientemente o volante.

― Me desculpem, era pra dar um susto em vocês. Eu não sabis que eles planejavam matá-las ― ele explicou

― Mesmo assim! ― Luce atacou

― Vocês tem todo o direito de não confiarem em mim, mas me desculpem por favor.

― Tudo bem, Connor. ― digo forçando um sorriso. Sem ele não teríamos saído de lá.

Não conseguia pensar direito, como Will estava ali? Era pra ele estar na cadeia. E se ele não me matou agora, provavelmente não irá querer me matar? O que isso significa? Sorte? Azar?

 
Tudo o que eu quero agora é ir pra casa.