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História Salve-me - Pré plano imprescindível


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


Boa noite, minna! Desculpem a demora, estou ocupada com os estudos para o Enem ;--; mas finalmente saiu, enorme de novo. Espero não cansar vocês ;-------; Boa leitura! ♡
Obs: Arte de capa não é de minha autoria.
Obs²: Acho que o nome do capítulo ficou meio estranho... fiquei sem criatividade ç.ç

Capítulo 3 - Pré plano imprescindível


Fanfic / Fanfiction Salve-me - Pré plano imprescindível

 

_ CAPÍTULO TRÊS _

Pré plano imprescindível

•  Japão / Tóquio • 10 de junho, 2016

 

_ Então ele praticamente tentou viver uma vida à la Lolita? _ Elizabeth indagou, os olhos azuis ainda incrédulos no que acabara de ouvir. 

_ Ele queria exatamente isso... _ Meliodas coçou o queixo, pensativo. _ Isso é tão sujo e pervertido que parece coisa que só acontece nos filmes.

_ King não sabe... _ Diane murmurou, falando pela primeira vez desde que Elaine começou a compartilhar seu segredo obscuro.

_ Não _ Ban a respondeu. _ Você já deve ter percebido o quanto ele muda quando o assunto é a Elaine.

_ Vou contar a ele e ao meu pai. _ Elaine garantiu, ainda que suas mãos tremessem nervosamente só de imaginar a situação. Ali, na sala de Elizabeth, relatando o ocorrido para seus amigos, Elaine sentia seu coração batendo dolorosamente forte e a vergonha pesando sobre seus ombros. Contar para a sua família teria o dobro do peso, ela sabia disso. Sem mencionar sua mãe.

Elaine não parava de pensar sobretudo nela.

A loira a conhecia bem e sabia do quanto a mulher era zelosa com os filhos. Ela se martirizaria por uma coisa daquelas ter ocorrido em sua própria casa e ela sequer ter notado algo errado. Isso era a bola de neve da avalanche que arrasaria a vida da mulher subitamente. Seria pesado, extremamente pesado, descobrir que o homem por quem se apaixonou, na verdade, era simplesmente um mostro que casou com ela só para estar perigosamente próximo de sua aluna mais aplicada.

O padrasto de Elaine fora seu professor de química e a menina jamais notara nenhuma malícia no homem. Isso até ele se aproximar de sua mãe, começarem a namorar e em questão de meses, noivarem. Tudo foi muito rápido, forçado. Mas a mãe de Elaine não notara nada e estava perdidamente apaixonada pelo professor que elogiava tanto a sua filha. Nem a própria Elaine notou algo, a loira ficara muito feliz por sua mãe e aceitou prontamente entrar na igreja como dama de honra. Mas foi naquele momento, logo após sua mãe noivar na sala estar, assistida por alguns amigos próximos e pela filha, que as coisas mudaram.

Elaine guardava seu vestido cor de vinho, que usaria no casamento, de volta na caixa. Estava exausta, andara para cima e para baixo o dia todo junto com sua mãe. E então, quando a loira deitara em sua cama depois de um bom banho, vestida como de rotina _ um short de algodão azul junto de uma regata rosa e rendada _ ela adormeceu, vencida pelo cansaço, e acordou com ninguém menos que seu padrasto, a observando dormir.

Poderia ser nada demais, o homem poderia estar apenas a fitando sem maldade alguma, como um pai observaria sua filha dormir. Mas Elaine sentiu que não era o caso, que havia algo muito errado com seu professor de química, mas não contou nada para sua mãe. Ainda mais às vésperas de seu casamento. Eu só estou sonolenta, é claro que ele não tá se tocando me vendo dormir.  Isso não tem lógica nenhuma, ela pensou, e adormeceu outra vez, ignorando o vulto na soleira de sua porta.

Elaine teve sua vida virada do avesso. Diferente do quarto reservado para ela na casa de seu pai, ali ela não possuía suíte, e Oliver, seu padrasto, se aproveitava disso. Vivia sondando o banheiro enquanto Elaine o usava, na esperança de por ventura a porta estar aberta. Certa vez ele finalmente a achou, e a assistiu tomar banho pela brecha. Ao perceber isso, Elaine não soube bem o que fazer. Sentiu-se terrivelmente culpada por ter chegado da escola com a bexiga apertada e ter esquecido de trancar a porta do banheiro quando passou para dentro do boxe.

Oliver, por outro lado, continuou a observando, fingindo não ver o quanto Elaine não estava gostando daquilo. Depois desse episódio, Elaine passou a ter uma espécie de T.O.C, verificando várias e várias vezes se trancou bem a porta antes de adentrar o banheiro. 

Ao perceber que não conseguiria mais ter a oportunidade de brecha-la, Oliver passou a sondar seu quarto. Elaine notou isso rapidamente e passou a levar suas roupas ao banheiro, vestindo-se lá ao sair do banho. Não achando suficiente, Oliver começou a visita-la quando anoitecia. Dizia para a mulher que ensinaria alguma bobagem de química para a filha, e assim tinha passe livre para o seu quarto.

Elaine queria berrar que não o queria ali dentro, mas sua mãe desconfiaria de algo se ela agisse dessa forma. Então Oliver passava horas tentando conversar com Elaine, conhece-la melhor, perguntando o que ela "curtia", coisa que a garota achava extremamente nauseante. Quando ele finalmente ia embora, ela respirava aliviada e se enfiava em suas cobertas, desejando que o homem tivesse desistido seja lá do que ele pretendia com ela. 

Tudo isso em duas semanas.

As coisas pioraram na terceira.

Elaine estava deitada em sua cama, respondendo a tarefa de inglês, quando Oliver adentrou seu quarto e caminhou até ela com um sorriso presunçoso. Ela perguntou por sua mãe, ele respondera que ela havia ido até ao salão e que voltava às 4h da tarde. Foi o suficiente para a garota saltar da cama e ser jogada de volta no colchão. Lutou inutilmente com as mãos que tentavam a todo custo lhe tocar, não tardando para ser vencida. Além de ser franzina e não ter experiência alguma em algum tipo de luta, Oliver era um homem robusto. Ela sentiu-se sufocar quando ele ergueu suas mãos e as prendeu sobre sua cabeça, usando sua outra mão livre para percorrer seu corpo trêmulo. 

Era surreal o quanto o homem simplesmente não se importava com os pedidos de Elaine. Não importava o quanto ela implorasse para ele parar, ele não parava. Ele ria como um louco, finalmente conseguindo o que tanto queria: ter Elaine sob seu domínio, frágil, sem a mãe por perto para a socorrer.

Então, vendo que Oliver não a ouviria mesmo, Elaine pensou em uma estratégia rapidamente. Fingiu que concordaria com aquilo, que queria aquilo, que se ele lhe soltasse, iria fazer _ como ela ouvia as garotas dizerem no banheiro feminino _ o melhor boquete da vida dele

Então ele a soltou, salivando só de imagina-la cumprindo o que dizia, ganhando uma joelhada na virilha em seguida. A garota disparou para o quarto da mãe, trancando-se lá e saindo apenas quando ouviu sua voz ecoar pela casa. Durante o jantar, Oliver mostrou-se bastante carinhoso com a mulher, a beijando como se para fazer ciúmes a Elaine. Coisa que não acontecia, a menina apenas sentia náusea e medo. Muito medo.

Como se pressentisse o que estava por vir. 

Dentro de três dias, faria um mês que sua mãe noivou com aquele homem. Quatro desde o episódio que Elaine procurava não lembrar. Ela sentia que ele estava maquinando algo, era muito estranho ele aparentemente ter desistido daquela ideia absurda. E ela estava terrivelmente certa. 

Como de praxe, sua mãe _ uma corretora de imóveis _ havia chegado às 12h da tarde. Mas mal a mulher sentou-se à mesa para almoçar, seu celular tocou e ela saiu às pressas. Um possível cliente estava interessado em um apartamento.

Elaine prendia os cabelos quando sua porta foi aberta de forma violenta, não tendo tempo sequer de pensar quando Oliver a pegou pelos cotovelos e a jogou na cama. Mas não foi como da última vez. O homem a amarrou de costas, amordaçando-a com uma meia que achou dentro do sapato da garota, e ergueu sua blusa.

Primeiro passou suas mãos pela pele macia e que tanto desejava. Depois tirou um canivete do bolso e a riscou sem pensar duas vezes. Não fora algo muito fundo, não a ponto de ter que leva-la ao pronto socorro. Mas algo com certeza dolorido, em muitos sentidos.

Oliver observou o que fez, se afastando satisfeito. Logo após lhe desamarrou e simplesmente começou a agir como se a consolasse.

Àquela altura, Elaine apenas gemia de dor e de medo, não ousando tentar uma nova joelhada na virilha do homem. Se ele decidisse a ter ali, a teria. Mas, para o alívio de Elaine, Oliver apenas cuidou de seus machucados e a ameaçou _ com uma voz falsamente doce e carinhosa _ , dizendo-lhe que se sua mãe descobrisse, Elaine ganharia uma bela surra.

Quando Lianne chegou às 5 da tarde, Elaine tentou expressar que não estava bem, que tinha algo errado, rezando para sua mãe entender seus olhares sugestivos. Mas ela não percebeu. Estava animada demais, relatando que o cliente comprara o tal apartamento. No entanto, Oliver sim. E deu sua desculpa de professor preocupado para se enfiar no quarto de Elaine e lhe dar a surra que prometera.

Quando deu-se por satisfeito, repousou o corpo fragilizado na cama e olhara bem em seus olhos ao sussurrar "Vai me dá o que me prometeu, sua vadiazinha". 

No outro dia, Elaine ficou do lado de fora da casa quando retornou da escola, onde esperou sua mãe chegar. Quando a mulher adentrou o hall da residência, encontrou sua filha no tapete da entrada, trêmula, como um cachorrinho que fora maltratado. A garota queria contar tudo, mas o medo foi maior que qualquer coisa. Ela apenas queria estar longe daquele homem, a quilômetros de distancia. Em outro país, em outro planeta, se possível.

Contou que tivera um pesadelo em que seu pai e seu irmão morriam, que sentia que deveria morar por um tempo em Tóquio, junto dos dois. Coisa que sua mãe concordou prontamente, sendo uma mulher supersticiosa demais e vendo o estado que a garota se encontrava.  

A loira também arquitetou um plano, em que consistia em dormir na casa de seus avós enquanto esperava seu ano letivo encerrar, dizendo que sentia que deveria fazer isso, aproveitando-se das superstições de sua mãe para fugir de Oliver.

Ela só o viu novamente quando ele casou-se com Lianne, coisa que Elaine realmente acreditava que ele não iria fazer. Ele não vai chegar tão longe, pensava enquanto rolava de um lado a outro no colchonete, ouvindo os roncos de seus avós no único quarto da casa.

Mas ele chegara. Oliver subiu no altar com a mãe de Elaine, não a amando nem um pouco.

Assim a garota partiu, dois meses depois, ouvindo Lianne lhe questionar se não esquecera nada. A cada cinco minutos. Assim se aconchegou em seu velho quarto, com um banheiro só para ela, o que lhe deixou muito aliviada.

Não que Elaine tivesse ficado tão enlouquecida a ponto de desconfiar de seu pai e seu irmão, mas lhe dava uma sensação de conforto. A fazia sentir-se protegida, ainda que soubesse que não tinha o que temer ali.

Assim conheceu Ban, o homem que, estranhamente, Elaine não temeu quando ele invadiu seu banheiro. Pelo contrário, seu medo foi de Ban descobrir seus segredos, não de sua presença em si

_ Isso é complicado. Muito complicado. _Meliodas disse, finalmente parando de coçar o queixo. _ Já faz meio ano que isso ocorreu, não tem provas para culpa-lo.

Elaine voltou a fitar as mãos sobre seu colo.

_ Tenho cicatrizes.

_ Ainda não é o suficiente _ o baixinho insistiu, lhe olhando de forma cautelosa _ Tem cicatrizes, sim, mas como vai provar que foi ele quem fez isso? Entende o que digo? 

_ Então não tem o que fazer? O filho da puta vai se safar? _ Diane questionou-o, fechando os punhos nervosamente.

_ Não disse que não tem o que fazer. _ Meliodas murmurou, irritado por Diane não ter seguido seu raciocínio. _ Disse que ela não tem provas para incrimina-lo. 

_ Trazer esse cara para cá? _ Ban perguntou, conseguindo entender o que o outro queria dizer.

Elaine ergueu a face rápido, engolindo em seco. 

_ N-não! Para cá não! _ disse atropelando as palavras. _ Isso é uma péssima ideia, trazer ele para cá?!

_ Para conseguir provas _ Meliodas explicou lentamente, como faria a uma criança _ Para finalmente o afastar de sua mãe.

_ P-provas? Como vou c-conseguir provas?

_ Pondo câmeras escondidas? _ Elizabeth supôs. _ Filmando, eu acho...

Elaine sentiu seu coração martelando em seu peito, as pernas trêmulas só de imaginar Oliver perto de si outra vez. Ban lhe observava em silencio, a face inexpressiva, os orbes vermelhos mais escuros que o normal.

_ E como isso vai acontecer? Vamos botar Elaine num quartinho, com câmeras escondidas por trás de alguns quadros, e filmar esse psicopata abusando dela? _ Diane indagou, a voz ficando cada vez mais afetada. _ Vamos deixar ele conseguir o que tanto quer? Quem vai impedir ele de a estuprar?

_ Eu. _ Ban a respondeu entre os dentes.

_ É? E como você vai saber a hora certa de chegar, Ban? Se estiver no quarto, é óbvio que esse cara não vai ousar entrar. Se estiver fora, não terá como saber que já conseguimos provas suficientes e que está na hora de para-lo.

_ Vamos pensar em algo. _ Meliodas disse, estalando as juntas dos dedos enquanto fitava Ban seriamente.

Não era uma pergunta, era um fato. Ele não deixaria Elaine sem sua justiça, e nem seu melhor amigo naquela situação. Por um momento olhou Elizabeth, que alisava os cabelos loiros de Elaine, se imaginando no lugar de Ban. Ele com certeza iria querer que Ban lhe ajudasse a prender o desgraçado, que desse o seu melhor para vingar sua namorada.

Então Meliodas iria simplesmente arquitetar a melhor estratégia que sua mente lhe permitisse.

 

*  *  *

 

Deitado sobre o colchão macio, o homem encarava o teto sem de fato vê-lo. Pensava em tudo que houve naquele ano, em sua ex-namorada _ que agora lhe transmitia uma sensação de náusea só de lembrar a forma que ela mascava seus chicletes _ , na noite em que conheceu Elaine e em como aquela garotinha miúda e reclusa iria simplesmente mudar tudo em sua vida, mas que, naquele momento, ela era apenas uma menina com olhos muito bonitos.

Ele também recordou de todos os seus momentos com a garota.

Aquele primeiro momento no galpão alugado, no bar em que trabalhava, no café Gowther, no sofá de Elizabeth _ adoravelmente corada até os ombros com os gemidos vindo do primeiro andar. Da mania que ela adquirira de se jogar em seus braços, com uma confiança que fazia o homem a deseja-la em seu colo sempreEle adorava aquele olhar cúmplice que Elaine tinha ao fita-lo, aquele jeito despojado de se portar na presença dele, sendo ela mesma, nada além disso. 

Dessa forma, a menina conquistou o coração, até então, quebrado de Ban. Ela o reparou com seu comportamento sempre tão prestativo, com aquela forma de sorrir, de olhar, e seu costume de disfarçar um constrangimento se fazendo de durona.

Agora, Ban tinha a resposta daquela sua pergunta antiga. Pergunta essa que ele fizera a Elaine.

Ele sentiu algo por Jericho, algo forte. Mas não chegou a ser amor. Não chegou nem perto. O que ele sentia pela mulher era uma forte vontade de tê-la por perto, de beija-la e lhe ver bem. Em contra partida, Ban sentia algo bem mais intenso por Elaine. Mais complexo. Não só lhe queria bem, queria fazê-la ficar bem. Sentia-se responsável por ela, no dever de protege-la e de fazê-la feliz. Isso poderia ser comparado a alguém que viciou-se rapidamente em heroína, querendo cada vez mais sentir a droga invadir sua corrente sanguínea. No entanto, Ban pensava que era uma comparação chula demais para se referir a sentimentos tão bonitos. 

Estou viciado em Elaine como um poeta que viciou-se na inspiração de suas poesias, concluiu satisfeito.

_ O que tanto pensa? _ a voz doce soou aos ouvidos do homem, fazendo-o piscar algumas vezes e interromper seus pensamentos.

_ Em tudo. _ respondeu, sentando-se e a fitando.

Elaine deixou a porta de seu banheiro e caminhou em direção a sua cama, engatinhando no colchão e deitando-se, o fitando de rabo de olho.

_ Especifique.

_ Em tudo que houve na minha vida.

_ Em Jericho? _  ela desviou os olhos. Apoiou o queixo no travesseiro e encarou sua cabeceira.

_ Também.

_ Hum...

Ban sorriu ao presenciar a cena. Achou adorável o jeito peculiar que Elaine tentava disfarçar seu ciúme. Não fazia escândalos ou falava alto. Sequer insinuava algo. Simplesmente fechava-se em sua bolha invisível, guardando seus pensamentos inquietos.

_ Tolinha _ Ban murmurou ainda rindo, aproximando-se e afastando os fios dourados para o lado, lhe beijando à bochecha corada.

_ Imbecil número 1. _ rebateu, segurando o próprio riso.

Ban desceu seus beijos lentamente, fazendo uma trilha da bochecha ao ombro da garota. Roçou o nariz na pele fresca e exalando o perfume doce que já estava acostumado a sentir, fazendo-a arfar baixinho e afundar o rosto no travesseiro.

_ O que foi? _ Ban indagou-a, afastando seus cabelos da nuca e beijando a pele exposta, sorrindo ao vê-la arrepiada com seu toque.

_ Ban... _ ela murmurou abafado, ainda com o rosto escondido no travesseiro. Mas sua voz não saiu como se ela o repreendesse, foi mais como um suspiro prazeroso.

Ban gostou de como o corpo de Elaine respondia ao dele, como sua pele arrepiava-se com seu toque sutil, e de como a garota continuou pronunciando seu nome, como alguém cantarolando sua canção favorita.

Mesmo com todas aquelas reações, Ban hesitou em avançar mais que aquilo. Tinha receio de despertar algo ruim em Elaine, algum sentimento angustiante. Afinal, a garota fora assediada diversas vezes, chegando quase a um estupro. Ele não queria fazê-la sentir aquelas emoções outra vez. Sabia, obviamente, que uma hora Elaine estaria pronta para começarem a ter aquele tipo de contato. Mas não precisava ser aquela noite.

Ban acariciou os cabelos macios e dourados, aspirando-os. Deitou-se ao lado da garota alguns minutos depois.

Lentamente, Elaine virou o rosto em sua direção, encontrando os olhos vermelhos a poucos centímetros dos seus, cor de âmbar.

_ O que houve? _ ela indagou baixo, com a voz um pouco rouca. Ban virou de lado, afundando o cotovelo no colchão e passando os dedos na face quente da garota.

_ Só estou te dando tempo para se acostumar comigo tão perto de você. _ ele respondeu calmamente.

_ Mas eu já estou acostumada com você por perto, Ban _ Elaine murmurou franzido as sobrancelhas.

_ Não me refiro a isso. 

_ Então o quê? _ insistiu confusa.

Ban aproximou sua face lentamente, encostando seus lábios nos dela de forma delicada. Elaine estava com o coração acelerado, mas não de forma negativa. Estava ansiosa, queria mais de Ban. Mais que seu colo reconfortante e seus beijos genuínos.

_ Isso é o beijo que já está acostumada _ ele murmurou e roçou seu nariz na bochecha de Elaine. Em seguida, segurou sua nuca, fitando-a fundo ao continuar _ E isso é o que quero que se acostume aos poucos. _ Elaine simplesmente desmanchou-se ao sentir a língua de Ban lhe explorando, movendo-se junta com a sua, tão intimamente.

Ban a repousou no travesseiro, aprofundando o beijo. A garota o puxou para mais perto, as mãos curiosas apalpando os ombros largos dele por cima da roupa.

O homem se afastou, resfolegando. Não esperava que Elaine tivesse uma reação daquelas. Ter Elaine embaixo de si _ com os fios loiros espalhados pelo travesseiro e lhe olhando com os lábios vermelhos e entreabertos _ fez Ban sentir o corpo esquentar como se fosse entrar em ebulição.

_ Isso foi bom... _ ela murmurou também com a respiração descompassada _ Muito bom. Quero mais. 

Ban agarrou seus cabelos, sentindo como Elaine pegara o jeito rapidamente. Os lábios carnudos movendo-se junto com os seus, sua língua curiosa junto da sua, exatamente como ele fizera a alguns instantes. Tem vontade de também lhe apalpar, de sentir a maciez de suas nádegas cobertas pelo tecido da camisola. 

_ Garotinha... _ ele murmurou ao se afastar, lhe fitando de forma sôfrega. _ Não podemos continuar nesse ritmo.

_ Por quê? _ ela questionou-o, as mãos ainda sobre os ombros de Ban, lhe apalpando.

_ Porque vou começar a ter reações inapropriadas.

Elaine pensou um pouco, afastando as mãos do homem e as repousando ao lado de sua cabeça.

_ Vai ficar excitado? _ ela perguntou, corando, mas não desviando os olhos.

_ Já estou. _ respondeu e sorriu em seguida, vendo-a cobrir o rosto com as mãos. 

_ Desculpe...

_ Não tem por que se desculpar, garotinha _ Ban retrucou, beijando suas mãos e as afastando de sua face. O homem desceu o olhar para o busto inquieto, notando a pequena protuberância sob o tecido fino da camisola branca.

Elaine virou a face para o lado, corando novamente, mas não fez menção de cobrir os mamilos visivelmente rígidos. 

_ Você pode olha-los... se quiser. _ sussurrou.

Aquilo estava fugindo do planejado, que era apenas deitar com a garota até que ela adormecesse, então ele iria para sua casa. Apesar do irmão zeloso estar na casa da namorada, Ban tinha consciência de Eric _ o pai de Elaine _ assistindo The Walking Dead na sala. Os ruídos dos tiros e dos zumbis ecoavam pela casa, não deixando ouvir os passos de Eric, caso ele viesse até o quarto da filha.

Elaine tomou o silencio como algo negativo, e rapidamente sentiu-se frustrada e envergonhada por ter sugerido aquilo.

Ban ficou atordoado ao ver a garota lhe fitar com os olhos úmidos, fazendo-o acreditar que passou dos limites. Ele refaz a cena mentalmente, procurando o momento em que Elaine pareceu não gostar de alguma carícia sua. Mas não encontrou, pelo contrário: Elaine o incentivava.

Então por que ela estava prestes a chorar?

_ Ei... _ murmurou segurando a face miúda entre as mãos _ Eu fiz algo errado?

_ Não. _ tentou secar as lágrimas _ Tudo bem não querer vê-los... ao menos foi sincero.

Ban sentiu-se como se tivessem lhe acertado um tapa. Arregalou os orbes vermelhos, fitando a garota embaixo de si.

_ Quê?! Eu só estou receoso de seu pai vir aqui, garotinha! Não ache que não a quero. Eu quero muito!

Ao ouvir tais palavras, Elaine sentiu-se idiota por ter achado que o homem não a desejava. Encarou Ban enquanto ouvia a tevê, uma mulher gritou e mais tiros ecoaram pelo corredor.

_ Não acho que ele vai vir enquanto você estiver aqui. Ele gosta de me dar privacidade...

_ Ele é seu pai _ Ban a lembrou. _ E tem um homem no quarto da filha dele.

_ Meu pai é estranho, Ban. _ Elaine franziu as sobrancelhas e tentou ouvir com mais clareza. Desviou os olhos pra porta, encarando seu suéter no cabide. Finalmente ela ouviu sons reproduzidos pelo homem: um ronco baixo. _ Ele tá dormindo.

Ban sentia-se extremamente tentado. Por um lado, não queria de forma alguma que Eric o achasse desrespeitoso com sua filha. Por outro, Elaine o estava o enlouquecendo.

_ Que se foda. _ murmurou secamente, deixando-se ser beijado.

A loirinha percorreu seus ombros e  braços de forma ansiosa, sentindo os músculos sob as mãos sagazes. Ban a afastou para abaixar as alças da camisola e descer a peça até o ventre da garota.  Ele arfou ao ver os seios descobertos, bem em sua frente, bastante visíveis sob a lâmpada acesa do quarto.

Elaine cobriu a face novamente, corando com o olhar  do homem.

Pequenos, pálidos e com um par de mamilos miúdos e róseos. Da forma que Ban imaginou, porém muito melhor por estar ao seu alcance e não só em seus pensamentos férteis. 

_ Elaine. _ a loira afastou dois dedos que cobriam seus olhos e o fitou. Ban riu com aquilo e debruçou-se sobre ela, aproximando a face do busto inquieto da menina _ Seja uma boa garota e não faça barulho.

Elaine agarrou os cabelos de Ban e mordeu o lábio com força, sentindo sua língua caprichosa percorrer seu mamilo lentamente, enquanto o outro era estimulado pelo polegar e o indicador do rapaz. Ele ergueu o olhar, rindo ao vê-la lhe encarando como quem tá segurando um berro, e mordeu o mamilo que antes umedecia, sem desviar-se dos olhos cor de mel.

Inconscientemente, Elaine ergueu seu quadril, sentindo algo constrangedoramente prazeroso. Ban desceu a mão que beliscava o mamilo livre da loira e acariciou seu ventre, descendo um pouco mais sem tirar os olhos dela, observando se estaria tudo bem em continuar. Ergueu o tecido da camisola, sentindo os detalhes de sua calcinha com a ponta dos dedos.

_ Posso? _ ele perguntou, hesitando em ultrapassar o tecido fino e rendado.

_ Só não comente nada. _ respondeu muito tímida, ainda com as mãos em seus cabelos. Ele riu e afastou a calcinha para o lado, sentindo a fenda úmida. Explorou sua intimidade quente, achando seu ponto mais sensível e o tocando, vendo Elaine se desconcertar, tentando conter os gemidos. Ele o movimentou de forma circular, se deliciando com as reações que aquele pequeno corpo estava tendo.

Elaine mordeu a própria mão, já não conseguindo se conter quando Ban passou a lhe estimular mais rápido. Parte dela queria gemer alto, mas se conteve. Não podia. Mesmo seu pai sendo desleixado e irresponsável, seria constrangedor olhar em seus olhos e saber que ele lhe ouvira.

Ban assistiu Elaine arquear-se toda, erguendo o quadril e gemendo baixo. Já sentia seu dedo deslizar por seu ponto sensível, sua intimidade ficando mais úmida. Quando ele umedeceu seu mamilo sem parar o que fazia, a sentiu cravar as unhas em sua nuca e suas pernas ficaram visivelmente trêmulas.

Ban sorriu satisfeito, erguendo sua camisola para fitar sua intimidade e o lençol constrangedoramente molhado.

_ Você gostou? _ ele perguntou, passando os dedos entre as fendas sensíveis e os levando a boca. Elaine virou-se rápido e mergulhou a cabeça no travesseiro, muito tímida com a atitude do homem. Ban acariciou as cicatrizes sutis entre as costelas da garota, as beijando veementemente, como se para diminuir a dor causadas por ela.

Em seguida, ergueu o vestido da garota, a fim de vesti-la novamente.

_ Muito _ ela respondeu, virando-se para fita-lo. Deixou-se ser vestida, como uma criança. Depois repousou em seu peito, suspirando com um sorriso bobo nos lábios. _ Isso foi meio injusto... _ murmurou alguns minutos depois, acariciando o braço musculoso que a mantinha em seu peito. 

_ Hum? _ ele murmurou a fitando.

_ Você se empenhou em me dar sensações boas, e eu não fiz nada além de ficar quieta.

Ban sorriu e acariciou os cabelos loiros da garota.

_ Por hoje está ótimo. Me satisfez te ver dessa forma. Nós dois saímos ganhando.

E aquela noite, Elaine não tivera pesadelos. 

Ao acordar, ela sentou-se em sua cama e olhou em volta, não vendo Ban. Ele havia ido para casa apenas quando ela adormecera, como se pra afugentar seus sonhos ruins. Sorriu ao ver que ele deixara sua jaqueta, a pegando e deitando-se com ela.

Inalou o tecido jeans, sorrindo, e adormeceu outra vez.

 

*  *  *

30 de junho, 2016

 

  O barulho dos convidados atordoavam Ban, como se a cada bater de copos fosse um lembrete de que quando aquilo acabasse, Oliver ficaria frente a frente com sua loirinha.

Era aniversário de Elaine, a garota estava completando dezessete anos. Como desculpa para trazer sua mãe e, como consequência, seu padrasto, a loira dissera que queria uma festa. Balela, Elaine nunca fez questão por festas, nem mesmo quando completara quinze anos a menina quis ter uma. Mas Lianne, sua mãe, essa sim fazia questão. Sempre quis que sua filha fosse mais feminina nesse aspecto, mais fútil, que tivessem uma relação como as dos açucarados filmes americanos.

Meliodas já havia estalado as câmeras que comprou na semana passada, presa no suéter que Elaine sempre deixava na porta de seu quarto. Também havia conseguido escutas com um tio que possuía uma loja de adereços de espionagem. Todo o plano já estava pronto e decorado, ainda assim, Ban não deixava de se sentir inquieto. Temia algo dá errado e a menina acaba da pior forma. Vai ficar tudo bem, garotinha. Não precisa se preocupar. Vou estar o tempo todo aqui, prometera a Elaine, só tem que seguir o plano.

A festa era a fantasia, sugestão de Diane. Elizabeth ajudava Elaine a pôr a coroa de flores sobre os cabelos, enquanto ela mesma já estava devidamente pronta, vestida de princesa.

Lianne alisava os fios loiros da filha, metida em um vestidinho de couro preto e com um diadema com orelhas de gato.

_ Com todo o respeito, senhora Lianne, mas a senhora é gostosa pra caramba! Quero envelhecer assim! _ Diane comenta, causando um ataque de risos na mulher.

_ É genética, minha mãe também bota as menininhas no chinelo. _ ela desvia os olhos da morena e encara a filha, que simplesmente estava muito quieta e pensativa. _ O que foi, amor? Não está animada pra sua festa?

_ Ela só está cansada! _ Elizabeth responde rápido _ Mal conseguiu dormir de ansiedade...

Elaine não estava ansiosa pela festa, e sim pelo o que viria depois dela.

_ Ah, não se preocupe, querida! Vai ser perfeito _ Lianne garante, sorrindo de orelha a orelha.

Elaine se fita no grande espelho que Diane tirara de seu banheiro. Estava tão apreensiva e nervosa com o que teria de fazer no dia seguinte que sequer se importou com suas pernas de fora, ou com o decote rendado e que mostrava que, sim, ela tinha seios, mesmo que pequenos.

Também estava com as pálpebras brancas e iluminadas, os olhos delineados, as bochechas muito rosadas e os lábios tingidos de vermelho. Se não estivesse tão nervosa por ter que ficar frente a frente com Oliver _ que naquele momento estava hospedado em um hotel, a pedido da mãe de Elaine _ , ela teria se surpreendido por ter se tornando aquela beldade em miniatura.

Não bonita tanto quanto Elizabeth. Bonita de sua própria forma.

_ Ela tá demorando... _ Ban comenta cruzando os braços.

_ São garotas, Ban. É normal garotas demorarem _ King diz, dando uma golada em seu drinque. 

Ban abriu a boca pra dizer "não a Elaine", porém sua voz não saiu. Semicerrou os olhos ao ver a mulher roubar um doce de uma bandeja que passava por ela, acompanhada de uma amiga.

_ Quem diabos convidou ela? _ pergunta entre os dentes. Meliodas segue o olhar do amigo, vendo Jericho e outra mulher, ambas vestidas de guerreiras medievais.

_ Eu sei lá _ ele responde, encarando King como se esperando sua defesa.

_ Não olha pra mim, não! Ela deve ter vindo por conta própria, a noticia da festa se espalhou muito rápido...

Jericho corre os olhos por entre os convidados, avistando Ban, sempre maior que os outros. Também não fora difícil de identifica-lo, com um colete de pelos de raposa-do-ártico. Aproximou-se ainda mastigando o que comia, uma sobrancelha arqueada. A outra mulher indo ao lado dela, como um cão fiel.

_ Que porcaria é essa que tá vestindo? _ indaga de boca cheia. Ban ainda tinha os olhos semicerrados, os dentes trincados com o comportamento da outra. 

_ Uma raposa? _ responde como se ela fosse uma retardada.

_ E por que você veio vestido de raposa?

_ Porque ninguém pega a droga da raposa. _ e rir torto, imaginando a cara de King quando ele roubasse sua irmã da festa.

_ E aí, gostou da minha fantasia? _ ela rir, virando-se e mostrando as nádegas apertadas no collant preto.

Ban estava prestes a lhe pôr pra fora junto com Guila, quando King deixou cair o copo que tinha em mãos e o homem seguiu seu olhar petrificado.

Elaine descia as escadas a passos inseguros, sendo seguida pelas outras garotas.

_ Ela tá vestida de fada? _ a mulher de longos cabelos negros indaga com voz de riso.

_ Que fantasia idiota, cadê as asas?_ Ban ouviu Jericho comentar, também zombeteira.

Mas ele não lhe deu atenção. Por um momento, esqueceu de suas preocupações, de sua irritação por sua ex-namorada ter vindo sem ser convidada e ainda trazendo uma amiga, esqueceu-se até de onde estava. Ban só via ela, que estava simplesmente perfeita aos olhos dele. 

_ Ela tá tão linda. _ King e Meliodas murmuram ao mesmo tempo. Meliodas encarando Elizabeth, King fitando Diane _  que estava fantasiada de Deusa titânia Gaia. Porém Ban sequer notou as outras duas, focado em Elaine, que ainda não o tinha visto.

A loira finalmente chega ao último degrau, sendo abraçada por seu pai, ou o Batman.

_ Você é o bobo da corte mais fofo que eu já vi! _ Diane diz ao se aproximar. King sorrir corado, abraçando-a e repousando a cabeça sobre seus grandes seios. Meliodas já havia sumido, Elizabeth também. _ Caramba, eles são ligeiros mesmo! _ a garota comenta ao notar o sumiço estranho.

E então ela se afasta com King, indo em direção a mesa cheia de guloseimas.

_ Que cara idiota é essa? _ Jericho indaga ao encarar Ban. Ele a olha pelo canto dos olhos, voltando a ficar irritado, mas quando olha Elaine outra vez, senti-se como se tivessem lhe dado um tapa.

Diante da garota que ainda estava junto do pai, um garoto estendia sua mão e a reverenciava. Eric, pai de Elaine, procurou Ban com os olhos, como se temesse que aquilo ocasionasse em uma briga feia.

_ Me dê a honra de dançar com você, senhorita Elaine. _ Helbram pede, ainda com sua mão estendida.

_ Vai em frente, querida! _ Lianne incentiva, empurrando a garota pra cima do esverdeado.

Elaine rir nervosamente, segurando a mão de Helbram enquanto ele lhe conduzia pro meio da sala. Tocava uma música agitada, que Elaine não queria ter que dançar. Helbram percebeu isso, e preferiu arriscar alguns passos, como se dançassem valsa.

_ Desculpe o infortuno _ ele diz.

_ Tudo bem...

_ Você lembra de mim?

_ Um pouco.

_ Não precisa ficar nervosa, Elaine... não é como se eu estivesse muito interessado em você. Embora devo admitir que você era uma sementinha, e floresceu lindamente. _ ela cora com o jeito estranho, no mínimo, do esverdeado se expressar. Mas o espera continuar em silencio. _ Sabe, eu sinto falta de seu irmão... e provavelmente ele não senti o mesmo. Mas mesmo assim, eu queria tentar pedir desculpas... se me ajudasse, seria de grande ajuda.

Elaine relaxa, começando a entender tudo. 

Sorri, rodopiando e voltando pra junto dele.

_ Se o problema é esse, então está tudo bem. Eu lhe ajudo, embora eu ache que nem será preciso. Ele também sente falta de você. _ os dois riem e continuam dançando.

Ban observava do seu canto, sentindo seu coração doer de uma forma estranha. Não era uma dor física, mas estava ali, lhe machucando.

_ Olha lá! A safada tá no maior clima com o cara vestido de fada! Aquilo sim é uma fada. Que belo par de asas, diga-se de passagem. _ Guila comenta.

_ Eu sinto muito, Ban... _ Jericho murmura, segurando uma de suas mãos. Ban permanece com os olhos fixos em Elaine, que dançava mais animadamente enquanto conversava com Helbram, sorrindo sempre.

Ele afasta Jericho rudemente, dando meia volta e saindo da casa sem falar nada.

_ Vai atrás dele, é a sua chance! _ Guila aconselha a amiga, fazendo-a ir atrás de Ban quase correndo.

_ Isso não é bom, isso não é nada bom! _ Diane diz ao vê tudo com seus um e oitenta de altura.

King ergue o rosto e fica na ponta dos pés, olhando em volta confuso.

_ O que tá havendo?

_ Tudo. _ responde vendo Elaine deixar Helbram e seguir Jericho ao perceber a presença da mesma ali.

 

[...]

 

_ Ban! Espere por mim! _ Jericho guincha ao segura-lo pela mão.

_ Me solte! _ ele murmura entre os dentes, virando-se para encara-la e sendo surpreendido pelos lábios da mulher esmagando os seus. Senti-se sem ação, os olhos arregalados o tempo todo, até que Jericho agarra seus ombros afoitamente, os minutos se passando rápidos demais.

Ele finalmente desperta, afastando-a com um empurrão rude.

Do outro lado da rua, Elaine assistia a tudo, as pernas trêmulas e as mãos em punhos. Ela olha de um a outro, os olhos ficando úmidos.

_ Ele me agarrou! _ Jericho o acusa, apontando pra Ban. _ Eu juro, eu só queria o ajudar e ele me beijou! Mas eu ainda o amo... não pude deixar de retribuir o beijo...

Elaine continuava muda, mas agora seus olhos estavam fixos apenas em Ban. Ele não se defendia, não falava uma só palavra, apenas sustentava seu olhar. .

_ Mas por outro lado, você não pode julga-lo! Estava lá com outro cara, dançando e se oferecendo na frente do Ban! _ Jericho continua, assumindo agora um comportamento agressivo. _ Ban era meu antes de você aparecer, é assim que deve ser! Agora volte pra sua fadinha e nos deixe em paz!

_ Eu não estava me oferecendo! _ Elaine se defende, ficando mais trêmula.

_ Claro que não! Estava apenas colando seu corpo ao dele e rindo como uma vadia oferecida!

_ Ele nem está interessado em mim!

_ Ah, que ingênua. A pobrezinha não notou que o garoto tá a fim dela!

_ Ele não está! _ Elaine berra, fazendo alguns convidados olharem pela janela da sala e verem a confusão do lado de fora da casa.

_ Por que estava rindo e dançando com ele daquele jeito? _ Ban questiona, falando pela primeira vez. Não tinha um tom acusatório, mas o medo da resposta era palpável.

Elaine volta a fita-lo, uma lágrima solitária pinga em sua bochecha muito vermelha.

_ Ele quer se aproximar do King.

_ E por que ele dançaria com você por isso? _ Jericho questiona, ainda mais agressiva.

_ Porque ele acha que King vai me ouvir se eu lhe ajudar a pedir desculpas.

_ Isso não faz sentido algum! _ a mulher passa as mãos nos cabelos soltos, extremamente nervosa por Elaine não apresentar um comportamento culpado. _ Você é uma vagabunda que queria ficar com ele na cara dura, e está dando desculpas esfarrapadas!

_ Eu nunca trairia o Ban! _ berrou, finalmente soluçando e chorando como uma criança assustada _ Nunca, nunca, nunca! _ ela toma fôlego pra continuar, ficando cada vez mais nervosa _ Nunca o trairia, jamais, Jericho! Eu prefiro morrer do que beijar outro homem! Ser tocada por outro seria equivalente a experimentar o inferno! _ ela dá alguns passos para trás, chacoalhando-se toda com seu choro compulsivo. 

Ban senti seu coração falhar duas batidas. Elaine teria que fazer isso, de certa forma aquilo era um desabafo da situação que a menina passaria no dia seguinte.

Meliodas afasta duas garotas da janela e semicerra os olhos pra ver o motivo de tanta curiosidade, a testa suada, o peito inquieto. Ele arregala os olhos, já caminhando para fora de casa, empurrando os jovens que dançavam e bebiam eufóricos.

_ Sua sonsa do caralho! _ Jericho berra com uma veia saltada na testa _ Traiu sim, admite!

_ Eu o amo, Jericho. _ Elaine diz, chutando a neve que cobria a grama. _ E quem ama não trai. Nunca. Mesmo se estiver confusa e com o coração machucado. Eu sequer seria capaz de me vingar dele, se ele tivesse mesmo lhe agarrado.

Ban sentiu seu coração inundar de um sentimento inquietante, porém não inquietante da forma que se sentia a pouco tempo, ao pensar sobre o plano para prender Oliver. Inquietante de forma boa, inquietante por ser uma sensação nova e desconhecida por ele.

_ Não me julgue, sua putinha de uma figa! Você não tem moral pra falar de mim! _ ela encara Ban, como se esperando que o homem concordasse com ela, que também apontasse o dedo pra Elaine e lhe dissesse que tinha nojo dela. 

Ele se aproximou da menina, fazendo Jericho sorrir eufórica, esperando que ele lhe desse um tapa como fez com ela, mas ele não fez nada disso. Não lhe acusou, não disse que tinha nojo da garota, não lhe dirigiu nem mesmo um olhar enojado. Ban lhe segurou pela cintura e a beijou veementemente, erguendo-a do chão e aprofundando o beijo, uma mão segurando sua nuca, enquanto a outra a mantinha junto de seu corpo. Elaine tinha os braços em volta do pescoço do homem, o apertando com desespero, mas também aliviada por Ban não ter acreditado nas insinuação da mulher.

_ Ban! Por que fez isso?! _ Jericho questiona aos berros. Ele vira para encara-la, Elaine ainda em seus braços, beijando seu maxilar.

_ Ora, porque é a Elaine. O que esperava que eu fizesse?

Meliodas ainda empurrava quem estivesse em sua frente, querendo sair da sala da casa, King vinha logo atrás. Ao chegar finalmente na soleira da porta, o baixinho viu que a confusão já havia sido apaziguada e que Elaine e Ban estavam bem.

Arremessou seu chaveiro ao notar King muito próximo, e Ban o pegou no ar com uma mão.

_ Ban, não ouse roubar minha irmã! _ King berra empurrando Meliodas da entrada da casa, fechando as mãos em punhos.

O homem sorrir torto, cobrindo os cabelos com a cabeça de raposa que repousava em suas costas, correndo pela rua coberta de neve em seguida.

_ Ele vai te alcançar _ Elaine diz, rindo enquanto olhava por cima do ombro de Ban.

_ Eu sou a raposa _ Ban murmura ainda sorrindo torto. _ Ninguém pega a droga da raposa.

_ Volte aqui, filho da puta!

_ Ele está realmente perto _ a loira comenta.

_ Os ursos não me alcançam, posso chupar cana e fazer rima enquanto corro, ursos são preguiçosos demais pra correrem de verdade _ Ban arremessa Elaine por sobre um ombro, desinstalando o alarme do Jipe preto estacionado na esquina. _ E ninguém alcança a raposa.

Elaine ri, vendo seu irmão, sua casa e Jericho _ batendo o pé e dizendo algo pra sua amiga, agora ao seu lado _ ficar para trás. Sentiu-se fugindo de tudo, e quando Ban a trouxe de volta pro seu peito, Elaine envolveu seu pescoço com seus braço trêmulos de frio e sorriu.

_ É _ concorda fechando as pálpebras e suspirando _ Mas eu te alcanço, no final das contas.

Ban ri, apertando Elaine em seus braços e finalmente chegando até o Jipe de Meliodas.

_ Você não me alcança, garotinha _ discorda beijando sua testa _ Porque não corre atrás da raposa. Você anda junto dela.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Mais uma vez, desculpem se estou cansando vocês com capítulos tão longos ç-ç e bem... como eu havia dito a uma leitora, provavelmente os capítulos irão ultrapassar a quantidade que eu tinha previsto. Eu estava insegura ;---; mas já que recebi um apoio bacana, to pensando em ultrapassar cinco capítulos, mas ainda vai ser uma shortfic... até o próximo, obrigada por lerem *--* ♡


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