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História Salve-me - Reconstituída


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


Oi, minna!!! Eu sei, eu sei, "que demora do caramba foi essa?", bem, eu tive um bloqueio criativo na metade do capítulo ;---; e não importava o quanto eu tentar-se, parecia que nunca tava bom, maaaaas... hoje recebi um puxão de orelha de uma leitora, ou quase, e isso me fez me esforçar mais arduamente, e, finalmente, conseguir concluir o capítulo!!! Espero que gostem, de verdade, esse capítulo eu penei pra fazer ;----; boa leitora e relevem eventuais erros! ♡♡♡

Capítulo 5 - Reconstituída


Fanfic / Fanfiction Salve-me - Reconstituída

 

 _ CAPÍTULO CINCO _

Reconstituída

 

"Vai ficar tudo bem... Ban está bem aqui ao lado, vai ficar tudo bem..." , repetia para si mesma, como um poderoso mantra. Todavia, quando Meliodas bateu em sua porta e anunciou a presença de seu padrasto, ela até mesmo parou de respirar por cinco segundos angustiantes em que o encarou, ao lado do pequeno rapaz de cabelos loiros.

Meliodas assentiu discretamente para Elaine, lhe dando um olhar sugestivo. Um lembrete, estamos aqui.

_ Aí está ela _ Ele diz, incrivelmente simpático. Em seguida, acrescenta antes de deixar os dois sozinhos: _ Estarei lá em baixo, junto com os outros.

Elaine não sabia como reagir. Seu coração batia dolorosamente rápido, sua respiração era quase ruidosa e suas mão tremiam, por isso ela as entrelaçou sobre seu colo.

_ Eu comprei uma coisinha pra você _ Oliver diz, fechando a porta entreaberta. Virar-se para encarar a menina, sorrindo enquanto se aproxima a passos lentos. Elaine encara a caixinha que ele tinha em mãos, lutando para não tentar correr. _ Mas talvez não dê, não sei suas medidas exatas _ continua, ajoelhando-se diante da garota e estendendo o presente.

Com um sorriso trêmulo, Elaine a pegou, abrindo-a em seu colo com o máximo de calma. Conhecia o gênio de Oliver, a forma que ele agia. Nunca chegava ao seu objetivo rapidamente, preferia diálogos, parecia gostar de aprecia-la por etapas.

_ Gostou? _ pergunta observando-a tirar o par de meia calça de dentro da caixa.

_ É bonita _ responde com calma, sorrindo mais uma vez enquanto senti o tecido frágil na ponta dos dedos.

Oliver assenti, fascinado por estar finalmente diante da menina novamente, depois de tantos meses. Sentia raiva por ela ter simplesmente indo embora para outro país, sua mente paranoica cogitara várias hipóteses que a levaram a agir dessa forma, menos a que era óbvia. Em sua cabeça, não havia nada de errado em suas atitudes, afinal, ele se apaixonara por Elaine, fizera tudo para estar perto de sua pequena, foi tudo por amor. É certo que passou dos limites algumas vezes, mas estava apenas disciplinando-a, fazendo-a entender que pertencia a ele, nada de mais.

Com esse tipo de pensamento, Oliver alisou a coxa exposta, fazendo Elaine sobressaltar-se.

_ Por que não vesti pra ver como fica? _ sugeri.

Ela engole seco. Ali estava sua oportunidade. Por conhece-lo, sabia que negando conseguiria justamente o comportamento que queria registrar na pequena câmera escondida em seu suéter.

_ Acho melhor não...

_ Por quê? _ Indaga entre os dentes.

_ Mamãe está lá em baixo _ responde baixinho, como se tivesse lhe contando um segredo.

_ Não se preocupe, ela não vai vir nos incomodar. _ garante, subindo a carícia.

Elaine queria morder aquela mão até sentir gosto de sangue em sua boca, Elaine queria gritar por seus pais e por seu irmão, porém se conteve corajosamente, pondo sua mão sobre a do homem e a afastando de sua coxa cautelosamente.

_ Qual o problema? _ questiona exasperado, louco para toca-la mais, como um viciado ansiando por sua droga. _ Vamos, vista logo! _ Ele levanta _ Vista, Elaine, quero vê-la com essas meias!

Dentro do banheiro, Ban continuava quieto, apenas esperando a hora certa para intervir. Escutava a tudo com clareza, e apenas aquele tom de voz o irritava profundamente, o fazia querer afasta-lo de Elaine de imediato. Aquela era a sua pequena, sua garotinha, ninguém falava assim com ela em sua presença, porém ele se obrigou a se acalmar e não estragar o plano de conseguir provas contra Oliver.

Pela brecha da porta entreaberta, ele vira Elaine levantar-se insegura, deixando a caixinha vazia sobre o colchão e apressando-se para vestir as meias. Oliver a observava, sentado na beirada da cama, os olhos fervilhando enquanto ela termina de pôr.

_ Está tão perfeita, Elaine, perfeita! _ murmura jubiloso, puxando-a pela cintura.

_ Oliver... _ Ela tenta dizer, afastando-o pelos ombros _ Mamãe está lá embaixo!

_ Fique quietinha, ela não vai ouvir nada _ diz puxando-a para a cama, rapidamente ficando por cima sem dificuldades _ Sentir tanta falta de você, Elaine, você foi uma menina cruel por ter indo embora daquela forma!

Elaine apenas respirava ruidosamente, continuando a empurra-lo pelos ombros, sem nenhum sucesso.

_ Oliver, vão nos ouvir... _ fala entre os lábios trêmulos.

_ Fique quieta, não me faça ter que ser rude com você _ Ele segura suas mãos sobre a cabeça, prendendo-a. Com a mão livre toca suas coxas, apertando-a enquanto beija seu maxilar.

A loira olha em direção à porta, porém o corpo de Oliver tapava completamente a visão. Arfa, sentindo seus olhos arderem com as lágrimas, movi os lábios, mas as palavras não saem. Estava em pânico, e aquele era o momento para Ban intervir, mas ele não aparecia nunca e Oliver já alcançava seus seios.

_ Eu vou foder você com essas meias _ Ele diz contra a pele de seu pescoço. Elaine se debate, pronta para dar o berro mais alto que conseguisse, porém, antes que ela sequer abrisse os lábios, o homem não estava mais sobre si.

Ela sentasse abruptamente, vendo Oliver rolar pelo chão.

_ Eu vou quebrar a sua cara! _ Ele vocifera apertando o pescoço do outro com uma mão e acertando um soco em seu rosto com a outra.

E então eles não estavam mais sozinhos. Com pavor, Elaine viu seu pai agarrar Ban pela camisa, tentando o tirar de cima de Oliver. Sua mãe estava com as duas mãos sobre o peito, os olhos arregalados e assustados, mas também preocupados. Com Oliver. Aquilo teve o efeito de um soco no estômago, teria que falar toda a verdade e seria ela quem mais se machucaria.

_ Chega, Ban! _ Meliodas agarra o braço do amigo, também puxando-o para longe de Oliver.

Elaine salta da cama, erguendo uma mão para que seu pai e Meliodas se afastassem.

_ Sai daqui, Elaine! _ Eric murmura sem fôlego _ Saia, e leve sua mãe junto!

_ Eu posso para-lo... _ tenta dizer, sua garganta estava tão seca que era difícil usar as cordas vocais sem gaguejar.

_ Saia! _ repeti _ Não quero que se machuque!

A loira encara Elizabeth, parada ao lado de sua mãe. Provavelmente Diane estava mantendo seu irmão longe, todavia ela não ponderou muito isso. Tudo o que pensava era afastar Ban de Oliver, acalma-lo, sabia que conseguiria isso facilmente.

Num movimento brusco, Ban arremessa Meliodas e Eric para trás, fazendo-os cair estatelados.

Era a deixa de Elaine.

Sem perder a oportunidade, ela se jogara sobre as costas do homem, abraçando-o com o máximo de força que conseguia. Ele demora alguns segundos para perceber quem lhe apertava, arfando enquanto senta no piso do quarto. Elaine repousa cabeça em seu ombro, sentindo novas lágrimas ameaçarem vir.

_ Está tudo bem _ diz com voz embargada.

_ Que diabo foi isso? _ Eric questiona ainda sem fôlego _ Quer me matar, moleque? Eu não tenho mais idade pra isso não!

_ Você está bem, Meliodas? _ Elizabeth se agacha ao lado do garoto _ Está machucado?

A mãe de Elaine continuava no mesmo canto, ainda com as mãos sobre o peito que movimentar-se agitadamente, parecendo estar em choque.

_ Tira essa meia _ Ban pedi com dificuldade, controlando o ímpeto de virar-se e tirar ele mesmo.

Elaine não se mexi. O aperta mais, soluçando baixo. Por um momento agoniante, achou que ele não apareceria, e isso fez-lhe sentir muito medo. Porém, agora ela apenas queria ficar a sós com ele, e mostrar que estava bem, mesmo que não estivesse.

_ Sua... _ Oliver tossi, cuspindo sangue _ Sua putinha de merda! _ Ele tenta acertar a garota, porém Ban agarra seu punho cerrado, apertando-o até que ele grunhisse e os tendões ameaçassem romper.

_ Oliver... _ Lianne balbucia horrorizada.

_ Ele tentou estuprar a Elaine! _ diz entre os dentes. Em seguida, larga o punho do homem e aponta para a porta, onde o suéter estava pendurado _ Está tudo registrado.

Lianne encara o marido, esperando que ele desminta, que ele se defenda, ele fale qualquer coisa, mas ele sequer lhe dirigi um olhar. Continua alisando o punho, grunhindo de dor, o canto dos lábios cortados e um filete de sangue escorrendo de sua narina.

A mente perturbada de Oliver não processava nada além da traição de Elaine. Não lhe importava ter sido pego, sua mulher presenciar aquela cena deplorável ou ele não ter sequer um argumento ao seu favor. Tudo o que pensava era que Elaine lhe traíra, e ele queria toca-la, machuca-la, fazê-la se arrepender.

E então novamente Meliodas agira rápido, impedindo que Eric partisse pra cima de Oliver.

_ Não, se continuar dessa forma, ele não chega vivo até a delegacia! _ tenta argumentar.

_ Dane-se! _ vocifera _ Ele fez isso bem debaixo do meu nariz! Debaixo do meu nariz!

Ban levanta do chão, batendo no jeans para limpar a poeira.

Oliver permaneceu em seu canto, olhando-o de soslaio. Quando Elaine fizera menção de segui-lo para fora do quarto, ele tentou agarrar seu tornozelo, porém Ban foi mais rápido e pisou em sua mão, erguendo a garota do chão sem dificuldade e carregando-a para fora do quarto.

_ Acabou _ Ela murmura apertando os braços que mantinha em volta de seu pescoço. Ban não fala nada, levando-a a acreditar que talvez precisasse ficar um tempo quieto, e ela lhe daria o tempo que fosse necessário.

 

*  *  *

 

_ Nenhuma noticia? _ Meliodas indaga mal dando tempo do policial respirar.

Ele nega com a cabeça.

_ Nenhuma noticia.

Meliodas suspira pesadamente, arriando os ombros. Elizabeth alisa suas costas, também parecendo exausta e um tanto depressiva.

_ Ele está bem _ diz da forma mais convincente que conseguiu _ Tenho certeza que King vai voltar pra casa logo.

Do primeiro andar, Ban observava a movimentação em frente a casa pela janela do quarto de Elaine. Suspira, farto das passadas inquietas atrás de si.

_ Droga, King _ choramingava enquanto andava em círculos, o celular junto do ouvido _ Por favor, só atenda a droga do celular...

No quarto ao lado, Ban ouvia a música agitada e cheia de solos de guitarra, o J-rock que King escolhera como toque de celular semana retrasada. Elaine, no entanto, parecia não ouvir, pois continuava tentando se comunicar com o irmão incansavelmente.

_ Me dá isso _ diz ao tomar o aparelho da garota _ Senta aí. _ Elaine senta na beirada da cama, extremamente ereta _ Você é irmã dele e sabe que não é a primeira vez que King foge.

Ela assenti devagar, lutando para a acalmar os batimentos cardíacos.

_ Sabe que esse é o mecanismo de defesa dele. _ continua cautelosamente _ Eu realmente acredito que ele vai voltar.

_ É minha culpa... _ balbucia, completamente transtornada _ Minha mãe tá dopada por minha culpa, King tá desaparecido por minha culpa... _ Ela arfa, entrando em pânico pela quarta vez aquela semana _ E papai... não para de beber... por minha culpa...

_ Quieta _ murmura ao aperta-la contra seu peito. _ Apenas fique quieta, Elaine. Vai me ouvir, ok?

Ela assenti, escondendo o rosto em seu peito.

_ O que aconteceu com você foi lamentável, e o único culpado foi aquele filho da puta, ninguém mais. Não foi sua mãe, não foi você, foi ele. E não importava se você esquecia a porta do banheiro aberta às vezes ou se levantava a noite pra fazer chá, ele ainda é o único culpado, Elaine. E se King precisou usar seu mecanismo de defesa, a culpa é dele, e se sua mãe está dopada até os ossos, a culpa é dele. Não quero ouvi-la dizer que você é culpada por essa merda, porque não é, sabe que não é.

Elaine funga, começando a ensopar a camisa do homem com suas lágrimas.

_ Agora tome um banho, se alimente adequadamente e tente esquecer isso, nem que seja só um pouquinho _ Ele a afasta, beijando sua bochecha úmida _ Acredite em mim, o King só precisa arear um pouco a cabeça. Ele vai aparecer, eu prometo.

_ Mas já faz uma semana... _ balbucia entre os soluços.

Ban seca suas lágrimas, lhe encarando seriamente.

_ Elaine, apenas respire. Confie em mim, King vai voltar pra casa _ garanti, em seguida beijando sua testa _ Não quero vê-la chorando, isso machuca meu coração de uma forma que há muito tempo não acontecia mais.

Mesmo a contragosto, mesmo sentindo-se explodindo de dentro para fora, Elaine respirou fundo e tentou arduamente cessar o choro violento, falhando nos primeiros minutos, mas conseguindo depois de muito tentar. Levantou-se um pouco fraca, forçando um sorriso trêmulo e nada convincente. Mas para alguém que não comia há um dia e meio e chorava há uma semana inteira, era um ótimo progresso.

_ Muito bem _ acaricia os cabelos loiros e revoltos, afastando uma mecha rebelde que insistia em cair sobre um olho _ Está indo muito bem, garotinha. Estou orgulhoso de você.

Ela boceja longamente, afastando-se e indo para o beiral da janela. Lá embaixo, Diane acabava de chegar, desnorteada e chorando compulsivamente, os cabelos soltos e bagunçados. Mesmo dali, Elaine conseguia ver as folhas presas em seus fios castanhos e os joelhos ralados.

_ Nenhuma noticia? _ Meliodas indaga, ainda que no fundo soubesse a resposta.

Diane nega com a cabeça, sendo amparada por Elizabeth no mesmo instante. Por um momento, Elaine se perguntou se doía mais o desaparecimento de seu irmão ou presenciar o desespero das pessoas que o amavam.

Por fim deixou a janela, fechando a vidraça e repetindo para si mesma que King estava bem, em algum lugar de Tóquio, e que Ban estava correto em sua conclusão.

 

- w -

 

Os dias passaram. Lentos e exaustivos, mas passaram. E nada de King surgir de repente, como Elaine desejava e, novamente, se frustrava. Agora, já faziam duas semanas que King havia desaparecido naquele dia que a garota preferia manter bem longe de sua mente, ao menos por enquanto.

Eric permanecia bebendo, parando apenas para dormir, e voltando a beber quando acordava no dia seguinte, ou no meio da madrugada mesmo. Parecia estar compensando os anos longe do álcool, ou apenas querendo se manter longe da realidade. Lianne dormia mais que metade do dia, comendo algo e voltando a deitar-se em seguida. Sequer olhava sua filha, e Elaine não queria força-la a falar.

Não ainda.

Estava tudo muito recente e suas feridas estavam todas abertas, sangrando.

 

_ Helbram foi procurar por ele _ Diane diz, preenchendo o silencio da cozinha. _ Eu realmente acredito que ele vai acha-lo.

Elaine continua cortando o pepino, sem sequer erguer o olhar ao falar:

_ Tomara.

Eric adentra a cozinha, sem camisa, exalando álcool e com os cabelos loiros desgrenhados. Abri a geladeira, tirando uma garrafa de uísque e voltando a fecha-la. Diane o observa sair da cozinha em silencio, depois encara Elaine, que continuava preparando o almoço sem ânimo algum.

_ Devia para-lo.

_ Já tentei.

_ Mas desse jeito ele vai ter uma overdose!

Elaine finalmente a encara.

_ Eu estou cansada, Diane. Cansada demais pra tentar fazê-lo entender que dessa forma só vai piorar as coisas. _ volta a cortar o pepino, o olhar baixo novamente _ E me odeio por isso.

 

Novamente, os dias eram cinzas e agourentos, carregados de lembranças ruins e pesadelos antigos.

_ Ei... _ Ban murmurou, largando o livro que lia sobre o criado-mudo e abaixando um pouco seu cobertor, querendo vê-la melhor. Elaine estava encolhida, o rosto escondido no travesseiro, soluçando contra a fronha lilás.

Ele não sabe como agir. Se é melhor deixa-la quieta, ou tentar reconforta-la. Naquele momento, Elaine parecia muito menor, muito mais frágil e quebradiça, e Ban teve medo de agir errado. Então só apanhou seu livro outra vez e concentrou-se na leitura, e não nos choramingos abafados que tanto lhe machucava.

Elaine sentar-se de repente, o encarando com o rosto completamente inchado e úmido, o peito movimentando-se rápido demais. Entendera mal o comportamento do homem e, por um momento, tudo que sentiu foi raiva, rancor, melancolia.

_ Você não está nem um pouco comovido com tudo isso, não é? _ indaga num tom dolorosamente acusatório.

Ban a fita longamente, pondo o livro sobre o criado-mudo outra vez com muita calma.

_ Garotinha, entendo que esteja tendo dias difíceis...

_ Difíceis? _ o corta _ Eu estou me deteriorando! 

_ Elaine...

_ E tudo o que você faz é ficar imaculadamente calmo, como se não doesse a ausência do King. Como se não doesse me ver assim.

_ Me doí, Elaine _ Ele aperta os lábios numa linha tensa _ Me dói muito. Mas do que vai adiantar se desesperar?

_ Não pareci que dói. Você só fala pra eu ficar bem, como se isso estivesse sob meu controle. E me vê chorando e não faz nada, como se não fosse da sua conta.

_ Ei...

_ E continua lendo essa porcaria de livro em vez de me abraçar e me fazer ficar bem.

O homem faz menção de envolve-la com seus braços, mas Elaine o afasta rispidamente.

_ Não! _ Ela soluça _ Não adianta mais.

_ Elaine... eu só não sei como proceder, não quer dizer que não quero ajudar _ diz completamente esganiçado, nervoso e internamente machucado pela rejeição.

_ Droga, Ban, você me fez acreditar que ele voltaria... _ choraminga, os olhos ficando marejados novamente _ Eu confiei em você, e o King não voltou! Você prometeu...

_ Garotinha _ Ele chacoalha a cabeça, torturado _ Não...

_ Eu queria ver se fosse seu irmão, seus pais, se ficaria calmo assim.

_ Elaine, pare...

_ O que foi? _ Ela trinca o maxilar, a garganta completamente embrulhada _ Onde estão seus pais, Ban? Hein? Por que nunca fala deles?

Ban faz menção de segurar sua face, mas ela afasta suas mãos rudemente.

_ Me responda! Onde estão seus pais?!

_ Mortos! _ responde subindo o tom de voz _ Mortos... satisfeita?

A loira resfolega por um minuto inteiro, o encarando fixamente.

_ Por isso você não sabe como é isso _ diz entre os lábios trêmulos _ Não sabe o que é sofrer por vê-los prostrados.

_ Eu tinha 13 anos quando eles morreram, Elaine. Não era nenhuma criança pequena.

_ E não sabe como é sofrer por um irmão _ continua, parecendo completamente transtornada e absorta em seus devaneios.

_ Eu também tinha um irmão _ conta amargurado _ Dois, na verdade. Gêmeos.

_ Mortos também? _ indaga sem muito alarde. Parecia não acreditar no que ele dizia, ou abalada ao ponto de não conseguir absorver nada do que ouvia.

_ Também. _ responde recuando um pouco. Não conseguia reconhecer Elaine naquela garota fria e sem empatia, não lembrava nenhum pouco sua garotinha adorável e que tanto amava. _ Elaine, que diabo tá acontecendo com você?

Ela pisca, apertando os olhos e arfando.

_ O que tá acontecendo? É sério que tá me perguntando isso?

Ban decidiu que o melhor a se fazer era deixa-la, ou os dois se feririam cada vez mais.

_ Vai embora? _ pergunta incrédula, o observando calçar os sapatos e levantar.

_ É melhor assim, garotinha.

_ Ban! Você vai me deixar sozinha?

Ele lhe fita por um momento antes de sair do quarto, fazendo seu coração trincar ao ver o tanto de dor que ele reprimia.

_ Boa noite, Elaine.

Ela permaneci no mesmo lugar por tempo demais, paralisada, começando a absorver tudo o que ocorreu. Volta a chorar, mas era tarde, Ban já estava na metade da rua, caminhando a passos largos até seu apartamento, onde beberia tanto quanto Eric.

Elaine deita-se na cama, apertando o livro que Ban deixara sobre seu criado-mudo, seu coração cada vez mais apertado e quebrado, se é que isso era possível depois de parti-lo tantas vezes.

_ Não vá... eu preciso de você, Ban. Eu me sinto tão só...

 

E os dias continuaram passando, eles não paravam porque Elaine estava terrivelmente ferida. Ele era impiedoso, desprovido de qualquer empatia. Se tudo estava cinzento, agora Elaine parecia ter se desligado de tudo ao seu redor, ficando inerte, cansada de nadar contra a corrente e, finalmente, afundando.

_ Céus! _ Lianne murmurou, largando o beiral da janela e disparando para fora da casa.

O inverno estava indo embora progressivamente, já não nevava tanto. Sob os pontinhos brancos e úmidos, King se aproximava junto de Helbram, ligeiramente mais magro, porém vivo.

Elaine arfou, aproximando-se da janela sem acreditar no que via, ouvindo-os através da vidraça embaçada pela fina camada de neve.

_ Eu o encontrei há alguns dias _ Helbram admitiu um pouco envergonhado no hall da casa _ Mas King pediu para ficar em minha casa por enquanto, e eu achei melhor acatar seu pedido...

E seu coração trincou um pouco mais.

Ban não aparecia nunca, e ela se perguntava se ele agora a odiava. Sempre verificava sua caixa de mensagens, mas não havia sinal de quaisquer mensagem dele.

Nenhuma ligação.

Absolutamente nada.

Com a volta do filho, Eric passou a beber apenas antes de dormir. Lianne ainda não falava com Elaine, mas já conseguia olha-la, quando achava que a garota estava distraída demais para notar.

Mas ela notava.

Fazendo duas semanas sem quaisquer noticia, Elaine resolvera ligar para ele. Se tiver numa situação crítica, me ligue, não foi o que ele disse? Então por que ele simplesmente não atendia suas ligações?

Ela deitar-se de peito para cima, encarando o teto de seu quarto. Lá fora, uma chuva fina caia, batendo na vidraça de sua janela e fazendo-a olha-la na mesma hora, de repente achando que talvez, só talvez... mas não. Ban não estava batendo em sua janela.

Ban não estava mais em lugar algum.

 

*  *  *

 

_ Devia ligar pra ela _ Meliodas murmura encarando sua caneca de cerveja. _ Elizabeth disse que ela está quebradiça demais.

Ban levanta do banco alto do bar, ajeitando a gola de seu casaco e pondo algumas moedas sobre o balcão. Suspira, evitando os olhos verdes do amigo ao responder:

_ É melhor assim. Talvez eu termine de quebra-la.

Na volta para seu apartamento, Ban fora surpreendido pela presença de Jericho, que o seguia desde que saíra de casa. No entanto, estava tão exausto que apenas ignorou-a completamente, continuando seu caminho sem fazer menção de para-la. Quando subiu a escadaria de seu prédio, tirou o chaveiro do bolso e pôs-se a procurar a chave da porta sem ânimo algum, tendo certeza que a mulher estava atrás de si.

Para a alegria de Jericho, ele não a impediu de entrar, fazendo-a acreditar que sim, tinha uma misera chance de reconquista-lo. Ela sentou-se no único sofá da pequena sala, o observando com muita atenção.

Ban retirou seu casaco e o jogou em qualquer canto da sala, se afastando sem falar nada, apenas com uma regata cinza cobrindo o peito largo. Jericho arfou. Talvez... talvez o homem tivesse deixado a porta destrancada, talvez tudo voltaria ao que era antes, antes da maldita meio metro o cegar completamente.

Mas ao virar a maçaneta, a porta não abriu.

Estava trancada, Ban não a queria ali dentro.

_ Por favor... _ Ela murmura num tom manhoso, desejando soar irresistivelmente sensual, mas Ban revirou os olhos e sentou-se em sua cama, abrindo seu caderno e relendo a última anotação.

Apesar de achar aquilo infantil e idiota, escrever sempre o ajudou a superar qualquer coisa. Sempre escreveu, desde que perdera a família. Escrever era um hábito.

_ Por favor _ repeti, ainda mais afetuosa _ Deixe-me entrar, Ban.

Ele fica em silencio, sentindo sua própria escrita sob seu dedo. Gostava da sensação, fazia parecer que seus problemas eram igualmente banais e pequenos.

_ Eu sinto muito se a despeitada te magoou _ diz, mudando de estratégia _ Sei que está sofrendo, tenho te observado há muito tempo.

Ban se esgueira até seu criado-mudo, abrindo a garrafa de cerveja que estava sobre ele com os dentes e dando uma golada generosa. Apanha sua caneta tinteiro na única gaveta do móvel, começando a escrever.

Às vezes escrevia apenas como se sentia, às vezes detalhava seu dia, e ainda tinha as vezes que tentava fazer poemas, ou alguma música. Naquele momento, ele apenas queria pôr pra fora os sentimentos que tanto lhe sufocavam.

 

Eu sinto falta dela... não há um único dia que eu não sinta. Mas depois daquele dia, daquela noite, eu vi o quanto somos letais um pro outro. Eu a machuco, ela me machuca, sei que o mais sensato a se fazer é deixa-la.

 

_ Ban...

 

Deixa-la foi a atitude mais corajosa que já tive. Tudo dói, parece que estou sem um pedaço generoso do meu coração.

 

_ Deixei-me entrar... vou fazê-lo ficar bem...

 

Mas preciso fazer o certo uma vez na vida, continua, apertando a ponta da caneta no papel com mais violência do que seria necessário, fazê-la ficar bem é minha prioridade, e acho que me afastar dela seja a solução. Pode doer por algumas semanas, mas é melhor que fazê-la sofrer por uma vida.

 

_ Lembra de como gostava quando eu te chupava? _ pergunta manhosa, arranhando a porta com suas longas unhas escarlates _ Abra, Ban, garanto que se sentirá novo em folha.

 

E ainda assim, mesmo sabendo que essa é a escolha mais sensata que fiz na vida, ela é igualmente a mais dolorosa. Eu sinto falta de vê-la sorrir, de seus olhos de caramelo, de seu nariz arrebitado e de como ela confiava em mim, se jogando em meus braços sem receio algum. Elaine é e, provavelmente, sempre será, a garota-mulher que mais amei em minha miserável existência.

 

_ Ban...

_ Cale a boca! _ vocifera no limite de sua pouca paciência.

Jericho não fala nada por longos minutos, fazendo-o inspirar profundamente e se acomodar melhor para voltar a escrever. Porém...

_ Por favor, Ban, me dê uma chance. Apenas uma chance...

_ Eu te dei uma chance _ diz entre os dentes _ E você a pisoteou.

_ Deixe-me provar que te mereço! _ Ela encosta a testa na porta, fechando os olhos enquanto pensa cautelosamente nas palavras que usaria _ Deixe-me fazê-lo ser inteiro de novo, Ban. Eu sei que errei, mas eu o amo de verdade! Eu estava numa péssima época, mas agora eu sei que é você que eu amo.

_ O que houve? Seu amante de merda te deu um pé na bunda? _ pergunta em tom de escárnio.

_ Sim... ele tem uma namorada, e disse que não dava mais pra continuar comigo.

_ Inteligente, ele.

_ Ban! _ Ela arranha a porta novamente _ Também estou machucada com tudo o que houve. Eu sinto tanta a sua falta... se ainda me ama, nem que seja só um pouquinho, por favor me deixe entrar.

O homem pensa um pouco, sorrindo de lado ao responder:

_ Sinto lhe dizer, mas eu jamais amei você. Você tem cabelo lilás, meus irmãos também tinham, só foi por isso que te quis por perto. De algum jeito, isso me fazia se sentir um pouco em casa... se é que posso dizer dessa forma. Mas você não é nenhum pouco parecida com eles, e me fez de idiota, Jericho. Eu te avisei, mas você mesmo assim preferiu me trair, em vez de ser sincera e esclarecer seus sentimentos.

_ Eu estava com medo! _ se defende rapidamente, quase atropelando as palavras _ Eu não tinha certeza de como me sentia, e não queria correr o risco de perdê-lo!

Ban dá outro gole em sua cerveja, voltando a escrever, sem se dar ao trabalho de responde-la.

 

É chato pra caralho quando você quer apenas escrever em paz e uma maldita voz aguda e de furar os tímpanos lhe impedi a todo minuto. E mesmo agora, mesmo com essa mulher incontestavelmente bonita perturbando a minha paz _ se é que posso dizer que tenho paz desde a noite que deixei Elaine _ , eu não tenho a mínima vontade de ceder aos seus desejos. Tudo o que quero é ela, tudo que penso se resume a ela. Estou começando a achar que definitivamente estou perdendo o juízo.

 

No outro dia, Ban saíra do quarto vestindo as mesmas roupas do dia anterior. Encontrou Jericho dormindo em seu sofá, fazendo seu casaco de cobertor. Suspirou, pegando seu chaveiro e o enfiando no bolso enquanto saia em silencio.

Nem bem o homem batera a porta e ela sentou-se muito rápido, coçando o olho e deixando o móvel aos tropeços. Vira a maçaneta do quarto lentamente, arfando quando a porta abriu com um "clique". Corre os olhos pelo cômodo, procurando por algo que nem ela sabia o que era ao certo. Definitivamente precisava de algo, algo que a ajudasse na árdua tarefa que era reconquistar a confiança daquele homem.

Por fim, desisti e decidi retomar o plano A: tirar as roupas e espera-lo nua em sua cama. Enquanto se despia, Jericho sorria animadamente, tendo certeza que ele não seria capaz de negar uma coisa dessas.

Então, ao se jogar na cama desforrada do homem, ela o achou, debaixo do travesseiro e sob os cobertores enrolados numa bola desorganizada.

Folheou o caderno com ansiedade, lendo todas as anotações do homem. Uma, em específico, prendeu sua atenção de tal forma que seus dedos agarravam a capa de couro marrom fortemente, trêmulos.

 

31 de junho de 2016

4 da manhã / Sábado

 

Eu não sei bem o que escrever. Estou num estado de êxtase profundo, e se eu tivesse que escolher uma palavra para definir meu dia, eu diria sem medo, feliz. Sim, hoje, inacreditavelmente, estou profundamente feliz. E a razão é Elaine.

Eu amo como ela confia em mim, como ninguém nunca antes confiou. Como me defende, como é fiel e leal. Antes, confesso que meus sentimentos eram exclusivamente relacionados a sua personalidade incrível, mas hoje, sobre tudo hoje, eu simplesmente me vi perdido em meus próprios desejos. Já vinha acontecendo há algumas semanas, mas hoje eu tive certeza que o que eu sentia era mais que curiosidade.

Eu a desejo, e desejo forte demais, e de todas as formas possíveis. Não me satisfaço em tê-la apenas em meu coração, a quero em meu corpo, de novo e de novo. Acho que nunca vou me cansar do corpo dela. Mesmo sendo pequena demais, ainda é perfeitamente moldada para o meu corpo e ela sequer pareceu se importar com a dor que eu deveria estar lhe causando.

Na verdade, ela pareceu gostar bastante.

Estou acordado, às 4 horas da manhã, bêbado e escrevendo como um pervertido tímido. Mas não me importo. Eu simplesmente amo Elaine e cada parte de seu corpo e de sua personalidade, o modo que move os lábios ao falar e como eles trazem uma sensação quase alucinógena ao movimenta-los por meu membro.

O que era curiosidade virou um vício.

Eu estou viciado em seu corpo pequeno e imperfeito, amo o quão suas imperfeições o tornam único e adorável. Eu simplesmente, sem sombra de dúvidas, a amo.

 

Jericho continuaria lendo a extensa anotação, com mais detalhes do que ocorreu na noite do dia 30, mas fora interrompida quando a companhia tocara, a sobressaltando de uma forma que o caderno caiu sobre a cama, marcando a página que ela parou.

Levantou-se, cobrindo-se com o casaco de Ban e o fechando até o pescoço, indo averiguar quem estaria ali aquela hora da manhã. Ao pôr o olho no pequeno círculo transparente, vê a loirinha apalpando as roupas nervosamente, parecendo muito ansiosa.

Jericho não acreditava que dera uma sorte daquelas.

Rapidamente desci o zíper até um pouco acima do umbigo, solta os cabelos que estavam presos no rotineiro rabo de cavalo e faz a melhor cara de exaustão que tinha para oferecer ao abrir a porta.

Elaine empalideci. Encara os seios fartos saltando para fora do casaco marrom, o casaco de Ban. Algo bem parecido com um paralelepípedo acertando uma vidraça soou dentro de si. Ela engole seco, ficando na porta dos pés para ver algo atrás da mulher, mas ela rapidamente cobre a visão com a porta, sorrindo largamente.

_ Onde está Ban? _ indaga receosa, tudo ao seu redor começando a girar. Não comia nada desde a noite do dia retrasado, agora, parecia que seu corpo queria cobrar o preço de sua irresponsabilidade.

_ Dormindo _ menti descaradamente. _ Tivemos uma noite... _ Ela suspira, sorrindo um pouco mais, se isso era possível _ Exaustiva.

_ Está mentindo... _ murmura quase sem voz.

_ Homens são assim, querida _ diz numa voz falsamente gentil.

Elaine recua, o peito movimentando-se rápido.

_ Não...

_ Além do mais _ continua, soando extremamente esnobe _ Olhe bem para mim e me responda qual homem negaria isso.

_ Ele me ama... _ sussurra correndo os olhos pelo piso do corredor, absorta em seus devaneios. _ Ban me ama, ele não faria isso...

" Eu o amo, Jericho, ela dissera ao mesmo tempo que chutava a neve que cobria a grama de fachada de sua casa, e quem ama não trai. Nunca. Mesmo se estiver confuso e com o coração machucado". Ban também era assim... não era? Ele também a amava do mesmo modo, ele não faria isso...

Ou faria?

_ Vamos, não chore _ fala com um sorrisinho de canto _ Incha os olhos e entope o nariz. Devia saber que ele fez o favor de ficar com você só pra me provocar.

Elaine recua mais, negando com a cabeça veementemente.

_ Sim, sim. Ele me contou tudo. Sobre o dia 30. É uma pena você ser tão mixuruca, se fosse mais... se fosse melhor, talvez ele se apaixonasse de verdade por você.

A garota queria fugir, correr dali o quanto antes. Não queria ouvir mais nada. Se recusava a acreditar que Ban teria falado sobre aquela noite, sobre o momento deles, e só deles. Mas suas pernas não lhe obedeciam, como se tivessem criado raízes.

Ban estava alguns degraus a baixo do topo da escada. Estava tão surpreso com a presença de Elaine e estupefato com a situação que Jericho criou, que não conseguira fazer nada além que ouvir em seu canto. Bem, até aquele presente momento. Viu-se obrigado a intervir, não podia simplesmente deixar Elaine crer naquela maluquice.

_ Mentir é feio, Jericho, acho que sua mãe se esqueceu de te ensinar isso.

Se Elaine estava tonta, agora ela com toda certeza tinha perdido qualquer resquício de equilíbrio. Mas ela não queria parecer fraca de nenhuma forma. Queria conversar seriamente com Ban, queria saber se ele a odiava, mesmo que isso quebrasse o resto do seu coração machucado.

Ela rapidamente se apoiou na parede do corredor, lutando para estabilizar a respiração entrecortada. Jericho, por outro lado, pareceu ter entrado em pânico, pois simplesmente paralisou com os olhos castanhos saltados para fora das órbitas.

_ Ban... _ Ela umedeci os lábios nervosamente _ Precisamos conversar.

O homem evita olha-la, doía vê-la depois de todas aquelas semanas torturantes sem poder toca-la, ou beija-la, ou observa-la dormir.

_ Certo _ murmura soando muito educado. Em seguida, encara a figura estarrecida de Jericho, apertando as orbes vermelhas e simplesmente a empurrando para longe da soleira da porta, onde o encarava ainda sem ação alguma.

Elaine inspirou profundamente, arriscando alguns passos sem a ajuda das paredes. Felizmente conseguira passar para dentro sem cair miseravelmente. Não queria, em ipótese alguma, que Ban sentir-se pena dela. Não queria influencia-lo em sua decisão de reatarem ou terminarem o que tinham de uma vez por todas.

Ban faz menção de segui-la, mas para de repente. Virar-se com os olhos cerrados, encarando Jericho por um breve momento em que a fez se encolher pela forma que sorriu.

_ Com licença _ diz, e antes que ela absorver-se o que ele estava planejando, sobressaltou-se com o barulho do zíper descendo violentamente _ Isso me pertenci.

Por longos minutos, Jericho ficara encarando a porta do apartamento, demorando a acreditar no que aconteceu. Mas, de fato, Ban a deixou de calcinha do lado de fora, completamente exposta e sem sequer pestanejar.

Com um piscar de olhos irado, Jericho deu um berro que, provavelmente, até o porteiro e os moradores do térreo conseguiram ouvir. Mas Ban não se importou. Sequer estava com raiva dela. A presença de Elaine preenchia cada pedaço da sua mente, e a cada minuto, ficava mais difícil não encara-la.

_ Desculpa vir sem avisar... _ murmura ao sentar muito ereta no sofá da sala.

O homem não fala nada de imediato. Sentar-se ao seu lado, igualmente ereto.

_ Por que você veio? _ pergunta esforçando-se para não soar rude, mas também nada cordial.

Elaine sorrir sem humor.

_ Bom... eu precisava falar com você _ entrelaça as mãos sobre o colo, observando seus dedos trêmulos _ Eu liguei algumas vezes... mas você não atendeu _ sua voz sai mais magoada do que gostaria, e ela rapidamente fingi uma leve tossi e acrescenta: _ Temos que falar sobre isso, Ban. Não podemos simplesmente fingirmos que tudo o que vivemos nunca aconteceu.

Ele assenti, encarando uma mancha em seu tapete puído.

_ Tudo bem. Sobre o que quer falar?

_ Primeiramente _ Ela inspira profundamente, controlando as lágrimas que ameaçavam vir _ Desculpe por tudo o que falei. Sei que fui muito injusta e te machuquei muito aquela noite. Eu poderia dizer que estava transtornada e assustada, mas só foi meu lado ruim e sujo falando alto demais. Desculpe por tudo o que eu disse...

Ban levantar-se rapidamente, fazendo-a erguer o olhar por reflexo. Parecia extremamente irrequieto e, mesmo que insistisse em manter-se sob controle, Elaine também conseguia ver o quanto estava sofrendo com aquilo, tanto quanto ela.

_ Eu sei que muitas vezes eu pareço insensível ou desleixado, mas é apenas o meu mecanismo de defesa, Elaine, eu aprendi a agir assim pra suportar o vazio que é minha vida. O vazio que é não ter família. E por favor não diga "eu sinto muito", porque sinceramente nem dói tanto assim agora. Eu só... eu só percebi que não damos certo juntos.

Ela engole seco.

_ Você me odeia? _ pergunta sem conseguir se conter.

Ban suspira.

_ Elaine, a questão não é essa...

Num movimento brusco e impensado, ela levantar-se apenas para cair completamente tonta. Choraminga, odiando-se por ser tão fraca e débil daquela forma.

_ Desculpe ter desconfiado de você _ diz entre soluços _ Desculpe por todas aquelas coisas que eu disse. Eu sei que não mereço, mas... _ Ela encara os sapatos do homem, recusando-se a encara-lo _ Eu não lembro como era viver sem você. Acho que desaprendi. E é tão angustiante me manter longe, esperando um sinal, uma mensagem, qualquer coisa... e então, novamente, eu vou dormir frustrada e me odiando por ser tão idiota... _ espalma as mãos no tapete, ficando quieta por longos minutos. Esperando pela resposta, mas ela não vem. Não de imediato.

Ela demora a perceber a mão estendida sobre si. Ergui o olhar, finalmente a percebendo, encarando Ban para ter certeza do que aquilo significava. Poderia estar apenas querendo levanta-la para em seguida a pôr pra fora, como fizera com Jericho. Mas quando Elaine deixa o tapete cinzento com sua ajuda, ele não faz menção de a pôr pra fora.

_ Também senti sua falta... _ murmura escorando o queixo no topo de sua cabeça, deixando que ela se abrigasse entre seus braços um tanto desesperada demais. A afasta um pouco, segurando sua face miúda e observando-a longamente.

Estava com bastante olheira, mais pálida, mais magra também. As maçãs do rosto um pouco saltadas e os cabelos presos de qualquer jeito, como se ela estivesse deitada e simplesmente achado de vir até ali de repente, arrumando-se às pressas.

Ban abaixar-se lentamente, mas ela põe as mãos sobre seu peito, o parando. Lhe encara por alguns segundos inquietantes, fazendo-o se perguntar o que tanto a afligia aquele momento.

_ Só me responda se o que ela disse é verdade _ pedi cuidadosamente _ Sobre ter falado da noite do meu aniversário.

_ Elaine, ela me seguiu! _ diz esganiçado, de repente desesperado para fazê-la acreditar na verdade _ Eu sei, eu não devia ter deixado ela entrar, mas ela insistiria até que eu perdesse a paciência, e eu estava tão... exausto... eu só queria beber e dormir um pouco. E quando acordei, ela tava deitada aí _ gesticula pro sofá _ E eu juro que não sei como ela sabe sobre nossa noite, eu...

Ele é subitamente interrompido pelos lábios afoitos, esquecendo-se o que dizia e erguendo o pequeno corpo do chão sem dificuldade alguma. Era tão acostumado a fazer isso, sentira tanta falta daquele hábito. E ele respirava tão perto dela, sentindo seu cheiro doce e apertando suas costelas mais fortemente, como se não importasse o quanto ela estivesse grudada ao seu corpo, ainda não era suficientemente perto.

Elaine não o impedira de se livrar de suas roupas, ou a pôr sobre o sofá e acomodar-se entre suas pernas. O queria tanto, sentiu tanto sua falta. Era como se o buraco em seu peito nunca tivesse existido. Naquele momento, seu coração estava perfeito _ não curado, mas como se nunca tivesse havido ferido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


E aí? O que acharam? Podem ser sinceros com a Tia aqui, quero ouvir suas sugestões, críticas ou quaisquer coisas que queiram comentar!!! ♡


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