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História Same Mistake - Capítulo 05


Escrita por: Nataly-S

Notas do Autor


Oi, boa leitura! ;)

Capítulo 5 - Capítulo 05


Agora você está linda em um bar de hotel e

E eu não consigo parar

Não, eu não consigo parar

¨¨

 

Estávamos enfrentando o final do semestre, durante esses três meses que se passara eu não encontrei com Sasuke, ganhei uma bolsa de estudos e, praticamente fico mais na biblioteca e laboratório do que em casa. Quando estou em casa, ou melhor, no quarto, Ino vive comentando sobre suas saídas com Kiba. Ela realmente conseguiu, mas não estão, de fato, namorando. É como a própria Ino diz: “estamos nos conhecendo melhor”.  Vez ou outra ela conta sobre o grupinho deles que, inclui Sasuke.

Li uma vez em algum blog que, tem pessoas que nós não esquecemos tão facilmente, ás vezes quando achamos que tudo passou, lá está ela de volta rodeando nossos pensamentos. Acabei me conformando que, Sasuke é uma dessas pessoas. Afinal, para mim, o que tivemos foi algo muito marcante. Ele sempre estará guardado em uma caixinha perdida no meu inconsciente, para de vez em quando, atormentar-me. Sasuke destruiu todas as partes boas que existiu em mim um dia, é um fato que, não vou esquecer jamais.

Como sempre, sexta-feira a noite na biblioteca é um vazio, mas o que se torna ótimo para a concentração. Faltam dez minutos para as nove horas e resolvo dar um basta nas análises dos gráficos dos resultados da bactéria da pesquisa. Ao sair da biblioteca, resolvo passar no prédio das coordenações dos cursos para mostrar á minha orientadora de pesquisa o desenvolvimento do trabalho, já que Tsunade vai embora tarde.

Porém, chegando lá, ela não está. Tudo bem, o prédio possui elevador e se não fosse por esse motivo eu estaria chorando de tanto cansaço e tempo perdido. Entro no elevador e aperto o botão do térreo, encosto-me ao espelho no fundo. O elevador para no terceiro andar, abre as portas e Sasuke entra sem tirar os olhos da tela do celular.

Seria hipocrisia minha não dizer que meu coração disparou, talvez por tanto tempo sem vê-lo, ou por estarmos tão próximos e sozinhos. Não sei explicar, mas o importante foi que, ele não me notou. Ficou de costas para mim e, assim que apertou o botão do térreo, reparou que este já estava marcado. Tirou os fones de ouvido e guardou o celular no bolso da calça jeans, olhou por cima do ombro direito e, voilá!  

Ele se surpreendeu um pouquinho, tentei continuar mantendo a minha expressão séria enquanto virou-se ficando a minha frente. Sorriu ladino e guardou os fones de ouvido no mesmo bolso que se encontra o celular.

— Quanto tempo que não a vejo!

E lá estou eu: descendo os olhos para a maldita da sua mão direita caçando o maldito anel de compromisso. E uma vaga lembrança do passado chicoteia-me de repente com a voz de Sasuke falando-me que, alianças de compromisso é um saco. Naquela época eu gostaria de ter uma e lhe fiz a pergunta do porquê de não usarmos. E agora está aqui, usando uma e eu com uma extrema vontade de sumir por ficar me martirizando toda vez que o encontro. Entre comparar o passado com o presente.

O elevador chegou ao nosso destino, preparo-me para sair, mas Sasuke fecha a porta da caixa metálica nos trancando lá dentro novamente. Cruzei os braços e me preparei para brigar.

— Precisamos conversar. — disse olhando nos meus olhos. A velha sensação de borboletas voando no estômago me pegou desprevenida. E, só agora eu senti o aroma do seu perfume, cheiro másculo, talvez fosse âmbar. O que só piorava a situação.

Os segundos de fúria anterior sumiram do meu corpo como um sopro, eu me peguei observando a camisa de linho azul marinho que está vestido, como se fosse feita sob medida para o seu corpo. Percebi que, Sasuke andou ganhando massa muscular, ou está frequentando academia, não arduamente, mas de vez em quando. E o pior é que, ele ficou muito bonito em roupas mais formais, talvez tenha apresentado algum trabalho importante.

Sasuke, notando meu silêncio, interpretou que eu estivesse tentando ignorá-lo e, através disso, apertou o botão que trava o elevador. Ficamos presos entre o 3º e o 4º andar. Juro que eu gostaria que fosse ignorância minha, mas não sei o que está me dando para ficar tão calada e apenas deixar meus olhos vasculhando os deles. A escuridão dos seus olhos trás calafrios, jogando-me de volta naquela gigantesca onda sufocante que passei.

— Não temos nada a conversar. — minha voz não saiu tão firme como eu gostaria, mas me senti aliviada por conseguir dizer algo.

Sasuke, por sua vez, piscou os olhos com calma e soltou a respiração pela boca. Encostou-se na porta metálica do elevador, cruzou os braços e percorreu seus olhos felinos pelo meu rosto.

— Tens razão... Não temos o que falar. — apertou o botão destravando o elevador que, deu um solavanco e começou a subir novamente.

Isso me irritou. Eu sei que estou parecendo uma maluca, uma bipolar, alguém que não sabe realmente o que quer. Mas, porque ele faz isso? Porque tem que me atormentar? É como se estivesse cutucando minhas cicatrizes em puro prazer.

— Porque não seguiu o que combinamos? Esqueceu que eu não quero papo contigo? É chato repetir as coisas, mas eu vou fazer esse favor para você, pois acho que ainda não entendeu, f-

— Já entendi Sakura. — cortou-me, a voz saíra mais séria que o normal.

A porta do elevador abriu, dei um passo e o empurrei para lado como se fosse um saco de lixo fedorento. Saí do elevador com passos firmes, meus calcanhares até doíam conforme cada passo. Sasuke ficara para trás, mas minha raiva não. Antes de sair do prédio, meu pulso direito é puxado.

— O que você está fazendo!? Que merda, me larga! — tentei me soltar da sua mão grande.

— Escuta, eu entendi o que você quer. Mas, em nenhum momento eu disse que concordo com essas baboseiras! — seus olhos estavam tão estreitos como os meus. — Será que podemos conversar como duas pessoas adultas?

Eu ri, e ri muito! Agora ele quer conversar... Faça-me favor! Quando terminou comigo a última coisa que fez foi querer conversar como uma pessoa adulta. É, foda-se, posso estar reagindo como uma megera presa no passado, mas sinceramente, eu não ligo. O semblante dele tornou-se mais sério, Sasuke odeia que deem risada de si.

— Patético. É só isso que tenho para te falar. — puxei meu pulso da sua mão, mas ele foi mais rápido e conseguiu pegá-lo de novo.

— Merda! Para de ser tão infantil!

— Infantil?? Você... — ri novamente. Mas dessa vez, forçado. — Eu não suporto nem ao menos te olhar, quanto mais conversar contigo. Me solta agora!

— Escuta o que eu tenho para te falar, caralho!! — apertou com mais força meu pulso. — Vamos almoçar ou jantar um dia para conversarmos, ou podemos conversar agora neste exato momento.

E, novamente, eu gargalhei. Almoçar? Jantar? Sasuke está tornando-se comediante e eu ainda não estou sabendo?

— Acho que você está tendo problemas com a audição. Não escutou o que eu acabei de dizer?

Sasuke cerrou os dentes.

— Olha, ou você me solta ou eu faço o maior escândalo! Posso até mesmo te denunciar na polícia por assédio, esqueceu que esse prédio possui várias câmeras? — tentei puxar meu pulso, mas ele não deixou.

— Você pode até mesmo ligar para o presidente, mas que tu vai me escutar, vai! — respirou fundo rapidamente antes abrir a boca novamente. — Minha mãe voltou para Konoha. — rolei os olhos, pois aquilo não me interessa nem um pouco e antes que eu fosse repreendê-lo, Sasuke continuou. — Ela encontrou com a sua no supermercado, e Mebuki deixou palavras soltas no ar a meu respeito. Disse que, eu lhe causei muito sofrimento e perdas traumáticas. Gostaria que, numa boa, você me contasse ou, sei lá, me faz entender o que ela quis dizer.

Meu coração disparou. Merda! Porque minha mãe foi abrir a boca?? Não sei se sinto mais raiva por ela ter se metido nisso, ou por estar totalmente em choque por Sasuke exigir uma explicação das consequências que ele mesmo causou. Porque essa pseudo preocupação depois de tanto tempo?

Que imbecil! “entender o que houve”. Tsc! Sasuke é mais cínico do que imaginei. Me traiu com a minha melhor amiga na época, depois com outra garota por mais tempo ainda, e ainda quer saber o que aconteceu? Maldito!

— Minha mãe ficou neurótica, e foi atrás de informações já que a sua jogou uma bomba dessas e depois não quis dirigir mais nenhuma palavra sobre. Ela soube que, você frequentou uma psicóloga.

Eu grunhi. Sim, de tanta raiva!

É mais que óbvio que, depois que perdi o bebê o médico que ficou responsável pelo meu caso, recomendou que eu frequentasse um psicólogo. No começo eu até relutei em ir, fiquei uma semana trancada no quarto. Depois, resolvi aceitar a ideia de que aquilo me ajudaria, porque, não estava sendo fácil sozinha. E, de fato, as consultas com a psicóloga foram o que ajudaram a reerguer das cinzas aos poucos. Perder meu filho é o que mais dói nisso tudo.

— Sakura, — me chamou, despertando-me do meu inconsciente. — Você tentou se matar?

A raiva evaporou no momento em que acertei-lhe um belo e forte tapa em seu rosto. Sasuke acabou largando meu pulso e me encarava com um misto de ódio e surpresa.

— Diga para a sua mãe ficar quieta cuidando da vida dela, e isso vale o mesmo para você. — dei-lhe as costas e arrumei a mochila sobre os ombros, mas antes de dar um passo a frente, tornei a ficar de frente para ele. — Eu preferia que estivesse morto, Sasuke. Enterrado á sete palmos na terra, que seu corpo estivesse na decomposição, tão podre quanto sua mísera alma. — por incrível que pareça me senti muito bem após falar tudo isso, quase sorri. Mas, ao contrário de mim, Sasuke continuou na sua fachada fria.

— Ainda sou humano, Sakura. E, infelizmente, cometo erros das quais posso me arrepender. — a voz saíra mais grossa que o normal e seus olhos ainda transmitiam faíscas de raiva.

Girei meus calcanhares e o deixei para trás, minha mão direita ardia pelo tapa, torço para que esteja lhe causando alguma dor.  É tão desumano assim, desejar o mal para o outro? É tão pecado assim?  Pois, eu realmente torço para que Sasuke sofra. Sofra muito! Quero vê-lo na foça, pedindo por perdão e ajuda para chegar a minha vez de lhe ver tão acabado quanto eu fiquei.

Realmente, eu preferia que ele estivesse morto. 

...

 

As férias chegaram, e eu não via a hora de dormir na minha cama em meu quarto na casa dos meus pais. Ainda falta mais quatro horas para chegar a Konoha, apesar do cansaço, me sinto com dever cumprido por passar para o próximo semestre. Duas semanas de descanso para recuperar todas as minhas energias e sono acumulado.

Chegando a Konoha, meus pais vieram me buscar na rodoviária. Fazia tempo que eu não recebia um abraço caloroso da minha mãe, isto é uma das coisas que faz falta durante o dia-a-dia. E nada como deitar na minha adorável cama, sentindo a brisa do vento entrar pela janela do quarto trazendo-me a velha sensação de segurança, e de lar doce lar. Uma das vantagens do interior, dormir com a janela aberta sem ter medo de assalto relâmpago no meio da madrugada.

No dia seguinte, recebi uma foto da Ino com o Kiba. Sinceramente, tive que rir da persistência dela naquela relação. Ino resolveu dividir as férias, uma semana passará com Kiba na casa da praia da família dele, na outra visitará os pais.  Tirou uma selfie com o mar de plano de fundo, mas no canto direito da foto encontrava-se Kiba só de sunga preta. Kiba estava um pouco distante de si, o que deu para mostrá-lo por inteiro. E a retardada ainda manda uma mensagem logo em seguida: “Chora nesse tanquinho perfeito!”.

A primeira semana das férias já havia se passado e eu não saí um dia sequer de casa. Nem para ir ao mercado com meu pai, ou até mesmo no jardim. Apenas ajudei nas tarefas domésticas e descansei, dormi muito mesmo. Hoje o clima está agradável, não tão quente, nem tão frio. Bateu uma saudade de andar pela cidade de tardezinha, e foi o que fiz! Vesti uma roupa confortável, um short jeans com uma camisa de algodão azul marinho de mangas curtas; calcei o tênis e, saí de casa levando o celular.

Andei sem rumo, passei por algumas lojas, comprei um soverte de casquinha, encontrei com antigos colegas, entrei na lojinha que vendem artesanatos, subi o morro para avistar Konoha lá de cima e, por fim, estou no campo que dá acesso á entrada da floresta. Ainda são sete horas da noite, o sol está começando a se pôr, e eu deitei no gramado admirando aquela beleza dos raios alaranjados e roxos que formavam no céu.

Há algumas crianças brincando um pouco distante da onde estou, mas o barulho de suas gargalhadas misturadas aos cantos dos pássaros, quase se tornou uma ótima melodia de ninar aos meus ouvidos. Ao longe, vejo Sasuke passeando de mãos dadas com Karin na calçada, resolvem descer para o campo. A ruiva da risada de algo que ele fala, mas Sasuke tornou-se sério e gesticulou os lábios rapidamente, o sorriso de Karin murchou.

Levanto-me antes que ambos notem a minha presença, pois só há eu e a criançada aqui além deles. O maldito consegue estragar até mesmo o dia de paz que estava sendo para mim. Assim que a minha distância tornou-se segura, arrisco olhar para trás, e vejo que os dois estão discutindo, Karin lhe dá um tapa no rosto e resolve deixá-lo sozinho. Sorri de lado, merecido. Sasuke não mudou, continua sendo a mesma podridão de sempre. Talvez, seja este o lugar que ele adora contar suas merdas para as namoradas. Continuei meu caminho para casa.

...

 

A primeira semana de aulas começou com três trabalhos a se fazer, sem falar da pesquisa da minha bolsa de estudos. Eu só me encontrei com Ino á noite quando estava em casa, pois vivia para cima e para baixo com Kiba. Nem nos intervalos ela não o largava. Tive o nosso quarto inteirinho só pra mim durante o final de semana inteiro, já que Ino foi á uma festa que Kiba deu na casa de praia, convidando só os amigos íntimos.

Enquanto eu formatava a metodologia do trabalho de saúde e coletiva II, Ino chegou esbaforida ao quarto. Minha tranquilidade do finalzinho do domingo havia ido embora pelo ralo, mas sorte minha que, metade do trabalho está garantido. Ino começou a contar desde que saiu da cidade sexta á noite até o seu retorno, pelo que eu entendi, a festa não foi lá àquelas coisas.

— Naruto inventou de levar aquela mulherzinha irritante, a Hinata. Que criatura chata, sério! Ela reclamava demais sobre ter a pele sensível ao sol e que, deveria retornar ao seu dermatologista. Argh! Sem falar que Sasuke também levou a Karin, essa consegue ser pior que a outra! Aquela ruiva de farmácia reclamava porque seu pai não queria lhe dar o novo iPhone. — rolou os olhos. — Sabe, não suporto gente metida! — retirou o celular da bolsa, procurou algo e me entregou. — Olha o biquíni da retardada da Karin, não concorda que parece uma fralda??

Ué, pensei que Karin e Sasuke haviam terminado naquele dia que os vi no campo em Konoha. Mero engano. Olhei para a tela do celular onde continha uma foto de todos eles, da direita para esquerda vinha Neji, Gaara, Ino, Kiba, Naruto, Hinata, Sasuke, Karin e Shikamaru. Dei zoom na foto para reparar melhor no biquíni da ruiva, mas sem querer, ao aumentar a foto, foi direto para o rosto de Sasuke. Ele estava feliz, sorrindo, pelo menos. Meus dedos deslizaram pela tela do celular e a foto desceu revelando seu torso desnudo.

Juro que, senti meu coração parar de bater por rápidos segundos. Minhas mãos tremeram involuntariamente. Não é possível! Aumentei o zoom, mas pela distância que foi tirada a foto, o foco naquela região do seu peito já não ficou tão nítida. Sasuke ainda possui a tatuagem. Tenho quase certeza que é ela, não é algo que eu possa esquecer tão facilmente.

— O que foi Sakura? Você está mais branca que o normal.

Por quê?

Meu estômago doeu. Uma fúria descontrolada me tomou, devolvi o celular á Ino, e deitei-me na cama. Se eu me levantar, possivelmente vou cair. Que ódio! Porque sempre tem alguma coisa que me faz deslizar, cair, sentar, por ele! Porque ele sempre vai ter esse poder comigo??

Porque não fez sessão para remover aquela droga de tatuagem?

Que merda, Sasuke!

— Sakura, você está me assustando...

Fechei os olhos e respirei fundo tentando me acalmar. Contei até vinte e cinco e abri os olhos novamente, sentei na cama. Eu não quero fugir dessa vez.

— Sabe aonde Sasuke mora? — a encarei, Ino franziu o cenho.

— Sei... O que você está pensando em fazer? — perguntou desconfiada.

— Primeiro me passa o endereço, quando eu voltar de lá, lhe explicarei o que realmente aconteceu entre nós. — a surpresa foi notável em seus olhos.

— Eu sabia que não era só aquele papinho de que ele estudou no seu colégio e blá blá blá.

Ignorei, logo ela me passou o endereço e advertiu-me que, eu poderia encontrar Karin. Sasuke divide apartamento com Naruto, ou seja, além de Karin, Hinata também poderá estar por lá. Para falar a verdade, não estou me importando com quem eu possa encontrar, pode ser até o presidente ou papa, mas a minha determinação de pedir por explicações não será nem um pouco derrubada por outrem.

Na verdade, nem me importei de gastar vinte e sete pratas pelo táxi e nem mesmo de encontrar Shikamaru saindo do elevador quando eu fui entrar. Eles moram próximo ao centro da cidade, fica pouco distante do bairro universitário. A arquitetura do prédio é melhor que o nosso e, a minha sorte – ou azar – foi que, o porteiro me confundiu com a própria Karin. Tsc!

Quinto andar, apartamento 605, toco a campainha. Um nervoso começa a me fazer pensar demais, quase desisti, sério! Quando pensei em cair fora e largar um foda-se para Sasuke e toda a sua merda, Naruto abre a porta revelando seu torso desnudo e o belo físico bronzeado. Pigarreei desviando meus olhos rapidamente do seu corpo e concentrando-me nos seus olhos azuis. Realmente, ele é muito bonito. De verdade, muito bonito mesmo.

— Acho que já te vi em algum lugar... — disse pensativo com uma das mãos no queixo.

— O Sasuke está aí?

Que Deus me ajude.

— Entre. — disse ao sair do meio da entrada dando-me espaço.

Um pouco sem graça, adentrei no apartamento e, logo, um cheiro de poeira com pizza de calabresa saudou-me. Cocei o nariz disfarçadamente e reparei rapidamente no ambiente interno. Basicamente, parece com o nosso apartamento, a única coisa diferente é por ser mais amplo e também por ter móveis mais sofisticados. Por exemplo, a sala de estar e jantar deles contém dois sofás de três e dois lugares, TV de plasma de quarenta polegadas, mesinha central de vidro. A mesa de jantar é composta por oito lugares, feita em madeira maciça e cadeiras estofadas. A cozinha por ser integrada a sala de jantar, apenas separada por um balcão em mármore.

— Ele está no quarto, talvez tomando banho. — deu de ombros. — É a segunda porta á direta. — disse apontando para o corredor.

Talvez seja comum para Naruto receber visitas femininas á procura de Sasuke. Sasuke é um verdadeiro canalha.

— Obrigada.

Mesmo por estar morrendo de vergonha por causa de Naruto, eu segui em frente. Agora é muito tarde para querer voltar atrás. Parei em frente á porta e dei três batidas, levou alguns segundos até ela ser aberta.

— Sakura? O que faz aqui? — é óbvio em dizer que ele ficou surpreso a me ver ali. Abriu um pouco mais a porta e, só agora percebi que está apenas com uma toalha enrolada na cintura. Meus olhos caíram na tatuagem, e lá está ela intacta com as iniciais do meu nome e aquela maldita frase. Que vontade de vomitar.

— Porque você ainda tem isso, Sasuke? — apontei para a tatuagem em seu peito.

Sasuke suspirou, pôs a cabeça para fora do quarto procurando por Naruto – provavelmente – e me puxou para dentro do quarto. Fechou a porta e encostou-se a ela. O quarto possui o básico: uma cama de casal, um roupeiro, criado mudo e uma escrivaninha onde um notebook jazia ali. Reparei também que é uma suíte. Girei os calcanhares para ficarmos frente a frente.

— Por quê? — tornei a perguntar cruzando os braços.

Sasuke respirou fundo enquanto mantive-me com os olhos grudados no seu rosto, está sendo difícil respirar ali, o cheiro do sabonete de ervas emana de sua pele. Os fios negros do cabelo grudam na testa, sem falar da imensa vontade de descer os olhos pelo seu corpo... Que merda!

— Por que eu quis! — respondeu meio atônito, meio rabugento.

— Merda, Sasuke! Dá-me algo concreto, não uma resposta evasiva.

— Porque você quer saber disso?

— Por que... — minha voz falhou e ele cruzou os braços. Estou prestes a entrar num caminho perigoso, mas eu procurei por isso vindo até aqui. Terei que aguentar.

— Porque Sakura?

É, porque Sakura?? O corpo é dele, e ele faz o que quiser! Porque todo esse meu desespero? Não é como se ele fosse falar que a deixou porque ainda gosta de mim, ou coisa parecida. Se arrependimento matasse, eu morreria agora mesmo.

— Porque não faz sentido! Porque ainda carrega as iniciais do meu nome gravada na sua pele depois de tudo o que houve entre nós? Depois de tudo o que você teve coragem de fazer! — neste momento, a minha respiração já se tornara ofegante.

— Isso não quer dizer nada! — rebateu com um tom de voz mais alto. — Não devo explicações sobre a porra de uma tatuagem!

Realmente... Não quer dizer nada.

— A porra de uma tatuagem que carrega as iniciais do meu nome com uma frase sem sentido!

— Veio até aqui para obrigar-me ou convencer-me a removê-la?

— Não, eu vim em buscas de respostas!

— Beleza, Sakura. — novamente, respirou fundo. — Ela ainda continua aqui, ­— apontou para o peito — Porque, sinceramente, me faz lembrar das bobagens que cometi no passado. Eu poderia sim, ter removido como você, certamente, deve ter feito com a sua. Mas, não somos iguais, foi a minha primeira tatuagem e eu gosto dela. Se isso te atormenta tanto, siga seus próprios conselhos, finja que não existo. Ou melhor, como você disse no nosso último encontro, pense que estou morto!

Levantei o braço e antes que minha mão direita lhe acertasse o rosto, ele segurou meu pulso. Nossas respirações estão altas demais, o único sentimento recíproco é a raiva neste momento. Um dia de guerra, outro de paz, outro de guerra e mais um de guerra. É isso que nos descreve, basicamente.

— Você não tem o direito de vir aqui e exigir coisas que não estão ao seu alcance, Sakura. — disse entre dentes. — Isso não quer dizer nada!

Por um lado ele tem razão, com qual direito eu tenho de vir até a casa dele exigindo algo que, não faz mais sentido. Algo que já passou. Sinceramente, estou fazendo papel de ridícula, pior ainda, mostrei abertamente que, ainda me importo com certas coisas. Eu sou muito burra. Por outro lado, mesmo que isso me deixa furiosa em admitir, “não quer dizer nada” me incomodou. Existe alguém mais estúpida que eu??

— Não suporto imaginar que ainda carrega isso, não tem coisa mais repugnante ao ter meu nome estampado em alguém tão imundo quanto você. — rebati.

O único sentimento recíproco neste momento é a raiva, Sasuke não merece sair ileso como sempre. Puxei meu pulso da sua mão, mas ele tornou a segurá-lo. Sasuke puxou meu pulso em sua direção, meu corpo saltou para frente, ficamos á poucos centímetros de distância. Estamos tão próximos que, a sua respiração chega á resfolegar na ponta do meu nariz. Inclinou-se ficando mais próximo ainda do meu rosto e sussurrou ao meu ouvido:

— Faz ideia do que estou tentando suportar neste momento?

Não movi um músculo sequer, estou perdida ao pensar do por que ele está falando desse jeito, ou porque está fazendo isso. Tornou a ficar com o rosto frente ao meu e, puxou novamente meu pulso e nossos corpos chocaram-se. Pude sentir o calor da sua pele desnuda, o aroma de ervas ficou mais forte pela aproximação, minhas pernas estremecerem. Sasuke soltou meu pulso e, rapidamente levou a mesma mão á minha nuca, a outra circulou minha cintura e apertou-me contra seu corpo quente.

Minha respiração ficou tão descompassada que, parece que estou enfrentando o abatedouro. Inclinou o rosto e nossos lábios roçaram um ao outro, senti como se uma descarga elétrica estivesse percorrendo meu corpo nesse momento. Sasuke beijou-me. Ainda estou choque, meu corpo está paralisado por tudo acontecer rapidamente e fora do meu controle. Não correspondi, mas ele não desistiu e pressionou os lábios aos meus, até que, aos poucos, foi como se meu cérebro voltasse a funcionar e mandar os comandos para o resto do corpo, eu consegui me mover. Debati-me entre ele, e como um predador, consegui livrar-me das jaulas dos seus braços. Senti meu peito subir e descer rapidamente devido a respiração.

Sasuke manteve sua face neutra, ou melhor, fria. A raiva foi tanta que, parti pra cima dele a base de tapas e chutes ao mesmo tempo. Ora tentou me segurar, outrora desviar dos socos e pontapés que eu comecei a deferir.

— Seu merda, não tente encostar-se a mim novamente! — estou totalmente sem fôlego e prestes a perder o coração por pular feito louco no peito.

A repulsa tomou conta do meu corpo, me senti os piores dos lixos por deixar isso acontecer. Sasuke possui bons reflexos, mas sorte a minha que, seus cabelos caíram nos olhos e eu consegui acertar-lhe um soco no canto dos lábios. A pele cortou e o sangue escorreu pelo queixo, enquanto a adrenalina queimava em minha pele. A cor escarlate do sangue dele deixou-me um pouco assustada, pois nunca na minha vida machuquei alguém. Mas, o susto passou assim que, o vi me encarando surpreso. Os olhos negros estão com as pupilas dilatadas e a respiração tão sôfrega quanto a minha.

— Nunca. — respirei fundo. — Nunca mais encoste em mim. — passei à costa da mão não que lhe acertei o soco sobre meus lábios, na tentativa de limpar os rastros que ele deixou por ali. — Você me enoja, Sasuke.

Sasuke manteve-se frio apenas observando, não moveu um músculo sequer. O sangue ainda escorria por seu queixo, chegou a pingar caindo sobre o peito desnudo. Passei as mãos por cimas da minha camisa tentando inutilmente arrumá-la antes de sair do quarto. Abri a porta e saí dali, foi como se eu tivesse segurado a respiração por todo aquele tempo, ali fora consegui respirar com calma. Passei feito um furacão por Naruto, também não sei qual foi à forma que me olhou, e rapidamente, saio daquele lugar. Com o coração na boca, resolvo descer pelas escadas, estou com tanta pressa de sair desse prédio que, não tenho nem paciência para esperar o elevador.

Ao chegar à rua, encosto-me a vitrine de uma loja na esquina do quarteirão, recupero meu fôlego e consigo um táxi. No caminho até em casa, noto que minha mão direita está manchada com o sangue de Sasuke. Em casa, dou graças á Deus por Ino estar dormindo e não ter que lhe contar o que eu prometi.

...

 

Estávamos ao caminho da lanchonete barata do campus da UES comprar um copo de café, a minha noite de sono não foi das melhores. Ou melhor, as poucas horas que consegui dormir, na verdade. Ino não estava tão animada, mas por um milagre dos céus, ela ainda não se recorda da nossa última conversa. Shino está conosco, durante o caminho conversamos sobre o trabalho de saúde e coletiva II.

Ino ficou calada a maior parte do tempo até Shino nos deixar sozinha e ir se encontrar com Chouji. Meu café já havia acabado, assim que voltei com meu segundo copo de café, Ino cruzou os braços abaixo dos seios e me fitou.

— Ainda não me esqueci do que me falou outra noite.

Suspirei. Sabia que estava sendo bom demais para ser verdade. Não me sinto a vontade em falar disso em voz alta, na verdade, ela será a primeira pessoa – fora meus pais e a psicóloga – a saber. Não será uma coisa fácil a se fazer. Talvez, pelas expressões do meu rosto ela percebeu a luta que estou travando comigo mesma.

— Eu prometo que, nunca vou contar para alguém. Posso ser maluca, mas você é minha amiga e, eu não sou de quebrar promessas. — sorriu de leve. — Tenho quase certeza que esse cara deve ter feito algo muito ruim contigo, e também tenho quase certeza que, não vou gostar do que ele fez e, mesmo assim, vou fingir que não sei de nada quando estiver perto dele. Não vou traí-la, Sakura. Eu juro, pode confiar em mim.

Meus olhos lacrimejaram, estou tão sensível ultimamente que, não sei como ainda estou conseguindo segurar a louca vontade de chorar. Controlei-me, pigarreei e respirei fundo. As palavras de Ino me passaram confiança, uma confiança que há tempos eu não sentia. Então, eu contei resumidamente o que houve entre nós. Ino não me interrompeu, escutou tudo com atenção.

— Vocês... — procurou as palavras certas, ou pensar bem no que iria falar. — Jesus...  Nunca ouvi algo tão romântico e desastroso ao mesmo tempo. Até tatuagem rolou! Você era tão novinha e passou por maus bocados de uma só vez. Eu ainda não sei o que dizer Sakura... Sinto muito pelo bebê. — esticou o braço esquerdo sobre a mesa e apertou minha mão com a sua. — Sou péssima para consolar alguém... — suspirou. — Eu já não vou muito com a cara do Sasuke, depois dessa, ele perdeu totalmente meu respeito.

Como estou de frente área de entrada da lanchonete, avistei Karin vindo em nossa direção. Ino puxou sua mão de cima da minha e estava prestes a falar algo, mas Karin parou ao lado da mesa.

— Oi Ino querida! — Karin me encarou e sorriu. — Olá, sou Karin! Adorei a cor do seu cabelo!

— Sakura. — sorri totalmente sem graça, é estranho falar com ela. Os olhos dela tornaram a cair para o rosto de Ino.

— Oi Karin... — Ino forçou um sorriso. — O que houve?

— Nadinha, apenas passei para convidá-las, — olhou para mim e logo voltou a encarar Ino — Sábado á tarde vou dar uma festa na minha casa, já que meus pais vão viajar. Levem biquíni, a piscina vai estar cheia! — piscou um dos olhos. — Não se preocupem, vai ser à tarde só das garotas!

Ino aumentou o sorriso forçado e eu sorri fracamente, deve ter saído uma careta. Karin tão logo chegou como foi.

— Eu disse que ela é retarda, não viu? — rolou os olhos. — Essa criatura consegue piorar o dia de qualquer um.

— Eu não vou. — Ino deu de ombros.

— Entendo. Karin não faz ideia que vocês tiveram algo no passado, mesmo se souber não fará nada.  — pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha direta. — Kiba me disse que Karin vive pulando a cerca, e ainda mais, Sasuke sabe. Ou melhor, eles são aquele tipo de casal liberal, sabe? Do tipo, pode me trair, mas no fim, você ficará comigo.

— Que seja. — dei de ombros. Dois canalhas se merecem.

— Enfim, eu quero ir. Quero comer, beber e rir da cara dessas bobinhas, Vamos? Assim, você aproveita para pegar um bronzeado nessa pele transparente. 

— Se você não gosta dela, porque fingi gostar? Ou aceita passar uma tarde com ela? — não faz sentido para a minha cabeça.

— Bom, infelizmente, ela participa do grupinho que eu estou começando a frequentar. Como diz aquele ditado, mantenha os amigos e inimigos perto, certo?

Não. Nada certo. Mas tudo bem, não vou entrar em discussão com Ino sobre ela querer ser “amiga” ou não de alguém.

...

 

Os dias passaram-se e o sábado chegou, eu não fui à casa da Karin, óbvio. Adiantei meus trabalhos e de tardezinha resolvi correr com Tenten. Não sou fã de esportes, mas preciso ter uma saúde boa. Shion ficou em casa estudando, o que foi uma surpresa para mim, já que ela é um pouco pior que Ino no quesito estudos.

Resolvemos correr sem rumo, ideia da Tenten. Contei dez quarteirões longe de casa, quando resolvemos parar porque acidentalmente, esbarramos – ao virar a esquina – em Hidan, e por mais azar ainda, caímos ao chão. Ele nos ajudou a levantar, pediu desculpas e Tenten só sorria feito uma abobalhada. Tsc. Eles começaram a conversar, aquilo se tornou patético para o meu lado. Pigarreei e Tenten me olhou.

— Sakura você está bem? — perguntou debilmente.

— Se importa se eu continuar a corrida sem você? — os olhos dela brilharam ao ver que eu iria deixá-los a sós. Tenten negou com a cabeça.

Os deixei para trás e tornei a correr, segui em frente, mas o meu pique já não estava mais tão forte quanto antes. Consegui correr por mais três quadras, e desisti, tornei a andar totalmente sem fôlego. Um dos lados da minha cintura latejava de dor, não consegui nem respirar fundo. Arrodeei o quarteirão e segui o caminho de volta para casa, não devia ter forçado demais, logo eu, que não pratico esporte algum.

Uma moto barulhenta passou pela rua agregando com a poluição sonora, porém, foi questão de segundos, no quarteirão á frente, um carro perdeu o controle e acertou em cheio a moto. O motoqueiro voou para longe, chegando ao chão, capotou duas vezes até o corpo parar. Corri apressadamente na direção dele, a dor alucinante na cintura, era nada, perto do que aquela pessoa poderia estar sofrendo. Ou pior, se estivesse viva ainda. Fui a primeira a chegar perto do motoqueiro, ajoelhei-me ao seu lado, o visor do capacete está quebrado e, eu o reconheci de imediato.

Sasuke semicerrou os olhos, olhou dentro dos meus. Lembrei-me dos processos dos primeiros socorros, não posso tocá-lo. Não me senti como àquele dia que o encontrei no estacionamento da UES. Não me desesperei, apesar do coração estar acelerado e com um frio na espinha, mas foi como se eu estivesse em choque. Algo que, nem mesma eu, sei explicar, de fato. Simplesmente, congelei.

Um filme passou-se aos meus olhos; o sorriso de Sasuke, os nossos beijos, seus toques singelos, até chegar ao fim da nossa história. Visualizei até mesmo, o momento que em que fiquei sabendo estar grávida. Senti-me estranha, parece que, quem está morrendo sou eu.

— Sakura... — sussurrou. Pisquei os olhos devagar.

A sirene da ambulância soou ao longe enquanto permaneci estática ao lado de Sasuke. Passei os olhos rapidamente pelo seu corpo, notei uma mancha de sangue no asfalto em baixo da perna direita. Retornei a encará-lo, Sasuke gesticulou os lábios, mas não o escutei o que falou, a ambulância acabava de estacionar bem próximo a nós.

— Você tocou nele?— pediu o paramédico agachando-se ao meu lado, verificou os batimentos cardíacos de Sasuke no pulso. — Tem pulso! — gritou para trás avisando o outro que se preparava para tirar a maca de dentro da ambulância.

— Não. — Sasuke ainda me encarava.

— O conhece?

— Eu...

— Moça, você o conhece? — tornou a pedir.

— Não... — Sasuke fechou lentamente os olhos, tornou abri-los, mas não me encarou mais.

O outro paramédico agachou-se ao lado dele com a maca, levantei-me e os deixei para trás. Arrastei meus pés até a calçada, respirei fundo e voltei a correr, a dor já não me incomodava mais.

Não posso cometer mais erros. Repeti três vezes para mim mesma.

Talvez, a sua hora de sofrer, chegou, Sasuke. 


Notas Finais


O que acharam do capítulo??
O próximo já vai entrar em alguns anos depois, a faculdade será passado!


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