4 de novembro de 2016:
Madri, Espanha:
Pov. Joana Pereira:
Gravidez. Casamento. Relação familiar. Eram os temas que eu estava me acostumando a lidar em relação a Cristiano, só que ontem surgiram duas coisas que me deixaram intrigada. Supostamente ele teria sonegado dinheiro e supostamente ele podia ter "encomendado" filhos nos EUA. Esses dois assuntos eu iria conversar com ele agora a noite.
-Aqui senhora, os lanches já estão prontos. - Beatriz me avisa.
-Sem esse senhora... pode me chamar de Joana. Obrigada. - falo me referindo aos lanches.
-Não há de que se... Joana. - ela fala e sorri.
Beatriz se portava de maneira profissional, era quase invisível na casa e quase nunca falava.
-Me ajuda a levar na sala de TV? - pergunto.
-Claro.
Ela pega a bandeja com copos e a jarra de suco, enquanto eu carregos os sanduiches.
Seguimos para a sala de TV onde Jú e os amigos travavam uma disputa de video game.
-Uma pequena pausa para comer, rapazes. - falo.
Pietro e Luca pausam o jogo e se juntam a Júnior e Enzo no sofá.
-Uh... eu já estava ficando com fome. - Enzo comenta.
Dou risada.
Bem filho do Marcelo. Apesar de não conhecer pessoalmente o jogador, eu tinha minhas impressões sobre ele.
-Está tudo arrumadinha, um de cada... caso queiram mais é só pedir. - falo servindo o suco.
Os garotos pegam os sanduiches e eu vou entregando os copos de suco.
-Daqui a pouco vamos desligar isso ai e vamos começar a se preparar para dormir. - aviso.
-Mais já? - Júnior pergunta.
-Já? Já são quase nove da noite. - digo o horário.
-Amanhã é sábado tia. - Pietro justifica.
-E vocês tem treino de futebol. Esqueceram?
Eles arregalam os olhos e se olham.
-Mas o treino começa as dez. - Luca tenta me convencer.
-Para ser um bom jogador, tem que ter uma vida regrada. Tem que dormir bem, comer alimentos saudáveis, ser disciplinado. - listo.
-Tá bom, tá bom... - Júnior se dá por vencido.
-Mais trinta minutos de video game e não se fala mais nisso. - acabo permitindo um pouco mais de tempo.
-Eba! - eles comemoram.
Dou risada.
-Quando terminarem coloquem o guardanapo aqui na bandeja, depois eu recolho tudo. - falo.
Eles fazem sinal positivo com a mão.
-Vou ficar na sala de estar, Beatriz na cozinha... qualquer coisa é só chamar. - deixo eles de sobreaviso.
Saio da sala de TV e vou para a sala de estar que era logo ao lado. Os cômodos dessa casa passaram a ficar bem mais confortáveis e elegantes depois da decoração nova. Sem tantos objetos, cores e estátuas tudo ficava mais "sobreo" e acolhedor.
Um pigarrear me desperta.
Olho na direção do som e vejo Cristiano entrando em casa.
-Boa noite. - falo.
-Boa noite. - ele responde.
Ele estava com um cara de desconfiado, mas não demorou muito para eu descobrir o motivo. Uma mancha vermelha no pescoço e o perfume adocicado.
-E os meninos? - ele pergunta.
-Estão jogando. Daqui a pouco vou coloca-los para dormi. - falo pegando meu celular.
-Vou no quarto tomar um banho... passei o dia na rua. - ele justifica.
-Vai lá. - digo sem muito interesse.
Quer enganar quem?
Ele atravessa a sala um tanto apressado e sobe as escadas.
-Não sei para que isso. - falo balançando a cabeça negativamente.
Eu e ele só tínhamos algo na cabeça do público, então ele não precisava tentar esconder de mim esse casinho.
Voltei a mexer no meu celular e fiquei me distraindo com FCs. Era engraçado saber que eu havia ganhado um fã clube por ser a namorada do Cristiano Ronaldo e era mais engraçado ainda ver que tinha as "Anti Joana". O "time" que jogava contra mim era insignificante, não chegava a ter 100 seguidores e só falava besteiras.
Estava rindo das besteiras, quando Claudia me mandou uma mensagem.
Já separei algumas coisas para você levar para a África. Por que você não divulga isso nas redes sociais? Teria um retorno maior.
Eu já tinha pensado nisso.
Eu até pensei nisso, mas depois desisti.
Aparece que ela está digitando e eu fico esperando.
Por que desistiu?
Digito para ela.
Porque iria me sobrecarregar e agora eu tenho que ficar 24 hr ligada no que falam do Cristiano... além de que eu teria que perguntar a ele se pode ou não.
Ela logo responde.
Eu posso te ajudar. Acho que o Cristiano não iria se opor... mas fala com ele.
Se ela vai me ajudar...
Vou falar com ele e te dou uma resposta.
Ela manda emojis e nossa conversa se finda ali.
-Não já tá na hora dos meninos dormirem? - a voz de Cristiano chama minha atenção.
Ele estava descendo as escadas. Já estava com uma outra roupa, calça de moletom e camisa branca e os cabelos úmidos.
Olho o relógio na tela do meu celular e percebo que já estava mesmo.
-Realmente, já está quase na hora.
-Te ajudo com eles. - ele fala.
Ele está desconfiado.
Chamamos os meninos e os levamos para o quarto de Júnior. As camas já estavam arrumadas e os respectivos pijamas estavam em cima delas.
-Tchau, os meninos vão se trocar. - Cristiano fala.
Os meninos riem e eu reviro os olhos.
-Ai meu Deus. - falo, mas acabo saindo do quarto.
Cinco minutos depois Cristiano abre a porta do quarto.
-Pode guardar seu livro para uma próxima, porque eles já capotaram.
-Já? - pergunto surpresa.
-Do jeito que eles falaram que brincaram, eles estão cansados. - ele fala.
Realmente, eles brincavam desde depois do almoço e só paravam para comer.
-Então ótimo... preciso conversar com você. - falo.
-No nosso quarto. - ele fala e passa.
Entramos no "nosso" quarto. O ambiente estava bem melhor sem todos aqueles espelhos, paredes e moveis escuros, sem o aquário e principalmente, sem aquele cobertor de onça aveludado.
-O que você quer falar? - ele pergunta.
-Duas noticias saíram hoje e me deixaram intrigada... uma dizia que você sonegou dinheiro da receita e outra que você será pai de gêmeos. - falo.
Não houve nenhuma mudança de expressão da parte dele.
-Somos uma dupla Cristiano, na verdade um grupo. Estamos juntos nisso aqui e eu acho que segredos não irá nos beneficiar em nada.
-Então por que você não me diz o motivo do seu súbito interesse em terminar nosso acordo? - ele me questiona.
Dou uma risada irônica.
-Se você quer trocar informações, vamos lá. Eu estava me apaixonando por alguém, mas esse alguém não valia a pena.
Se falar o que aconteceu comigo, fará ele confiar em mim, eu contarei tudo.
-Eu sabia que era isso. - ele fala sem demonstrar grande surpresa.
-Sua vez de "revelar".
-Sim, Jorge e eu acabamos cometendo um erro com a receita, mas iremos resolver.
-E os possíveis gêmeos?
Essa era mais importante de todas. Duas crianças.
-Sim, eles estão a caminho. - ele confirma.
Mais o que?
-Como assim? - pergunto ainda um tanto perdida e sem acreditar.
-A clínica me ligou a alguns dias e confirmou que deu tudo certo com a fertilização.
-E você não me fala nada? Eu fiquei sabendo pela imprensa.
-Tínhamos outras coisas para resolver, além do mais as crianças só chegam em junho.
Nego com o dedo.
-Porra, Cristiano. Nós estamos juntos nesse jogo, você não pode simplesmente deixar assuntos como esse para depois. - reclamo.
-Você iria me deixar na mão até alguns dias atrás, você ia desistir de tudo. Você é instável. - ele rebate.
O erro que eu iria cometer vai me perseguir.
Respiro fundo. Precisamos manter a calma.
-Ok, eu admito que cogitei te deixar na mão, mas isso não irá se repetir. - falo.
-Qual garantia eu tenho?
Me aproximo um pouco dele.
-O meu empenho em fazer tudo certo deveria ser uma prova.
-Você sempre esteve empenhada, o problema é esse.
-Eu acordei. Já aprendi que seguir o coração é uma furada.
Ele apenas continua parado de braços cruzados.
-Eu estava me apaixonando a ponto de querer deixar o dinheiro acordado para trás, mas por sorte eu descobri que ele não prestava, ele tinha uma namorada e eu me dei conta da merda que estava fazendo. - começo.
Ele apenas me observava.
-Amor vem e vai, termina e encontra um novo, dinheiro não... você só tem uma oportunidade. Não vou falhar de novo.
-Espero que não. - ele fala.
-Selamos um pacto hoje. De sinceridade e confiança. - falo estendendo minha mão para ele.
Ele olha minha mão por alguns segundos e depois aperta.
-Jogo limpo. - ele fala.
-Jogo limpo. - repito.
Apertamos nossas mãos e nos olhamos "olho a olho".
-Só tenha mais cuidado com as marcas, porque isso reflete em mim. - falo me referindo a marca no pescoço dele.
Ele ri e solta minha mão.
-Ficarei atento. Posso te perguntar uma coisa?
Me sento na cama.
-Pode, estamos no momento "sincerão".
-Você transaria comigo?
Acho estranha a pergunta e ao mesmo tempo engraçada.
-Por que está rindo? - ele pergunta e ri um pouco.
-Só não esperava essa pergunta. - falo a verdade.
Ele se senta ao meu lado e dobra uma perna.
-Responde. - ele pede.
Olho para ele ainda dando risada.
-Não hoje, não nessa semana. - falo.
Ele arqueia a sobrancelha.
-Por que?
-Porque você já se satisfez por hoje e a saliva de quem quer que seja estará misturada na sua pelos próximos dias. - explico.
Ele solta uma gargalhada.
-É sério isso? - ele pergunta eu meio as risadas.
-É. - confirmo.
Ele vai parando de ri aos poucos.
-E depois que essa semana passar?
Ele está realmente querendo transar comigo.
-Não acho que seja uma boa ideia nós enfiarmos o sexo no meio disso. - falo.
Ele ri do que eu falo.
-O que... - antes de perguntar eu entendo do que ele ria.
Usei palavras de duplo sentido.
-Você entendeu o que eu quis dizer.
-Por que?
-Porque... você pergunta mais porque do que o Júnior. - falo.
Ele revira os olhos e ri.
-Convivência.
-É arriscado... querendo ou não a gente não controla sentimento e esse lance de amizade colorida sempre faz alguém sair machucado. - respondo a pergunta dele.
Ele meneia com a cabeça.
-Tudo bem, entendo seu lado. - ele fala.
-Nada pessoal, mas... negócios são negócios. - digo e pisco para ele.
-Primeira pessoa que é capaz de agir como eu quando se refere a negócios. - ele observa.
-Somos parecidos de alguma forma. - admito.
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