1. Spirit Fanfics >
  2. Same Mistake >
  3. Capítulo 27

História Same Mistake - Capítulo 27


Escrita por: MinadoBenzJS

Notas do Autor


Boa Leitura!

Capítulo 27 - Capítulo 27


Fanfic / Fanfiction Same Mistake - Capítulo 27

31 de dezembro de 2016:

Ilha da Madeira, Portugal:

Pov. Cristiano Ronaldo:

Apesar de gostar de estar junto aos meus, isso era uma grande prova de paciência. Meu espaço nunca era respeitado e eu tinha que lidar com eles invadindo e mexendo em algo que não lhes pertencia.

Eu me vi numa sinuca de bico ou ficava no hotel sem paz ou eu saía para dar uma volta pela cidade. Eu preferi sair pela cidade, apesar de não gostar muito.

-Vamos sair por onde? - Joana pergunta.

Eu conhecia toda a planta do hotel e mesmo tendo vindo poucas vezes, eu sabia como andar.

-Vamos sair pelos fundos. Gonzalo deixou o carro estacionado aqui para nós sairmos. - falo.

-Sua vida se assemelha a de um foragido da policia. - ela comenta.

Dou risada.

-Por que?

-Você vive se escondendo. - ela explica.

Os funcionários nem nos olhavam, era uma regra para trabalhar aqui. Eles não podiam ter um ataque a cada vez que me visse.

-Não é me escondendo, é me resguardando. - corrijo.

Saímos pelos fundos e entramos no carro.

-Vamos para onde? - pergunto ligando o veículo.

-Sei lá, eu não sou local. - ela fala como se fosse obvio.

-Você ia para onde?

-Eu só ia ficar andando e tentando ver o máximo de coisas possíveis.

Balanço a cabeça negativamente. Olha o perigo que ela ia correr, ficar andando sem rumo.

-Vamos dar uma volta de carro e depois eu te levo um pouco mais para cima. - falo.

-Tudo bem. - ela concorda.

Arranco com o carro e começamos a passear pela Ilha. Era estranho passear por aqui, eu quase nunca fazia isso. Na verdade eu nunca fazia isso, o único caminho que eu traçava era do aeroporto para a casa da minha mãe ou o hotel, ou então para o museu.

-A natureza ainda se faz muito presente, por aqui... isso é lindo. - Joana comenta olhando pela janela.

Quase que por toda a parte havia algo verde ou uma flor sequer.

-Costumam dizer que a primavera mora aqui. - falo me recordando de uma história que me foi contada na infância.

-Parece que isso é verdade, porque olha isso... tudo está tão verde e bonito. - ela fala.

Durante todo o ano tínhamos essa paisagem, podia entrar inverno, verão ou qualquer outra estação. A madeira não tinha uma queda enorme de temperatura, no inverno era comum chegar aos 17 e essa era a temperatura mínima.

-Aqui é muito bonito.

-Você deve ter aproveitado muito quando criança. - Joana comenta.

Nem tanto.

-Aproveitei o quanto podia.

Meu pai alcóolatra, minha mãe se matando de trabalhar, Kátia com um filho, Hugo indo pelo mesmo caminho que meu pai, Elma sonhadora. Eu tinha que ser a salvação da família, então eu não tive uma infância proveitosa, eu me dedicava ao máximo para ser um jogador profissional.

-O que tem lá em cima? - Joana pergunta mudando de assunto.

-Não é tão lá em cima, talvez no meio... tem uns restaurantes, padarias, botecos, coisas mais populares. - falo.

-Eu quero ir lá. - ela fala.

-Então vamos "maix para saima". - falo e puxo o meu sotaque madeirense.

Joana ri.

-Ainda bem que aqui não tem nada para você jogar em mim. - ela fala aos risos.

Acabo rindo.

Minha professora mereceu a cadeira que eu joguei nela. Ela ria do meu sotaque e acabava por incentivar as outras crianças a fazerem o mesmo.

Minutos depois, eu estaciono o carro próximo a um boteco. Eu não me lembrava dele provavelmente ele foi aberto quando eu já não estava mais na cidade.

-O que se come aqui? - Joana pergunta.

-Essa pergunta é estranha. - digo e dou risada.

Soava como se ela estivesse perguntando o que uma espécie de animal comia.

-Desculpe, não foi minha intenção.

-Tranquilo. - digo e passo o braço por seus ombros.

Entramos no quase deserto boteco e os olhos do dono quase saltaram ao me ver.

-Boa tarde. - eu e Joana falamos.

-Boa tarde. - o homem responde surpreso.

-Você tem sanduiche de bife de atum? - pergunto.

Esse é o "fast food" madeirense, sanduiche de bife de atum.

-Sim, sim. - ele confirma.

-Pode preparar dois? - questiono.

-Claro, Ronaldo. - ele confirma e entra provavelmente para a cozinha.

Dou risada.

Eles diziam aos quatro ventos que eu não era o "filho" mais ilustre da Ilha, mas ao final reagiam como todos os outros quando se aproximavam de mim.

-Sentem-se, acredito que na idade de vocês não existe mais crescimento a níveis de altura. - uma voz um tanto cansada chama nossa atenção.

Tanto eu quanto Joana olhamos para trás. Havia uma única pessoa naquele boteco e era uma senhora que aparentava ter os seus oitenta anos. Ela ocupava a única mesa que ainda não tinha sido guardada.

-A senhora tem razão... podemos nos sentar com a senhora? - Joana pergunta.

-Claro minha querida, você e seu namorado são bem-vindos em minha mesa. - ela fala.

Nos sentamos com ela.

-Meu nome é Joana, qual é o seu? - Joana se apresenta.

-Soraya. - ela responde.

Soraya aparentava ser dessas idosas pacatas e simpáticas.

-Eu sou Cristiano. - falo.

-O filho ilustre. - ela fala e sorri.

Alguém que sabe reconhecer a minha importância.

-O que são essas cartas? - Joana pergunta apontando para a mão da idosa.

-São de tarot, eu brinco com isso. - a idosa responde.

-Brinca? - questiono.

Para mim aquilo era coisa séria.

-É, eu não lucro ou saio tirando para todo mundo, apenas me divirto em casa. - ela explica.

-E a senhora sabe o significado delas? - Joana a questiona.

Ela está curiosa a respeito disso.

-Quer brincar? - Soraya pergunta.

Joana me olha e dá de ombros com o sorriso travesso nos lábios.

-Quero. - ela confirma.

-E você, Cristiano? - ela pergunta.

Eu não gosto muito disso.

-Vai, Cris, ela só vai tirar na brincadeira. - Joana me incentiva.

A idosa não aparentava ser uma bruxa e era só uma brincadeira.

-Tá, eu quero. - confirmo.

Soraya sorri e embaralha as cartas na mão e espalha o pequeno bolo de cartas na mesa.

-Vamos fazer o seu primeiro, Cristiano. Eu quero que você mentalize uma pergunta antes de escolher as cartas. Elas trarão respostas do passado, presente e futuro.

O que eu desejo saber?

-Pode ser qualquer coisa? - pergunto.

-Pode. Você não precisa dizer o que pensou. - ela fala.

Já que eu não vou precisar falar nada... então eu quero saber sobre minhas finanças.

-Já mentalizei. - falo.

-Tire três cartas.

Escolhi as três cartas e entreguei a ela viradas para baixo. Ela coloca as três em alinhamento e vira as cartas.

Da esquerda para a direita ela vai falando.

-Passado representado pela roda da fortuna, presente representado pela justiça, futuro representado pela imperatriz.

Eu não tinha a menor ideia do que isso significava.

-O que isso significa? - pergunto.

-A roda da fortuna representa movimento; nenhum mal se perpetua, assim como nenhum bem... você tem que estar flexível.

Eu tive uma fase de oscilação enorme nos últimos meses.

-Você tem que usar mais a cabeça agora e toda sua racionalidade... a carta da justiça pede isso. Você também está enfrentando um problema, pelo qual será julgado... provavelmente chegue a, de fato, ter problemas com a justiça, mas não será algo de todo o ruim.

Fico apreensivo. Eu estava sendo alertado para um suposto problema fiscal e ter esse "aviso" das cartas me deixa muito apreensivo.

-E a imperatriz. Essa carta representa riqueza e recompensa. Ela representa o quanto o poder feminino terá importância em sua vida... escute essa mulher e mais nenhuma outra, ela sabe o que te dizer, te aconselhar e te compreender. Você irá vencer tudo o que quiser, se tiver ela ao seu lado e for capaz de seguir seus conselhos.

a única mulher que está em minha vida é Joana. Eu não sei se a mulher em questão é ela ou se aparecerá outra num futuro.

-Agora é a minha vez. - Joana fala.

-Calma, minha filha, eu acho que o seu namorado ainda tem uma pergunta. - A idosa fala.

Soraya junta as cartas e embaralha mais uma vez nas mãos.

-Pense na pergunta e retire as cartas. - ela fala enquanto espalha mais uma vez as cartas na mesa.

Segundo ela, o futuro era representado por uma mulher, então eu mentalizo. Irá aparecer um amor?

Pego as três cartas e faço o mesmo da primeira vez.

-Passado representado pela torre, presente pelo eremita, futuro pelo imperador. - ela fala.

Espero ela continuar.

-A carta da torre, faz referência a torre de Babel, uma lenda bíblica... os descendentes de Noé contrariaram uma ordem de Deus, eles começaram a construir uma torre tão alta que seria capaz de tocar o céu, para que todos vivessem nela. Como castigo, Deus fez com que cada um falasse um língua para que eles não se entendessem.

O que isso tem a ver?

-A arrogância e o orgulho faz com que fiquemos cegos, então essa carta é considerada um alerta. Ela costuma indicar rupturas, problemas de saúde... ela pede que pense bem.

Coincidência ou não, ela está de acordo com o meu passado no quesito amor.

-O presente está representado pelo eremita. É uma carta que traz um pouco mais de calma. O eremita é um pensador, ele vive pensando e buscando suas próprias respostas. Seja cuidadoso.

É, eu estou num momento mais desacelerado.

-O futuro traz o imperador. Ele representa conquista, estabilidade e segurança. A figura do imperador é de um homem com autoridade, comando... ela sempre é muito favorável, principalmente no quesito amoroso. Sempre que ele surgi, ele vem indicar um relacionamento estável e seguro, com uma pessoa de completa confiança.

Eu estou balançado com essas "revelações".

-Agora sua vez Joana. - ela fala e mais um vez embaralha as cartas.

Joana olhava para as mãos e provavelmente pensava na pergunta.

-Pode retirar três cartas. - Soraya avisa ao espalhar as cartas.

Joana tira as três cartas e entrega a ela.

-Passado representado pelo louco, presente pela estrela e futuro pelo mundo.

Joana espera ela começar a falar.

-O louco representa um novo começo. É uma carta que traz novidade, mas também muita insegurança... nós sempre tememos o que é novo, por não conhecê-lo.

Pelas oscilações dela do passado, a carta está correta.

-O presente é representado pela estrela. Você nunca está sozinha... a cada vez que você vacilar ou estiver em perigo, seu anjo da guarda virá te apoiar.

Não dava para saber o que Joana estava pensando, ela não demonstrava nada.

-O futuro traz a carta o mundo. Essa carta é uma das mais positivas. Você irá obter o que quiser e todos os seus esforços serão recompensados. Você também viverá um momento muito feliz...

-Posso fazer uma outra pergunta? - Joana questiona Soraya.

-Pode.

Ela embaralha o baralho mais uma vez e espalha as cartas a mesa. Joana não hesitou na hora de pegar mais três cartas.

-O dependurado, a lua e o sol.

Nós já sabíamos como funcionava a ordem.

-O dependurado revela que você passou por um período de sacrifício e de muito impasse... você estava com seus pés e mãos atadas e precisou de tempo e atenção para "acordar".

De acordo as vontades dela de desistir, eu acho que essa carta está certa.

-A lua está relacionada a intuição, mistério, ilusões, mas ela também pode ser positiva... indicar uma gravidez, um nascimento de um projeto.

Senti vontade de ri ao ouvir gravidez.

-O sol representa, sucesso, brilho. Essa é a carta da certeza, da vitória, ela é muito positiva... no nível amoroso muito mais. Ela representa a paixão ardente, cumplicidade.

Joana sorriu fraco.

-Podem puxar mais uma carta? - Soraya pergunta embaralhando as cartas mais uma vez.

Eu e Joana nos olhamos e concordamos com a cabeça.

-Quem tira primeiro? - pergunto.

-Tanto faz. - Soraya fala.

-Primeiro as damas. - digo.

Joana puxa uma carta e eu faço o mesmo em seguida. Entregamos a Soraya. a mesma sorri ao ver as cartas.

-Temperatura e a morte.

Morte. Acho que não vem coisa boa.

-A temperatura é a carta do equilíbrio. Não se deve ter pressa, tudo acontece no seu tempo.

-E a morte? - pergunto apreensivo.

-Não é a morte de uma pessoa física, é o fim de um ciclo. Para algo começar, uma coisa tem que se findar, então aceitem o fim e o inicio. - ela fala.

-Mamãe... a senhora está importunando os clientes de novo? - o dono do boteco aparece com uma bandeja nas mãos.

O cheiro do bife de atum toma conta do ambiente.

-Só estou brincando, meu filho. - Soraya fala.

-Ela não estava incomodando. - Joana fala e força um sorriso.

-Mamãe, a Luiza está chorando... precisa dos seus cuidados. - ele fala.

-Ai minha nossa senhora, minha filhinha. - Soraya fala e se levanta.

-Vai lá ver ela. - o filho incentiva.

-Tchau, meus queridos... agora eu preciso cuidar da minha filha. Se lembrem da temperatura. - ela fala saí andando rápido.

Eu e Joana nos olhamos.

-Ela está caducando, não liguem para o que ela disse. - o filho de Soraya fala.

-Ela parece bem. - Joana comenta.

-Só parece. Ela tem uma boneca e diz que é filha, essa que ela saiu para cuidar... ultimamente ela tem inventado de brincar de cigana, me fez comprar esse baralho de tarot e fica tirando cartas aleatórias. - ele explica nos entregando os sanduiches.

-Ela parecia conhecer bem as cartas. - falo.

Ele ri e balança a cabeça negativamente.

-Ela passou os olhos no significado, viu alguns vídeos, mas não sabe ao certo. Aposto que ela só tirou meia dúzia de cartas e foi falando... quem me vendeu o baralho disse que o tarot não é tão simples. - o homem fala.

Eu estava ficando impressionado com os significados das cartas e agora descubro que a velha caduca nem sabe tirar direito.

-Ah... tudo bem. - Joana fala.

-Vocês vão querer água, suco ou refrigerante? - ele pergunta.

-Água. - eu e Joana respondemos.

-Só um minuto.

Ele saí para buscar a água.

-Eu estava acreditando nela. - Joana murmura para mim.

-Eu também.

Acabamos rindo.

Nossa água chega e começamos a comer e a ri da situação de minutos atrás.

-Quando saiu a da morte, eu fiquei com medo. - confesso.

-Nem me fala... pensei que eu ia ter um enfarto. - Joana fala.

-Nós fomos feitos de trouxa no ultimo dia do ano. - digo rindo.

-Essa com toda a certeza foi para fechar com chave de ouro. - ela fala.

Apesar de não gostar de andar pela cidade ou de nunca ir a outro lugar que não seja, meu hotel, casa da minha mãe e museu, eu até que estava gostando desse boteco.

-Cristiano, eu posso te pedir uma coisa? - Joana pergunta.

-Pode.

-Jorge me explicou como funciona a conta e tudo mais... eu queria que você me permitisse mexer no dinheiro.

-Por que?

-Eu quero enviar dinheiro para poder ajuda lá no campo de refugiados. - ela explica.

Ela estava mexida desde a visita que fez.

-Aquela conta que foi feita quando você foi admitida na Gestifute está sendo usada para depositar o dinheiro que as marcas estão enviando para você fazer o marketing digital... olhe o saldo dela e caso não seja suficiente, você me avisa e eu autorizo a retirada na nossa conta. - falo.

Ela sorri.

-Obrigada.

-No problem. - falo e pisco para ela.

-Acho que tá na hora da gente voltar... daqui a pouco deve começar a festa da sua mãe e eu não quero ser a culpada pela demora da estrela da festa. - Joana fala e ri.

Reviro os olhos. Eu nem estava animado para essa festa. Eu sabia que não teria sossego.

-É, vamos voltar. - falo e sinalizo para Patrício.

Ele prontamente vem e eu pago a conta.

-Hora de curtir a festa da sogrinha! - Joana fala animada, mas eu sabia que a frase estava repleta de sarcasmo.

Dou risada.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
Olha eles sendo trolados.
Até que o passeio não foi ruim.
As cartas...será que a velhinha está caduca mesmo?
Bjsss


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...