História Samira - Six

(Point Of View – Casey Ackers)

Minha cabeça doía, abri os olhos devagar incomodada com a claridade e olhei em volta. Calma! Eu não estava na cela e aquilo muito menos me parecia ser o laboratório. Eu estava em um carro, mas não parecia real. Talvez essa seja mais uma de muitas alucinações que eu tenho depois de vários medicamentos que eles aplicavam em mim para as experiências. É talvez seja apenas alucinações. Mas parecia tão real... Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz rouca, que eu conhecia de algum lugar. Ajeitei-me e inclinei um pouco a cabeça para o lado e pude ter a visão daquele garoto, era o garoto do laboratório e ele me olhava assustado.

- Você... Você ta viva! – ele falava assustado como se estivesse vendo um fantasma.

- É... Acho que sim – cocei a cabeça confusa – Onde estamos? Vamos para mais um teste?

- Não, estamos indo embora.

- O QUE? – gritei assustada. Aquilo não poderia ser verdade, ninguém nunca deixaria ele sair comigo dali, jamais aconteceria isso. Ele deve estar brincando para me zoar ou me tranquilizar até chegar ao local onde vão fazer mais um teste em mim. – Não gosto de brincadeiras.

- E quem disse que eu estou brincando?  - Ele estava tão tranquilo e pude ver seu corpo relaxar no banco olhando para frente – Um vírus se espalhou pela Skyfall, está tudo acabado.

Era muita informação, eu não conseguia digerir aquilo. Depois de tantos anos eu estava liberta? Era isso mesmo? Pude sentir meu estomago revirar e uma sensação estranha me tomar. Eu já estava há tanto tempo presa no laboratório que não saberia viver em uma sociedade novamente.

- E pra onde você está me levando?

Pude o ouvir bufar e logo se virar, me olhando. – Você faz muitas perguntas assim sempre?

- É que estou um pouco assustada – me encolhi no banco e olhei para janela – Estou há anos sem sair do laboratório, não sei mais viver longe de lá...

- Quer voltar? – ele olhou nos fundos dos meus olhos me causando um arrepio – É só descer do carro e caminhar, chegara ao seu lar – ele disse friamente, sendo debochado ao se referir ao laboratório ser meu lar, fiquei quieta. Ele respira fundo – Foi o que eu pensei.

Me mantive quieta, e ele voltou a dirigir. Seu maxilar estava travado e ele batia seus dedos no volante, parecia manter seu pensamento longe. Eu queria poder perguntar, saber o que estava acontecendo ou pelo menos para onde eu estava indo, mas ele não parecia querer conversar. O modo como me tratou mostrou tudo, ele não passava de um ser humano ruim, para estar na Skyfall deveria ser um cientista ambicioso, atrás da experiência perfeita. Balancei minha cabeça afastando aqueles pensamentos e me concentrei na paisagem. As ruas estavam vazias e tudo parecia estar abandonado. Há quanto tempo eu não via uma casa? Ou uma arvore? Para muitos isso poderia ser besteira, mas para mim era muito. Soltei uma risada baixa com os meus pensamentos e continuei observando o lugar.

(Point Of View – Justin Bieber)

Mal podia acreditar que ela estava viva, eu jurava que está garota estava morta quando a peguei. Não sei se deveria voltar com ela para o hotel onde estavam todos refugiados. Ela era uma experiência, não sei se ela está contaminada ou poderia me atacar a qualquer momento. Levar ela para o hotel seria o mesmo que um suicídio e eu colocaria a vida de todos em risco. Continuei dirigindo pelas ruas abandonas, ela se mantinha quieta no banco de trás. Olhei pelo retrovisor e ela observava as ruas com os olhos brilhando, parecia até um recém-nascido abrindo os olhos pela primeira vez. Sei que fui rude com ela, mas não poderia ser amigável, não queria criar esperanças de que estaria nessa com ela, ela era uma experiência e eu lutava contra experiências, daqui a algumas horas tudo acabaria, eu a deixaria em algum lugar e seguiria com os meus planos. Meus pensamentos foram interrompidos pela voz doce e suave que só ela tinha.

- Eu posso abrir a janela? – a encarei pelo retrovisor e vi ela prender a respiração – É que faz tempo que eu não sinto um ar puro...

Ri baixo e neguei com a cabeça – Tudo bem, pode abrir.

Ela sorriu e abriu a janela, vi seu cabelo voar com o vento e ela rir, prendo o riso e volto a prestar atenção na estrada. Não poderia negar, ela era uma linda garota e era uma pena ter caído na mão daqueles caras e ter se acabado. Suas veias eram saltadas e em seus braços tinha algumas marcas de agulha, suspirei ao ver aquilo.

- Eu posso saber seu nome? – perguntei apoiando meu braço na janela.

- Eu me chamo Casey... – ela disse sorridente e meu sorriso apareceu espontâneo, o sorriso dela era lindo. – Casey Ackers.

- Seu nome é bonito.

- Obrigada – ela se sentou no meio do banco onde eu poderia ver ela melhor – Foi minha mãe que escolheu.

- Eu me chamo Justin – a olhei pelo retrovisor e ela me olhava – E também foi minha mãe que escolheu.

- Eu gosto de Justin – ela veio mais para frente, apoiando a mão no banco do passageiro – Eu já tive um amigo chamado Justin.

- Eu sou único

- E convencido – ela riu me fazendo rir. Talvez não fosse tão ruim assim continuar ali com ela, até o momento ela não me ofereceu perigo algum. Mas também não era uma pessoa confiável.

- Justin, como eu vim parar aqui?

- Encontrei seu corpo no corredor e por impulso acabei trazendo comigo.

(Point Of View – Casey Ackers)

Justin, esse era o nome dele. Até que ele não parecia ser uma pessoa ruim, ou tão rude quanto foi no começo. Mas mesmo assim, eu não deveria confiar, afinal, ele trabalhava na Skyfall. Quem me garante que ele não está me levando apenas para me fazer de cobaia novamente? Ou talvez ele seja uma pessoa boa mesmo e esteja apenas querendo me salvar, me deixar ter uma vida normal novamente.

- Justin, para onde vamos? – perguntei animada, afinal, eu estava indo embora, não voltaria na Skyfall mais. Observei ele, enquanto o mesmo mantinha seu olhar na estrada – Quer dizer, onde vamos morar, já que a Skyfall não existe mais.

- Eu vou para um hotel onde meus amigos estão refugiados, agora você eu não sei – ele disse me olhando rápido e logo voltando a olhar para estrada. Aquelas palavras me cortaram por dentro. Como assim ele não sabe para onde eu vou? Ele não está me levando?

- Como assim? – perguntei um pouco alterada – Eu estou com você, estamos juntos aqui!

- Não Casey, não estamos juntos! – ele parou o carro e me olhou – Eu apenas te tirei de lá, mas você não vai embora comigo!

Continua...