SAMSARA
Prólogo – Quando os laços se tornam infindos
A cena era descrita por uma aurora crescente que alcançava até o mais torpe breu, as paredes do castelo refletiam imagens indistinguíveis no lago que o cercava e as pessoas começavam a despertar. Iniciara mais um aparente pacato dia naquele reino, talvez o mais próspero de toda a união, devido aos seus governantes terem a sabedoria necessária para driblar crises e rebeliões recorrentes do último século.
O dia começara mais cedo para Luhan, que àquela hora já tinha perdido inúmeras flechas tentando acertar o alvo posicionado a alguns metros de distância na área reservada ao treino de cavaleiros e suas infantarias. Desde pequeno o príncipe demostrava interesse pelo calor da batalha, mesmo seus pais dizendo que pelejas não eram para a realeza, e suas manhãs eram reservadas a perícia com o arco, mesmo não sendo tão bom com a arma.
Estacionado com os pés afastados, arqueando a corda do arco, a respiração ofegava com os olhos presos ao alvo, estava pronto para soltar o projétil quando fora atrapalhado por um cavaleiro que chegou trotando num cavalo branco de crina platinada.
- Vejo que ainda está treinando... seus pais já não disseram que deveria ficar longe de flechas, meu príncipe? - Perguntou descendo do cavalo, apoiando a mão na espada presa a cintura, fez questão de manter a formalidade.
- Hunf... Baozi, já disse que não precisa de toda essa formalidade comigo, somos íntimos não somos? E aliás, eles dizem muitas coisas - Dizia o menor abaixando o arco e indo de encontro ao cavaleiro.
- Você não desiste mesmo - disse o abraçando e logo em seguida sussurrando algo em seu ouvido - Precisamos fugir hoje à noite, boatos estão correndo por todas as veredas do reino de um possível assassinato do rei e sua família e uma tomada do poder com o erguer da lua e muitos cavaleiros estão apoiando isso, poucos são os que ainda se mantem fiel a seu rei. Minha fidelidade é a você, por isso precisa ir, não suportaria perde-lo - Os olhos cercavam o local, procurando suspeitos.
- M-mas não posso abandonar meu pai, muito menos minha mãe - Sussurrou largando o arco e retribuindo o abraço.
- Não temos escolha, os fiéis juraram proteger rei e rainha com suas vidas, mas temo que não consigam. Então fugirá comigo, querendo ou não! Seremos escoltados por meu superior e seu amigo de infância; Oh Sehun - Falou o afastando de seus braços, segurando fortemente em seus ombros. Para a época, contato físico entre nobre e realeza não era bem visto e ambos estavam em um local público.
- Tsc' Sehun? Ele precisa mesmo vir conosco? - Ironizou, não levando a história da fuga a sério.
- Sim! Ele precisa vir, é hábil com a espada e necessitaremos dele caso surjam emboscadas, sei que ainda não o perdoou por tê-lo impedido de participar do torneio, mas eram ordens e deveriam ser cumpridas. Enfim, tenho que ir, os boatos estão deixando as pessoas fervorosas e alguém precisa protege-las delas mesmas. Me encontre na velha ponte, logo na saída do reino, antes do pôr do sol. Estarei te esperando - Disse subindo de volta no cavalo, dando meia volta e partindo em trote sem esperar uma resposta. No fundo sabia que seria obedecido, afinal, por mais que amasse sua família, o pequeno príncipe amava ainda mais o nobre cavaleiro.
Os pensamentos ecoavam como águas turvas na cabeça do jovem, que durante o resto do dia não pôde deixar de pensar sobre o que aconteceria a noite e se realmente deveria largar tudo e fugir como fora ordenado. Suas expressões duvidosas estavam sendo notadas, mas conseguia disfarça-las com uma conversa, era bom com as palavras.
Perdido em seus questionamentos, mal percebera que o tempo passara e que o crepúsculo estava começando e antes que conseguisse escolher o certo a fazer, pegou seu arco o colocou nas costas decidiu ir a ponte, talvez para convencer quem o esperava de que fugir não era a melhor decisão. Porém, chegando ao local não conseguiu pronunciar frases, fora pego pelo maior num brusco movimento e colocado sentado à frente da cela, partindo em direção aos portões da enorme muralha. Xiumin sabia que o mesmo tentaria convencê-lo do contrário e sabia que tempo era uma grandeza que lhes faltava no momento, então resolveu rapta-lo. A fuga estava decidida.
Luhan tentou resistir, mas fora avisado que poderia cair do corcel caso continuasse com os movimentos rudes e após ser envolvido pela cintura, com sua mão livre, pelo cavaleiro, o príncipe cessou a resistência, não teria mais volta. Estavam fugindo.
Após deixarem a muralha, um estrondo soou, agitando as aves, podia ser ouvido a quilômetros de distância. A rebelião estava instaurada, o rei provavelmente estava morto e com os olhos cheios de lágrimas o rapaz, olhando para trás, avistou chamas rubras que dançavam junto a morte e aos gritos das pessoas que pereciam com a tomada do reino.
Ao adentrarem a densa floresta, mais um estrondo fora ouvido. Agora com um timbre diferente, um tom mais agudo. Antes que pudesse analisar a procedência do som, o jovem perdeu a consciência.
Acordou instantes depois, com o despertador tocando, avisando que estava atrasado para a aula.
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