1. Spirit Fanfics >
  2. Samsara >
  3. Quando tudo parece estar confuso

História Samsara - Quando tudo parece estar confuso


Escrita por: BareBear e FetoDeKaisoo

Notas do Autor


Então galerinha, esperaram bastante? Esse capítulo compensará toda a espera, eu prometo.

Mas que capítulo enorme! Hahaha... tem um propósito para isso, tudo em Samsara foi minuciosamente planejada. Sem mais delongas, apreciem todo o deleite.

Capítulo 9 - Quando tudo parece estar confuso


 

 

SAMSARA
Capítulo 8 – Quando tudo parece estar confuso

 

- Mas que horas são? – Minseok levantou assustado procurando por algum relógio preso a alguma parede – Acho que toda aquela conversa com o diretor me deixou exausto – Caminhou e foi em direção a uma janela situada logo acima de uma das mesas baixas de sua enorme sala - Mas já anoiteceu? – Pôde observar algumas estrelas e uma lua cheia iluminar o firmamento.

 

Minseok dormira durante toda a tarde, se pudéssemos enxergar os sonhos que teve entenderíamos o porquê de ter demorado a acordar. Sonhou com seu príncipe. Sonhou com Luhan.

 

Cheio de fome, Minseok caminhou em direção a cozinha pronto para preparar algo para comer, mas notou que um resto de pizza ainda congelava no freezer. “ Não poderia ser melhor “ pensou com seus olhos brilhando e a boca salivando.

 

Sentou próximo a janela para comer enquanto observava a lua, mas aquela sensação de estar esquecendo algo ainda não tinha ido embora. Minseok tentou vasculhar o profundo de sua mente procurando por alguma resposta e ao avistar uma pequena cascata em seu jardim conseguiu lembrar o que tinha esquecido. “ Aish! Como pude esquecer? A cachoeira, é claro! ” Mordeu mais um pedaço da pizza balançando a cabeça em frustração.

 

Quando acabou de comer, olhou as horas em seu telefone celular, já passavam das 20:40 da noite. Achou que não adiantaria tentar ir atrás dos meninos àquela hora, Luhan provavelmente já estava em casa e tinha passado uma tarde inteira sozinho com Sehun e essa situação descia em seco pela garganta do mais velho.

 

Mesmo não conseguindo evitar os ciúmes, ainda se sentia culpado por ter esquecido um compromisso tão importante, então, para sua consciência finalmente deixar-lhe em paz, imaginou que poderia pedir desculpas a Luhan e Sehun na manhã seguinte quando fosse à aula.

 

No outro dia acordou bem cedo, não queria chegar atrasado com seu pedido de desculpas, porém, ao chegar na escola, procurou pelos dois em toda a parte, mas não os encontrou. Tudo aquilo parecia muito estranho, onde diabos Sehun estaria com Luhan? Estava começando a ficar preocupado. Entretanto, já tinha entrado no prédio e sua consciência em ação novamente o fez assistir as aulas ao invés de sair sem rumo e procurar pelos seus companheiros.

 

Durante a segunda aula, teve um pressentimento, mais como uma visão de onde estariam os dois fugitivos. “ Como não pensei nisso antes? Argh! Minseok, seu idiota! “ Bateu em sua própria testa tentando fazer com que seu cérebro não falhasse mais consigo. “ Assim que as aulas acabarem, vou direto para a base secreta, eles só podem estar lá “ Dialogou com seus pensamentos.

 

Feito como o planejado. Assim que se viu livre das obrigações escolares, Minseok apressou o passo em direção a cabana que eles gostavam de denominar como ‘ Nossa base secreta ‘. Por sorte, talvez, o lugar não ficava tão distante da escola e podia ir a pé. Caminhando a passos largos e apressados, quanto mais se aproximava do destino mais seus ciúmes cresciam. Sua mente não podia deixar de fantasiar coisas que os dois fizeram enquanto esteve longe e aquilo tudo o enchia de angustia. Ainda mais por Sehun ser quem é.

 

Saiu do bairro movimentado e cheio de prédios comerciais em que a escola ficava localizada e entrou em seu bairro, um mais residencial. Acelerou ainda mais os passos passando em casa para deixar sua mochila e praticamente correndo em direção ao bosque. Chegou ao pé da elevação e mirou a cabana do jeito que os três haviam deixado noites atrás. Os dois estariam mesmo aqui? No fundo esperava que seu pressentimento estivesse errado.

 

Lentamente caminhou até a entrada decidindo ser discreto e não assustar caso estivessem de fato por ali. Parou, respirou fundo, tentou jogar no mais fundo poço os ciúmes que aflorava e cintilava pelos seus poros e então entrou.

 

- N-Não acredito, vocês não... – Seu rosto enrubesceu rapidamente.

 

A cena que Minseok encontrou fora dois jovens deitados, um abraçado no outro feito uma concha, como se todo o caos do mundo fosse silenciado. O menor entre os dois sem a parte de cima de suas roupas.

 

- O que vocês estavam fazendo?! – Falou um pouco mais alto ao perceber que os dois ainda dormiam recolhendo um blazer escolar que estava largado pelo chão.

 

- B-Baozi? O que? O que faz aqui? – Luhan desfez o abraço de Sehun levantando enquanto bocejava, enfim se apoiando sobre o cotovelo no pequeno colchonete em que estavam deitados.

 

- Onde vocês estavam? Simplesmente sumiram, fiquei preocupado! – Jogou o blazer para Luhan indicando que queria que o mesmo se vestisse.

 

Sehun sentindo que algo estava faltando em seu abraço também despertou coçando os olhos e arrumando o cabelo ainda bagunçado.

 

- M-Minseok? Reconheceria essa voz infantil em qualquer lugar. Você sempre aparece nos piores momentos, não é? – Sehun sentou-se no colchonete.

 

- V-vocês dormiram aqui? Dormiram juntos? E por que estão quase nus? – Minseok enrubesceu ainda mais.

 

Luhan também enrubesceu, para os dois toda aquela situação era extremamente constrangedora.

 

- N-Não a-aconteceu nada.. – Luhan tentava vestir seu blazer mirando o chão extremamente envergonhado.

 

- Não há do que se envergonhar Hannie – Sehun o abraçou por trás dando beijos sutis em seu pescoço – Sei o quanto você amou aquilo, tanto quanto eu – Sussurrou baixinho em seu ouvido para que o mais velho não escutasse.

 

Luhan arfou com os beijos, não estava acostumado com aquele tipo de carinho e ao escutar o sussurro do menor era como se o tempo parasse, novamente, e suas memórias, por fim, foram invadidas por lembranças da noite anterior.

 

 

 

✘✘✘

 

 

- O que está olhando Sehun-ah? - Luhan perguntara um pouco envergonhado ao sentir o olhar alheio tão fixo em si.



             - Sua beleza - Dissera o outro de forma direta sorrindo de leve para o chinês.



            Os dois estavam agora na frente da cabana sentados no chão aguardando meio que involuntariamente o vento levar a umidade de suas roupas e corpos. 



                O mais baixo abaixou sua cabeça envergonhado, se perguntava como o outro conseguia ser tão direto com as palavras, ainda mais em dizer algumas coisas que deixavam ele mesmo constrangido. 



                - V-Você sempre fala essas coisas Sehun-ah - Luhan brincava com as mangas de sua camisa enquanto desviava seu olhar do mais alto - Não arde mais como antes - Sorriu, olhando para o seu ex-machucado.



               - Está bem melhor - Sehun sussurrou atrás de si fazendo com que seu hálito batesse em sua nuca. 



               Luhan se afastou rapidamente, tanto pelo pequeno susto quanto pela vergonha. O mais novo ainda estava sem camisa e algumas gotas de água escorriam pelo seu tronco nu, Luhan desviava seu olhar para qualquer ponto que não fosse o outro.



               - O que foi Hannie? - Sehun sorriu, seu príncipe era tão adorável.



             - Nada... - Luhan tentava acalmar as batidas frenéticas que sentia em seu coração, pôde perceber que estava a sós a muito tempo com Sehun. Não sabia o que fazer, pelo menos quando estavam os três conseguiam manter um diálogo saudável. Luhan rapidamente se deu conta - Minseok! Quero dizer, ele não veio, será que aconteceu algo? - Já perguntava com um semblante preocupado.

 

- Ele está bem, deve ter sido apenas mais uma vítima das propostas do diretor - Sehun dissera após um suspiro, o mais baixo notara um pouco sua mudança repentina de humor.

 

- Propostas? - Luhan se perguntara apenas por quê o mais velho não tinha ligado para avisá-los que não viria.
 


          - Uns eventos desnecessários que a escola realiza, eles sempre chamam algum capacho para ter o trabalho todo de realizar essas bobagens - Falara sem interesse.



           - Ah, entendo - Mas certamente era estranho o mais velho não ter ao menos mandado alguma mensagem ou ligado - Mas ele nem lig... - Fora interrompido ao sentir braços alheios contornarem sua cintura por trás.



           - Não esquenta Hannie, ele vai ficar bem, sabe como ele é bem esquecido com as coisas - Depositara um beijo na bochecha de Luhan que logo ganhara um tom escarlate.



               - N-Não faça isso – Sussurrou abaixando sua cabeça de modo a esconder sua vergonha.

 



              - Isso o que? - Se fazia de desentendido – Beijar-lhe? - Beijou o ombro coberto do outro - Mas é tão bom.
 


             - Sehun... -  A região de seu peito subia e descia rapidamente, sentia a pele quente do maior tocar-lhe a sua.



        - E-Eu - Tentara se desvencilhar fracamente dos braços do outro, mesmo que no fundo gostasse de estar assim com Sehun, sua vergonha falara mais alto.



         - Me desculpa Lu - Aos poucos Luhan sentiu os braços se afastarem de seu corpo, seu rosto queimava ainda em vergonha - Mas eu... não consigo esconder mais esse sentimento - Luhan virou seu olhar sem querer para o mais alto ao ouvir tais palavras e encontrou os orbes negros fixarem logo nas suas.


 

- O-O que? - Luhan perguntara nervoso, não sabia o porquê de estar assim, mas também sentia suas mãos suarem em uma ansiedade desconhecida.



            - Pode parecer loucura, mas eu estou completamente apaixonado por você... - Olhava intensamente para Luhan que nem sequer se mexia do lugar.



          O garoto chinês não sabia o que fazer, ali na sua frente Sehun admitia sentimentos por si, o que parecia difícil ao seu alcance se tornou algo bem fácil. A pessoa a quem gostava também lhe correspondia.



          - Sehun-ah... - Sentia seu corpo todo vibrar, de forma acanhada retribuiu o olhar alheio - Eu... eu também gosto de você - E Luhan pensou que morreria antes de dizer aquilo que tanto queria falar para o outro, agradeceu aos céus por não gaguejar novamente, afinal, sempre tinha tal defeito quando se sentia nervoso.



             E Sehun precisava somente ouvir aquilo novamente para perceber que Luhan lhe amava. Seu coração ansiava por aquilo.


 

- Eu nunca senti algo assim antes por alguém - Luhan brincava com seus dedos, não conseguia mais olhar diretamente para o outro, seu coração pulsava dolorosamente. Estava tão distraído que não percebeu o outro se aproximar novamente de si e lhe puxar para um abraço caloroso.



 

- Por favor, não fuja mais de mim... - Sehun murmurou de forma baixa, o outro não pôde escutar, mesmo que quisesse. Encaixou sua cabeça na curvatura do pescoço alvo do mais baixo inalando o máximo que podia daquele aroma tão conhecido por si.


 

O mais alto deslizou seu nariz por toda a extensão do pescoço do menor até chegar nos lábios finos do chinês que no momento pareceu tão chamativos para ele, o mesmo nem hesitou antes de tomá-los de uma vez para si. Luhan mesmo que de forma inexperiente tentou correspondê-lo, mas logo se afastou rapidamente com suas bochechas pegando fogo.



 

- E-Eu não sei beijar - Sehun queria certamente mordê-lo todinho por tamanha fofura.

 

- Relaxe Hannie, deixe tudo por minha conta e apenas aproveite - Luhan pensou ter visto um sorriso sugestivo vindo do mais alto, mas só pensou mesmo. Assentiu com a cabeça, finalmente olhando para Sehun que logo enlaçou sua cintura com firmeza.



 

Os lábios se fundiram novamente com um pouco de urgência por parte do maior, Sehun dominava o beijo com maestria fazendo com que Luhan acompanhasse o ritmo. Sentia a mão alheia rastejar sobre suas poucas curvas fazendo com que alguns suspiros do menor saíssem entre o beijo. A intensidade do ósculo foi aumentando à medida que a temperatura subia somente para os dois.



 

Luhan arfava entre o beijo, parecia querer também dizer algo que tanto o incomodava.



 

- Meu corpo está tão quente... eu não sei o que fazer - Luhan dizia de forma inocente para qualquer ouvido que estivesse perto, menos para o de Oh Sehun, que estava embriagado e sorriu da forma mais maliciosa possível ao ouvir aquilo.



 

- Não acha que deveríamos remover esses panos inúteis de nosso corpo? Acho uma boa - Não esperou a confirmação do outro e seguiu com suas mãos diretamente nos primeiros botões daquela camiseta do menor, abrindo-a casinha por casinha sem desviar do olhar alheio. Um suspiro de alívio foi solto dos lábios do chinês ao ter sua vontade saciada, afinal, estavam na entrada da cabana e uma brisa leve batia em seus corpos.



 

- Vamos entrar - Sussurrou Sehun perto da orelha do menor, Luhan se agarrou como um coala no outro. Mesmo que a timidez tomasse conta de si, a sensação de conforto nos braços do outro era mais alta



 

O coreano necessitava do mais baixo, apesar de querer algo mais especial para o seu príncipe, restava aceitar o único momento que o destino lhes proporcionava. Deitou Luhan sobre aquele chão de madeira e voltou a tomar-lhe os lábios de forma afoita e dessa vez mais apressada. Os toques agora eram mais necessitados, os troncos nus se tocavam e despertavam pequenos choques em seus corpos.

A visão era realmente tentadora para o mais novo, Luhan se encontrava ofegante abaixo de si, seus cabelos desgrenhados e suas bochechas coradas denunciam seu estado de êxtase - Que gracinha - Beijou o tronco exposto sem hesitação, deixava algumas mordidas de leve sobre a região. Os mamilos róseos encantavam Sehun e não puderam ficar invulneráveis por tanto tempo, até que o coreano os abocanhasse com uma certa avidez. Luhan era somente gemidos e arfares. Levou suas mãos em direção ao cabelo do castanho puxando alguns fios com a força que restava dele mesmo. E somente de ver o chinês daquele jeito, Sehun se perguntava se já não estava em seu próprio ápice - Quero tomá-lo todo para mim - Sem mais delongas, despiu o mais baixo por inteiro, logo fazendo o mesmo. Eles não aguentavam mais, os corpos clamavam um pelo outro mesmo que Luhan não expressasse isso bem com palavras. Seu olhar dizia isso e seu coração apenas seguia aquele caminho que lhe foi dado.



 

- S-Sehun-ah - O chinês puxara o outro de súbito para um abraço, as peles se tocavam brevemente - Eu confio em você - Sehun desta vez estava admirado com tudo aquilo, com seu príncipe principalmente, não imaginara estar em um lugar melhor do que com o seu amado.



 

- Se doer não hesite em me bater Hannie - Sehun disse logo após de começar a preparar o menor, dedicava o maior tipo de cuidado com seu príncipe, afinal, era sua primeira vez e não queria que ele sentisse muita dor. 



 

- Sehun... - Ofegante, o chinês tinha sua fala entrecortada entre a dor e uma pequena parte do prazer - P-Preciso de ti - Sehun não demorou a acatar o pedido, selou os lábios de seu belo príncipe e o preencheu por inteiro fazendo com que os dois corpos se tornassem um. O castanho esperou o tempo necessário para que o outro se acostumasse, Luhan tinha algumas lágrimas rolando pelo seu rosto, pois a dor era algo que não se podia impedir. Remexeu seu quadril como sinal para que Sehun continuasse e o mesmo se moveu em ritmo mais rápido. Então Luhan conhecera o prazer e sua mente pareceu entrar em branco com toda aquela sensação se apossando de seu corpo.



 

- A-Aah, Sehun-ah... - Os corpos se chocavam em um ritmo alucinante. O coreano buscou os lábios alheios. Intercalavam gemidos em meio ao beijo afoito. 



 

-Lu... e-estou quase lá... - O maior sussurrou sentindo seu ápice bem próximo.

 

 

 

✘✘✘

 

 

- Eu não posso acreditar mesmo nisso. Sehun, como pôde? N-Nós temos uma promessa! – O rosto do mais velho se encontrava extremamente vermelho, algumas lágrimas rolaram sobre sua face e sua voz tornou-se turva – Jamais imaginei que iriam tão longe. Meu príncipe, ele te forçou a algo? Seu corpo... eu não – Lágrimas frenéticas rolavam por sua face – Eu deveria te bater muito agora, mas não sou como você que quebra promessas, seu pervertido!

 

- Pervertido? Não seja hipócrita Minseok, sei que você queria isso tanto quanto eu. E aliás, não o forcei a nada, Luhan se entregou para mim de livre e espontânea vontade, não é mesmo, Hannie? – Beijou a bochecha de Luhan o abraçando pela cintura.

 

O rosto de Minseok não se conteve em contorções, parecia que o mais velho estava realmente sofrendo. Seu coração estava doendo e a única coisa que cabia naquele momento era chorar. Porém, o que doía não era o fato de Luhan ter dormido com Sehun e sim o mais novo ter sido o primeiro a tocar Luhan nos seus lugares mais proibidos e excitantes. Minseok queria ter vivido aquele momento, tocado, acariciado, beijado e contraído todo o corpo do príncipe. Queria ter sido o primeiro a viola-lo.

 

- Não... Sehun! Não podemos ter feito isso, não desse jeito – Luhan se ergueu ainda nu como se toda a vergonha estivesse guardada em seu bolso. O que importava naquele momento era o coração, talvez, partido de Minseok – B-Baozi, nada aconteceu, por favor não briguem! – A inocência do garoto o fez acreditar que conseguiria convencer Minseok de que nada tinha acontecido.

 

- Luhan! Não minta para mim! Como explica sua nudez? – Corou um pouco a notar o membro exposto do chinês – Quer que eu acredite que nada aconteceu? – Gritou ainda em prantos – Vocês me traíram.

 

Luhan se assustou com o grito e, finalmente, percebeu que nada que dissesse naquele momento conseguiria consertar o que tinham feito.

 

- C-Chega, eu não quero ouvir mais nada – Minseok se virou e saiu sem rumo, trocando os pés, enxugando as lágrimas e largando pedaços do que sobrara de seu coração. Sentia-se traído.

 

Luhan tentou ir atrás, mas foi abraçado por trás por Sehun que sussurrou algo em seu ouvido que o fez mudar de ideia.  

 

- Sehun, o que fizemos? – Sentou-se na conhecida poltrona com as mãos sobre a face tentando encobrir as lágrimas que, também, rolavam.

 

- Vista isso, está frio aqui e não quero que pegue um resfriado – Jogou seu blazer em Luhan – Tsc, não imaginei que as coisas fugiriam do controle dessa forma.

 

- Tudo fazia parte do seu plano? – Luhan fitou Sehun com um olhar confuso. Dobrou os joelhos, abraçou-os e desabou sobre eles - N-Não consigo, não consigo lidar com tudo isso.

 

- Plano? E-Eu nunca tive um plano, as coisas simplesmente aconteceram – Mentiu - Não pode se culpar por ter assumido seus sentimentos, meu príncipe – Sehun se ajoelhou, ainda nu, em frente a Luhan acariciando suas pernas.

 

- Então por que não consigo parar de me sentir culpado? Por que não consigo parar de pensar que fizemos algo tão errado? – Ergueu o olhar mirando o mais novo com seus olhos vermelhos, molhados e inchados – E-Estou confuso, não queria machuca-lo.

 

Sehun afagou os cabelos do chinês e enxugou alguma de suas lágrimas.

 

- Por que vocês parecem sempre estarem brigando? Por que sempre falam de uma promessa? Eu estou cansado de não entender – Socou seus próprios joelhos numa tentativa de se punir.

 

- Porque te amamos. Minseok te ama tanto quanto eu e presenciar toda aquela situação o fez perder o controle. Mas logo ele voltará a si e... E vamos estar juntos novamente – Sorriu com os olhos.

 

- Juntos? Ele estava chorando muito! Aquilo parecia uma simples perca de controle para você? Nós o traímos – Luhan estava começando a se entregar para a culpa.

 

Sehun suspirou profundamente.

 

- A culpa não é sua, mas sim minha. É que... estou tão apaixonado por você que não consigo conter meu egoísmo. Hannie, quero seu amor inteiramente para mim! – Deu sucessivos beijos pelas pernas alvas do chinês.

 

Sehun percebeu Luhan corar por baixo de todo aquele choro.

 

- Vamos dar um jeito nisso, ok? Vamos, levante-se! Tudo que ele precisa agora é de você. Ele precisa do seu príncipe.

 

Sehun entendia que a culpa por toda aquela situação era sua e ver as duas únicas pessoas com quem ele se importa naquele estado o fez partilhar um pouco do sentimento de culpa. Apesar de não fazer parte do seu feitio, odiava aquele sentimento e sabia que se não fizesse algo para consertar aquilo sua consciência não o deixaria em paz.

 

Após estarem totalmente vestidos, Luhan secou suas últimas lágrimas e Sehun procurou as chaves de sua moto. Os dois concordaram que precisavam encontrar Minseok de qualquer maneira e o mais novo tinha uma vaga ideia de onde o garoto de bochechas salientes teria ido.

 

Uma longa manhã os aguardavam. Durante o trajeto, Luhan e Sehun conversaram sobre o que fazer ou o que dizer quando o encontrasse e chegaram à conclusão de que Luhan seria a peça fundamental naquela reconciliação e ele deveria saber o que dizer. Bastardo, Sehun apenas queria se livrar do peso e das consequências deixando todo o trabalho árduo nas mãos do seu amado.

 

Não demoraram muito para chegar numa livraria de ar acolhedor, com pisos e paredes amadeirados e uma filial da Starbucks no segundo andar. Aquele era o refúgio pessoal do outrora cavaleiro.

 

- Mas o que eu deveria dizer? N-Não posso entrar lá – Luhan corou dando alguns passos para trás.

 

- Você precisa! É o único que pode ajeitar as coisas. Faça isso por ele – Com uma piscadela, Sehun empurrou o jovem até a entrada da livraria e voltou para a sua moto como se nada estivesse acontecendo.

 

Desde que encontrou esses dois, os pensamentos e sentimentos de Luhan não conheciam outra palavra além de confusão. Tudo estava caótico dentro dele e por mais que desejasse, não conseguira por nada em ordem.

 

Desde que encontrou esses dois, soube o que significava amar e ser amado, apesar de ainda não compreender com totalidade as dimensões dessa palavra. Tudo que menos queria era perder um de seus dois amigos e por mais que quisesse voltar no tempo e reverter toda aquela situação, sabia que não era possível e que algo precisava ser feito.

 

Deu três passos, suspirou fundo, engoliu toda a culpa e decidiu o que iria dizer. Encontrou Minseok sentado numa mesa redonda lendo um enorme livro com dragões e castelos na capa.

 

- Olhos azuis? Um dragão de olhos azuis? Soube que eles são extremamente raros -  Fitou a capa do livro esperando uma resposta.

 

- Huh? Ah... São extremamente raros – Observou Luhan de cima a baixo e depois voltou sua atenção para o livro. O garoto chinês pode notar que as bochechas dele ainda estavam vermelhas e meio úmidas, rastros do choro anterior.

 

- S-sabe, eu não quis que as coisas acabassem desse jeito. E-Eu estava confuso, carente e simplesmente me entreguei para Sehun – Suspirou, sentando-se em frente à Minseok – Eu o amo – Enxugou mais algumas lágrimas que caíram.

 

Luhan percebeu Minseok abaixar o livro com os olhos cheios de lágrimas e parar para escuta-lo.

 

- Mas... Mas, por mais estranho que pareça, eu também... E-Eu também – prendeu a respiração profundamente corando um pouco – eu também te amo –  soltou o ar – Minha vida fora uma monotonia sem fim desde que nasci. Nada de interessante acontecia e eu não tinha interesse em construir laços com outras pessoas ou era tímido demais para fazer isso. Até que conheci vocês – Segurou as mãos do maior a sua frente não se importando com as pessoas que estavam ao redor – Vocês mudaram algo em mim, desde o dia que o vi pela primeira vez meu corpo respondia a cada olhar e sorriso seu de uma forma que jamais imaginei que fosse possível, como se ele, meu corpo, o conhecesse há muito tempo. E-Eu juro que não entendo, mas não consigo controlar o que sinto. Jamais imaginei que amaria alguém dessa forma e ainda mais duas. Eu sou uma pessoa horrível – Lágrimas brotaram involuntariamente – Por favor, me perdoe, eu não quis te machucar, só estava confuso e... e toda aquela noite – Fungou – Perdoe-me – Abaixou a cabeça não conseguindo mais segurar o choro.

 

Luhan sentiu sua cabeça ser tocada e seus fios percorrido por dedos familiares.

 

- Vamos sair daqui as pessoas já estão nos olhando – Levantou o rosto do mesmo com a ponta dos dedos e com a manga do blazer enxugou suas lágrimas.

 

Minseok levantou, segurou Luhan pela mão e guiou o mais novo em direção a saída. Não demorou muito para os dois encontrarem Sehun estacionado em sua moto, apreensivo, mas contido.

 

- Então isso quer dizer que? – Encarou Minseok recebendo o mesmo olhar de volta.

 

- Eu acabei perdendo o controle, me desculpem... Meu príncipe – Virou-se para Luhan – Me desculpe por te fazer se sentir dessa forma – Aproximou-se e o abraçou depositando a cabeça sobre seu ombro – Não conseguiria viver sem você e depois de tudo que me disse não conseguirei viver sem o seu amor, apesar de ter que dividi-lo com Sehun – Sussurrou escutando Luhan soltar algumas pequenas gargalhadas entre fungos e gemidos chorosos.

 

- Sehun, não pense que vou perder para você, ok? –Mirou Sehun observando o mesmo rir sem jeito - Acho que é isso, Luhan agora não é mais virgem – Soltou um beijo para Luhan.

 

- B-Baozi! – Luhan corou terminantemente – N-não diga coisas como essas em público – Coçou a nuca descontraído.

 

- Agora que tudo está ajeitado, temos uma manhã inteira juntos. O que vamos fazer? – Sehun deu partida em sua moto.

 

- Oh não! Lembrei que ainda não falei com minha mãe! Ela deve estar super preocupada – Luhan segurou a cabeça como se tivesse cometido um grave erro – Já sei! – Estalou os dedos - Vamos, vocês dois venham comigo. Já está na hora de minha mãe conhecer meus amigos. Aproveitamos e comemos algo por lá mesmo, ela sempre cozinha bastante, bom que não irá sobrar dessa vez.

 

- Boa Ideia! Adoraria conhecer a mãe do meu príncipe – Minseok não perdera o costume de chamar Luhan por esse título.

 

- Príncipe? – Corou um pouco, ajeitando o cabelo atrás da orelha – Não é para tanto – Sorriu gentilmente – Então Sehun, vamos?

 

- Acha que vão me deixar para trás? Vou onde você for, Hannie – Soltou uma piscadela para Luhan que bufou e revirou os olhos.

 

Sehun desceu de sua moto e achou prudente acompanhar os três a pé, mas antes a estacionou num lugar que considerava seguro.

 

Seguiram os três rapazes em direção a casa de Luhan. Durante o caminho passaram por algumas sorveterias e marcaram de irem lá juntos qualquer dia desses. Conversavam sobre coisas aleatórias, sobre nada ao certo, só para passar o tempo enquanto caminhavam.

 

Chegaram e Luhan pediu que parassem e esperassem na porta, ele precisava entrar primeiro e conversar com sua mãe. Ela provavelmente estaria brava pelo sumiço repentino dele e não seria prudente levar duas visitas para casa enquanto Lu Mei estivesse brava.

 

- Esperem aqui, volto em alguns instantes e entraremos todos juntos, ok? – Sehun e Minseok acenaram com a cabeça.

 

Aquela seria uma situação nova para ambos e estavam ansiosos e nervosos ao mesmo tempo. Iriam conhecer a progenitora de seu amado, tinham que passar uma boa impressão.

 

- Mama? Estou entrando – Deixou os sapatos na porta e foi direto para a cozinha.

 

O chinês encontrou uma mesa posta com algumas sopas, frutas e pães. Achou que sua mãe tinha preparado tudo aquilo para recebe-lo, porém notou que a sopa estava extremamente fria e que algumas frutas tinham começado a entrar em estado de putrefação.

 

“ Mas o que está acontecendo? “ Começou a se preocupar. Luhan deu algumas voltas na cozinha ainda chamando por sua mãe. Sem obter uma resposta de volta, subiu para o segundo andar e olhou em seu quarto, estava vazio também. Nesse momento seu coração acelerou fortemente.

 

Percebendo que Luhan não voltava, os dois rapazes resolveram entrar e verificar se estava tudo certo. Minseok conseguiu ouvir um som baixo vindo de algum lugar e parecia ser algum tipo de noticiário, procurou pela origem do som e chegou até a sala de estar onde a televisão estava ligada no noticiário local. Sehun o seguiu.

 

- Hannie? Você quem ligou a TV? – Sehun perguntou aos ventos, esperando a resposta vir de algum lugar.

 

“ Na última noite, exatamente as 21:37 da noite, um acidente terrível aconteceu próximo as imediações de uma escola, tendo uma vítima que se encontra no Hospital do Centro e já recebe os devidos atendimentos. O Motorista apresentava sinais de embriaguez, sendo confirmado pelo teste do bafômetro realizado pela perícia, foi indiciado por tentativa de homicídio doloso, assumindo a intenção de matar. A vítima, cujo nome nossa equipe identificou por Lu Mei, foi arremessada metros e seu estado é.…”

 

- Lu Mei? Lu... Ei, esse rosto é familiar – Minseok encarava a tela como um detetive em ação –Céus, Lu Han! – Saiu gritando pelos cômodos a procura do chinês.

 

- Estou aqui Baozi, aconteceu alguma coisa? – Luhan apareceu no início da escada.

 

- S-Sua mãe... – Gaguejou, sua voz não conseguia sair, algo tapava sua garganta.

 

- O que? Vocês a encontraram? – Olhou para Sehun que fitava a televisão imóvel – Sehun-ah?

 

- Sua mãe Luhan, sua mãe está no Hospital do Centro – Sehun virou para encarar o menor com os olhos pesados e o semblante entorpecido.

 

- Minha mãe? Do que você está falando Sehun? – Desceu as escadas correndo, tropeçando no último degrau, quase caindo, porém, foi aparado por Minseok que o abraçou e apertou forte.

 

- Lu Mei. Esse é o nome dela certo? – Falou em seu ouvido.

 

- Sim! É a minha mãe, mas o que quis dizer com hospital? – Seus olhos começaram a encher de lágrimas.

 

- Ela sofreu um acidente noite anterior, parece que foi atropelada por um bêbado e está sob atendimento no Hospital do Centro – Minseok acariciou a cabeça do jovem chinês esperando que o mesmo chorasse em seu ombro com a notícia.

 

- Não... N-Não pode ser... A c-culpa é minha, eu n-não estava em casa! Eu deveria estar aqui com ela. Mama deve ter ido procurar por mim – Chorou em desespero, sentindo as forças de suas pernas sumirem.

 

- Não foi sua culpa, não tinha como saber que algo assim iria acontecer – Sehun se levantou e abraçou os dois com seus braços longos – Por favor, não chore, vai ficar tudo bem - Os dois rapazes tentavam a todo custo envolver Luhan com seus abraços calorosos e reconfortantes. Por alguns segundos os três ficaram ali abraçados.

 

- E-Eu quero vê-la, por favor me levem até ela, eu preciso vê-la – Luhan tentou sair do abraço.

 

- Ok, vamos te levar até lá, não é muito longe daqui, chegaremos mais rápido indo a pé – Sehun sugeriu.

 

- Então vamos – Minseok desligou a televisão e os três partiram novamente.

 

 

 

✘✘✘

 

 

O homem caminhava de um lado para o outro na sala de espera em frente a emergência do hospital.

 

- Senhor... Senhor Donghae – Deu uma pescada na ficha – O senhor precisa se acalmar, está deixando todos os outros impacientes – A enfermeira balconista alertou.

 

- Não me peça para ficar calmo numa situação como essa! A horas que eles estão lá dentro e não trazem notícias. Só posso esperar pelo pior – Sentou numa das cadeiras, cruzou as pernas e balançou o pé freneticamente.

 

Por um momento a enfermeira achou ter visto um sorriso no rosto do homem, mas imaginou ser o cansaço em excesso devido aos longos plantões. Quem conseguiria sorrir numa situação como essa?

 

A enorme porta branca foi aberta por um homem de jaleco também branco, ele caminhou em direção a Donghae e quando estava próximo o suficiente retirou sua máscara.

 

- O senhor é algum parente da paciente? – O olhou de cima a baixo.

 

- Sim! Somos primos – Mentiu – Por favor doutor! Ela está bem? Diga-me!

 

- Sente-se por favor.

 

- Sem delongas Doutor, está me deixando preocupado – Sentou-se –  Com o maior número de detalhes possível, preciso saber como minha prima está Doutor!

 

O médico respirou fundo como se lhe faltasse ar nos pulmões naquele momento. Por mais que estivesse naquela profissão a anos nunca era fácil dar notícias como aquela.

 

- O corpo dela foi lançado numa distância inacreditável, é de surpreender que tenha sobrevivido. Porém, seu crânio foi seriamente danificado, chegando próximo a um traumatismo. Conseguimos impedir uma hemorragia no encéfalo e sérios danos cerebrais. Porém, não conseguimos trazê-la de volta a consciência. A paciente entrou em coma.

 

O profissional mirou o homem sentado à sua frente penosamente de modo que parecia que conseguia entender o que ele sentia. 

 

- Não... não pode ser – Algumas lágrimas escorreram.

 

Kim Donghae precisava ser realista e convincente.

 

- Posso vê-la? – Levantou afoito.

 

- Ainda não... ela precisa descansar, o procedimento cirúrgico foi muito delicado. Aguarde mais um pouco, por favor – Virou de costas e passou pelas portas brancas, sumindo pelo corredor.

 

O corpo de Mei estava ligado a máquinas que mediam sua atividade cardíaca e cerebral. O quarto recebia visitas constantes de enfermeiras e médicos. Alguns achavam a expressão da mulher estranha, não era algo indiferente como pessoas em estágio de inconsciência deveriam expressar. Ela estava sorrindo.

 

Naquele mesmo quarto uma brisa calma e fria passava balançando as flores que foram deixadas por uma enfermeira para tornar o ambiente mais agradável.

 

Não sabemos o que acontece com a mente de uma pessoa quando esta perde a consciência e entra em coma, mas a de Lu Mei estava num lugar específico. Numa época específica.

 

 

 

 

✘✘✘

 

 

 

 Mei despertou.

 

- O-Onde estou? – Abriu os olhos vagarosamente sentindo uma luz forte penetrar sua visão – Onde estou? – Apalpou o chão sentindo uma grama alta de aroma inconfundível entrar pelos seus dedos.

 

Depois de algum tempo, seus olhos se acostumaram ao sol radiante.

 

- Que roupas são essas? – Notou que usava uma túnica branca coberta por fios dourados e em sua cabeça portava uma coroa de flores.

 

- Você costumava trajar isso sempre que vinha conversar com as flores. As vezes alternava entre tênues tons azulados.

 

- Quem está aí? Quem é você? – Olhou em volta procurando a origem da voz.

 

O cenário era esplendido a qualquer visão. Campos vastos cobertos por uma gramínea de um verde vivo, algumas árvores frutíferas compunham a paisagem, um rio de água cristalina que desaguava numa cascata separava os dois leitos e montes rochosos delimitavam o espaço. Qualquer pessoa jamais iria querer deixar aquele local. Mei também pensou isso.

 

- Quem está aí? – Perguntou novamente mais alto.

 

- Olhe com mais atenção -  A voz masculina soava suave.

 

A mulher caminhou em direção a algumas árvores que era de onde o som parecia proceder - Quem está aí? Por favor, diga-me!

 

Escutou gritos característicos de uma coruja e um bater de asas estrondosos. Em seguida, alguma coisa deu um voou rasante passando próximo a Mei e parando de costas para a mesma num galho a sua frente.

 

A chinesa se assustou com o voo repentino, mas logo se recompôs e fitou o animal a sua frente.

 

- Você? N-Não, isso é impossível – Seus olhos se encheram de lágrimas.

 

A coruja virou sua cabeça em 180 graus revelando seu rosto. Era uma coruja-das-torres, porém seus olhos ostentavam uma formação que pareciam estrelas numa galáxia distante.

 

- Não sabe o quanto esperei para poder vê-la novamente, meu eterno.

 

- Não... não pode ser real. Onde estou? Meu filho! Eu estava procurando pelo meu filho!

 

- Acalme-se, você conhece esse lugar com a palma das mãos. Eu a trouxe aqui.

 

- Por que? Por qual motivo?

 

- Você não faz mais parte daquele mundo.

 

- C-como? O que quer dizer com isso?

 

- Quero dizer que você sofreu um acidente que custaria sua vida, mas quebrei as minhas próprias regras novamente e intervi a colocando num coma permanente. Não suportaria perde-la de novo.

 

- Não... – Lu Mei estava sem chão, suas pernas perderam a força e ela caiu ajoelhada.

 

- Por favor, não chore.

 

A coruja desceu de seu galho, deu alguns pulos baixos e caminhou em direção a mulher. Aproximou-se cada vez mais e quando estava próxima o suficiente afagou suas asas no joelho dobrado dela.

 

- Lembra do momento em que nos conhecemos? Desde aquele dia soube que te amava.

 

 

 

✘✘✘

 

 

 

 

Século V,

Alguns meses antes do nascimento do pequeno príncipe.

 

 

 

- Onde pretendes ir vestida desse jeito, minha rainha? – Uma das criadas perguntou preocupada com as roupas nada luxuosas que a dama usava.

 

- Vou dar uma volta pelo reino, preciso conhecer mais de perto aqueles que represento – Disse com um sorriso.

 

- M-Mas uma rainha jamais deveria deixar o seu trono! – Disse, preocupada com as implicações daquela ação aparentemente imprudente.

 

- Não se preocupe, Josephine. Não me tornei rainha para ficar presa em meus próprios domínios, voltarei logo, prometo – Abriu uma porta pequena, um túnel secreto que desembocava numa saída do castelo.

 

- O que fazer com esses jovens? – A criada tinha uma idade extremamente avançada e sua família servia aos nobres por gerações.

 

Finalmente fora de toda aquela pomposidade a qual era obrigada seguir, Lu Mei pode ir para seu retiro de descanso: Os campos verdejantes do próspero reino. Trajando uma túnica branca com fios dourados, atravessou a ponte que separava a cidade do castelo e por fim a muralha que contornava o centro do vilarejo.

 

Após uma longa corrida, chegou numa clareira repleta de flores e árvores frutíferas, era ali que passava grande parte de seu tempo livre. Longe de tudo e de todos. Ali que podia ser ela mesma, estranha, peculiar. Seu hobby era conversar com flores e animais e gastava grande parte do seu tempo com isso. A rainha e as flores trocavam confidencias como verdadeiras amigas.

 

Seguiu-se assim por anos, até que, naquela tarde, um acontecimento mudara totalmente a rotina.

 

- Para mim? Obrigada – Pegou uma coroa de flores e colocou sobre a cabeça – Achou mesmo? Suas pétalas que são lindas – Conversava com um Lírio.

 

- Se chegar mais perto, conseguirá escuta-las – Uma voz suave fez-se presente.

 

- Q-Quem está aí? – Lu Mei se assustou, olhou em volta, mas nada viu.

 

- Desculpe, te assustei? – Uma coruja desceu voando e pousou sobre um galho.

 

- Um pouco – Sorriu, descontraindo sua tensão.

 

- Não tive a intenção, perdoe-me – Abriu as asas para alonga-las e recolheu de volta.

 

- Essa é a primeira vez que um deles me responde.

 

- Não sou um deles.

 

- Não? Parece uma coruja para mim.

 

- Posso parecer muitas coisas.

 

- Por que uma coruja?

 

- Não entenderia mesmo que explicasse.

 

- Mas então o que é você? – Tentou chegar mais perto, cautelosa.

 

- Já tive muitos nomes, muitos rostos, mas não cabe a você conhecer nenhum deles.

 

- O que faz aqui?

 

- Você é diferente.

 

- Sou?

 

- De todas as criaturas, você é diferente. Pensa diferente, sente diferente. Há muito tempo te observo, mas só agora tive coragem para te proferir palavras.

 

A mulher corou um pouco.

 

- Não tem medo? O diferente costuma assustar.

 

- Não tenho medo. E você? Não tem medo?

 

- Por que teria? O desconhecido não me assusta, atrai-me.

 

- É a primeira a me dizer isso.

 

Lu Mei parou por um instante. Removeu a coroa de flores que tinha feito e cuidadosamente colocou sobre a cabeça da coruja de uma forma que coubesse sem cair completamente.

 

- O que isso significa?

 

- Que somos diferentes.

 

- Isso nos torna próximos?

 

- Acho que sim – Lu mei sorriu com os olhos – Seus olhos... eles parecem constelações.

 

- Eles são.

 

Assim seguiu-se toda a tarde, a mulher agora trocava confidências com a coruja e foram se tornando cada vez mais próximas.

 

A rotina tinha sido mudada. Agora ao invés e passar suas tardes com flores, a rainha era acompanhada pela coruja. Aquela relação era fora do comum e estava se tornando mais forte, cada nova conversa os aproximava mais e os deixava mais perto do abismo chamado paixão.

 

Lu Mei sentia-se culpada, estava casada com um homem e para a moral da época se apaixonar por outro estando casada era algo repreensível. Mas não se pode controlar por quem nos apaixonamos e ela sabia muito bem disso.

 

Agora não importava mais, eles estavam amando. Tanto a mulher amava a coruja quanto a coruja amava a mulher.

 

- Até quando ficaremos juntos, corujinha?

 

- Para todo o sempre, minha bela humana.

 

 

 

 

✘✘✘

 

 

 

- Eu te amei, verdadeiramente te amei e continuo amando – A coruja transmutou-se num homem loiro com uma longa franja partida ao meio caindo sobre a testa, olhos de um azul infindável e pele alva como a pureza de uma criança. Então deitou no colo da mulher.

 

- Nos amamos... nunca deixei de te amar, todos os amores que tive, nenhum se compara a esse. Único e Verdadeiro – Ela começou a fazer carícias na cabeleira loira – Mas por que me trouxe aqui afinal? – Selou os lábios do homem com um beijo molhado.

 

- Não durarei muito tempo. Minha existência será apagada e todo o resto irá com ela, todo o universo e tudo aquilo que existe. Mas tenho uma forma de evitar que isso aconteça.

 

Lu Mei parecia assustada.

 

- O que pretende fazer? Não é algo que pareça ser fácil de ser revertido.

 

- Saberá logo.

 

- E quanto a nós? Agora que estamos juntos de novo, eu não quero perde-lo, meu eterno. Fitou seus olhos azuis, eles pareciam molhados.

 

- Por isso a trouxe aqui, para passarmos nossos últimos momentos juntos. Iria até o fim comigo?

 

- Até quando ficaremos juntos, minha corujinha?

 

- Para todo o sempre, minha bela humana – Ele sorriu.

 

- E quanto ao meu filho? E quanto aquela criança?

 

- Não se preocupe, ela ficará bem.

 

- Estou disposta a abrir mão de minha própria existência para que fiquemos juntos, não valeria a pena existir se você não fizesse parte dela.

 

- Então vamos desaparecer juntos? – Acariciou seu rosto com as pontas dos dedos.

 

- Vamos desaparecer juntos – Lágrimas pingaram no dorso do homem.

 

- Mas antes preciso fazer algo.

 

 

 

 

✘✘✘

 

 

 

- Mais rápido! Vamos! – Luhan corria desenfreado.

 

- Acalme-se Hannie! Não adianta correr tanto se não formos chegar lá vivos! Espere por nós por favor – Sehun e Minseok tentavam acompanhar a velocidade súbita que Luhan atingira.

 

Os três rapazes conseguiam avistar os contornos do hospital quando Luhan, alguns metros à frente, parou subitamente de correr.

 

- Lu Han?! – Minseok e Sehun pararam, em nervos, sem saber como reagir.

 

Luhan perdeu a consciência e seu corpo tombou como num desmaio deixando seus dois amantes preocupados expressando horror.

 


Notas Finais


Vocês são vitoriosos por terem chegado até aqui. Estamos na reta final, esse é o penúltimo capítulo de toda história e deu para perceber que todos os fatos encaminharam para um final. Esse capítulo com certeza foi o melhor que já escrevemos e ele deve responder 50% das dúvidas de vocês ou não... Aguardem uma despedida com choro e muita diabetes nas notas finais do último capítulo SAKPSAOKKSA
Adie 0/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...