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História Samurai NOT - Capítulo 14


Escrita por: phmmoura

Capítulo 14 - Capítulo 14


— A gente precisa achar um lugar pra hoje antes — Tadayoshi disse, olhando ao redor. Enquanto o sol desaparecia e a luz dos fogos iluminava a cidade, as ruas ficaram mais lotadas. — Não quero dormir sem quatro paredes ao meu redor.

O espadachim conduziu a menina através da multidão como se soubesse para onde ia, mas logo Ei percebeu que ele estava apenas andando aleatoriamente. Mas ela estava fraca demais para reclamar e apenas se deixou ser arrastada enquanto eles procuravam por um lugar.

Não importava para onde iam, eles apenas escutaram lotado ou sem quartos, algumas vezes até mesmo antes de perguntar. Enquanto andavam, Ei sentiu sua fome superando sua náusea. Quando seu estômago roncou audivelmente, ela não conseguia mais ignorar. Sem brincar, rir e até mesmo sem nenhum comentário, Tadayoshi comprou comida. No começo a garota mordiscou a comida, mas cada mordida ficou maior e ela encheu sua barriga pela primeira vez em semanas.

A lua e as estrelas já brilhavam contra o céu sem nuvens quando eles finalmente encontraram uma pousada com um quarto nos limites da cidade. Isso é mesmo um quarto? Tá mais pra um depósito, Ei pensou enquanto sentava na pilha de palha que era sua cama. O quarto que encontraram era tão pequeno que era difícil de acreditar que mais de três adultos poderiam dormir sem acertar um ao outro com o menor movimento. Tanto faz. É o suficiente pra gente.

Ei massageou seus ombros latejantes. Enquanto a energia e humor dela melhorou, Tadayoshi a fez carregar a bolsa no meio da procura pelo quarto. Apesar de estar mais leve sem as espadas, ainda era pesada para a menina. Com sua exaustão a atingindo, ela deitou na cama. Sua mente divagou em sono e as imagens que a assombraram o dia inteiro voltaram.

Ela abriu os olhos e sentou. A garota suava e agarrou sua camisa, seu coração batendo dolorosamente em seu peito. A respiração dela estava rasa e rápida, e quanto mais ela tentara inspirar, mais ela ficava sem ar. Sua cabeça ficou tonta e ela lutou contra a vontade de vomitar. Eu vou… sempre ver… essas imagens… sempre que fechar os olhos…?

Mesmo com o calor vindo através da janela, ela tremeu. Ei se abraçou e encarou as costas de Tadayoshi. Apesar de tudo, pouco a pouco, a respiração e o coração dela voltaram ao normal.

— Ela não acreditou em você… — Quando respirar não era tão doloroso, Ei perguntou com dificuldade. Ela não se importava muito, apenas perguntar para tirar as imagens de sua mente. Ele virou para ela com uma expressão intrigada. — A mulher na entrada. Ela não acreditou na nossa história. Melhor mudar daqui pra frente.

— Podia ter ajudado. Mas não, você preferiu me corrigir daquele jeito — ele disse, balançando a cabeça com sua expressão zombeteira usual. Apesar de que Ei nunca admitiria, ver aquele lado dele depois de tudo trouxe mais alívio do que ela gostaria.

— A gente nem se parece. Quem seria idiota o suficiente pra acreditar que somos pai e filha? E o seu nome—

— Não. Não tem chances de esconder meu nome — ele disse abruptamente. Sua expressão ficou dura tão rápido que assustou a garota. Tadayoshi olhou pra ela e suspirou, as linhas de seu rosto amoleceram. — É… foi a primeira coisa que meu mestre me deu. Significa… lealdade.

“Eles me chamam de homem sem lealdade, mas isso é uma mentira!” Ei arregalou os olhos quando lembrou das palavras dele. Então foi por isso que ele reagiu daquela forma. Ela não tinha ideia do que dizer e apenas ficou quieta por um tempo. Mesmo assim, a garota não conseguia esconder seu pequeno sorriso. Aprendi algo novo sobre ele.

— Sobre nossa história… Sei que é difícil alguém acreditar que alguém tão jovem como eu teria uma criança da sua idade, mas dava pra ter enganado aquela mulher. Quero dizer, ninguém acreditaria que você tem quatorze anos. Até agora eu tenho minhas dúvidas. Na verdade, eu pensei que você era um garoto quando a gente se conheceu — ele disse num tom mais leve para quebrar o silêncio constrangedor.

Ei bufou, mas quando estava prestes a retrucar, uma batida alta ecoou. Apenas agora ela percebeu que o barulho de fora estava ficando mais alto. Ela levantou e olhou pela janela. As poucas pessoas que podia ver estava vestidas de forma mais elegante que antes e estavam indo na mesma direção.

— Ei, podemos ver o festival depois — Tadayoshi disse. Quando ela virou ele jogou um pano para ela. Ei pegou e revirou em suas mãos, tentando entender o significado daquilo. –Você está fedendo, então vá tomar um banho. Eu gostaria de um, mas uma olhada nisso — ele tinha um sorriso triste enquanto tocava o lado esquerdo de sua barriga, onde sua cicatriz estava — e teremos problemas.

Ei concordou, mal escutando-o enquanto tentava olhar a rua de novo. Quando respirou, ela sentiu um cheiro horrível e percebeu que vinha dela. A mistura de suor, vômito e poeira se agarrava às suas roupas, as fazendo parecer tão ruins quanto suas antigas. O pior era que agora que ela notara, seu cheiro era tudo que podia sentir agora.

Usando o pano para bloquear seu nariz, Ei saiu do quarto. Onde fica o banho? Ela ficou no corredor, olhando nas duas direções. Quando pensou em perguntar a moça na entrada, duas mulheres saíram do quarto no final do corredor, carregando panos como o que Ei tinha,

A garota as seguiu, esperando a chance de perguntar onde o banho ficava. No entanto, as mulheres nunca deram a chance. Elas conversavam sobre que roupas usar ou como pentear o cabelo sem parar. Quando Ei estava prestes a desistir, elas viraram num corredor curto com uma pequena abertura no final. Escutando o barulho de água, Ei entrou com as mulheres.

Uma senhora cumprimentou as três e entregou uma bacia de madeira cheia d’água. Ei aceitou e agradeceu, apesar de não ter ideia do que fazer. Olhando pelo canto do olho para as mulheres, ela as viu se despindo, amarrando as roupas no pano, andar até um canto do aposento e se lavarem.

Ei fez o mesmo. Ela sentou com a bacia e o pano num banquinho no canto oposto e finalmente, depois de semanas na floresta, se limpou. Nunca vou passar tanto tempo de novo sem me lavar, ela pensou enquanto se esfregava. O mais difícil foram os cabelos. Não importava o quanto ela lavasse a sujeira e suor deles, ainda ficaram duros e selvagens.

Quando terminou, ela olhou ao redor. Não era apenas ela e as duas mulheres que ela seguiu. Tinha outras, junto com algumas mais velhas e mais jovens que Ei. A maioria fazia como ela, se lavando com a bacia, mas outras estavam nas banheiras de madeira acima de plataformas de pedra com um fogo debaixo para manter a água quente.

Na vila dela, todos se limpavam na parte mais profunda do riacho. Mas Ei lembrava quando os adultos tinham comprado uma banheira que nem essa da fortaleza. Eles estavam animados, dizendo que era muito melhor que apenas se lavar no rio. Ficou popular, mas logo todos desistiram. Não só tinha pessoas demais para o banho, era um trabalho juntar toda a madeira extra para o fogo.

Ei virou o que restou da água gelada na bacia sobre a cabeça. Seus arranhões latejarem um pouco, mas ela ignorou e foi até a banheira. Mas quando estava prestes a entrar, hesitou. Se eu me deixar relaxar, eu vou ver aquilo? Ela engoliu seco e balançou a cabeça. Eu vou ser forte. Não posso ter medo… daquilo para sempre, ela disse para si e entrou na mesma banheira que as mulheres que ela tinha seguido.

A água quente, quase escaldante, fizeram os ferimentos dela arderem. Ela mordeu os lábios, mas assim que se acostumou, ela relaxou. Parece que a água tá entrando em mim e queimando a dor embora, ela pensou de forma sonhadora, se sentindo mais e mais leve. Ela fechou os olhos e perdeu a noção do tempo, mas uma batida alta a trouxe de volta. Uma das crianças tinha derrubado a bacia no chão. limpou seu corpo, mas parecia que entrava em cada ferida dela e levava embora, deixando sua mente mais leve. Era como se lavasse os problemas. Queria ficar ali para sempre, mas tinha gente esperando.

Com uma certa surpresa, Ei percebeu que as mulheres já tinham ido embora. Ela saiu, desembrulhou as roupas e se secou com o pano. Mas quando apanhou as roupas, ela se sentiu triste por vestir elas de novo.

Tadayoshi ainda estava no quarto. Ele estava quase na mesma posição, descansando a cabeça na parede, usando a luz de fora para ler um livro. Ei encarou o diário de Yasuhiro-sama, sentindo a raiva crescer dentro dela. Ela nunca pensou que odiaria qualquer coisa relacionada com o herói que ela admirava. Tadayoshi usava aquele diário para ensinar ela a ler e escrever. Apesar de estar muito interessada em aprender os dois, seu progresso era risório e ela adiava sempre que podia.

O espadachim estava tão absorto no diário que demorou mais do que normal para perceber que ela voltara. Sem olhar para ela, ele fechou o livro, o guardou dentro das roupas e levantou. Ele amarrou sua espada e Asahi com um pano, colocou elas na cintura e levou a garota para fora sem dizer uma palavra.

As ruas estavam mais lotadas e barulhentas. Mesmo sem as mesas, eles ainda tiveram problemas para andar sem dar um encontrão em alguém. Pelo menos não tão mais encarando ele, ela pensou, seguindo Tadayoshi de perto. mal conseguiam andar.

Parecia que o mundo todo estava aqui para apreciar o festival. Agora a diferença entre eles e o resto era gritante. As pessoas não vestiam mais roupas simples; ao invés disso, elas vestiam yukatas lindas e elegantes. Ei nunca se importou por roupas ou aparência, mas ela olhou ao redor com inveja.  

Os homens vestiam cores simples; a maioria preta, azul e verde escuro, e apenas alguns poucos tinham qualquer desenho ou emblema. As mulheres, por outro lado, vestiam uma variedade de cores. Tinha verde e azul claro, cor de pêssego, tons de vermelho, amarelo. E a maioria tinha uma variedade de flores costuradas nelas. Tão lindas, ela pensou, quase se perdendo de Tadayoshi quando parou para admirá-las.

As roupas não eram a única coisa diferente de mais cedo. Tinham lanternas de papel nas portas e cruzando as ruas, dançando com o vento, as luzes tão brilhantes que ofuscavam a lua e as estrelas. O brilho vermelho e amarelo iluminavam o chão e as pessoas como pequeno sóis. Um dia dentro da noite, ela pensou com um sorriso enorme.

De algum lugar longe o som de um tambor ecoou através da cidade. Era apenas um no começo, mas logo outros se juntaram e então a noite estava vibrando com o som hipnotizante. Todos se espremeram para criar um corredor no meio da rua. As pessoas olhando na direção do som e se apertaram perto das casas, criando um corredor.

Ei quase foi empurrada para dentro de uma casa, mas uma mão agarrou a dela e puxou. Ela queria agradecer Tadayoshi, mas quando percebeu que as pessoas não o espremiam por causa do cheiro dele, ela riu. Pelo menos algo bom saiu disso, ela pensou, observando a expressão irritada dele. Graças ao fedor dele, eles tinham uma vista perfeita da rua.

Um grupo de jovens moças vinham dançando em duas fileiras na direção oposta dos tambores. As roupas delas eram ainda mais elegantes, com padrões e flores de verdade combinando com os cabelos. Seus movimentos e palmas acompanhavam o ritmo dos tambores enquanto andavam pela rua. Elas abaixavam as mãos como se estivessem plantando algo, viraram e batiam palmas de novo.

As pessoas observavam sorrindo ou conversando animadamente com os amigos ou batendo palmas. Algumas crianças até tentaram imitar a dança, mas a maioria não conseguia fazer direito. Algumas crianças até caíram, arrancando risadas da multidão. Mesmo assim, as moças não nunca pararam de dançar.

Quando as últimas dançarinas passaram por eles, a multidão as seguiram. Eles foram para lugar vazio com uma grande fogueira no centro e o grupo de tambores ao redor. As chamas eram tão altas pareciam como dedos laranjas tentavam alcançar as estrelas. Mesmo de longe, Ei conseguia sentir o calor intenso emanando do fogo.

As dançarinas formaram dois círculos ao redor dos tambores, dançando em direções opostas. As batidas ficaram mais rápidas e as dançarinas acompanharam. De repente o som morreu e as moças pararam no mesmo instante, as mãos levantadas em direção aos céus. Por um momento, o único som era o do fogo e então, como se acordassem de um sonho, os espectadores explodiram em aplausos. Ei e Tadayoshi acompanharam um instante depois.

Os homens nos tambores levantaram e junto com as dançarinas, fizeram uma reverência em agradecimento em todas as direções. Depois de mais aplausos, a multidão se dispersou devagar. As pessoas se juntaram com amigos e famílias ou voltaram para suas casas e quartos, todos conversando sobre o festival.

Eles também voltaram para o quarto, mas Ei mal prestava atenção para onde ia. Ela não conseguia parar de ver a dança, as dançarinas, os tambores e a fogueira de novo e de novo. Já vi algo parecido com aquilo, ela pensou. A dança, em alguns momentos, lembrou a menina um pouco da dança que eles faziam na vila durante alguns rituais, apesar da diferença no nível era óbvio. Duvido que alguém lá em casa consegue dançar daquele jeito.

Antes que ela percebesse, eles estavam de volta no quarto. Tadayoshi colocou um espada contra a parede e empurrou sua palha para o canto perto da janela.

— Não gosto de dormir tão exposto — ele respondeu antes que Ei perguntasse.

Tadayoshi deitou na cama, ela não. Agora que entusiasmos do festival diminuía, ela se sentia cansada de novo. Tudo que ela fez foi encarar sua cama, com medo de fechar os olhos e reviver tudo mais uma vez. Mas a exaustão era demais e ela deitou também. Ela revirou e encarou as costas de Tadayoshi. Pelo jeito que ele se mexia, ela sabia que ele ainda estava acordado.

— O festival é uma homenagem aos mortos, não é? — ela perguntou, tanto para manter encher sua mente e satisfazer sua curiosidade. — Porque é tão… animado? Quero dizer, a música e a dança e toda a felicidade… — Eu nunca conseguiria fazer isso… quando penso na mamãe…

— Fiz a mesma pergunta pra Hikari-sama — ele disse numa voz cansada. Por alguma razão, Ei sentiu que ele sorria enquanto as memórias voltavam. — Um dia, um discípulo de Buda usou seus poderes para olhar a alma de sua falecida mãe. Ao invés de paz, ele descobriu que ela estava sofrendo muito no outro mundo, então ele implorou pela ajuda de seu mestre. Quando o discípulo finalmente salvou sua mãe, ele estava tão feliz que começou a começou a dançar. Por causa dessa história, as pessoas acreditam que dançar ajudaria as almas daqueles que não estão mais por perto.

Isso é… interessante, Ei considerou depois de um tempo. Se fosse eu, acho que ficaria feliz também. Mas isso seria pra um antepassado ou pessoas que se foram a muito tempo. Quando a morte foi tão perto… Ela começou a fechar os olhos, mas lutou e os forçou a ficarem abertos.

— Você está com medo. — Não era uma pergunta. Mesmo de costas, Tadayoshi conseguia dizer exatamente o que ela sentia. Sem reclamar ou suspirar, ele sentou e virou para ela.

Ela sentou também, mas por instinto, Ei evitou olhar nos olhos dele. O que eu vou achar? Não quero ver aqueles olhos frios e vazios de novo… não nele. Nunca mais, ela pensou, fechando a mão para parar o tremor.

— Você está com medo de mim — ele sussurrou. Não tinha brincadeira em seu tom. Ele estava encarando os medos dela com a mesma seriedade de quando falava sobre seu mestre. Ainda sem olhar para ele, ela assentiu uma vez. — Você teme ser fraca pra sempre só porque não conseguiu fazer nada contra aquele guerreiro ontem. Você está assustada com o que aconteceu naquela pousada, do que viu essa manhã. Mas acima disso, você está aterrorizada de tirar uma vida do mesmo jeito que eu.

Ela tentou dizer sim, mas não tinha voz. Ela fechou os olhos e mal assentiu. Ela escutou ele suspirar.

— Também aposto que tá com medo de desperdiçar o precioso tempo desse grande espadachim, não é?

Sua piada e sorriso a pegaram desprevenida. Antes que percebesse, Ei não conseguiu deixar de dar uma risada fraca. Ela balançou a cabeça e passou a mão no rosto.

– A única coisa grande em você é seu ego — Ei disse. Esse idiota me conhece tão bem que consegue me fazer melhor com de suas piadas estúpidas, ela pensou. — Num momento raro, você está certo. Ontem eu… fiquei paralisada com medo… me senti fraca… inútil… e hoje… — Ela tremeu e se abraçou. Fale! Fale! Não tenha medo agora. Ela sentiu as lágrimas caindo, mas ainda se forçou a falar. — E hoje… aquilo… eu quero ser forte… mas não aquilo. Não quero ser alguém que… consegue tirar a vida dos outros tão facilmente…

Como você. Ela manteve essas palavras para si. Ei tremia tanto que perdeu a voz. Ele disse nada, a deixando chorar a vontade, mas ela ainda conseguia sentir o olhar dele nela.

— Não matar alguém não faz de você fraca — ele disse numa voz baixa quando as lágrimas dela pararam. — Da mesma forma que matar alguém não faz a pessoa forte. É mais fácil sacar uma espada do que embainhar. Eu matei ontem e matarei de novo. Sempre que eu tiver, quantas vezes precisar para sobreviver. Eu não morrerei arrependido como meu mestre.

Antes que Ei pudesse se impedir, ela levantou a cabeça e encontrou os olhos dele. Atrás dele, junto com a espada, tinha uma chama intensa queimando. Ela nunca o tinha visto tão sério, nem mesmo quando falava de Yasuhiro-sama.

— Eu vou lhe ensinar a usar a espada, mas nunca lhe direi quando usar. Você vai ter que decidir isso por si. Sempre que sacar sua espada, vidas estarão em jogo. Lembra do que eu disse antes? ‘Alguns vivem, alguns morrem no caminho da espada’. Nunca se esqueça dessas palavras, Eiko

Apenas a mãe dela a chamava dessa forma. As palavras dele ecoaram através dela, acalmando seus medos e parando os tremores. Mas o que a aqueceu, o que fez sua alma mais leve, o que iluminou as sombras escuras que assombravam dentro de sua mente foram os olhos dele. Quando o alívio se espalhou, ela deitou na palha e quase adormeceu.

— Eu tentei deixá-los vivos — Tadayoshi disse rápido, como se quisesse tirar de dentro dele. — Mas quando o gêmeo com a cicatriz correu até você, eu perdi o controle.

Ela virou para ele, mas quando percebeu a respiração dele lenta e rítmica, ela sabia que ele já estava dormindo agora. Com um sorriso, ela fechou os olhos.

Ei se encontrou numa sala vazia e escura. Ela correu e correu, mas seus arredores não nunca mudavam. Seus joelhos cederam e ela caiu com força no chão. Ela gritou de dor, mas nenhuma voz saiu. Ofegando e suando, ela tentou levantar, mas suas pernas e braços não tinham força. Ela escutou alguma coisa vindo de longe em sua direção.

Passos, ela percebeu, entrando em pânico. Eram baixos no começo, mas o som ficou mais alto. Ela tentou se mexer, se arrastar, qualquer coisa. Então finalmente os passos estavam ao seu lado. Dois pés apareceram na sua vista. Ei levantou os olhos e viu uma sombra. Quando a sombra se inclinou para perto, ela viu o rosto de Tadayoshi.

Ele ofereceu a mão para ela. Ei hesitou, mas então ela escutou mais passos. Outro Tadayoshi. Esse era normal, do jeito que ela o conhecia, sem nenhuma sombra cobrindo parte de seu rosto. Os dois espadachins ficaram lado a lado e se juntaram em um só. O novo Tadayoshi não era diferente; ele era o homem que ela confiava, com ambas luz e sombra dentro de si. Ele ofereceu a mão para ela de novo, metade do rosto sorrindo, a outra metade uma fachada sombria.

Ei não hesitou dessa vez, pegando a mão de Tadayoshi, a mão do seu mestre.



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